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Tempo estimado de leitura: 17 minutos
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Ola pessoal.
Estou postando um novo conto original.
É uma história romântica e leve.
Quem curte romance com garotas tímidas e rapazes extrovertidos, acredito que irá gostar^^
Espero que gostem e se possível comentem^^ Assim deixariam esta autora muito feliz^^
Os pequenos solavancos provocados pelo movimento do ônibus faziam parte da rotina diária de Miriam. Assim como o som do tráfego, das vozes das pessoas falando, resmungando ou rindo e o aperto e sufoco do tão corriqueiro transporte público.
A jovem de 24 anos sempre pegava o mesmo ônibus para fazer o trajeto de sua casa para o trabalho. Como o caminho levava em torno de uma hora, Miriam que amava ler, levava um livro consigo, dessa forma se distraía, totalmente absorta em suas páginas.
Para ela, ler era como viajar para diferentes lugares, acompanhando a vida e sentimentos de diferentes personagens que a tocavam verdadeiramente.
Miriam ficava tão entretida lendo que tinha que colocar seu celular para despertar pelo menos cinco minutos antes do horário previsto de chegada do ponto em que iria descer, caso contrário corria o risco de chegar bem atrasada a seu trabalho.
Mas certo dia não foi o som do despertador que chamou sua atenção. Miriam estava no meio da leitura de uma épica batalha quando ouviu um estardalhaço dentro do ônibus.
Ela ergueu seu olhar do livro, assustada ao contemplar uma senhora que deveria ter mais de 60 anos, caída no chão com diversos objetos espalhados ao seu redor.
As pessoas apenas olhavam espantadas a idosa que tentava se levantar com dificuldade.
"Ninguém vai ajudá-la?" indignou-se a jovem ao ver que nenhum indivíduo ia a seu encontro "Mas e quanto a mim?"
Miriam estava sentada a alguns assentos de distância da idosa, na janela. Havia uma mulher sentada ao seu lado.
A jovem sempre fora bem retraída e dificilmente tomava à frente de uma decisão ou atitude. Ainda que interiormente soubesse que o certo seria se levantar e ajudar aquela senhora, não tinha coragem de sair de seu lugar e se expor no meio de todos.
Enquanto debatia com seu interior, tentando encontrar um consenso entre sua consciência e insegurança, Miriam foi despertada por uma voz que ultrapassou a multidão de passageiros e chegou até a pobre mulher.
- A senhora está bem? - perguntou um rapaz, aproximando-se da idosa e estendendo-lhe a mão.
- Obrigada. - disse ela aceitando seu gesto e levantando-se com certa dificuldade.
- Essas coisas são suas? - indagou referindo-se aos objetos caídos no chão.
- Sim. Devem ter caído de minha sacola quando tropecei. - confirmou a senhora sem jeito - Mas não precisa pegar, eu mesma...
No entanto o rapaz mal esperou ela terminar a frase e já se dispôs a apanhar os objetos da mulher, entregando-lhe para que colocasse na sacola.
Assim que o jovem levantou-se, Miriam se ajeitou em sua poltrona, tentando ver de quem se tratava, mas apenas pode vê-lo de costas. Pelo que ela pode ver o rapaz tinha a altura mediana e cabelos castanhos, levemente encaracolados.
- Muito obrigada, meu jovem, você é um anjo. – agradeceu a mulher sorrindo.
- Por nada. A senhora pode sentar-se no meu lugar. – ofereceu o rapaz gentilmente passando seu braço em volta da idosa para guiá-la a seu assento, nesse momento Miriam pode ver seu perfil, sua pele tinha um tom levemente bronzeado – Ele se encontra no fundo do ônibus, mas deve ser...
- Não, não, obrigada meu jovem. Irei descer no próximo ponto. – explicou a mulher - Poderia puxar a cordinha para mim? Parece que o botão está quebrado. – comentou a senhora pressionando um botão vermelho que se encontrava acoplado em uma barra de ferro.
- Claro. – disse o rapaz rapidamente puxando a corda que se encontrava próximo ao teto do veículo, onde a idosa não poderia alcançar.
- Por favor, poderiam dar licença para ela passar. – pediu o jovem tentando abrir caminho para a mulher em meio à multidão que se apertava dentro do ônibus.
