Sentimentos que Renascem

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    Capítulo 33

    Epilogo

    Álcool, Hentai, Heterossexualidade, Linguagem Imprópria, Nudez, Sexo, Violência

    Pov’s Sakura.

    Levantei um pouco mais cedo do que de costume. Sasuke estava dormindo ainda, o que eu achei estranho, mas às vezes acontece dele dormir um pouco a mais. Eu quem deveria estar dormindo, tive uma noite muito mal dormida e ainda estava cansada, suspirei. Levantei-me e fui ao banheiro, troquei de roupa e depois descendo para fazer o café da manhã. Prendi os cabelos, fios cor de rosa são fáceis identificados quando caem na comida e é nojento. Eu estava tão distraída fazendo as coisas que me assustei quando senti braços me envolvendo pela cintura.

    — Sou eu Sakura — Sasuke disse divertido, me dando um beijo no pescoço — Não precisa se assustar comigo...

    Eu dei um sorriso e me virei para ele, mas eu havia realmente me assustado — Eu sei — e dei um leve selinho nele, antes de voltar aos meus afazeres. Sasuke estava ao meu lado, observando o que eu fazia. Ele estava apoiado na pia e seu olhar parecia grudado em mim — O que foi? — eu perguntei um pouco incomodada.

    — Você é tão linda Sakura — ele disse dando um sorriso de canto, senti minhas bochechas ardendo e sabia que tinha corado. Eu não respondi nada, somente sorri. Sasuke balançou a cabeça para os lados ainda sorrindo divertido.

    — Sasuke-kun, você pode ir lá em cima, por favor? — eu disse mudando de assunto e ele somente assentiu e subiu as escadas. Eu terminei de arrumar a mesa e agora era só esperar.

    Passos podiam ser ouvidos novamente, mas não foi Sasuke quem entrou na cozinha — Bom dia Okaasan! — disse o pequeno ser de cabelos rosados e olhos verde musgo, Uchiha Shieme. Ela correu em minha direção e pulou em meu colo — Otousan disse que já vem... — e sorriu de forma doce.

    — Shieme-chan, quem te trocou? — eu perguntei divertida, suas roupas estavam toda errada.

    — Foi eu Okaasan! — ela disse feliz. Eu revirei os olhos e a coloquei em pé na cadeira, começando a arrumar suas roupas. Ela tinha se trocado certo – até demais para uma criança de quatro anos – mas as roupas estavam do avesso. Shieme estava com um vestido muito fofo, eu particularmente amava aquele vestido e ela também. Todas as nossas roupas tinham símbolos do clã Uchiha – já que eu deixei de ser uma Haruno – até minhas roupas do hospital, Sasuke tinha mandando fazer um símbolo tão pequeno quanto ao que ele tinha na época em que andava com Orochimaru. Sasuke apareceu novamente — Otousan, eu estou bonita? — ela perguntou dando um sorriso e fazendo uma pose.

    — A mais linda de todas — Sasuke respondeu dando um beijo em sua testa, eu estava terminando de arrumar as chiquinhas de seu cabelo, que ela também tinha prendido errado, uma muito em cima e outra muito embaixo — Sakura, você quem a vestiu? Quando eu passei no quarto ela não estava mais lá.

    — Não, Shieme-chan se arrumou sozinha — eu disse a sentando em sua cadeira de sempre, ela estava estonteante — Demoraram — eu disse assim que eles entraram na cozinha. Meus filhos mais velhos Kaori e Yuri.

    — Desculpa Okaasan — Yuri disse se sentando a mesa — Kaori estava me atrapalhando... — Eu somente revirei os olhos e logo começamos a comer.

    Já se passaram onze anos desde que eu fui sequestrada por Kabuto e Ryu... Sasuke e eu estávamos nos dando super bem, éramos como todo casal – na medida do possível, namorar um Uchiha não é fácil – chegou ao ponto de Sasuke passar mais tempo em minha casa, do que na dele. Namoramos ainda quase um ano, antes de nos casarmos. Não foi nada muito programado, eu não esperava ser pedida em casamento. Nós casamos de forma tradicional e fizemos uma pequena festa só para amigos mais próximos, logo após isso Itachi saiu da casa principal alegando ser de direito de Sasuke e se mudou para a casa ao lado – a segunda maior do clã.

    No começo era algo engraçado, eu acabei descobrindo a paixão secreta de Sasuke por tomates e quase sempre eu era obrigada a preparar algo com o fruto, nem que fosse ter um para ele comer após as refeições... Eu sei, muito estranho. Pouco tempo depois eu descobri estar grávida de gêmeos. Sasuke ficou tão radiante, nem parecia aquele mesmo Sasuke ao qual eu me apaixonei.

    Os gêmeos já têm nove anos e a minha pequena caçula tem quatro anos. Sasuke se mostrou um pai muito amoroso e sempre preocupado com família e eu não poderia estar mais feliz, afinal a pouco eu fiz dez anos de casada com Sasuke. Eu ainda continuava a trabalhar no hospital, mas meu turno era certo, nada mais de hora extra a menos que fossem necessárias. Sasuke trabalha na ANBU junto de Itachi, ele ficou ainda mais lindo com o passar dos anos, a expressão mais de homem e um corpo um pouco mais definido, mas só isso também, os cabelos continuavam como sempre. Sasuke não parece ter trinta anos, mas falando sério, eu também não aparento ter vinte e nove...

    Por falar em Ryu, alguns anos depois ele foi executado pelos seus crimes, fiquei sentida, mas fazer o que, ele tinha que pagar. Karin continua presa e parece que em breve será transferida para outro lugar, mas não sei essa localização e nem pretendo saber.

    — Sakura? — Sasuke me retirou dos meus devaneios. Eu olhei para ele piscando algumas vezes — Escutou o que Shieme disse?

    — Não, me desculpe, estava pensando em outras coisas... — eu disse olhando para minha pequena, que me olhava emburrada — Oi meu amor...

    — Mamãe, eu quero brincar com Yuri-kun e Kaori-kun... — ela disse cruzando os braços e fazendo um bico — Otousan, não quer deixar...

    — Mas Shieme, seus irmãos vão treinar com seu Otousan — eu disse a olhando compreensiva, eu queria que ela pudesse ficar com eles também. Ela fechou a cara e fez menção de chorar — Mas... — eu continuei antes que ela chorasse — Podemos ir com eles.

    Ela sorriu e acenou positivamente. Terminamos de comer, Sasuke e os meninos já usavam as roupas que sempre usavam para treinar, então eu subi com Shieme e coloquei roupas confortáveis nela – um short de lycra e uma camiseta regata – e eu coloquei meu traje Jounin sem o colete, assim como Sasuke estava. Peguei Shieme no colo, ela estava sentada em minha cama me esperando terminar de me vestir. Essa seria a primeira vez que eu veria meus filhos treinando.

