Pokémon Ree laii

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    12
    Capítulos:

    Capítulo 8

    Capítulo 006 - As rotas 15, 14, 13, 12 e 11

    Álcool, Nudez, Violência

    Capítulo 006 ? As rotas 15, 14, 13, 12 e 11

    ISIS GAST

    Meu coração pulsava desordenadamente, o sangue fluindo pelo meu corpo, desajustado e arrítmico. Caminhando sem rumo por entre os sândalos perfumados da arborizada cidade, me encontrei em uma singela praça, agradável e tranqüila, mas minha mente se remoendo em questões a se resolver, insegura e apreensiva não se continha de nenhuma forma. Havia apenas uma alternativa para isso, contudo...

    Como iriam reagir agora? Iriam me perdoar ou me condenariam pelo meu ato execrável?

    Meus pokémons, tudo que eu mais amava. Porque fiz algo tão ruim? Não merecia que me perdoassem. Abandonara-os em um laboratório por mais de um ano, e não dissera nem ao menos o motivo, que nem eu me recordo mais.

    Graças a Julli, que por alguma razão inexplicável me fez lembrar o amor pelos pokémons, eu acordei, contudo seria possível reaver uma aproximação?

    A minha fixação pela história compartilhava pelo desejo de harmonizar a relação entre pokémons e seres humanos, no entanto havia me esquecido disso. Se eu não conseguira fazê-lo, como poderia pedir para que outro fizesse? Era deplorável. A Isis Gast que acreditava nisso desapareceu em algum ponto, e agora desejava desesperadamente retornar.

    Chegara a hora de recuperar aquilo que sempre procurara. Tomei coragem e coloquei três pokebolas alinhadas no ladrilho ametista. Cliquei uma vez em cada um, expandindo-se. Novamente cliquei e três raios brilhantes moldaram-se em objetos sólidos no gramado aparado e aguado constantemente pelos sprinklers da praça.

    - Larv! ? um pequeno lagarto esverdeado de corpo pedregoso com uma proeminência semelhante a um chifre sobre a cabeça se espreguiçou ao sair, se precavendo para não se molhar com a constante ação dos sprinklers. Os olhos carmim, intensos e pouco amigáveis continuado em uma faixa negra; ao abdômen dispostos três losangos, carmim em listras horizontais ao centro e duas aberturas nas laterais, os membros curtos com ausência de dedos e uma cauda no formato de uma flor desabrochada.

    - Ted? ? uma fofa ursinha de formas arredondadas, trejeitos desengonçados espatifou-se no chão ao surgir. Com uma lua crescente castanho claro representado em sua testa, o pelo curto marrom cobrindo o corpo, os olhos circulares negros com íris de coloração verde prateado resplandecente, três garras nas patas dianteiras e duas em seus pés, se ergueu imediatamente a queda.

    - Ee... ? um miúdo quadrúpede elegante de pelo marrom, com chumaços de pelo de coloração creme ao pescoço, incandescentes contra a luz e de mesma coloração na ponta de sua cauda deu alguns passos no próprio eixo. Os olhos castanhos aguçados e vívidos, o nariz negro em um triângulo invertido, orelhas grandes e pontiagudas e os pés felinos dispostos em três dedos em cada pata.

    - Larvitar, Teddiursa, Eevee, estou envergonhada do que eu fiz. ? disse emocionada e incapaz de encará-los. Ajoelhei-me a eles permissiva, esperando o pior.

    - Ee... ? Eevee começou a me lamber carinhosamente.

    - Ted. ? Teddiusa se debruçou sobre mim. Seu corpo macio e quente era como me lembrava.

    - Lar! ? Larvitar deu uma batidinha amigável em meu ombro.

    Não acreditava naquilo. Devia estar sonhando. Preocupara-me de tal maneira que nunca esperaria essa reação cordial e amigável.

    Os puxei em um abraço caloroso. Larvitar não se sentiu confortável e logo se liberou. Eevee ficou um tempo considerável, já Teddiursa não se desgrudou. Era viciante tocá-la. Seu pelo macio era como uma droga. Quanto mais se usava mais prendido a ela se tornava.

    Eles me olharam felizes, contudo percebi certa mágoa. Era mais do que natural. Eu me distanciara deles e nem dei satisfações, mas agora seria tudo diferente. Iria me concentrar em nosso presente.

    E pensar como cada um deles surgiu a mim.

