O rapaz uniu as sobrancelhas numa expressão de raiva e desespero. Mas continuou seguindo Gatts quando este se encaminhou pelo meio do vilarejo, onde todos os aldeões esperavam para se despedir dele e desejar-lhe sorte. Alguns homens, mais velhos, provavelmente os pais das garotas e alguns outros poucos valentes que ali se encontravam, também se preparavam para seguir junto de Gatts. Ao vê-lo se aproximar, caminharam em sua direção mas Gatts levantou a voz antes que dessem o segundo passo.
- Não sejam tolos! Vocês só vão me atrapalhar. Não pensem que vou protegê-los, se forem comigo tudo o que vão fazer por mim é servir de isca. Se entrarem em meu caminho, corto todos vocês em pedaços junto daqueles desgraçados!
Todos ficaram horrorizados. Não estavam diante de nenhum herói afinal, apenas um mercenário, com experiência em guerras pelo reino e mortes, muitas delas sem sentido. Mas era tudo o que tinham não apenas para resgatar suas jovens, como também para por um fim àqueles ataques.
- Só queremos ajudar... - resmungou um deles - São nossas crianças, nossas filhas amadas que estão sabe-se lá em que estado agora... e ...
Gatts ajeitou sua Dragon Slayer nas costas e deu um passo em direção a saída do vilarejo.
- Pelo menos leve Roney com você! - disse um velho - Ele é o único que sabe onde eles se escondem! Confessou que os viu dias atrás na floresta, próximo a caverna... Sem esse garoto você não vai encontrá-los!
Gatts fitou o garoto com seu único olho bom. O jovem estava amedrontado, mesmo assim parecia estar mesmo decidido a segui-lo.
- Leve o pobre rapaz! - disse Puck - Deve estar preocupado com uma daquelas jovens, deve ser sua namoradinha... E o velho tem razão, se for depender apenas de seu estigma pode ser tarde demais, eles devem estar longe agora...
- Pare de falar em meu ouvido! Posso tirar minhas próprias conclusões, não preciso de você zunindo a todo momento inseto! - disse Gatts, não se importando com o fato de que mais ninguém podia ver ou ouvir Puck. - Muito bem, venha logo garoto! Aponte a direção e ande depressa. Quando mandar você falar, você fala, no restante do tempo morda a língua. Quando encontrarmos eles, mantenha distância ou juro que te corto em dois!
- Ce... Certo! - gaguejou o garoto, e seguiu o rabugento Gatts em silêncio pela estrada enquanto os homens e mulheres do vilarejo lhes olhavam de longe. O garoto olhou uma última vez para trás, depois concentrou-se em sua difícil missão, mantendo a mão na empunhadura da espada.
- Se tudo o mais der errado terei de usar minhas técnicas de combate élficas - dizia Puck, lutando contra um inimigo imaginário em cima do ombro de Gatts.
- Cale-se! - ordenou Gatts, assustando o garoto ao seu lado, que tentava imaginar por que tinha que passar por aquilo se não havia dito uma palavra desde que saíra do vilarejo.