Todos, que ficaram surpresos com a cena, começaram a abrir espaço para que a idosa e o rapaz passassem e assim eles conseguiram chegar à porta de saída do transporte que já estava parando.
- Muito obrigada por sua gentileza, meu jovem. É difícil encontrar pessoas como você nos dias de hoje. – comentou a mulher sorrindo agradecida, nesse momento Miriam que havia se virado para ver a cena se sentiu envergonhada por não ter ajudado a senhora - Poderia me dizer seu nome?
- Flávio. – respondeu o rapaz sorrindo, e agora finalmente a jovem leitora pode ver seu rosto.
À primeira vista quem visse este jovem com uma expressão natural não o consideraria muito bonito.
Ele tinha feições comuns, possuía o nariz quadrado, queixo levemente arredondado e olhos castanhos, no entanto seu sorriso era tão sincero e reluzente que Miriam não pode deixar de considerá-lo verdadeiramente bonito.
Assim que a idosa desceu, Flávio desviou seu olhar e por um momento encontrou os olhos castanhos esverdeados de Miriam que corou e logo se aprumou em seu lugar.
O coração da jovem começou a bater rapidamente. Ela se recordava que já sentira essa sensação algumas vezes em suas paixonites de escola.
No entanto ela nunca havia conhecido alguém como Flávio.
Uma pessoa que não se importava de deixar seu lugar ao fundo do ônibus e se embrenhar na multidão para acudir uma idosa.
Além disso, ele mostrou-se educado e cortês todo o tempo, agindo gentilmente com todos, sem exaltar sua voz ou brigar.
"Seria ele real?" pensava a garota, recordando-se de ter visto pessoas assim somente em seus livros.
Nesse dia Miriam não conseguiu retornar à emocionante batalha épica de seu livro, pois não conseguia se concentrar, seus pensamentos repousavam apenas naquele rapaz e seu sorriso sincero.
...
No dia seguinte, quando entrou no ônibus a jovem ficou atenta para ver se encontrava Flávio, mas não havia nem sinal do rapaz.
Miriam sentou-se no banco dos fundos do transporte público e passou meia hora observando quem entrava e saía. Mas nenhuma das pessoas que vira era o rapaz gentil do dia anterior.
Quando estava quase desistindo, pensando que ele pegara aquele ônibus no dia anterior por casualidade, decidindo, então retornar a seu livro, ouviu uma voz conhecida que fez seu coração palpitar.
- Com licença, posso sentar aqui? – perguntou Flávio à pessoa que se encontrava ao lado de Miriam.
A jovem olhou na direção da voz e mais uma vez seu olhar e o do rapaz se encontraram.
- Bom dia! – cumprimentou Flávio educadamente.
- B-Bom dia! – respondeu a jovem sem jeito desviando o olhar, sem coragem de encará-lo.
...
E assim passaram os dias. Todo o dia, Miriam sentava-se nos últimos bancos, na esperança que Flávio se sentasse perto dela e assim poder descobrir mais coisas sobre ele.
Até certo ponto esta foi uma boa estratégia, pois o rapaz era alegre e falante, conversando amavelmente com quem puxasse assunto, especialmente idosos. Logo ela descobriu que ele era um ano mais novo que ela, cursava faculdade de História e tinha dois irmãos mais novos.
No entanto não descobriu mais do que isso, pois ainda que tivesse vontade de conversar com Flávio nunca tinha oportunidade, ou melhor, sua timidez e insegurança a impediam. Por isso para ela, apenas observá-lo e ouvi-lo bastava.
...
Porém, um dia as coisas ocorreram de forma diferente do esperado.
Miriam estava sentada do lado da janela com seu livro aberto sobre seu colo, lendo-o não totalmente concentrada, olhando vez ou outra pela janela para se certificar do caminho, pois não queria perder o ponto em que Flávio subia.
- Tem alguém sentado aqui? – perguntou a voz calma do rapaz.
A jovem foi pega de surpresa, virando-se assustada e deixando cair seu livro.
- Desculpe se a assustei, você deveria estar concentrada em sua leitura, não é? – disse gentilmente enquanto apanhava o objeto que havia caído e entregava a ela.
- O-Obrigada. – disse Miriam sem jeito.
Flávio assentiu dando um leve sorriso e sentou-se ao lado da jovem.