    Não os escolhera. Cada um deles se uniu a mim pelo acaso, ou até mesmo pelo destino. Três pokémons com características fascinantes, que obtive em minha jornada por Jotho. Encontrei Larvitar no Mt. Prateado, quando estudava sua ligação a terra prateada de Jotho, Teddiursa nos arredores de Ecruteak em busca de respostas para a sua representação lunar e Eevee, meu primeiro Pokémon. Um presente concedido em Goldenrold por um famoso pesquisador em meu primeiro dia de jornada; o único Pokémon que possui a capacidade de evoluir para formas das mais variadas. Aquele dia eu não me esqueci de suas palavras. Foi o momento que defini os meus objetivos e metas de vida.

    Minha mente retornou ali com eles e não iria me afastar deles nunca mais.

    - Quero que conheçam uma pessoa muito especial. ? disse felicíssima. ? Mas primeiro vamos nos curtir um pouco. Tão afim?!

    - Larv! ? disse estrondosamente.

    - Teddiursa. ? lambeu as patas para demonstrar sua alegria.

    - Ee. ? consentiu alinhado.

    Corremos pelo parque banhado pelo sol da tarde, quente e revigorante, a procura de diversão. Como fazíamos em épocas passadas. Boas recordações.

    ***

    O sol se ocultava por entre as flores dos sândalos as nossas costas, a luz laranja berrante intensificando a beleza rósea da região. Uma imagem de encher os olhos. A beira da praia observava as ondas luminosas a minha frente expostas contra a luz, dançantes e correntes, fluindo gentilmente até a areia fofa e acastanhada. As pedras de granito incrustadas em pontos variados, quebrando a uniformidade do terreno. Uma paisagem encantadora.

    Estávamos exaustos. Após andarmos por toda a cidade, resolvemos descansar fazendo um de nossos passatempos favoritos; observar o pôr do sol. Eevee estava em meu colo, Larvitar escorado em minhas costas, Teddiursa relaxava na areia com o meu cafuné.

    Julliane iria adorar os meus pokémons, disso tinha certeza. Mudkip e Natu também iriam adorar novos amigos para fazer companhia. Agora minha jornada seria como eu gostaria. Amigos para compartilhar experiências, porque sem isso eu voltaria a me afogar em um passado que eu luto para esquecer.

    A calmaria fora interrompida por uma ligação confidencial em minha pokegear.

    - Alô. ? disse observando um peixe branco e laranja com um chifre no topo da cabeça saltando pelas ondas.

    - Julliane foi atacada e está no hospital. ? uma voz feminina soou pela outra linha. ? Preciso que tome conta dela, pois não estarei presente por algum tempo e em hipótese alguma se afaste dela.

    - O quê? ? quando percebi restara apenas toques repetidos sinalizando o fim da ligação. ? Julli! ? disse desesperada. Eevee, Teddiursa e Larvitar se afastaram com feições preocupadas em suas faces adoráveis ? Mas como isso foi acontecer? Eu...

    - LAR! ? Larvitar berrou me acalmando.

    - Obrigado Larvitar. ? disse me sentindo culpada em deixar Julliane só, mas não esperava que algo assim acontecesse. ? Vamos para o hospital. A pessoa que queria que conhecessem está ferida. Por favor, retornem. ? disse procurando as pokebolas na mochila. ? Depois eu...

    ***

    - Julliane Cerule, esta nesse hospital? ? disse aflita. Já era o terceiro hospital que visitava e não conseguira encontrá-la.

    - Vou verificar. ? a enfermeira disse solidária percebendo meu sofrimento. ? Sim. ? falou digitando algo no computador da recepção. ? Está na UTI.

    Eu gelei nesse momento. Devia ser muito grave. Como isso acontecera.

    - Está falando sério? ? disse tentando entender. Eu me ausentei por poucas horas e ela estava bem. Não a conhecia direito, mas me afeiçoara a ela de tal maneira, que sentia como se nos conhecêssemos a vida toda.

    - Sei que é difícil para uma jovem como você enfrentar essa situação, mas preciso da autorização do responsável. ? disse o mais gentil que pôde.

    - Eu irei falar com o pai dela, mas agora será que eu poderia vê-la? ? disse com lágrimas nos olhos.

    - Certo. ? falou apontando o elevador. ? Terceiro andar.

    - Obrigada. ? sai agoniada até o elevador.

    Cada segundo que passava era uma tortura. Não podia acreditar. Eu que já sofrera tanto por perder pessoas queridas a minha volta. Seria uma maldição rondando os meus passos?

