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Episódio2:
Juntos, Mesmo Estando Separados
Todos os dias durante o trajeto até o colégio, Ichigo e Ruka conversavam, mas havia um leve abismo entre os dois; uma falta de liberdade mútua entre ambos. Como toda pessoa que morou em país diferente, Ruka agia de um jeito mais espontâneo; pegava no braço, dava sorriso largo, falava um pouco mais alto do que o necessário. Mesmo desacostumado com esse tipo de comportamento mais solto, Ichigo ruborizava e estranhava, mas estava gostando de ter alguém como Ruka ao seu lado. E estava começando a reparar na nova amiga e vizinha?
Como estudavam em colégios diferentes, Ichigo e Ruka só paravam de sorrir quando era hora de entrada. Mas eles voltavam a se divertir quando era hora do intervalo, pois Ruka escapava para comer lanche com ele no terraço.
Orihime e Ishida perceberam que Ichigo estava com um comportamento suspeito há dias, e quando resolveram investigar, viram os dois comendo lanche no terraço e rindo de bobeiras da vida.
- Nunca vi o Kurosaki abrir um sorriso assim?
- Estou impressionado? E por que não dizer, assustado. ? Ishida ajeitou os óculos, forçando o cenho. ? Kurosaki tem se isolado bastante de nós desde a luta contra Aizen, mas não imaginava que ele estivesse de encontro às escondidas com uma moça?
Orihime engoliu em seco. Quem seria essa garota exótica? Ela nem parecia japonesa! Os olhos eram azul-escuros, o cabelo era levemente ondulado e ficava na altura dos ombros, e era perceptível que ela era alta e cheia de curvas. Certamente ela era muito bonita? E ela estava junto com Ichigo.
Mesmo sabendo que seria errado, Orihime não aceitou ficar só de longe aturando aquela cena. Ela queria estar lá; queria estar com Ichigo e fazê-lo sorrir daquela maneira. Mas bem sabia que ela não tinha essa capacidade; o que lhe deixava com os nervos à flor da pele. Ishida tentou impedi-la, mas não conseguiu. Só que lhe restou foi ir atrás dela:
- Oh, achei você Kurosaki!
- ? Olá, Inoue. Precisa de algo?
Era de doer ouvir o tom de frieza de Ichigo. E não precisava ser muito esperto para perceber que ele não estava confortável com a presença dela. Mesmo sentindo-se hostilizada, Inoue insistiu:
- O professor perguntou sobre você e? E colocou o Ishida e eu para procurar por você!
- Se tem algum recado pra dar, pode falar. Eu escuto.
Era imbatível. O jeito seco com que Ichigo falava tirava o argumento de qualquer pessoa. Orihime sentiu vontade de chorar, mas segurou firme e continuou:
- Ela não parece ser daqui? Não é proibido ter alunos de outros colégios andando pelo local?
- Ela não tá andando pelo colégio. Ela tá comigo.
- Tá tudo bem, Ichigo? - disse Ruka, tentando aliviar a situação tensa. ? Já tá mesmo na hora de eu voltar? Mais tarde a gente se fala!
- Você estuda no colégio Shiraiki? ? indagou Ishida, reconhecendo o uniforme.
- Oh, eu estudo lá sim!
- Mas como você conheceu o Kurosaki? Lá é um colégio particular para estrangeiros!
- Ah, eu sou vizinha dele! ? respondeu Ruka, com um sorriso largo.
- Ei, não fique espalhando isso!
- Ah, Ichigo! Que mal tem eles saberem que moramos um do lado do outro?
- Por que pega mal, sabia? Vão pensar que estamos? - Ichigo ruborizou. -? Juntos!
- Que tipo de juntos você está se referindo, hein?
- Ah, não seja sonsa, Ruka!
Orihime sofria. A maneira amável e espontânea como Ichigo tratava Ruka lhe maltratava demais o coração. E durante a despedida da garota, a cena lhe tirou o fôlego: Ichigo deu um beijo no rosto de Ruka; coisa que ele jamais faria em circunstâncias normais? Mas com aquela forasteira, ele se comportava com um nível de intimidade inimaginável! Eles até se chamavam pelo primeiro nome?
Ishida olhava a situação com grande pena, pois sabia que sua amiga tinha sentimentos bem profundos por Ichigo, mas ele desprezava sem a menor noção; até desrespeitava. Era uma convivência confusa, onde os que andavam juntos, agora vivem separados; e os que estavam separados, agora andavam juntos. Pela primeira vez o jovem Quincy sentiu-se sozinho em meio à multidão?
Assim que retornaram para a sala, Orihime não suportou tudo calada e correu pro banheiro, onde chorou convulsivamente.