Miriam prendeu a respiração, tentando acalmar seu coração que voltara a palpitar, mas não devido ao susto.
- Você deve gostar muito de ler. Sempre que a vejo está com um livro nas mãos. – comentou.
- Sim, gosto muito. – respondeu a moça alegremente, se havia um assunto que a fazia esquecer-se de seu nervosismo era literatura.
- Eu também. Ossos do ofício. – comentou Flávio dando uma leve risada - Não conheço um estudante de História ou historiador que não goste.
- Você deseja ser um historiador? Daqueles que estudam civilizações antigas e artefatos misteriosos? – perguntou Miriam interessada recordando-se de algumas histórias interessantes que envolviam a profissão.
- Bem, acho interessante a área de pesquisa e até desejo realizar algumas, mas o que quero mesmo é ser professor.
A jovem ficou boquiaberta.
- Eu sei. Até imagino o que esteja pensando. – disse o rapaz dando um sorriso torto – Querer me tornar um professor neste país que desvaloriza tanto a profissão pode parecer loucura, mas sempre admirei os professores, sabe. Gostaria de alguma forma contribuir para melhorar a educação dos adolescentes de hoje. Meu sonho é inspirar os alunos a gostarem de estudar e... – antes de continuar Flávio desviou o olhar para encarar Miriam que estava observando-o admirada – Você deve estar me achando um pobre sonhador, não é?
- D-De maneira alguma. Acho seu sonho admirável. Seria tão bom se houvesse mais pessoas que pensassem como você, especialmente na área da política, com certeza este país estaria em melhor situação. – respondeu Miriam sinceramente.
O rapaz corou levemente.
- Agora você me deixou sem graça. Fez-me parecer que sou um desses heróis de livros e filmes. – disse ele sorrindo.
- Na verdade acho que você é exatamente como eles. – comentou a jovem, mas notando o olhar surpreso do rapaz logo acrescentou - Tem certeza que é deste planeta?
Os dois começaram a rir com o comentário de Miriam.
- Você é engraçada. Qual seu nome? – perguntou Flávio quando conseguiu parar de rir.
- Miriam. – respondeu a jovem sem jeito.
- Prazer, eu me chamo Flávio. – disse ele cordialmente enquanto estendia sua mão teatralmente para cumprimentá-la.
Miriam aceitou o cumprimento, envergonhada.
- P-Por que você subiu mais cedo hoje? – a jovem não pode deixar de perguntar.
- Além de engraçada é observadora. – comentou o rapaz em tom divertido fazendo Miriam corar – É que passei em uma papelaria perto de casa que se encontra em dois pontos antes do que normalmente pego o ônibus – Mas me fale de você, o que faz?
A jovem lhe contou sobre seu trabalho na livraria, o que caía como uma luva para uma leitora nata, já que além de dar boas dicas aos clientes também obtinha descontos, podendo comprar livros de seu interesse por um bom preço.
Ela também falou sobre seu sonho de cursar faculdade de Letras e trabalhar em uma editora e sobre seus livros preferidos. Há muito tempo Miriam não se divertia tanto em uma conversa, tendo finalmente a oportunidade de conhecer melhor o rapaz que admirava de longe.
Por pouco ela não perdeu o ponto em que descia, era a primeira vez que ela se distraia sem ser por causa de uma leitura interessante.
...
Nos dias seguintes, Miriam notou que Flávio sempre se empenhava em sentar perto dela e quando não conseguia permanecia de pé, próximo a seu assento, para os dois conversarem. A jovem estava muito feliz, pois dessa forma poderia falar com ele todos os dias.
“Será que devo chamá-lo pra sair?” perguntou-se enquanto aguardava Flávio chegar “Mas será que vou ter coragem? E se ele não gostar?” a dúvida lhe corroia por dentro.
- Bom dia, Miriam. Tudo bem? – perguntou a voz gentil que a jovem logo reconheceu.
Miriam voltou-se para Flávio feliz por ele ter chegado, no entanto seu sorriso se desfez assim que o viu. Pois neste dia ele não estava sozinho, mas acompanhado por uma bela jovem de cabelos louros.
- B-Bom dia. – cumprimentou Miriam sem graça.
- Gostaria de apresentar a Cecília. – disse o rapaz não reparando na expressão tensa da jovem.
