Sutilmente

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    12
    Capítulos:

    Capítulo 3

    Desculpas

    Heterossexualidade

    Hinata

    Quando todas as aulas chegaram ao fim, eu me virei para pegar minha mochila que estava pendurada na cadeira, dando de cara com Naruto, que me encarava. Peguei a mochila e virei para a frente de novo, começando a guardar meu material, quando Sakura veio até mim, sorrindo.

    -Hina!

    -O que houve, Sakura? Você parece feliz.

    -Essa felicidade tem nome.

    -E qual seria?

    -Sasori!

    -Não conheço. É da escola?

    -Não, ele é mais velho. Está fazendo faculdade de arquitetura. Hina, ele é perfeito! É tão lindo, gentil...

    -E o Sasuke?

    -O que é que tem o Sasuke?

    -O que tem o Sasuke? –Sasuke chegou, imitando a rosada –O que tem? Ah, nada demais! Só que eu ainda te amo! –ele praticamente cuspiu as palavras e nos deus as costas, indo embora, deixando uma Sakura atônita ao meu lado.

    -Acho que ele está sendo sincero, Saky –eu falei, colocando minha mochila nas costas –Mas cabe a você decidir se vai perdoa-lo ou não –dito isso, também fui embora, sem ver o impacto que minhas palavras causaram.

    Cruzei o portão da escola, caminhando enquanto ouvia uma música qualquer nos fones. E na troca de uma música para a outra, quando não havia nenhum som, eu ouvi. Passos. Lancei uma olhadela para trás, constatando que Naruto me seguia.

    -O que está fazendo? –perguntei, confusa.

    -Te acompanhando até sua casa –ele respondeu, como se fosse a coisa mais normal do mundo um garoto que você mal conhece te perseguir até sua casa.

    -Eu não vou para casa. Vou para um restaurante encontrar meu primo, Neji.

    -Então eu te acompanho até o restaurante –ele retrucou, dando de ombros.

    Suspirei, derrotada, dando continuidade à minha caminhada. Vez ou outra, eu aumentava o ritmo de meus passos, mas Naruto simplesmente me acompanhava. Ele começou a assoviar, atrapalhando a música que eu ouvia e eu aumente o volume, incomodada.

    Não se passou nem um minuto e Naruto se abaixou para ficar na mesma altura que eu, arrancou um dos fones de meu ouvido e colocou no seu, perguntando:

    -O que você está ouvindo?

    Ele continuou andando, mas eu permaneci parada, enquanto meu outro fone caiu de meu ouvido e Naruto se virou em minha direção, meio confuso.

    -O que houve? –ele perguntou.

    -Vai embora. Agora.

    -O que?

    -O que você ouviu. Você está me incomodando. Só quero ir encontrar com o meu primo, almoçar e depois ir para casa estudar. Por favor, vai embora.

    Ele me encarou, parecendo um pouco triste, assentiu com a cabeça e foi embora, um pouco magoado. Mas eu não podia fazer nada. Ele realmente estava me incomodando muito. Suspirei pela milésima vez naquele dia e segui meu caminho, chegando ao restaurante que combinei com meu primo.

    E lá estava ele. Neji tinha a minha idade e era o prodígio da fampilia Hyuuga. Ele já começara a cursar sua faculdade de cinema e eu tinha certeza de que ele estava deixando de fazer algo de importante para vir me encontrar. Dono de olhos perolados, como todos os outros Hyuuga, Neji tinha longos cabelos castanhos, que contrastavam com sua pele clara. Ele era de fato bonito.

    -Hinata! -ele exclamou, sorrindo ao me avistar.

    -Oi, Neji -respondi, o abraçando.

    Me sentei e Neji chamou o garçom. Fizemos nossos pedidos e Neji olhou para mim, ainda sorrindo.

    -E então, Hina? Como vão as coisas na escola?

    -Bem. Quer dizer, depende.

    -Depende?

    -Depende se está falando de minhas notas ou de meus colegas de classe.

    -Fale dos dois.

    -Minhas notas estão ótimas, como sempre. Mas não estou gostando de meus colegas de classe.

    -Não gosta de nenhum colega? -ele perguntou, abismado.

    -Não é isso! Sakura é minha amiga. Sasuke e Ino também. O problema é uma pessoa em especial.

    -Quem?

    -Naruto Uzumaki.

    -Naruto, uh? Já ouvi falar. O seu pai e o pai dele são amigos de infância. Tio Hiashi adora me contar sobre as confusões em que ele já se meteu com Minato Namikaze.