    Julliane acabara de surgir em meu caminho e nos tornamos amigas de imediato. Nunca fora tão fácil para mim. Sempre fora solitária. Será que seria seguro eu permanecer perto dela? A estranha ligação que recebi disse para que não me afastasse dela em nenhuma hipótese. Será que Julliane corria algum perigo. Não me parecia que estivesse com medo ou fugindo de alguma coisa.

    As portas do elevador se abriram e os letreiros fixados ao teto sinalizaram para onde deveria seguir. Corri. Minha ansiedade em encontrá-la era irrefreável. Como explicaria aos pais de Julli o que ocorreu.

    Escancarei a porta da UTI assustando as atendentes. Caminhando pelo corredor, pude observar pelo vidro diversas pessoas em estados preocupantes. No penúltimo leito vi longos cabelos azul aço espalhados no travesseiro envolto em ataduras.

    Lágrimas escorreram naquele momento. Os seus olhos fechados, a máscara de oxigênio em sua face serena e pálida, o braço direito imobilizado, inchado e de coloração púrpura, parecia ser grave, resquícios de sangue seco pelo seu corpo, fios e agulhas dispostos para todo lado, diversas máquinas barulhentas, desenhando linhas nos monitores, números e símbolos, agora sua vida dependia daqueles aparelhos. Era difícil acreditar.

    Percebi que próximo ao seu braço esquerdo havia um pequeno broto de coloração verde grama e verde floresta, a face amarela, os olhos negros em traço e com duas vinhas torcidas em sua cabeça. Estava bastante inquieta. Nunca havia visto aquele pokémon grama.

    - Não se preocupe. ? uma voz amável e confiante se dirigiu a mim. ? O estado dela é estável, apesar dos danos sofridos é uma garota forte e se recuperará bem.

    - Verdade? ? disse um pouco desesperada.

    - Tenho certeza disso. ? disse sorrindo para mim. ? Já passei por muitos casos em minha longa carreira e essa garota tem muita vontade de viver. Não vai se entregar.

    O senhor de cabelos brancos curtos e desajustados, pele negra e enrugada, olhos amarelos fortuitos e graciosos e um sorriso abrasador me abraçou afetuosamente. Seu nome estava escrito em seu jaleco branco: Dr. Railer Teiki.

    - Obriga... ? As emoções intensas me fizeram apagar ali mesmo.

    ***

    Acordei em um escritório com pouca luminosidade, deitada em uma espreguiçadeira extremamente confortável. O relógio de parede indicava três e vinte e sete da manhã. Dormira um longo tempo.

    Minha cabeça pesava e doía nas têmporas. Os olhos ardendo, a visão turva e embaralhada. Mesmo desacordada continuara a chorar, meu rosto estava encharcado. Ver Julli naquele estado não melhorou meus ânimos.

    - Se sente melhor? ? alguém disse as minhas costas.

    - Sim. ? falei com a voz fraca. ? Ainda zonza.

    - Precisamos entrar em contato com os pais dela. ? o homem se pôs a minha frente. Era o médico que conversara comigo antes de desmaiar. ? Eu sei que não é um bom momento, mas ela é menor de idade e não podemos fazer os procedimentos sem autorização de um responsável.

    - Certo. ? disse receosa, procurando palavras a serem ditas. ? Eu não sei se consigo. Mas eu vou tentar.

    - Agradeço. ? o homem se sentou atrás de seu gabinete com um ar preocupado.

    - O que houve? ? comecei a me inquietar novamente. ? Julli piorou?

    - Não. ? disse se recostando na cadeira de couro acolchoada. ? Estava recordando de alguns momentos que ocorreram há três anos.

    - E o que seria? ? mesmo nesse momento meu desejo por conhecer sobre a história se sobressaía. Apesar de que eu também queria evitar ao máximo o momento de noticiar a família de Julli o ocorrido.

    - A catástrofe que se abateu sob Veridian. ? disse sombriamente.

    Naquele instante me arrependi de ter perguntado. Tinha péssimas recordações daquele dia. Meus pais faleceram naquele fatídico dia. Minha vida virou de ponta cabeça e muitas mudanças ocorreram. Tive de abrir mão de muita coisa para seguir em frente, e assim como milhares de pessoas que foram dizimadas por uma força desconhecida, também tiveram de fazer.

    - Lembro-me muito bem, pois ocorreu exatamente nesta mesma data. Eu estava realizando uma consulta nos arredores da cidade de uma senhora idosa, que havia sofrido uma queda e sentia fortes dores na lombar. Quando estava de saída, ao longe vi uma esfera luminosa se formando no entorno da cidade. A explosão foi num instante e não restava mais nada. Apressei-me, mas pouco pôde ser feito. Os poucos sobreviventes nada sabiam do que levara àquilo a acontecer. Desculpe-me. Você já está muito sensibilizada com o acontecido a sua amiga. Não deveria...