    Por causa da rotina do hospital eu chegava em casa acabada, depois cuidar de casa, marido e filhos era desgastante, mas dessa vez eu os verei treinar e treinarei com Sasuke também! Os meninos também nunca me viram como uma ninja, eles sabem disso, mas parecem não me dar um devido respeito e eu fico um pouco chateada, mas a culpa também é minha por não ter tanto tempo assim para eles. Sasuke e os meninos já nos esperavam na entrada da casa.

    — Eu quero ir com o Otousan — Shieme disse esticando os bracinhos para Sasuke. Entreguei Shieme a ele um pouco chateada, ela parecia gostar mais dele do que de mim... Eu estava sim com um pouco de ciúmes, e estava me sentindo muito infantil por isso.

    — Okaasan — Yuri disse chamando minha atenção. Ele é mais parecido com Sasuke, mas era bem mais doce e aberto do que o pai, Yuri é como Sasuke quando criança, palavras de Itachi. Ele tem cabelos negros e os olhos também negros, literalmente um mini-Sasuke — Hoje vamos aprender nosso primeiro Jutsu!

    — E eu vou aprender de primeira! — Kaori disse eufórico. Já Kaori tem a personalidade mais alegre, mais divertido e também é mais agitado. Ele tem cabelos negros, mas os olhos são da mesma cor que os meus. Essa é a única diferença deles, os olhos — Você verá Okaasan! — estávamos andando na direção de umas das áreas de treinamento do clã Uchiha. Sasuke me lançava alguns olhares que eu ignorava.

    — E qual seria esse primeiro Jutsu? — eu perguntei dando um sorriso. A empolgação deles chegava a ser palpável e contagiante.

    — Katon: Gōkakyū no Jutsu (Estilo Fogo: Jutsu da Bola de Fogo) — eles responderam juntos. Eu somente me limitei a sorrir, balançando a cabeça para os lados, enquanto caminhava. Chegamos ao “campo de treinamento” e eu me sentei à sombra de uma árvore, os meninos começaram uma sequência de golpes e eu só observava. Sasuke se aproximou e sentou Shieme ao meu lado.

    — Sakura, você é tão previsível às vezes — Sasuke disse dando um sorriso de canto. Eu somente revirei os olhos. Ele se agachou a minha frente — Sabe que eles são loucos por você... — e me acariciou nos cabelos, eu estava envergonhada e somente ignorei o que ele disse — Vou começar a treinar com os meninos e o que me diz de mostrarmos a eles a Okaasan que tem? — disse dando uma piscada de olho. Eu somente assenti.

    Sasuke me deu um beijo na testa e se afastou, começando a ensinar uma sequência de golpes com os meninos e depois treinando ataques e defesas. Eu fiquei os observando por quase uma hora, orgulhosa por ter filhos tão empenhados e tão espertos. Ambos tinham despertado o Sharingan no mesmo dia, Sasuke ficou tão feliz que ele quem parecia à criança, mas ele estava mais ansioso por Shieme, a Hime dele. Sabíamos que eles teriam o despertar cedo do Sharingan, assim como eles tem o controle perfeito de chakra, assim como eu.

    Cruzei as pernas e comecei a meditar, deixando de lado um pouco o treinamento dos meninos. Fiquei meditando alguns minutos, eu sentia o pequeno ser ao meu lado se mexendo agitada e abri um olho.

    — O que foi Shieme? — eu perguntei e ela me olhou envergonhada. Ela estava segurando uma perna a puxando para cima, a cena era estranha de se ver.

    — O que você está fazendo Okaasan? — ela perguntou curiosa.

    — Meditando... — eu disse fechando o olho de novo.

    — Me ensina? — ela perguntou baixinho. Eu sorri e assenti, eu a sentei da mesma forma que eu, entendendo que anteriormente ela estava tentando colocar as pernas na mesma posição que as minhas e a expliquei o que fazer, somente meditação. Um clarão chamou nossa atenção e olhamos na direção dos rapazes, Sasuke tinha acabado de ensinar os princípios do Jutsu aos meninos e ambos estavam tentando reproduzir falhando em seguida. Sasuke mesmo demorou a completa-lo, mas eu sei que meus filhos se empenharam tanto quanto ele para aprenderem.

    Shieme ao meu lado tinha os olhos brilhando em admiração e me perguntou quando ela seria forte como o pai, eu disse que quando ela tivesse a mesma idade que os meninos ela começaria a treinar, mas se for como Kaori e Yuri, com seis anos estará começando a treinar, suspirei novamente e voltei a meditar.

    Não sei quanto tempo passou, quando abri o olho novamente Shieme estava com os dela fechados, em claro sinal de concentração, eu dei um pequeno sorriso e olhei para frente, os meninos estavam vindo em minha direção com Sasuke logo atrás. Ambos suados e com leves arranhões, mas muito felizes claro sinal de estarem satisfeitos com seus esforços. Ambos pararam a minha frente e eu já os curei rapidamente. Eles se sentaram próximos a mim e olhavam curiosos de mim para Shieme.

    — O que Shieme-chan está fazendo Okaasan? — Yuri perguntou antes de Kaori que cruzou os braços emburrado.

    — Meditando — Sasuke respondeu antes de mim e eu o olhei — Vamos Shitashi? — eu somente assenti.

    — Shieme, já está bom — eu disse enquanto seguia Sasuke, mas me virei para as crianças, eles me olhavam curiosos. Shieme se levantou e se sentou entre os irmãos — Não movam um músculo desse lugar! — e voltei a seguir Sasuke que já me esperava a uma boa distância.

    — Será para valer? — Sasuke perguntou enquanto eu prendia meus longos cabelos, eles estavam na altura da cintura — Vamos simular uma luta aos meninos?

    — Pode ser Sasuke-kun — eu disse dando de ombros, mas sabia que ele não ia querer vir com tudo para cima de mim — Se eu te machucar muito, pode deixar que te curo — e dei uma piscada de olho juntamente com um sorriso. Sasuke revirou os olhos.

    — Tudo bem — ele disse fazendo pose de luta — Nem com Kusanagi estou, Shitashi.

    — Ainda bem — eu disse me posicionando também — Seria muito injusto...

    Nosso assunto morreu ali. Sasuke me encarava seriamente assim como eu a ele. Nada de ficarmos de amores agora, estávamos simulando uma luta de verdade para nossos filhos. De armas a única coisa que tínhamos eram as Kunais e as shurikens que os meninos treinavam antes, que estavam espalhadas pelo local, mas não sei se conseguiria pegá-las. Sasuke começou com o movimento me dirigindo um soco no rosto pelo lado esquerdo que prontamente bloqueei, eu aproveitei sua guarda aberta e desferi um chute na direção de seu abdômen, mas ele bloqueou com a perna. Logo começamos uma sequência de socos e chutes que eram defendidos de ambos os lados, nos afastamos um pouco.