    -Se o pai dele for tão chato e irritante quanto o filho, papai precisa rever suas amizades...

    -Na verdade... Não é muito agradável, mas Minato morreu há cinco anos.

    -Morreu?

    -Sim. Há cinco anos, um ladrão invadiu o apartamento dele. Você não se lembra, Hina? Todos os dias no jornal eles falavam sobre isso. Que o ladrão já entrou atirando, matando Minato e Kushina. E que depois, quando a polícia chegou, o bandido já tinha ido embora, levando um monte de coisas e eles acharam um garoto chorando sobre o corpo do pai.

    Arregalei meus olhos. Então Naruto era esse garoto? Ele vira os pais morrerem e por isso tinha parado de ir à escola? A vida realmente fora injusta com ele. E eu também.

    -Hina? -Neji me chamou, me despertando de um transe que eu nem mesma tinha percebido ter entrado.

    -Sim?

    -Você está bem? -ele parecia preocupado.

    -Talvez.

    -Se quiser compartilhar o que está pensando, pode me falar. Sabe que pode contar comigo, certo?

    -Sim. Desculpe, Neji, mas eu tenho que fazer uma coisa -falei, me levantando.

    -Aconteceu alguma coisa?

    -Não, eu só... preciso fazer uma coisa.

    Sai apressada do restaurante, atraindo olhares curiosos das pessoas que passavam por mim. Agradeci por ter uma boa memória e por ter me lembrado do endereço onde Naruto morava. Corri para lá, quase desesperada. Eu definitivamente precisava me desculpar.

    Ao chegar em meu destino, constatei que Naruto acabara de chegar, porque conversava com Kakashi. Ele parecia frustrado e Kakashi parecia tentar o animar.

    -Naruto! -gritei, atraindo sua atenção.

    Ele parecia confuso. Eu também estaria em seu lugar. Ele caminhou a passos largos e rápidos em minha direção e abaixou a cabeça para me olhar nos olhos.

    -O que faz aqui? -ele perguntou.

    -Vim te pedir desculpas. Então... Me desculpa, ok?

    -Pelo que eu deveria te desculpar -ele realmente não parecia saber o motivo.

    -Porque eu fui grossa com você, sem motivo.

    -Ah. Isso. Não se preocupe, eu nem me lembrava disso -algo em seu olhar denunciava que aquilo era uma grande mentira, mas deixei passar -Qual é o seu nome mesmo?

    -Hinata.

    -Hinata, uh? Acho que de certa forma combina com você -ele deu um sorriso largo, coçando a nuca. Parecia nervoso, ou quase isso -Como foi aquele tal almoço com o seu primo?

    -Eu vou remarcar com ele. Não era nada realmente importante mesmo.

    -Então você ainda não almoçou? -balancei a cabeça negativamente -O que acha de subir e almoçar comigo?  Pedi ao Kakashi que pedisse estrogonofe de frango. Posso pedir para você também.

    -Seria ótimo.

    O sorriso de Naruto se alargou, se é que isso era possível. Ele se virou para Kakashi e pediu que ele pedisse dois pratos de estrogonofe, não um. Depois, olhou para mim, com uma expressão ansiosa e me puxou pela mão até o elevador.

    Minutos depois, estávamos dentro do apartamento dele. Um local bem decorado, em cores neutras, o que não me parecia ser ideia do Naruto, mas que ficara muito bonito.

    -Aqui é muito bonito -falei, só então percebendo que ele alternava olhares entre meu rosto e nossas mãos, ainda entrelaçadas. Imediatamente, as soltei.

    -Também acho aqui muito bonito. Apesar de não ter sido eu quem decorou. Acredite, se tivesse sido, as pareces seriam azuis e o sofá, laranja.

    Soltei uma risada sem jeito, mais por educação, afinal, aquilo não era uma piada. Era apenas um fato. Um fato estranho e meio sem noção, mas um fato. E eu sempre adorei fatos.

    Mais tarde, bem mais tarde, enquanto eu voltava para casa, comecei a pensar se não seria uma boa coisa ser amiga do Naruto, ou coisa parecida. Ele se mostrara até um pouco legal e era uma pessoa extremamente fácil de conversar. Ele gostava de falar até sobre sabores de pipoca de micro-ondas.

    Ele me acompanhou até em casa, sorrindo durante todo o caminho. E naquela noite, eu realmente pensei que talvez ele fosse uma boa companhia.

    Mas isso só durou até o dia seguinte.


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