boa leitura :3
Hinata
Quando se é adolecente, pode ser considerado perfeitamente normal você passar vergonha algumas vezes. Mas isso nunca tinha acontecido comigo. Não digo passar vergonha. Eu só nunca tinha acordado na mesma cama que um garoto. E nem nunca tinha ficado tão perto assim de um garoto. É o Naruto, eu sei. Mas a posição em que nós nos encontrávamos era um tanto... constrangedora.
Basicamente, eu estava com a cabeça e boa parte do meu tórax sobre o peito de Naruto. A gigante camisa laranja que ele havia emprestado tinha subido bastante, revelando minhas pernas e a cueca emprestada que escondia minha intimidade. Mas isso não era o mais constrangedor.
Os braços dele me envolviam de forma possessiva, apesar de isso não fazer nenhum sentido. Sua respiração roçava meu cabelo bagunçado. Minha perna passava por cima de seu quadril e eu pude sentir sua ereção matinal, o que me fez corar até a alma. Olhei para cima.
Lentamente, Naruto abriu os olhos, a luz do fraca que entrava pela janela transpassava seus cílios, fazendo uma sombra quase imperceptível sob seus olhos entreabertos que eu tinha certeza de que conseguiam ser mais azuis do que o céu. Ele olhou bem em meus olhos e sorriu, exibindo seus dentes brancos. E eu senti algo de diferente. Não, não era nenhum sentimento. Era simplesmente os braços fortes de Naruto me pressionando contra ele.
-Bom dia... Hinata -algo no tom rouco de sua voz fez com que eu corasse ainda mais.
-Bom dia -murmurei, ainda constrangida por acordar tão perto dele.
-Que horas são?
Olhei no relógio em cima de sua cômoda e constatei que eram 6:10.
-Hora de nos arrumarmos para a escola -respondi, já me levantando, coçando os olhos com o dorso da mão. Naruto também se levantou e disse:
-Vou para a cozinha fazer alguma coisa para a gente comer, ok? Pode tomar um banho.
Meus olhos se arregalaram com a súbita percepção de que eu não tinha nenhuma roupa ali sem ser a a que eu vesti no dia anterior.
-Me desculpe, Naruto. Mas eu tenho que ir para casa. Minhas roupas estão lá. Não posso aparecer na escola vestindo a mesma roupa de ontem. Eles vão ficar falando besteiras sobre mim e...
-Você pode pegar alguma camisa minha. Não acho que vão notar se você for cm o mesmo jeans de ontem.
-Acho que isso só iria piorar as coisas.
-Então por que não liga para alguém trazer algo para você vestir? Estão todos dormindo nesse horário?
-Ótima ideia! Vou ligar para a minha irmã mais nova -falei, indo até meu celular, discando o número de Hanabi enquanto observava Naruto sair do quarto, indo na direção da cozinha. Hanabi atendeu no terceiro toque.
-Hina? -ela perguntou, a voz um pouco sonolenta.
-Oi, Hana. Sou eu. Posso te pedir um favor?
-Claro. O que quer?
-Pode trazer umas roupas para mim na casa de um amigo?
-Amigo, uh? Tem certeza de que é só isso mesmo?
-Absoluta! Você vai trazer as roupas ou não?
-Vou sim, Hina. Mas não pense que vai escapar de me responder algumas perguntinhas hoje à noite, Hinata Hyuuga!
-Certo! Vou te passar o endereço...
Disse à Hanabi onde estava e pedi que ela deixasse as roupas com o porteiro e pedisse que ele entregasse no apartamento de Naruto Uzumaki. Ela ficou um pouco contrariada por não poder subir, mas eu argumentei que se ela subisse, acabaria se atrasando para ir à escola. Somente então Hanabi concordou.
Desliguei o celular, jogando-o sobre a cama. Senti um aroma delicioso de café e fui até a cozinha, onde Naruto colocava sobre a mesa uma sacola de pães.
-Naruto? -eu o chamei.
-Sim?
-Se alguém bater à porta, provavelmente é o Kakashi com minhas roupas. Pode receber para mim e levar até o banheiro? Vou tomar um banho.
-Claro. Tem uma toalha lá no banheiro. Você pode usa-la.
-Ok.
Me dirigi ao banheiro, ainda coçando meus olhos que teimavam em se fechar. Fechei a porta, suspirando. Mesmo que estivesse num banheiro, era um alívio não estar mais no mesmo cômodo que Naruto. Depois de acordar tão perto, era extremamente constrangedor olhar para ele. Especialmente porque eu não queria ter sentido sua ereção matinal. Era uma das coisas que eu realmente queria esquecer.
