Olhos verdes, claros, profundos e penetrantes são os daquele novato que agitou a escola. Como se não bastasse as fofocas e os murmúrios irritantes comum das meninas, chegou um novo assunto para intensificar a poluição sonora.
Não que eu odiasse o menino magro e alto, pálido e de cabelos negros, que mal havia ingressado na escola e não era culpado de nada. Pelo contrário, achava-o digno de tal alvoroço. Mas não precisavam as garotas deixar isso tão claro e óbvio logo no primeiro dia. Parecia um astro, desses que raramente são vistos e nessas ocasiões de aparição são totalmente idolatrados, compensando os dias que não o foram.
Meu nome é Kethlen Fronty e estudo no Colégio Técnico de Defesa contra os Daemons, os demônios que assolam a Terra desde a metade do século XXI. Ou melhor, de forma curta, direta e grossa, faço parte da PDD, Patrulha de Defesa contra os Daemons.
Os daemons são monstros metade humanos e metade animais. Todo daemon apresenta o corpo humano quando inibe seus poderes. Mas ao liberar suas forças, imediatamente se remodelam e acrescentam partes de animais, como asas, garras, dentes afiados, chifres, etc. Vieram de um outro planeta, desconhecido por nós, cujo oxigênio, também necessário aos daemons, se esvaiu completamente.
Em 2050, eles apareceram em nosso planeta, à procura de um meio que os permitisse sobreviver. Mas os humanos não abriram espaço para eles, justificando com a desculpa de que não haveria recursos terrenos suficientes para manter as duas raças.
Então, entramos em guerra, com o objetivo de decidir quem poderia se desenvolver na Terra. Isso se extende até hoje. O custo de vidas que se cobraram durante todo esse tempo foi inestimável. Perdemos muitos companheiros e eles, também.
Os governos criaram os colégios técnicos, que ensinam os alunos a protegerem as cidades humanas remanescentes e os estimulam no combate aos daemons.
Estou no 2° ano do colégio. Mas ainda há muita informação para adquirir e técnicas de luta para aprender.
Um exemplo de provas práticas de luta são os clausus. Nesses desafios, nos colocam em arenas fechadas de um vidro especial, quase inquebrável. Fecham perfeitamente o local. As equipes, que são formadas no começam do ano e são permanentes para o resto do curso, devem organizar suas estratégias e estudar o ambiente do local em que se encontram. Possuem um tempo de 10 min. A paisagem da arena, feita de recursos gráficos tecnológicos, muda de uma prova para outra. Quando o tempo de análise acaba, um daemon, geralmente virtual, é solto na arena e deve ser morto. Cada equipe tem sua atividade separada dos outros grupos. São várias arenas em um mesmo grande espaço.
Os daemons, ainda que não sejam reais, são muito agressivos e capazes de ferir gravemente se não tomarmos cuidado. Nas provas práticas mais sérias, que definem nossa continuidade no curso, são feitas com daemons reais, capturados e usados como experimentos.
É essa a constante batalha que temos travado no mundo.