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    12
    Capítulos:

    Capítulo 5

    A morte não é o fim

    Violência

    – Trouxeram o pagamento?

    Perguntou ávido, esfregando as mãos ossudas e cadavéricas.

    – Aqui está. – Disse retirando do bolso as moedas de prata, colocando-as em cima da mesa redonda, que ocupava o centro da sala do casebre de madeira, forrado com palha.

    – Ótimo. E os itens que pedi?

    O casal tirou da bolsa de couro um espelho, velas, incensos, ervas, entre outros.

    – Para que serve o espelho?

    Indagou a mulher, aproximando-se do feiticeiro que se debruçava sobre os itens na mesa.

    – Minha cara, os espelhos são ótimos portais para outros mundos e facilita o meu trabalho. Por favor, feche a porta, está ficando frio.

    O marido fechou a porta, a luz da lua iluminava os flocos de neve que se acumulavam sobre o pasto, formando uma fina camada branca pela planície.

    – Agora podemos começar.

    O feiticeiro com cara de rapina acendeu as velas, espalhou as ervas e os incensos pela sala e pediu para o casal repetir o nome do filho três vezes e focalizar a imagem dele.

    Titanus Octávio, Titanus Octávio, Titanus Octávio...

    ***

    – O que fizeste com o dinheiro que lhe dei semana passada?

    Titanus abaixou a cabeça, não queria ouvir outro sermão da irmã.

    – Claro, bebida! Por favor saia, você está fedendo...

    Ela se levantou do sofá e dispensou a manicure.

    – Caso eu o veja perambulando por aqui, vou mandar prende-lo.

    – Mas o que eu vou comer?

    – Não sei! Você deveria ter pensado nisso antes de gastar com vinho e hidromel.

    – A mãe e o pai se envergonhariam com a sua atitude.

    – Não fui eu que desperdicei todo o dinheiro com prostitutas e bebidas baratas. Agora vá embora.

    Levantou a mão, apontando em direção à porta.

    – Eu sei onde é a saída – Disse ao se retirar.

    ***

    Titanus Octávio encontrava-se deitado nas ruas de Roma, implorando trocados e se humilhando a pedido de homens cruéis que lhe prometiam alguma recompensa pelo ato, e depois gastava os míseros trocados com os velhos vícios.   Os portões de Roma se abriram. Os soldados retornavam de mais uma vitoriosa campanha, elmos polidos brilhavam a luz do sol, refletindo a grandeza do império, os generais carregavam o estandarte vermelho com a águia, símbolo temido pelo mundo inteiro.

    Titanus Octávio berrava bêbado, esbarrando em várias pessoas que formava a multidão de adoradores do poderoso exército. Viu resplandecer no escudo de um soldado um vulto sombrio que oferecia moedas de prata de forma alegre, rindo, mostrando os dentes amarelos e pontiagudos. Gradualmente a imagem parecia sair do escudo, ganhando vida, tornando-se cada vez mais real, e assim o mendigo avançou cambaleante sobre a formação compacta e rigidamente organizada do exército.

    – Deixem-me passar, as moedas são minhas, deixem-me passar...

    Gritava desesperado, agarrando-se ao soldado.

    – Saia do meu caminho – Disse o soldado, ameaçando o bêbado.

    Titanus continuou a insistir, forçando caminho até o vulto com as moedas, mas antes que pudesse alcança-lo o romano sacou a espada e a enfiou no seu peito, jogando-o de volta na sarjeta e voltando para o seu lugar.

    O mendigo fechou os olhos e viu os pais mortos lhe chamarem. A alma aceitou de bom grado o seu destino e foi ter com eles. O feiticeiro com cara de rapina sorria com as moedas de prata tilintando nas mãos ossudas e cadavéricas atrás deles.

    – Mundo dos Mortos e Mundo dos Mortais.


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