Me despi devagar, tentando adiar ao máximo o momento em que teria que passar mais que quinze minutos olhando para Naruto. Meu Deus, o que eu estava fazendo? Era o que eu me perguntava quando entrei debaixo do chuveiro, sentindo a água quente percorrer meu corpo. Quente... como as mãos do Naruto.
Sacudi a cabeça, tentando me livrar daqueles pensamentos absurdos. Droga! Quando foi que eu comecei a pensar coisas tão pervertidas? Eu só podia estar ficando louca!
O som de batidas na porta fez com que eu eu desse um pulo, me assustando.
-Hinata? As suas roupas! -a voz dele transpassou a porta, ainda rouca e um tanto sonolenta. E incrivelmente atraente.
Saí do chuveiro e me enrolei na toalha. Entreabri a porta, por onde Naruto me passou a pequena sacolinha com algumas roupas dentro.
-Obrigada -murmurei e fechei a porta, respirando fundo.
Me vesti o mais rápido que consegui, tentando convencer a mim mesma de que tentar adiar uma conversa com Naruto era uma besteira sem tamanho. E em menos de cinco minutos, eu saí do banheiro, dando de cara com Naruto, que pediu licença e entrou, fechando a porta assim que eu saí. Aparentemente, estávamos atrasados.
Naruto tinha ficado irritado comigo por uma razão absurdamente infantil: eu resolvi ir de trança para a escola. Ele quase fez um escândalo nomeio da aula do professor Asuma porque eu fiquei segurando a trança para que ele não a soltasse. O nível de maturidade daquele garoto era inacreditável!
Mas o ponto, é que na hora do intervalo, ele resolveu trazer uma outra pessoa para passar o tempo conosco. Eu e Sakura estávamos sentadas em nossa mesa costumeira, quando de repente, Naruto surgiu, arrastando Sasuke atrás de si. Eu quase pude prever a confusão que aquilo daria.
-Oi! -ele falou, sem perceber a aura negra que emanava de Sakura ao ver o Uchiha ali.
-Naruto! -eu dei uma cotovelada nele- O que pensa que está fazendo trazendo o Sasuke aqui?
-Ei, não me bate! Foi ele quem pediu para vir!
Suspirei, prevendo meu final de tarde: eu e Sakura assistindo romances clichês e devorando um pote de sorvete em menos de quinze minutos. E depois ela faria mais uma dieta maluca para perder todas as calorias que ganhou.
-Hinata -foi Sasuke quem me chamou.
-O que foi?
-Você e o Naruto podem me dar um momento sozinho com a Sakura? Eu preciso falar com ela.
Olhei para Sakura e ela fez um breve aceno com a cabeça. Fiquei na ponta do pés para chegar perto do ouvido de Sasuke e sussurrei:
-Se hoje à tarde ela me ligar chorando por sua culpa, considere-se um homem morto!
Ele não pareceu intimidado, mas no fundo eu sabia o motivo. Assim como eu, Sasuke não gostava de ver Sakura chorando. Ele a fazia chorar quase sem querer. E qualquer um podia perceber isso.
Puxei Naruto para longe dali, tendo certeza de que me arrependeria por ter deixado Sakura conversar com Sasuke sozinha. Por fim, acabei voltando para a sala de aula e me sentei em meu lugar, apoiando a cabeça entre as mãos. Naruto se sentou na cadeira à minha frente e falou, sorrindo:
-Fique calma, Hinata. Eles só vão conversar.
-Ok. Mas eu não quero ver minha amiga chorando a tarde inteira de novo -me levantei, me sentindo incapaz de continuar sentada, de tão nervosa.
-Ah, o Sasuke é um idiota. Assim como eu. A diferença é que eu nunca magoaria você ou qualquer outra garota com quem eu me importo.
E então uma série de reações àquelas palavras desencadeou.
Senti um calafrio e meu corpo todo tremeu. Meus olhos se arregalaram e minha voz pareceu desaparecer. Minha respiração subitamente falhou, voltando completamente irregular. Por que ele tinha aquele efeito sobre mim? Eu não fazia ideia. E, para ser honesta, não queria descobrir.
Naruto se levantou e veio até mim, calmo e tranquilo. Seu braço direito enlaçou minha cintura, me assustando. Ele olhava em meus olhos e, de tão pesadas, nossas respirações pareciam que iam se solidificar. E então eu senti. Quando seu dedo deslizou pela primeira mecha lisa, desmanchando a longa trança que prendia meus cabelos lisos.
Mecha por mecha, meu cabelo foi libertado daquele trançado complicado, caindo solto até metade das minhas costas. Naruto ergueu sua outra mão, retirando a tiara que prendia minha franja. E, lentamente, um sorriso sutil surgiu em seus lábios.
-Vou comprar um refrigerante -ele murmurou, se afastando e saindo da sala, me deixando sozinha, com minha constatação óbvia.
Eu estava completamente perdida.