    - Não se preocupe. ? disse consternada. ? Agora tenho de fazer uma ligação.

    - Certo. ? falou constrangido. ? Os pertences dela estão aqui.

    Apesar de reavivar sentimentos que não gostaria isso me deu forças para conseguir falar com os pais de Julli. Eu sentira um aperto no coração quando meus pais morreram, mas só fui confirmada de suas mortes, semanas depois. Talvez os pais de Julli também tivessem algum pressentimento, e eu já senti na pele que ficar sem notícias era muito pior do que saber o que realmente ocorrera.

    - Alô? ? disse apreensiva.

    - Sim? ? disse uma voz forte e revolucionária. ? Onde está minha filha?

    - Ela sofreu um acidente, mas já está se recuperando. ? disse apressadamente.

    - Como isso aconteceu? ? falou incrédulo.

    - Eu ainda não sei, mas o hospital precisa da autorização de um responsável pra realizar os procedimentos necessários.

    - Certo. ? disse prontamente. ? Me passe para um médico.

    - Sim. ? chamei o médico com um gesto.

    Enquanto conversavam fui até Julli. Ainda estava da mesma forma que a encontrei.

    Segundo a pessoa que me telefonou, eu não deveria sair de perto dela. Neste momento fazia uma promessa, protegeria Julli e meus pokémons sejam lá o que os ameaçasse. Não permitiria mais que retirassem quem me fosse caro. Não mais.

    Três semanas depois...

    JULLIANE CERULE

    - Você não vai se desgrudar de mim? ? disse extremamente feliz de poder ter feito algo a ela. ? Budew. Quando florescer você será ainda mais bela. Ainda bem que consegui te livrar daquele homem malvado, não é?

    - Bu, deeeeeeeeeewwwwww. ? grunhiu alegremente ao jogá-la no ar.

    - Hahahahahah! ? ria toda vez que via a reação dela. ? Você adora brincar assim, não é mesmo.

    - Julli, não exagere. ? Isis sempre me repreendia, ainda estava preocupada comigo.

    - Eu vou ganhar alta hoje, Isis. ? disse acariciando a face áspera de Budew. ? Acho que posso me divertir um pouco.

    Isis sorriu para mim. Ela não conseguia ficar brava comigo. Eu ganhara uma grande amiga. Soube que ela permaneceu comigo todo o tempo, deve ter se preocupado de verdade comigo. Não queria nem que eu desse o depoimento para a oficial Jenny sobre o ocorrido na Zona do Safári. Janine que conseguiu convencê-la a cooperar.

    - Ainda não conseguiram capturar o caçador? ? ela não gostava que eu tocasse nesse assunto.

    - Ainda não. ? disse ressabiada. ? Já disse que quando chegar notícias eu te conto.

    - Ahã. ? olhei para Isis duvidosa. ? Para onde partimos então?

    - Os ginásios mais próximos ficam em Vermilion e Celadon. ? Isis disse observando no mapa da sua pokegear preto e branca. ? Acho que se seguirmos as rotas quinze, quatorze, treze, doze e onze, será mais vantajoso. De Vermilion podemos pegar um navio até a ilha de Cinnabar. É um ótimo lugar.

    - Isso tudo? ? disse contrariada. ? Levaremos anos até passarmos por tantas rotas.

    - Será bom para treinar. ? Isis levantou-se observando pela janela. Parecia esperar alguma coisa. ? Ficou fora de atividade por três semanas, precisa recuperar o tempo perdido.

    - Tem razão! Estou muito empolgada. ? bati palmas de excitação. ? Quero ver do que Budew é capaz! Além disso, quero retomar o treinamento com Mudkip e Natu. Sem falar que Larvitar, Eevee e Teddiursa são umas fofuras, se deram muito bem conosco.

    - Budeeeeewwwww. ? Budew pareceu concordar. Adorara Teddiursa.

    - Você tem toda razão. ? Isis sorriu. ? Espero que a partir de agora tudo fique melhor.

    - Eu adoraria. ? disse contidamente.