    — Vamos Sakura, você não está pegando pesado ainda — ele disse olhando para as crianças, eu as olhei e os três nos olhavam em admiração. — Nossos filhos querem ver você lutando pela primeira vez... Parecem ansiosos — ele disse dando de ombros. Eu olhava para as crianças que arregalaram os olhos.

    Após essas palavras, um som alto de canto de pássaros foi ouvido e eu sabia que Sasuke tinha feito o Chidori, ele correu mais rápido que de costume, mas no último instante eu fiz um Jutsu de troca e pulei, logicamente Sasuke já estava com seu Sharingan e me via, o que para mim é uma desvantagem. Eu já teria que usar minha força, mesmo sem querer. Sasuke novamente partiu para o ataque, mas eu fiz algo que ele não previu, mesmo com seu Sharingan.

    Quando ele veio com o Chidori novamente ao contrario da outra vez eu não fugi e recebi seu ataque, segurando seu braço, o que fez com que me acertasse no abdômen, causando uma queimadura e o arremessando para cima com minha força, ele me olhava com olhos arregalados e preocupados, mas é claro, eu tinha me ferido de propósito. Eu aproveitei que ele ainda estava atordoado e pulei mais alto do que ele. Sasuke praticamente não reagia, sabia que era errado o que ia fazer, mas... Ele só teve tempo de virar para cair de costas.

    — Shannaro! — eu gritei concentrando uma quantidade não tão grande de chakra, mas algo que o machucasse um pouquinho como vingança. Sasuke recebeu o soco e ambos atingimos o chão, uma pequena cratera se abriu a nosso redor. Eu caí sentada em cima da barriga de Sasuke e ele ainda me olhava um pouco assustado.

    — Sakura, você está bem? — ele disse se sentando e me sentando entre suas pernas de frente para ele, eu deixei o chakra verde envolver meu corpo e ele tinha levantado minha camiseta, a queimadura estava se curando — Nunca mais faça isso! — ele disse irritado.

    — Mas não foi nada demais Sasuke — eu disse começando a ficar irritada — Sabe que eu já por coisas muito piores até aqui... Esse ferimento não é nada — eu dei um sorriso o tranquilizando e ele somente assentiu, mas mesmo assim passou o dedo na extensão da minha cicatriz que adquiri quando fui sequestrada — Vamos é sua vez, eu já terminei — mesmo assim ele checou novamente onde ele tinha acertado.

    Eu curava os pequenos machucados de Sasuke, não ia machucar tanto assim meu marido, claro que ele me machucou mais, mas foi minha culpa. Mas como ninja, aquilo não tinha sido nada. — Okaasan! — três vozes exasperada me chamavam e se aproximavam rapidamente.

    — Estou bem queridos — eu disse dando um sorriso os tranquilizando, Sasuke me observava e não falava nada — Podem se acalmar, seus olhos estão vermelhos Kaori e Yuri — eu disse olhando para Sasuke novamente que me observava o tempo inteiro — Já terminei Sasuke-kun — e sorri.

    — Viu como a Okaasan de vocês é forte? — Sasuke perguntou se levantando e me ajudando a levantar em seguida — Ela é discípula da Tsunade, e é uma Sannin, assim como eu e o Dobe — os meninos me olhavam admirados e eu sorri.

    — Que legal! — Yuri murmurou eufórico.

    — Nossos pais são tão fortes! — Kaori murmurou encantado — Quero aprender aquele soco potente Okaasan!

    — Vocês já tem parte dos dons de sua Okaasan — Sasuke começou dando um sorriso — O controle perfeito de chakra vem dela, não de mim... — e deu de ombros.

    — Eu quero ser forte como a Okaasan — a fina voz feminina se pronunciou decidida, Sasuke e eu a olhamos curiosos — Os meninos já tem o Sharingan e eu não! — ela murmurou emburrada.

    — Mas demora um pouco meu amor — Sasuke murmurou se abaixando a altura dela — Você também terá um Sharingan...

    — Eu quero agora — ela disse decidida. Shieme tinha uma personalidade forte, a mesma que Sasuke e também a mesma irritação que eu... — Não quero mais esperar! — ela disse visivelmente irritada. Ela fechou os olhos se concentrando e eu e Sasuke prestávamos total atenção nela — Mas que saco! — e fez o improvável.

    Shieme deu um soco no chão que fez uma pequena marca no solo. Nada muito potente, mas eu sabia muito bem o que era aquilo. Era o chakra dela dando sinais, ela olhava para a pequena marca no chão impressionada e depois sorriu. Um sorriso doce e infantil — Serei forte como a Okaasan — ela disse alegre.

    Sasuke e eu nada dissemos e Shieme começou a seguir para casa um pouco mais frente com Kaori e Yuri, ela no meio segurando a mão de ambos — É Sasuke-kun, parece que dessa vez nossos filhos serão Sannins com dois dons, com cobras e lesmas... Acho que eles gostarão de conhecer Aoda-sama e Katsuyu-sama — e sorri para ele. Ele somente assentiu observando as crianças mais a frente.

    — Tio Sasuke! — uma voz fina se pronunciou. Uma pequena garota de cabelos negros e olhos negros corria em nossa direção. Uchiha Mikoto, filha de Itachi e Saori. Ela já tinha sete anos e Itachi já tinha oito anos de casado com ela. Saori é uma linda mulher, doce e sincera, assim como Itachi. Ela é civil e não ninja, ela tem a minha altura, longos cabelos negros e olhos azuis. Saori também está grávida do segundo filho deles e Itachi está todo bobo, não se cabendo em si de tanta felicidade — Quanto tempo!

    — Como foi à viagem? — Sasuke perguntou casualmente. Ele amava essa garota como se fosse sua filha e ele era muito gentil com ela, mas muito mais reservado, não é como ele é com Shieme, por exemplo.

    — Foi divertida, conheci meus outros primos — Mikoto contava feliz e sorridente — Mas eu estava com saudades de Konoha — e sorriu. Ela me percebeu ali e abriu um enorme sorriso, me abraçando em seguida.

    — Também senti saudades — eu disse a pequena. Quando me afastei Saori e Itachi tinham acabado de chegar — Olá Itachi-kun, Saori-chan. — ambos me cumprimentaram com um sorriso — Bom, vamos Sasuke, eles devem estar cansados da viagem... Quando der apareçam lá em casa. Farei alguma coisa...

