Encantamento Recíproco

 Sempre após jantar com sua família, Ruakia em seu programa particular entra no seu quarto e achega - se à janela para observar o pôr do sol, que aos poucos ia despedindo - se da cidade de Karakura.

 Ela adorava admirar o contraste daquela penumbra avermelhada com o movimentar das árvores sendo conduzidas pelo vento, fazendo as sombras das mesmas  darem um toque ainda mais deslumbrante a paisagem da região, até que seu observar é roubado atenciosamente pela silhueta de alguém.

Kuchiki Rukia

Sentada à beira da janela de meu quarto, olhando vagamente  o horizonte , eis que surge uma figura que  rapidamente  chamou minha atenção. Seu corpo tão escultural, seu cabelo alaranjado esvoaçante com o vento, parecia dançar numa melodia da qual me hipnotizava,  fazendo eu me render encantadoramente às suas perfeitas características.

 Achei que era uma miragem, por ver um perfeito deus grego caminhando tão naturalmente ali,  distraído  naquela calçada.

 Queria deixar de acompanhá - lo com os olhos mas, não conseguia, pois, algo naquele " Apolo" despertou em mim sentimentos que eu mesma nem sei explicar, confesso que até devaneios proibidos tive  com mesmo.

 Rapidamente percebo que agora imóvel, o mesmo olhava sedutoramente para mim, fazendo a estrutura de meu corpo abalar totalmente. Ainda não dando - se por satisfeito com o meu estado, lança sobre mim um sorriso arrebatador. A única reação que tive foi inspirar profundamente e soltar todo ar, para manter a calma.

 Olhei fixamente para ele tentando retribuir o sorriso que me dera, porém, não consegui movimentar um músculo sequer de minha face.

 Ah!  Aquela maneira que ele me observava minuciosamente, pareceu decifrar tudo que pra mim àquela hora era confuso., senti como se minha alma entrasse em outro plano através daqueles olhos castanhos, tão profundos e tão genuíno.

 Já não sabia mais o que fazer então, por um impulso momentâneo afastei - me ligeiramente da  janela, já totalmente corada , me recostando à parede com as mãos sobre meu peito, que agora batia descompassadamente.

 Mesmo querendo voltar à janela para admirá - lo novamente, não pude pois, minha timidez fez de mim uma covarde.

 Ainda de pé, refugiando -me por de trás da parede, eu parecia um bichinho assustado à  procura de um abrigo para se  esconder de seu predador, era  assim como eu me sentia;Fiquei  parada ali por vários minutos, até que sou tomada pela minha inexplicável vontade de apreciar aquele ser novamente, mesmo que fosse escondida, então, volto cautelosamente à janela sem que ele notasse, mas foi em vão... tudo ali, agora era vazio, pois sua presença já não se via mais.  

 Cabisbaixa, Rukia caminha em passos lentos em direção  à sua cama e deita lentamente, abraça seu travesseiro com o intuito de consolar - se, do vazio que se alojava em seu peito.

 - Quem será ele?Perguntava sem obter respostas sobre aquele que estremecera seu singelo coração.

 Com o passar do tempo, Rukia ia rendendo -se ao sono, e sem muito lutar contra o mesmo adormeceu.

Kurosaki Ichigo

 Hoje, saindo da loja de Kisuke Urahara, pensei que seria uma rotina de percurso normal até chegar a minha casa, mas, no meio do caminho percebi que a casa que antes estava à venda, agora já havia sido habitada por uma família, tratei aquilo como algo comum, até que meus olhos foram atraídos por aquela garota deslumbrante  debruçada sobre a janela da casa.

 Uma figura que mais parecia uma obra prima de um anjo pintado a mão delicadamente, onde era ressaltado com maestria cada detalhe sutil de sua beleza.

 O tempo para mim parou, tudo, parecia nada, diante daquela formosura, que de certa forma me embriagava aos poucos, fazendo com que eu quisesse sem medo, tê -la  junto a mim.

 Minha visão sobre aquela figura imaculada, fez  aflorar em mim um sentimento surreal, que sem temor desocultava cada segredo do meu coração, isso me causava um bem interior, como se ela fosse a peça principal para dar um sentido a minha vida ao meu mundo incompreensível.

Queria tê - la só pra mim...sorri pelo meu senso egoísta, por aquela que eu persistia em olhar sem nenhum pudor.

 Rapidamente, a mesma desaparecera daquela janela deixando somente a sua lembrança estonteante em meus pensamentos.

 Fiquei ali parado por alguns minutos, com a esperança de mais uma vez contemplar sua beleza porém, não voltara mais, acho que por timidez, não sei...

 Voltei a caminhar, mas agora, com o vigor da felicidade estampada em minha face, pois, tinha a certeza de que eu a encontraria novamente.