    O período que permaneci desacordada foi um tormento. Os pesadelos se alternavam a água torrencial e o sangue quente e viscoso em um ambiente inóspito, composto de pedras de coloração marfim, entre construções arqueadas. Não compreendi o que esses sonhos significam, contudo prevejo que os desejos de Isis não se cumprirão. Muitas provações surgiriam em meu caminho, e agora eu estaria preparada. Percebi que estou despreparada, fraca e incapaz de ajudar a todos que almejo. Desta vez pude salvar Budew, mas gostaria de ter protegido todos os pokémons que estavam com aquele caçador. Nunca mais iria deixar algo inacabado. Iriam as últimas conseqüências para cumprir minhas promessas.

    ***

    Seguimos por entre as aglaias perfumadas nos afastando daquela cidade de coloração rósea. Fúcsia. A cidade cobiçada por caçadores, indivíduos inescrupulosos que não mereciam sequer ser denominados de seres humanos. Verdadeiros monstros em busca de riquezas, ceifando vidas sem se importar com as implicações de seus atos.

    Eu iria me fortalecer e demonstrar a eles que suas ações podem ser combatidas. Não permitiria que fizessem mal a mais ninguém.

    - Julli? ? alguém disse distante. ? Está muito pensativa.

    - Estou apenas refletindo como será meu próximo Pokémon. ? forcei um sorriso.

    - Melhor se concentrar no caminho. ? Isis disse alegremente. ? Ainda está se recuperando.

    - Eu vou seguir as recomendações prescritas, disso não tenha dúvidas. ? disse replicando. ? Eu não sinto dores. Na verdade, me sinto muito bem.

    - Isso é efeito dos medicamentos. ? Isis disse preocupada. ? Você teve um traumatismo craniano, ficou dois dias em coma induzido e quebrou o pulso, acha pouco? Você foi espancada cruelmente. Teve muita sorte.

    - Isis se acalme. ? falei ficando a sua frente. ? Eu não vou me exceder, e não pretendo me machucar novamente.

    - Vejo que já se recuperou? ? uma voz irritantemente familiar surgiu. ? Continua a mesma balofa respondona de sempre.

    - Zackie. ? grunhi raivosamente. ? Pensei que não teria o desprazer de reencontrá-lo.

    - Ainda continua metida a falar difícil. ? disse desdenhando. ? Pelo menos sua companhia agora é bem mais agradável. ? Isis enrubesceu. ? O que foi? É tímida. Adoro garotas assim.

    - Sai fora. ? disse me aproximando dele. ? Isis é muito para você.

    - Eu não disse o contrário. ? Zackie retrucou. ? Uma bela garota como ela. É preciso se esforçar ao extremo para merecer sua afeição.

    Apesar de Zackie ser um imbecil, tinha de admitir que ele era um galanteador nato. Seus trejeitos simples e sedutores, os olhos atraentes, se não o odiasse profundamente poderia até achá-lo interessante.

    - Zackie, estamos de partida se puder ser breve. ? disse tentando ser educada era difícil em se tratando dele.

    - Não tomarei o tempo precioso de vocês, se quer saber. ? falou piscando para Isis. Ele era muito descarado. ? Só quis me certificar de que estava bem. Fiquei sabendo do ocorrido e apesar de não suportá-la, não desejo o mal a ninguém.

    - Agradeço a preocupação. ? sorri instintivamente. ? Agora temos de ir.

    - Até logo, Isis. ? Zackie disse charmosamente. ? É esse o seu nome, não é mesmo? Um belo nome por sinal, assim como sua detentora.

    - Hãn. ? Isis estava extremamente envergonhada com tantos galanteios. ? Obrigada.

    - Vamos! ? agarrei Isis pelo braço, arrastando ela para longe dele. ? Isis você merece alguém de verdade. Você deveria ter sido dura com ele.

    - Ele não me pareceu ser uma má pessoa. ? Isis disse timidamente.

    - Vai por mim, ele não presta. ? disse quase como um grito. ? Você irá encontrar alguém a sua altura.

    Isis não respondeu. Acho que já era tarde. Ela se apaixonou por aquele garoto. Não iria me intrometer, exceto se ele fosse feri-la de alguma forma. Se ele fizesse isso, seria o seu fim.

    Agora estávamos caminhando pela rota quinze. Em dois dias chegaríamos a Vermilion para minha segunda batalha de ginásio. Neste meio tempo iria treinar os meus pokémons e também a mim. Iria me fortalecer e me tornar alguém forte. Não iria me resignar à vontade de outro. Não teria mais medo de pesadelos e alucinações. Enfrentaria os percalços de cabeça erguida e iria sobressaí-los. Assim seria a partir de agora. Uma nova Julliane Cerule surgia.


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