    — Pode deixar Sakura-chan — Itachi respondeu dando um sorriso e pegando Mikoto no colo — Vou indo Saori está cansada, você a entende melhor, não é? — eu assenti, afinal eu sei como uma gravidez nos estágios finais são difíceis — Até depois.

    Voltamos a andar até nossa casa e assim que chegamos três pares de olhos nos fitavam curiosos. Os mandei tomar banho, enquanto eu preparava o jantar. Logo todos desceram devidamente limpos e arrumados, aí foi minha vez de tomar um banho e depois jantamos todos juntos. Sasuke colocou Shieme na cama e eu coloquei os gêmeos, logo estávamos ambos em nosso quarto.

    — O dia hoje foi divertido Sasuke-kun — eu disse colocando minha roupa de dormir — Podemos fazer isso mais vezes — eu disse dando um sorriso.

    — Concordo Shitashi — Sasuke disse se deitando somente de cueca e batendo no meu lugar na cama — Podemos fazer esse programa mais vezes — eu me deitei e me aconcheguei mais a ele.

    — Daqui alguns dias viajamos — eu disse deitada de conchinha com ele. Sasuke estava me prendendo muito próximo a ele — Já deixei tudo organizado no hospital e você já resolveu lá na ANBU?

    — Sim, Kakashi e Yamato tomarão conta de tudo por lá — ele disse me dando um cheiro no pescoço — Está tudo bem...

    — Que bom, Yamato e Kakashi são confiáveis, e agora que estão sossegando fica melhor, mas ainda acho que Kakashi deveria seguir o exemplo de Yamato e se casar também — eu disse me virando, captando um sorriso divertido nos lábios de Sasuke antes de dar um leve selinho nele — Boa noite Sasuke-kun...

    — Boa noite Shitashi — Sasuke disse me dando um beijo na testa — Eu te amo.

    — Eu sei — eu disse dando um pequeno sorriso — Eu também te amo Sasuke!

    E logo adormeci, feliz por ter a família linda e perfeita ao lado do Sasuke-kun.

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    Pov’s Hinata.

    Estou na cozinha nesse momento terminando de arrumar a mesa para tomar café da manhã com minha família...

    Família...

    Quem diria que eu algum dia estaria casada com Naruto? Claro que se fosse em outra época da minha vida – mais precisamente a uns 13 anos atrás – eu acharia uma piada de muito mal gosto e responderia que essa pessoa só poderia estar completamente maluca... Além de que provavelmente pediria a pessoa para nunca mais repetir uma sandice dessas! Mas hoje não é assim e às vezes me pego abismada na atual situação em que estou... Às vezes simplesmente penso estar num sonho muito bom.

    Já se passaram onze anos desde que Konoha enfim teve sua paz completa, afinal Kabuto ainda estava solto e ameaçou de alguma forma essa calmaria sequestrando Sakura, mas depois da morte dele e da prisão de Ryu tudo voltou aos conformes. Poucos meses depois desses acontecimentos, eu e Neji assumimos enfim o comando do clã. A cerimônia aconteceu de forma tradicional, como os Hyuugas estão acostumados, todos do clã estavam presentes e “de fora”, somente Sakura, Sasuke e Naruto. Pouco tempo depois de eu ser a líder do clã Hyuuga, Naruto virou o sexto Hokage de Konoha, o Rokudaime Hokage.

    A cerimônia foi no estilo tradicional também, mas se tratando de Naruto nada fica muito tradicional, assim que foi nomeado Hokage a primeira coisa que fez foi comemorar no Ichiraku, eu sei, uma grande novidade – para não se dizer outra coisa... Nosso namoro já era aceito pela minha família, afinal mesmo se não aceitassem eu seguiria em frente, aquela Hinata insegura e indecisa, ficou no passado. Namoramos ainda mais um tempo e pouco depois do casamento de Sakura e Sasuke, nos casamos e eu passei a ser Hyuuga Uzumaki. Daqui alguns dias eu faço dez anos de casada com Naruto!

    — Hinata — aquela voz grossa me retirou de meus devaneios. Eu olhei para a direção que a voz vinha e o avistei, lindo como sempre aos meus olhos. Naruto estava à cópia fiel de Minato, a única diferença eram as marquinhas de bigodinhos em sua face ocasionada por Kurama. Estava com sua roupa de Hokage, um manto igual ao do pai, mas não da mesma cor, o de Naruto é preto com detalhes laranja — Porque não me acordou?

    — Ainda era muito cedo quando eu levantei — eu disse dando um sorriso, me aproximando dele e lhe dando um leve selinho. Naruto me envolveu pela cintura e me abraçou mais apertado, com a mão jogou minha trança para trás – cabelos longos ficam lindo trançado, sempre achei – depois a depositando novamente em minha cintura — Pode ir tomando seu café, se não se atrasará. E é muito feio o Hokage se atrasar para seus compromissos — Naruto sorriu divertido e me deu um leve aperto na cintura, e me beijou. Claro que retribuí como sempre. Afinal se tem uma coisa que eu amo é beijar Naruto — Eu já volto — e lhe dirigi um sorriso, me afastando de seus braços.

    — Tudo bem — ele disse me dando um beijo na testa e se sentando a mesa — Mas não demore... — e deu seu costumeiro sorriso, passando a comer em seguida.

    Eu saí da cozinha e fui em direção à parte superior da casa, mais precisamente para os quartos, acordar meus pequenos. Eu cheguei à primeira porta, mas ao contrário do que pensei a luz já estava acesa.

    — Bom-dia — eu murmurei dando um sorriso. Yuki me olhou assustado, mas depois sorriu murmurando um bom-dia. Yuki é meu filho mais velho, com oito anos. Ele é muito parecido comigo, pele branquinha e olhos perolados, mas seu cabelo é loiro como o de Naruto, mas mais liso um pouco — Vamos tomar café da manhã?

    — Vamos! — ele murmurou eufórico. Acontece que Yuki tem a mesma personalidade do pai. Muitos me dizem “Hina, nunca pensei que veria ‘você’ numa versão loira e eufórica”. Abanei a cabeça em negativa afastando essas ideias e saí do quarto de Yuki, já estava sozinha no mesmo. Dirigi-me ao segundo quarto.

    Quando entrei o quarto estava escuro, acendi a luz, mas o mesmo se encontrava vazio. Akemi já deve ter descido, como sempre. Akemi na personalidade é muito parecida comigo, ela é mais tranquila e mais reservada, mas tinha algumas coisas de Naruto também. Já na aparência é a cópia fiel de Naruto, tanto a cor dos olhos quanto a cor de pele – mínima coisa mais clara - menos a cor dos cabelos que são da mesma cor que os meus. Ela tem cinco anos e é muito apegada a Shieme, espero que as duas sejam tão amigas quanto eu sou de Sakura. Desci as escadas e lá estavam eles brincando com Naruto ao invés de comer, até Naruto participava da brincadeira...

