boa leitura :3
Sakura abriu a porta e entrou em seu apartamento, sendo seguida por Sasori, que nada dissera no caminho para casa. Ele permanecera calado, com o olhar perdido e isso preocupava a Haruno. As palavras de Sasuke tinham mesmo afetado tanto Sasori?
Ela observou enquanto seu noivo ligava a televisão e se sentava no sofá, mas sem parecer prestar atenção ao programa que passava. Ela se dirigiu ao seu quarto, parando na porta do quarto, falando:
-Vou trocar de roupa –e recebeu um “Hn” como resposta.
Ela foi até seu guarda-roupa, pegando uma camisola confortável, começando a se despir logo e seguida, sentindo sua cabeça a mil por hora. Era sempre assim, desde que Sasuke voltara. E, cada vez mais, Sakura começava a questionar se suas escolhas durante o tempo em que o Uchiha estava longe, eram realmente as certas. Especialmente, as em relação à Sasori.
Ela se lembrava perfeitamente de como fora difícil para ela seu primeiro ano sem Sasuke. Ela tinha virado uma pessoa triste e sem vida social, que estava sempre estudando e estudando, cada vez mais. E então, como se fosse uma luz no final do túnel, Sasori chegou, com seus olhos calmos e seus sorrisos acolhedores e gentis. Aquela calmaria cativante, tão diferente do furacão que Sasuke era, bagunçando tudo o que tocava. Imediatamente, Sakura se viu com vontade de conhecer o Akasuna melhor.
E, de repente, ele era a pessoa que estava sempre do seu lado, mesmo quando ele terminou sua faculdade antes dela. Ele sempre a ajudava a estudar, emprestava suas anotações de quando estava na faculdade para ela, e, sem que ela percebesse, Sasori se tornara uma parte indispensável de sua vida.
E agora, eles estavam noivos. Tudo seria perfeito, se Sasuke não tivesse voltado. Aquele furacão que Sakura tanto amava. Ela se sentia culpada por não conseguir ser sincera com Sasori e dizer que ainda é apaixonada por Sasuke. Só a possibilidade de ver o ruivo chateado, a deixava com raiva de si mesma. Especialmente, porque sabia da história dele. Sabia que ele também fora “abandonado” por um amor.
Ela já cansara de ouvir a história de Sasori com Hana Yagami*, uma menina que ele conheceu na infância. Ela sabia que eles se gostavam muito e que as coisas só não deram certo entre eles, porque Hana se mudou para a França junto com os pais e o irmão mais velho.
Sakura suspirou, derrotada, e tratou de ir para a sala, onde Sasori estava deitado no sofá. Lentamente, Sakura se aproximou, sentando-se no braço do sofá, no lado em que a cabeça de Sasori repousava na almofada. Ele estava dormindo. Delicadamente, ela retirou alguns fios de cabelo que caíam sobre os olhos dele, pensando em como ele era importante em sua vida.
Ela empurrou-o um pouquinho para o lado e se deitou junto dele naquele espaço apertado, a cabeça de encontro ao dele, livre da camisa já jogada no chão, que escondia sua pele lisa e quente. Em seu sono, Sasori a envolveu em seus braços, murmurando:
-Eu te amo.
Se sentindo a pior pessoa do mundo, Sakura começou a chorar.
*
Sasuke acordou de mau humor naquela manhã, lembrando-se vagamente do que havia acontecido na noite passada. E ele nunca se arrependera tanto de dizer algo. Droga, por que ele tinha que ser tão ciumento? Por que não suportar aquela situação quieto? Agora, era provável que Sakura nunca mais quisesse olhar na cara dele!
-Droga! –ele praguejou, colocando o rosto entre as mãos.
Olhou para o despertador em sua cômoda e então lembrou que tinha de ir trabalhar. Se levantou e foi para o banheiro, saindo do cômodo após alguns minutos, já de banho tomado. Escolheu um de seus ternos escuros elegantes e se vestiu, decidindo que tomaria café na lanchonete do hospital, possivelmente junto de Karin, que ele sabia que sempre tomava café da manhã na lanchonete do hospital.
Assim, ele pegou suas coisas e saiu do apartamento, trancando a porta antes de se dirigir ao elevador. Pegou seu carro no estacionamento e dirigiu por Konoha, até o hospital. No hospital, ele percebeu que chegara no mesmo instante que seu irmão, Itachi, o que era estranho. Sasuke saiu do carro e foi até o irmão, que trancava as portas do seu veículo.
-Bom dia, irmão –Sasuke disse, sorrindo.
-Sasuke! –Itachi exclamou –Bom dia.
-O que houve? Por que chegou mais tarde hoje?
-Ah, sim. Normalmente, Yui levaria Haru para a escola e eu viria para o trabalho, mas ela acordou meio indisposta hoje, com enjoo, ou algo assim. Então eu fui levar o Haru na escola e ela ficou descansando.
-Ela está bem? Acha que pode ser algo sério? –Sasuk perguntou ao irmão, enquanto eles andavam lado a lado pelos corredores do hospital.
-Com certeza é algo sério –Itachi respondeu, com um sorriso no rosto.
-Então o que ela está fazendo em casa? Ela devia estar aqui, no hospital!
Itachi riu e Sasuke o olhou, confuso.
-Fique tranquilo, Sasuke. Que eu saiba, gravidez não é uma doença.
Sasuke parou de andar, em choque. Yui estava grávida do seu segundo filho! Sasuke seria tio pela segunda vez. Gradativamente, um sorriso se formou no rosto do Uchiha mais novo, ao ver no rosto de seu irmão mais velho a mais pura felicidade. Ele andou até o irmão e deu um abraço meio desajeitado nele.