- Ele sempre me fala de você e como são divertidas suas conversas. – comentou a jovem loura sorrindo enquanto colocava uma das mãos no ombro de Flávio.
- Q-Que bom. Prazer em te conhecer. – disse Miriam educadamente, mas sentindo-se frustrada – D-Desculpe ter que me despedir, é que tenho que descer um pouco antes hoje. – disse a jovem, levantando-se de repente de seu assento e apertando o sinal do ônibus.
- Está tudo bem? – perguntou Flávio preocupado.
- Sim está. Só tenho que ir. – respondeu Miriam se esforçando para sorrir enquanto seus olhos denunciavam uma profunda tristeza.
Logo, o ônibus parou e ela desceu rapidamente, não conseguindo despedir-se do rapaz, pois se falasse mais alguma coisa tinha a certeza que choraria.
Miriam permaneceu no ponto por alguns minutos, esperando o próximo ônibus. Quando ele chegou, entrou no veículo ela sentou-se em um assento vazio, próximo à janela e chorou silenciosamente.
Como pode pensar que Flávio a olharia com outros olhos? Chegou até a pensar em chamá-lo para sair, neste momento ela se sentia patética. Pois com uma namorada tão linda como Cecília nunca que o rapaz olharia para alguém como ela.
Miriam nunca se considerou bonita, não tinha o corpo magro e escultural e o nariz arrebitado da garota loura, sempre sofreu bullying na escola por estar um pouco acima do peso e nunca gostou de seu nariz.
A única coisa que a jovem admirava em si mesma eram seus belos cabelos negros, lisos e grossos que a fariam parecer uma índia se não fosse sua pele pálida que ela também não gostava.
Ela se sentia tão envergonhada que seu desejo era sumir da vista de Flávio e nunca mais pegar o mesmo ônibus.
No entanto após chegar dez minutos atrasada no trabalho e levar uma bronca de seu chefe repensou seu desejo e decidiu apenas fazer o possível para sumir da vista do rapaz.
...
Desde então Miriam mudou de lugar, se empenhando para sentar próxima à janela em bancos ocupados no meio do veículo.
A jovem ainda ficava atenta à entrada do rapaz, mas não para ter a chance de falar com ele e sim para não se descuidar, fazendo de tudo para que ele não a visse.
Por isso começou a usar casacos com capuz, chapéus e óculos escuros, tudo para não ser reconhecida por Flávio. Sempre que o rapaz entrava no ônibus parecia procurar por alguém. Seria ela?
Mesmo que esse pensamento a deixasse feliz, não poderia ser amiga dele, não enquanto ainda estivesse apaixonada por ele, não conseguiria suportar, agora já não bastava apenas olhar e conversar, ela queria estar com ele, ser importante em sua vida.
Mas sabia que isso não aconteceria e por isso tinha que se afastar até arrancar este sentimento por completo de seu coração.
...
Haviam passado duas semanas e parecia que Flávio desistira de procurar por ela. Mais uma vez Miriam prendeu sua respiração para descer em seu ponto, pois a porta de saída ficava bem próxima de onde o rapaz sentava.
Sempre que passava por ele, a jovem não sabia o porquê, mas parecia que Flávio sempre olhava em sua direção. Seria sua imaginação? Seu desejo de ter qualquer contato que seja com ele?
Quando desceu do ônibus, Miriam respirou aliviada, mais uma vez conseguira passar despercebida. Ao ouvir o som do veículo se afastar, ela preparou-se para seguir o caminho até a livraria onde trabalhava.
- Até quando vai agir assim? – perguntou uma voz por trás da jovem que fez seu coração palpitar.
Ela virou-se assustada, olhando atônita para Flávio que a observava com uma expressão séria.
- Eh... eu... – Miriam simplesmente não sabia o que dizer, não estava preparada para este momento.
- Por que está me evitando? – perguntou parecendo preocupado.
- C-Como percebeu? – foi a única coisa que a jovem conseguiu dizer.
- Não foi muito difícil. Notei que você estava estranha quando se despediu naquele último dia em que nos falamos. E quando não te encontrei no lugar de sempre no dia seguinte, passei a te procurar dentro do ônibus até te achar, meio que disfarçada. – explicou Flávio, nesse momento Miriam se sentiu extremamente envergonhada por ele ter percebido seu plano – Mas não quis te pressionar, então esperei para ver se você falava comigo e como não vi isso, resolvi tirar satisfação com você para saber o porquê de estar agindo dessa forma.