    — Akemi-chan, porque não me esperou? — eu perguntei me fazendo de brava.

    Aqueles olhos azuis me fitavam culpados e eu suavizei a expressão — Okaasan, eu estava acordada a algum tempo e estava cansada de esperar — ela deu de ombros e eu revirei os olhos. Sentei-me e passei a comer com eles. Ambos conversavam eufóricos com Naruto, que respondia da mesma maneira. Às vezes Naruto parece mais criança do que os próprios filhos... Pouco tempo depois Naruto quebrou o pequeno silêncio que tinha se instalado no ambiente.

    — Eu já vou Hina-chan — Naruto disse se levantando.

    — Eu vou também — ele me olhou confuso — Vou levar as crianças para brincar, meu dia está livre hoje... — me levantei e ambos se levantaram apressados — Vamos.

    Passamos a caminhar juntos. Naruto levava Akemi em seu pescoço e Yuki ia andando segurando em minha mão. Por onde passávamos as pessoas cumprimentavam Naruto, que mesmo em seus trinta anos continuava brincalhão em muitos momentos, mas quando entra em sua sala, somente um homem sério se faz presente. Hoje em dia é até engraçado ver as pessoas o tratando com respeito, me lembro de quando éramos crianças que ele era ignorado por todos, menos por mim e Iruka. Chegamos à entrada do prédio do Hokage, Naruto me entregou Akemi e deu um beijo na testa dos filhos, dirigindo um sorriso as crianças e um selinho rápido em mim, depois murmurou um até mais tarde.

    — Vamos crianças — eu disse voltando a andar — As brincadeiras nos aguardam!

    — Sim! — ambos murmuraram alegres. Passamos a caminhar em direção ao parque de Konoha, onde muitas crianças brincavam. Minha família sempre chamava atenção por onde passava, afinal somos a família do Hokage. Coloquei Akemi no chão e estávamos caminhando, até... Eu levar um enorme tombo. Akamaru tinha acabado de pular em cima de mim.

    — Akamaru, saí de cima — eu pedia, mas não surtia efeito nenhum. Eu escutava meus filhos rindo e eles nem para me ajudar! Ele tentava me lamber no rosto, mas eu não deixava, que nojo ficar com baba de cachorro!

    — AKAMARU! — escutei ao longe alguém gritar. Kiba vinha na minha direção, correndo alvoroçado junto com Rin, o filho dele. Rin é um mini Kiba de olhos cor de mel, possui as mesmas marcas no rosto comum no clã Inuzuka, esse menino é muito fofo! — Hina-chan, você está bem? — ele perguntou me ajudando a levantar — Akamaru, já disse não fazer isso na Hinata! — Akamaru somente latiu como se discordasse com a ordem. Eu sorri com isso.

    — Não se preocupe — eu disse olhando para Kiba e Akamaru, certas coisas nunca mudam. Rin estava ao lado dos meus filhos somente observando — Akamaru estava com saudades dos velhos tempos — eu o acariciei na cabeça — Vamos sair em missão qualquer dia Akamaru — ele latiu como se concordasse — Kiba, eu estava levando os meninos no parque, porque não leva Rin também? — ele somente assentiu e foi conosco para o parque.

    Caminhávamos tranquilamente, nossos filhos mais a frente junto de Akamaru. Os três brincavam entre si e com Akamaru, que parecia não se importar de ser o motivo das brincadeiras. Kiba ia ao meu lado observando o filho com tanto carinho e eu o acompanhava, admirando meus filhos também.

    — Quem diria Hina-chan — ele começou chamando minha atenção — que um dia teríamos filhos que seriam amigos e mais ainda que eu amaria outra pessoa que não fosse você...

    — E quem diria que eu ficaria com Naruto mesmo depois de todas as vezes que eu disse que não o faria — eu disse dando um sorriso — A vida às vezes nos contradiz Kiba-kun e sempre nos prega peças de formas mais diferentes possíveis...

    — Concordo — ele disse dando um sorriso — Eu estou muito bem com Mika e sei que ela é feliz aqui. Já temos oito anos de casados e um filho de seis anos, somos muito felizes — ele me olhou um instante antes de voltar a falar — Agradeço todos os dias por ter ido naquela missão.

    — É Kiba, sei como se sente — eu disse olhando nossos filhos que já tinha chegado ao parque e brincavam com as outras crianças, junto de Akamaru — Afinal foi naquele dia que Naruto descobriu que ainda era apaixonada por ele — eu disse e me sentei em um dos bancos da praça, ele se sentou ao meu lado — e depois daquilo ele lutou por mim.

    — Vocês sempre se amaram — ele disse me dando uma piscada de olho — Naruto do jeito torto de demonstrar, mas sempre te amou — ele olhou para Rin — Hoje eu percebo que o que eu sinto por Mika é amor de verdade, antes deveria ser a famosa paixão que muitos falam, vai ver foi por isso que eu me apaixonei perdidamente por ela!

    — Sim — eu disse olhando para meus filhos que brincavam na areia — Hoje eu percebo que não mudaria nada naquele passado. — eu disse meio pensativa. Como a vida é irônica — E Mika, como está? — eu perguntei mudando de assunto.

    — Mika está muito bem — ele disse empolgado. Era sempre assim quando ele falava da esposa — Ela está trabalhando agora e eu voltei de missão ontem. Vim aproveitar um tempo com o Rin, ele estava sentindo saudades.

    — A floricultura tem ido de vento e poupa! — eu disse dando um sorriso — Ino sempre diz que Hana e Mika foram as melhores coisas que aconteceram a ela — eu o olhei dando um sorriso — e seu filho entende seu trabalho, aposto que ele quer ser um ninja tão bom quanto você!

    — Obrigado por suas belas palavras Hinata, sempre me aconselhando quando eu nem sabia que precisava de um conselho! — ele sorriu de forma descontraída e olhou novamente para o filho antes de voltar a falar — Sim, Mika gosta muito de trabalhar lá — ele disse fazendo um bico antes de continuar — Às vezes acho que ela gosta mais de flores do que de mim! Ela trabalhava com flores lá também, então... Ela diz que se sente mais em casa.

    — Claro que não Kiba! Sua mulher te ama ora!— eu disse dando uma pequena gargalhada — Não diga essas coisas... — mas fui interrompida por um chamado.

