Desculpem a demora T^T
Capítulo 10-Emily
Abri bruscamente a porta da casa de banho e entrei rapidamente nela.
O meu olhar percorreu velozmente aquela divisão mas eu apenas via a Malya porém eu conseguia ouvir a Emily. Ela gritava desesperadamente e conseguia perceber que ela estava a chorar.
– Onde está a Emily? - Perguntei desesperada chegando-me ao pé de Malya.
Ela tremia involuntariamente e as lágrimas já lavavam a sua cara. Com dificuldade, Malya apontou para a parede onde a retrete estava. Ao início não percebi muito bem e fiz cara de confusa.
Aproximei-me da parede e coloquei as minhas mãos sobre os azulejos frios e sujos daquela superfície.
– Ajudem! - Gritou alguém, uma voz de criança desesperada, a voz da Emily.
Consegui sentir a vibração na parede e apercebi-me que ela estava do outro lado da parede.
– Emily! – gritei batendo forte na parede mesmo sabendo que isso de nada ajudava.
Olhei em volta à procura de algo mesmo não sabendo bem o quê e depois lembrei-me. Eu não sabia o que se tinha passado, não sabia como é que a Emily foi parar atrás da parede e a única pessoa capaz de me ajudar era a Malya.
Encarei aquela bela rapariga.
Ela estava em pânico, os seus olhos arregalados e presos na parede onde estava a Emily as mãos na sua boca abafando vários gritos e gemidos de dor e sofrimento enquanto cambaleava desajeitadamente para trás.
– Malya – fui ter com ela e agarrei-lhe forte nos braços. – Preciso de ti, preciso da tua ajuda.
– A Emily… - ela falava com dificuldade e conseguia entender pelo seu tom de voz que ela se sentia culpada pelo que aconteceu à pequena menina.
– Ouve-me – gritei abanando-a, o seu olhar finalmente ficou preso no meu e focou toda a sua atenção em mim. – O que aconteceu?
– A Emily sentou-se na sanita – a voz dela estava mais calma mas mesmo assim continuava distante mas, o importante aqui, era o facto de ela me estar a relatar os factos fazendo com que eu pudesse ajudar a Emily. – E depois ela girou e ficou do outro lado da parede.
Olhei imediatamente para o local onde estavam os vários rapazes a tentar arrombar aquela parede e eu corri na sua direção e foi aí que ouvi.
Um grito agudo, constante e doloroso seguido de choro.
A Emily estava a sofrer, não mentalmente como antes, mas sim fisicamente.
Tentei focar a minha atenção naquilo que importava.
– Emily, o que se passa aí?
A minha voz era abafada pela voz dela e do som dos homens que faziam ao tentar arrombar a parede e, mais uma vez, gritei com todas as minhas forças.
– Parem!
Eles olharam assustados para mim e depois voltei a minha atenção para a Emily.
– Querida, o que há aí?
– Lâminas – respondeu ela num tom baixo e assustado.
– O que elas estão a fazer?
– A girar – eu sabia que aquilo estava a custar para ela mas, mesmo assim, ela conseguia manter a calma. – Estão a aproximar-se e a afastar.
– Avisa quando elas tiverem longe.
Ela não me respondeu mas mesmo assim eu posicionei-me ao pé da retrete e, quando a Emily gritou, eu pude perceber que elas tinham voltado a rasgar a sua pele e isso deixou-me com mais raiva ainda mas nem assim desviei a minha atenção.
– Agora – sussurrou ela entre soluços.
Sentei-me na retrete e esta girou mas, antes de voltar para o outro lado, eu consegui sair e fiquei à espera de ver a Emily que, quando a parece acabou de dar a volta, apareceu com o seu vestido manchado de sangue e vários cortes no seu corpo.
Não contive e abracei-a.
Abracei-a como uma mãe abraça a sua filha depois de uma situação destas e ela chorou, chorou de alívio e dor mas, sobretudo, chorou por medo. Eu acariciava as suas costas tentando acalmá-la, jurando-lhe que eu faria os possíveis e os impossíveis para a proteger.
– Alguém deveria pôr um aviso a dizer que esta casa de banho está fora de serviço – falou o jovem bombeiro encarando a retrete.
Afastei a pequena Emily de mim e olhei-a nos olhos.
– Estás bem, pequenina?
Ela assentiu-se e eu dei-lhe um beijo no topo da cabeça.