-Parabéns, Itachi!
-Obrigado.
-O Haru já sabe?
-Sabe, nós contamos à ele ontem, assim que soubemos do resultado do exame que Yui fez.
-E como ele está lidando com isso? –Sasuke indagou, curioso sobre o sobrinho, que ele não vira desde que retornara À Konoha.
-Por que não vê por você mesmo? Jante conosco hoje á noite, Sasuke. Ele sente a sua falta e faz tempo que você não o vê.
-Certo. Nos vemos mais tarde, no estacionamento –Sasuke disse e se dirigiu à lanchonete do hospital, onde como o esperado, Karin estava sentada, encarando um ponto fixo ao longe, tomando seu café distraidamente.
Ele pediu um café e alguns biscoitos no balcão e, após pegar seu pedido, se sentou na cadeira em frente à ela, atrapalhando sua visão do que quer que fosse, recebendo um olhar raivoso em troca.
-O que você quer, Sasuke?
-Nada demais. Só vim tomar meu café, não vÊ? –ele apontou para a xícara repousada sobre a mesa.
-Achei que tinha vindo para reclamar por eu não ter ido com você àquele jantar estúpido. Me desculpe, mas não tinha cabimento eu ir junto!
-Realmente, é uma pena você não ter ido. Sério, eu tenho certeza de que o noivo da Sakura ficou até depressivo depois do que eu disse.
Os olhos escarlate de Karin brilharam de curiosidade e ela se inclinou levemente, como uma criança ansiosa.
-Oh, meu Deus! O que você fez com ele, Sasuke?
-Nada demais. Apenas joguei na cara dele que conheço a Sakura melhor do que qualquer um e que eu sou o cara certo para ela, não ele.
-E o que isso tem demais? –ela indagou, decepcionada, enquanto ajeitava seus óculos de armação vermelha.
-Ela não negou, Karin!Isso com certeza deve ter sido, no mínimo, embaraçoso para ele.
-Certo, se você diz... –ela se interrompeu ao ver algo atrás do Uchiha e se levantou bruscamente –Até depois, Sasuke. Tenho que resolver algo... –ela disse, se apressando para alcançar algo, ou alguém.
Sasuke deu de ombros, porque realmente não se importava por Karin interromper aquela conversa daquela forma. E, após terminar seu café, ele foi para a sua sala e se pôs a trabalhar, ansioso para o fim do expediente.
*
Assim que chegou ao estacionamento, Sasuke avistou Itachi o esperando, olhando em seu relógio de pulso. Ao ver o irmão mais novo, ele sorriu e entrou em seu carro. Sasuke entrou no seu carro e seguiu o irmão, até chegarem à casa do Uchiha mais velho.
Uma das coisas em que Sasuke e Itachi discordavam desde pequenos, era a preferência do mais velho por casa, ao invés de apartamentos. Mas, olhando para aquela construção simples e aconchegante, Sasuke começava a repensar sua preferência por apartamentos.
A casa era menor do que Sasuke sabia que Itachi podia pagar. E ele se lembrava muito bem dali. A primeira vez em que estivera naquele imóvel, ele tinha seus dezesseis anos e Itachi e Yui tinham acabado de comprar o lugar, que não tinha quase nada e ainda precisava de algumas reformas. Mas ele se lembrava daquela silhueta.
Sem pressa, Sasuke estacionou seu carro e saiu do veículo, observando Itachi guardar o carro na garagem. Ficou parado alguns instantes, reparando em como aquele lugar estava mudado.
As paredes, antes cinzentas, agora tinham um tom de amarelo bem sutil e as janelas de madeira, estavam abertas. Por fora, via-se uma área do chão coberta por grama, onde via-se um balanço pendurado numa árvore, onde, provavelmente, Haru gostava de brincar. Algumas flores enchiam o local de cor, pequenos botões prestes a desabrochar e flores já abertas, trazendo uma beleza ao lugar. Itachi saiu da garagem e acenou para que o irmão se apressasse.
E, ao atravessar o portão de ferro, Sasuke viu, no mesmo instante, a porta de madeira se abrir subitamente e, de dentro da casa, o pequeno Haru sair correndo em sua direção, os braços abertos. Sasuke se abaixou para ficar numa altura próxima ao de seu sobrinho e recebeu o abraço do pequeno.
-E aí, Haru? Como é que vão as coisas? –ele perguntou, olhando os olhos brilhantes do mais novo.
-Tio Sasuke, eu vou ganhar um irmão! Acredita nisso?
-Acredito –Sasuke falou, rindo, enquanto olhava na direção de Itachi.
Ele viu Yui chegar à porta e Itachi se aproximar, beijando sua esposa carinhosamente. Haru olhou na mesma direção do tio e fez uma careta de nojo, que fez Sasuke rir ainda mais.
-Eles fazem isso o tempo todo, tio Sasuke! Diga para eles pararem, é nojento!
-Certo, Haru! Já chega! –Yui se pronunciou –Vá para dentro juntar seus brinquedos, por favor.
-Certo! Certo! – pequeno falou, bufando em seguida. Ele não queria juntar seus brinquedos. Queria dizer ao seu tio o quanto estava ansioso para que seu irmãozinho chegasse logo e como achava nojento quando seu pai e as mãe se beijavam.
-Entre, Sasuke –Yui convidou.
Os três entraram na casa e nunca Sasuke se sentiu tão bem. Naqueles poucos minutos, ele percebera o quanto Itachi era feliz com aquela família e, de certa forma, invejou o irmão.
Ele realmente desejava que um dia fosse capaz de construir algo verdadeiro ao lado da pessoa que ele amava, assim como Itachi fez.