    — Tia! — a garota vinha correndo em minha direção, mais ao longe eu avistava Tenten e Neji, que se aproximavam do parque — Pensei que não viria! — Hyuuga Saeko, a única filha de meu primo. Ela é a copia fiel do pai, em vista que Tenten e Neji tem a mesma cor de cabelos, os olhos perolados e ela já tem o Byakugan. Neji é um pai coruja e mesmo Saeko em seus dez anos ele a trata como se tivesse dois, é algo engraçado de se ver. Tenten que fica no pé dele para parar, afinal Saeko tem que se “desligar” dos pais para ser uma ótima ninja.

    — Eu disse que traria seus primos — eu disse dando um beijo em sua testa — eles estão ali, vá lá — e apontei na direção deles. Ela mal esperou e já correu para onde os primos estavam.

    — Essa menina — Tenten disse balançando a cabeça para os lados, seus cabelos estavam soltos — Como vocês estão? E Mika? — Tenten perguntou para Kiba e eu, e logo entravamos em vários assuntos diferentes que até Neji participou – a maneira dele. Falávamos de nossas famílias e das missões que estavam poucas, as minhas nem se falam. Em vista que o Hokage-sama não me deixava sair tanto da vila, porque será né?

    — Bom Hinata o papo está bom, mas já tenho que ir — Kiba disse se levantando e chamando Rin — Quero ir buscar minha esposa no trabalho — e me deu uma piscada de olho.

    — Tudo bem, apareça mais vezes — ele assentiu e saiu com Rin e Akamaru — Acho que eu também já vou, daqui a pouco Naruto-kun também vai pra casa — eu disse me levantando.

    — Vamos, seguimos na mesma direção — Neji disse se levantando com Tenten, segurando em sua mão. Chamamos as crianças e elas voltaram sujas. Caminhávamos sorrindo da situação deles, mas eles nem ligavam. Certo ponto me separei de Neji, Tenten e Saeko, murmurando um até amanhã ao meu primo.

    — Okaasan — Yuki chamou minha atenção — Podemos brincar assim mais vezes?

    — Claro que podem — eu disse caminhando segurando um de cada lado — Só termos um tempinho, mas brincamos todos os dias em casa, não? — ambos assentiram dando um sorriso — Sabem que seu pai e eu sempre estamos brincando com vocês...

    Caminhávamos tranquilamente pelas ruas, já começava a anoitecer e as ruas começavam a ficar mais movimentadas, pessoas saindo de seus trabalhos e seguindo para sua casa ou somente curtir o inicio da noite de Konoha. Algumas pessoas me cumprimentavam e eu as cumprimentava de volta, não gosto de ser o centro das atenções, mas ser a esposa do Hokage me fazia ter essa atenção desnecessária.

    — OTOUSAN!!! — ouvi gritos infantis e me tiraram de meus devaneios. Naruto vinha da direção de nossa casa e quando nos viu parou, se agachando e abrindo os braços para abraçar os filhos. Usava suas roupas comuns, sinal que já tinha chegado há algum tempo. E eu me pus a observar aquela cena, Naruto com os dois filhos, sorrindo para ambos.

    — Olá crianças! — ele disse dando um beijo na testa de cada um e me dirigindo um sorriso, que eu retribuí prontamente — Eu cheguei e não os vi em casa, decidi caça-los pela vila — ele disse dando de ombros e levando com os dois no colo.

    — Acabei perdendo a hora Naruto-kun — eu disse dando um sorriso envergonhada — Eu estava com as crianças no parque junto com Kiba e meus primos, eles levaram a Saeko e o Rin — eu me aproximei dele — Eles começaram a brincar e nós a conversar, quando dei por mim já estava tarde...

    Ele me deu um selinho — Tudo bem, é bom se divertir um pouco — e sorriu seu costumeiro sorriso que mostra todos os dentes. Ele começou a andar mais a frente com as crianças, não sabia para onde ele ia, mas eu o seguia mesmo assim, enquanto caminhava eu os observava, as crianças contavam seu dia para o pai e ele somente escutava, riu de forma escandalosa quando contaram a ele sobre Akamaru e eu fiquei envergonhada — O que vocês acham de jantarmos no Ichiraku hoje? — ele perguntou mudando de assunto, ele olhou por cima do ombro como se me chamasse para mais perto — Gostaram da ideia? — ele nos perguntou já se encaminhando na direção do restaurante. Naruto continuava apaixonado por rámen, mas segundo ele o do Ichiraku agora era o segundo melhor. Sendo o meu o melhor rámen do mundo e eu adorava saber disso.

    — Adoramos! — Yuki e Akemi gritaram juntos. Eu somente sorri para Naruto os seguindo. Andávamos lado a lado, ele com nossos filhos no colo e eu com a mão em suas costas, como se estivesse o abraçando.

    Acho que certas coisas nunca vão mudar e meu Naruto era uma das certezas que eu tinha, ele sempre seria o meu ninja número um, hiperativo e cabeça-oca!

    –---------------------------------------------

    Pov’s Ino.

    Eu sentia afagos em meu cabelo. Não sei que horas eram, mas já devia estar tarde. Abri o olho, o fechando novamente depois que a claridade me incomodou. Depois de poucos instantes reabri os olhos e a primeira coisa que avistei foi um sorriso. Gaara me olhava e me dava um sorriso.

    — Bom-dia Gaa-kun — eu disse me espreguiçando levemente, ainda deitada — Acordou faz tempo?

    — Não muito — ele disse me abraçando — Ainda está bem cedo, mas sabe que eu não resisto deixar de te tocar — ele me lançou um olhar culpado — Desculpe te acordar...

    — Não se preocupe ruivo — eu disse lhe dirigindo um sorriso — Se eu não levantar cedo, Temari me arrastará pelos cabelos dessa cama — Gaara arregalou os olhos — Não se preocupe, eu entendo o que ela está passando...

    Gaara somente se limitou a sorrir — Vou tomar banho para ir trabalhar — ele me deu um beijo na testa antes de se levantar — Tenho que estar preparado para os pequenos — e sorriu. Seguindo para o banheiro.

    Eu sorri. Gaara como sempre sendo Gaara, pelo menos meu Gaara. Já se passaram onze anos que eu saí de Konoha para vir morar com Gaara em Suna, consequentemente eu já tenho onze anos de casada! Tempo demais! Hinata e Sakura foram minhas madrinhas de casamento, assim como eu fui do delas. Tornei-me oficialmente Sabaku no Ino. Foi uma cerimônia muito simples e muito reservada, literalmente. Gaara não tem amigos, então os únicos presentes foram à família dele e meus amigos mais próximos.