A jovem fitou Flávio e viu em seus olhos que ele estava sendo sincero.
“Como ele pode se preocupar comigo? Nós mal nos conhecemos. Ele é mesmo uma boa pessoa.” pensava ela, sentindo-se culpada por tê-lo preocupado.
- Desculpe. – pediu Miriam com lágrimas em seus olhos – Eu... apenas pensei em mim, estava me sentindo horrível e envergonhada e por isso não podia falar com você.
- Mas por quê? – quis saber o rapaz.
- É vergonhoso falar isso, mas vou ser sincera. – disse a jovem olhando nos olhos do rapaz, pela primeira vez tomando coragem para revelar seus sentimentos – Eu... gosto de você e quando vi que você tem uma namorada tão bonita, me senti muito inferior e por isso não pude mais encará-lo.
- Namorada? – perguntou Flávio confuso.
- Sim, a Cecília, a bela moça loura que você me apresentou naquele dia. – explicou Miriam.
- Mas ela não é minha namorada e sim minha irmã. – disse o rapaz, neste momento a jovem ficou estática – Sempre comento de você com ela e neste dia Cecília fez questão de te conhecer, por isso veio comigo.
Miriam não sabia o que dizer estava ainda mais envergonhada pela maneira que agiu.
- E saiba que seus sentimentos por mim são recíprocos. – acrescentou ele dando um leve sorriso.
A jovem olhou atônita para ele e percebendo que seu rosto estava levemente corado, sentiu um sobressalto em seu coração.
- V-Você também gosta de mim? – perguntou Miriam querendo confirmar o que tinha ouvido, para ela essa parecia ser uma esperança tão remota que custava a acreditar que fosse verdade.
- Por que a surpresa? Desde que trocamos olhares dentro do ônibus comecei a prestar atenção em você. Sempre admirei a forma que você lia, tão atenta e envolvida com a história, até fazia umas expressões engraçadas. – comentou em tom divertido – Você sempre me ouviu com tanta amabilidade e também apoiou minha maneira de ser, a maioria das pessoas dizem que sou louco ou um pobre sonhador. - continuou dando um sorriso sem graça enquanto Miriam não pode deixar de sorrir com o comentário - E não tem porque se sentir inferior a Cecília, afinal você é muito bonita.
- E-Eu? Bonita? – perguntou ela sem jeito, pois nunca ouvira alguém falar assim dela.
- Sim, linda, quando conversava com você não podia deixar de reparar no brilho de seus belos olhos, seu belo sorriso, sua maneira delicada de colocar os cabelos atrás da orelha. – disse ele aproximando-se mais da jovem, cujo coração batia rapidamente – Tudo em você me encanta. – disse ele apanhando ambas as mãos de Miriam e apertando levemente entre as suas, Miriam estava emocionada, nunca em sua vida ouvira palavras tão doces a seu respeito – Aceita ser minha namorada? – perguntou olhando-a intensamente.
A jovem mal podia acreditar no que estava acontecendo, se estava sonhando queria nunca mais acordar. Mas ao sentir o toque cálido e quente do rapaz soube que essa era uma doce realidade.
- Sim, aceito. – respondeu ela feliz.
Flávio sorriu e sem desunir suas mãos das da jovem, aproximou seu rosto do dela, unindo seus lábios aos dela, dando um beijo terno e quente. Os dois se mantiveram por alguns momentos abraçados até se despedirem e prometerem se ver no dia seguinte.
Neste dia Miriam chegou um pouco atrasada a seu trabalho, mas estava tão feliz que nem se importou com a bronca de seu chefe, pois sabia que nos dias que se seguiriam teria várias viagens felizes em seu costumeiro ônibus, afinal agora não estaria só acompanhada por seus livros preferidos, mas por uma pessoa especial que enxergava nela aquilo que nem ela mesma poderia ver, a verdadeira beleza de seu interior.
Uma beleza que é tão pura e verdadeira que é capaz de aflorar, resplandecer, tornando a pessoa mais bonita do que qualquer outra para quem a ama de todo o coração.