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O Pantera, o Protetor e Eu
Como se nada houvesse acontecido, a batalha contra os espadas cessou com vitória, e com ela se foram os poderes de Ichigo. Mesmo que o dia seguinte parecesse comum a olhos mortais, para os envolvidos era como se tivesse terminado um verdadeiro pesadelo. Não era difícil perceber que, para os shinigamis, Ichigo não era mais necessário. Eles foram embora e deixaram apenas lembranças do que um dia foi uma amizade. Ou conveniência.
Estava a olhos vistos que Kurosaki estava sentindo-se inútil, indesejado, perdido. Ele nunca esteve indefeso, sem seus poderes; já havia se acostumado a ser extremamente forte. E com essa nova fase de sua vida acontecendo, logo veio uma forte depressão e isolamento?
Ichigo mantinha a rotina ?de casa para o colégio- do colégio para seu emprego- que segue direto para casa?. Ele não interagia com mais ninguém, mal conversava brevidades com seus amigos e antigos companheiros de lutas. Suas irmãs não escondiam a preocupação, já que ele nem mesmo jantava direito, e quando o fazia, era no meio da noite, trancafiado no seu quarto. Yuzu já nem conseguia mais fazer limpeza no local, pois ele deixava trancado o dia todo. Karin sabia o quanto seu irmão estava sofrendo, e que o afastamento de tudo e de todos estava sendo sua maior defesa naquele momento. Como não havia diálogo há tempos, era mais fácil deixá-lo tomar iniciativa; coisa que nunca mais ocorreu em dias.
Mas Kami-sama tem suas artimanhas guardadas; e graças a elas o herói da cabeça laranja voltaria a ser o mesmo de antes?
Episódio 1:
Lado a Lado
-? Sim, tudo bem, mãe. Tenha cuidado e boa viagem. Beijo; tchau.
Ao desligar o celular, Ruka deu um suspiro longo e profundo. Ela estava com a terrível certeza de que passaria mais seis meses sozinha, mesmo tendo todos os recursos básicos a seu dispor e um montante de dinheiro para sobreviver sem traumas. Mas ela não queria sobreviver sozinha; queria pelo menos ter os seus pais por perto, mesmo que por poucos momentos. No auge dos seus dezesseis anos, morar sozinha podia ser um sonho pra muitos, mas para Ruka era uma triste realidade sem conserto.
Ela terminou de vestir seus sapatos, ajeitou o laço de seu uniforme e saiu porta afora, disposta a esquecer que uma enorme casa vazia a esperava. Ela queria viver e sorrir, pelo menos um dia por vez.
Saiu cantarolando uma música que ouvia do seu iPod laranja, sua cor favorita. Distraiu-se demais, e deu com a cara em um cotovelo. Com o impacto, ela caiu sentada, deixando a calcinha exposta.
- Ouch! Que nocaute foi esse?!?
- Hey, preste atenção ao seu redor. Você está bem?
Ao olhar para cima, Ruka ficou impressionada: rapaz alto, jeitão de mal encarado, ombros largos e o mais chamativo: ele tinha uma vasta cabeleira espetada e laranja. Ela não escondeu que estava extremamente fascinada:
- Oh, estou bem? eu acho!
- Se levanta rápido, vamos.
- Mas por quê?
O rapaz, começando a ficar corado, apontou para a saia levantada de Ruka, sem nem mesmo olhar. A jovem deu um grito e tapou a calcinha com a mão, tratando de se levantar e bater a sujeira do chão. Mesmo constrangida, Ruka juntou coragem e puxou assunto. O rapaz era muito bonito, mas obviamente tímido e de personalidade forte.
- Mil perdões pelo tropeção!
- Sem pro, de boa. ? ele evitava contato visual todo momento. ? Agora vou pro colégio, ou me atraso.
- Eu me chamo Ruka Medley Atsuchi; tenho dezesseis anos e moro naquela casa ali, ó! ? ela apontou com toda determinação, esperançosa de que ele notasse.
Ele parou e olhou para trás, acompanhando a direção do dedo fino de Ruka. Sua expressão foi de nula a espantada em segundos. Eles eram vizinhos!!!
- Ora essa?! Você mora do lado minha casa???
- Então você mora nessa clínica aqui do lado?!?
Os dois deram um grito de espanto imenso, Como se tivessem visto um tenebroso fantasma.