    Quando eu me mudei para cá, fui muito bem aceita por todos da casa, mas não pelo povo de Suna. Mas eu não deixaria isso afetar minha felicidade, acho que depois de um tempo o povo passou a aceitar a mim como esposa do Kazekage. Pouco tempo depois – em vista que Gaara temia por minha segurança - passei a trabalhar no hospital de Suna, tive que suar muito para mostrar meu valor, mas só isso não era suficiente, então fui meio que obrigada a me tornar uma médica de verdade, hoje eu sou a diretora do hospital, mas estou de férias no momento.

    Nesses onze anos, eu acabei sofrendo um pouco com a insônia de Gaara, ele não dormia com tanta frequência, mas com o tempo os intervalos de tempo sem dormir foi diminuindo, e após cinco anos com ele, ele passou a dormir quase todos os dias, um ou outro dia ele não sentia sono e agora, são raros esses dias de insônia, apesar de ainda ocorrerem.

    Como Gaara mesmo disse, temos filhos. Ayumi é minha filha mais velha com oito anos, ela é ruiva e tem a mesma cor de olhos que os meus, mas fisicamente falando ela se parece mais com Gaara. Ela costuma ser bastante enérgica como eu às vezes, mas na maior parte do tempo ela é bem tranquila, assim como Gaara, ama flores assim como eu e deseja se tornar uma ótima Kunoichi, claro que de Suna e não de Konoha como eu queria. Mas aqui é minha casa também.

    Já Yukio, meu filho caçula de seis anos é mais parecido fisicamente comigo, ele é loiro como eu, mas tem os olhos da mesma cor que os de Gaara. Ele é bem mais enérgico do que Ayumi, e é engraçado vê-lo junto do pai, Gaara não parece ser aquela pessoa fechada que era anos atrás. Yukio de alguma forma muito curiosa, adquiriu o mesmo dom de Gaara ao manipular a areia, me lembro como ele ficou surpreso ao descobrir do dom do nosso pequeno.

    Ouvi um barulho na porta e fingi estar dormindo, a porta foi aberta e fechada rapidamente. Ouvi passos pelo quarto e logo minha cama ficou um pouco mais pesada e sabia, meus filhos tinham acabado de subir. Quando senti ambos se aproximando, os puxei para um abraço e logo estava fazendo cócegas em ambos.

    — Okaasan, p-pare! — Ayumi murmurou entre os risos. Eu continuei o que estava fazendo, Yukio nem conseguia falar de tanto que ria. Fui diminuindo aos poucos e logo ambos estavam ofegantes e com as bochechas levemente coradas.

    — Bom-dia meninos, o que fazem tão cedo acordados? — eu perguntei me sentando na cama, assim como eles — Não deviam estar aproveitando para dormir?

    — Mas Okaasan, já estava ficando chato ter que ficar no quarto — Yukio disse com seu jeito infantil. — Nós queríamos vir ficar com você e o Otousan.

    — Mas filho, seu Otousan tem que trabalhar — eu disse afagando seus fios loiros — De noite ele estará aí para brincar com você.

    — Ele quase não fica conosco Okaasan — Ayumi disse um pouco chateada. Acontece que Gaara se desdobra naquela sala para voltar mais cedo todos os dias para ficar com os filhos, mas para eles nunca é suficiente.

    — Crianças, não é assim — eu disse afagando o cabelo de ambos — Seu Otousan ama muito vocês e sempre faz o possível e o impossível para vê-los felizes — eu os olhava séria — Nunca digam isso na frente dele, ele ficará muito triste... — ambos assentiram, dando um sorriso em seguida.

    — O que foi? — Gaara perguntou atrás de mim, me assustando levemente. Quase que ele nos escuta!

    — Nada, só as crianças que acordaram mais cedo. Brinque com eles um pouco enquanto eu me arrumo — eu disse me levantando e seguindo para o banheiro fazer minha higiene, troquei de roupa e voltei para o quarto.

    Gaara estava sentado na cama com as crianças, Ayumi falava alguma coisa que ele e Yukio prestavam total atenção, Yukio estava entre as pernas de Gaara, com Ayumi a frente de ambos. Observar minha família era um de meus passatempos favoritos e a coisa mais linda de todo o mundo para mim. Os três sorriram, provavelmente Ayumi contava alguma coisa engraçada. Agora quem passava a falar era Yukio.

    Gaara parece outro homem, outra pessoa, mais amável, mais aberto. Agora Gaara é mais acessível e mais compreensível do que em qualquer outro momento de nossa relação e o prefiro assim, afinal ele parece mais vivo a cada dia! Ele sorri com mais frequência, fala mais também, mas só com a família. Da porta para fora Gaara continua a mesma pessoa, fria e indiferente. Aproximei-me deles, ficando ajoelhada atrás de Gaara e apoiada nos ombros dele.

    — Crianças, vão descendo na frente que eu quero falar com sua Okaasan — Gaara disse dando um sorriso para as crianças, sabia por que os dois retribuíram. Ambos desceram da cama e seguiram em direção à porta. Assim que ela se fechou, levei um susto.

    Gaara tinha me puxado, me jogando na cama em seguida. Não tive tempo de perguntar o que tinha acontecido, ele já me beijava. Ele se posicionou sobre mim, se encaixando entre minhas pernas, uma de suas mãos segurava as minhas duas acima da minha cabeça e a outra passeava pelo meu corpo. Gaara finalizou o beijo com um leve selinho e desceu os beijos pelo meu pescoço.

    — Gaa-kun — eu disse dando um suspiro — O que você está fazendo?

    — Te desejando bom-dia — ele disse me olhando e dando um sorriso de canto — Eu sabia que as crianças iam aparecer, eu já sabia que eles estavam atrás da porta. — ele me deu um selinho novamente — Então eu não podia fazer nada pervertido na frente dos nossos filhos.

    Eu mudei de posição ficando por cima dele — Concordo — eu disse dando beijos em seu pescoço também — Nossos filhos são muito puros para serem corrompidos — e voltei a distribuir beijos pelo pescoço de Gaara, ele suspirou pesado. Mas como tudo que é bom dura pouco, ouvi batidas tímidas na porta e Gaara resmungou frustrado.

    Saí de cima dele ainda sorrindo enquanto eu me ajeitava, assim como ele. Ambos seguimos na direção da porta e assim que abri uma cabeleira ruiva se fez presente. Hana estava passando férias em minha casa – Sai só vem na semana que vem, em vista que ele está em missão - e a floricultura estava aos cuidados de Mika, a esposa de Kiba.

    — Desculpe vir atrapalhar — ela disse sem graça, as bochechas levemente coradas — Mas Temari-chan está lhe chamando Ino-chan.

    — Não atrapalhou nada Hana — Gaara disse atrás de mim — Vamos todos descer?

    E assim nós três descemos e nos encaminhamos para a cozinha onde toda a mesa já estava posta e as quatro crianças já estavam sentadas. Sasami, Ayumi e Yukio em seus lugares de sempre e ao lado de Yukio estava sentado Takeshi, filho de Sai e Hana. Takeshi é muito parecido com o pai, menos os olhos que são da mesma cor que os da mãe. Ele é bem tímido e não é de falar muito, tão observador quanto Sai, mas não faz nenhuma observação sem sentido, ainda bem! Sai às vezes era – e ainda é – muito inconveniente. O pequeno Takeshi tem sete anos.

    — Caramba Ino — Temari murmurou irritada sentada a mesa junto de seu marido — Demorou demais! — eu me sentei, assim como Hana e Gaara — Eu te pedi para acordar cedo, temos muito o que fazer!!!

    — Calma Temari, não é para tanto também — eu disse me servindo — Ainda é cedo, dará tudo certo.

    — Temari está um poço de irritação por esses dias — Kankuro murmurou se levantando em seguida — Já deu, não vejo a hora de tudo isso acabar — e saiu da cozinha.

    — Problemático — Shikamaru murmurou se levantando — Semana que vem ela volta ao normal — ele deu um beijo na testa da filha e um leve selinho na esposa que o olhava emburrada — À noite conversamos.

    — Tudo bem — ela murmurou — Agora saia daqui — ele me lançou um sorriso antes de sair, ainda me perguntava como ele e Temari tinham um relacionamento — Shikamaru não muda.

    — Você o trata como se ele fosse seu filho — eu disse e Hana assentiu — Não sei como ele te aguenta...

    — Ora, termine logo e vamos! — ela disse seguindo para a sala, as crianças a seguiram, todas já tinham terminado.

    — Temari-chan está bem agitada hoje não? — Hana perguntou baixinho, eu somente assenti. Ela ainda comia, já estava terminando, percebi que ela ficou desconfortável de estar ali comigo e Gaara, meio como se fosse uma intrusa — Com licença — ela murmurou sem graça, seguindo para a sala também.

    — Ela ainda fica sem jeito, não? — Gaara murmurou olhando para a direção que Hana tinha seguido, dando um sorriso divertido.

    — Acho que isso é o normal dela — eu disse dando de ombros. Levantei-me e dei um leve selinho em Gaara — Agora eu vou enfrentar a fera, nos vemos a noite.

    — Tudo bem — ele disse me dirigindo um sorriso — Até a noite.

    Eu saí da cozinha em direção à sala. Na mesma Temari já estava dando voltas em circulo de tão irritada e agitada que estava, quando me viu somente se despediu da filha e dos sobrinhos – somente me deixando fazer o mesmo – e saiu em arrastando porta a fora, gritando a Hana para cuidar das crianças como ela quisesse. Antes de a porta bater pude escutar os risos infantis.

    –--------

    Acho que nunca quis tanto chegar em casa como hoje. Compras sempre foram muito empolgantes para mim, mas hoje tudo o que eu mais queria era descansar dessa loucura toda que Temari estava me proporcionando. Ela me arrastou – literalmente - pela vila inteirinha atrás das coisas que ela queria, entrava em todas as lojas possíveis e só saia de lá quando achava o que queria, graças a Kami achamos tudo em só uma viagem! Se tivesse que fazer isso por mais um dia eu morreria! Mas eu também comprei coisas para mim, afinal era nosso assunto de extrema urgência.

    O dia passou como o vento diante de meus olhos, muito rápido! Quando dei por mim já estava bem tarde, era quase dez horas da noite! Gaara já deve estar surtando de preocupação, meus filhos provavelmente já devem estar dormindo! Levando em consideração que eles dormem cedo. Não pude ficar muito com eles hoje e me sentia levemente culpada, mas tudo foi por uma boa causa.

    — Temari, você me matou hoje — eu disse assim que entramos, cheias de sacolas. Vendo agora, não sei como conseguimos carregar todas — Amanhã não me chame cedo! Eu juro que bato a porta na sua cara!

    — Não será necessário — ela disse colocando tudo escondido em um dos cômodos que viviam trancados — Já compramos tudo — ela fechou a porta a trancando novamente — Agora é só esperar a semana que vem.

    — Bom já vou subir — eu disse seguindo para as escadas — Boa noite — ela me respondeu seguindo para a cozinha, provavelmente atrás de suas barras de chocolate. Eu segui para o quarto de meus filhos somente para constatar que ambos já dormiam feitos os anjos que são, me aproximei de Ayumi e dei um leve beijo em sua testa, Yukio estava descoberto e todo torto na cama, quase caindo. O ajeitei melhor na mesma, o cobrindo em seguida, o beijei na testa e saí do quarto deles.

    Fui para o meu a passos lentos, o corredor nunca me pareceu tão longo quanto naquele momento, eu estava cansada, acabada e só queria dormir. Meu corpo ansiava por um banho e mais ainda por minha cama. Assim que abri a porta do quarto, bati em alguma coisa que não estava ali antes. Por estar meio sonolenta, não vi Gaara no meio do caminho, ele me segurou pela mão quando eu dei dois passos para trás, devido ao leve impacto — Me desculpe Gaara — eu disse levemente atordoada. A porta atrás de mim fez barulho, sinal que Gaara a tinha fechado.

    — Quer me matar do coração? — ele perguntou um pouco alterado e me abraçando em seguida. Não entendi muita coisa, ele se afastou e me olhou nos olhos. Ele estava preocupado — Quando disse a noite, não pensei que seria tão tarde! — ele me olhou um pouco irritado.

    — Me desculpe — eu disse ainda atordoada, Gaara não tinha essa reação há anos — Temari me fez ir até o final da Vila e voltar, então ficamos mais do que o esperado — eu disse o abraçando melhor — Mas gosto quando fica preocupado comigo — acho que às vezes é bom nos sentirmos amada não?

    — Tudo por você — ele disse me beijando. Percebi que ele ainda não havia se trocado, provavelmente decidindo se ia me procurar ou não. Senti-me tão amada nesse momento.

    — E as crianças? — eu perguntei ainda abraçada a ele — como ficaram?

    — Assim que eu cheguei, eles já estavam me aguardando na sala para brincar — ele disse soltando meu cabelo, que estava em meu tradicional rabo-de-cavalo — Então brincamos, depois jantamos e depois brincamos mais — ele me deu um leve aperto na cintura — Ambos estavam preocupados com sua demora, mas eu consegui me virar — ele deu um sorriso de canto e depois me deu um leve selinho — Vamos tomar um banho para dormir, você está cansada.

    E assim fizemos, tomamos um banho e logo já estávamos deitados. Se tem uma coisa que eu não me arrependo é de ter deixado aquele beijo no parque de Konoha acontecer, afinal foi assim que minha historia de amor passou a ser escrita e vivida.


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