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Naruto abriu os olhos devagar. Até mesmo esse pequeno movimento lhe exigia um enorme esforço. Estava deitado aos pés do penhasco, todo o seu corpo doía indicando que quebrara vários ossos. Ele não conseguia se mexer.
Maldito ninja, ele pensou irritado, se eu não estivesse sentindo a presença do velho eu o teria matado.
”Você está numa situação ruim koso”. –Uma voz dentro de sua cabeça falava divertida.
“E você parece estar gostando de me ver assim, não é kyuubi?”
A raposa se limitou a debochar da situação.
“Eu estou curando você, não estou? Fique quietinho vendo a grama crescer e depois me agradeça por salvar a sua vida.”
“Só não exagere, ainda tenho que parece gravemente ferido. E agora, será que você pode me explicar como me deixou nesse estado? Eu disse que precisava ficar seriamente ferido, não a beira da morte.”
Kurama deu de ombros.
“Você mesmo disse que não precisava da minha ajuda”
Naruto suspirou irritado para logo depois se arrepender quando este ato provocou uma reação em cadeia fazendo todo o seu corpo doer.
“Eu só espero que isso tenha valido a pena” Kurama acrescentou.
“Vai valer”. –Ele garantiu.
Aquilo era doloroso, mas fora necessário.
Um vento forte soprou curvando a grama fazendo-a dançar conforme sua música. Naruto se irritou mais ainda, se é que isso era possível, ele estava fazendo tal qual Kurama dissera. Estava vendo a grama crescer.
Obrigou sua mente a pensar em outra coisa e invariavelmente ela o levou ao momento que desencadeou seu estado atual.
...
O sol já estava se pondo, ele passara toda a tarde caminhando sem rumo pela vila. Não gostava de ficar sozinho em casa, mas propositalmente evitava as ruas mais cheias de gente, também não gostava de pessoas.
Com tão somente seis anos ele já conhecera o ódio e o desprezo das pessoas, pessoas que o odiavam por ele carregar um demônio dentro do corpo. Mas isso era irrelevante para ele, o ódio que lhe davam só fazia ele se manter firme em seu objetivo.
Ele dobrou em um beco que já estava escuro, um comerciante colocava o lixo para fora quando viu o garoto, reconhecendo-o na hora.
— O que veio fazer aqui coisa ruim?! –Ele gritou irado e uma ponta de medo se fez notar em sua voz. –Saia daqui! Você trará azar para o meu restaurante! –O homem bramia erguendo o braço ameaçadoramente.
— Não acha que isso é uma verdadeira injustiça um homem da sua idade e com um corpo avantajado ameaçar uma criança de seis anos? -Naruto disse calmo.
Não estava interessado em brigas,mas se o homem provocasse ele não e importaria de lhe dar um pouco de atenção, ele até podia valer uma boa distração.
— Andando sozinho a essa hora, você só deve estar armando alguma coisa. Saia daqui antes que eu te expulse aos pontapés! -Ele se virou para entrar logo na loja.
— Oji-san. –Naruto o chamou, ele o olhou, a mão parada na maçaneta ao ouvi-lo chamar. Naruto sorriu docemente para o homem que na mesma hora se calou. –Sayonara.
O homem nem ao menos percebera o que aconteceu. Num momento ele estava ali gritando com a raposa demônio, seu cunhado lhe dissera uma vez que tivera uma semana horrível depois que o garoto fora comprar algumas balinhas em sua loja e agora lá estava ele, na parte de trás de seu restaurante, andando calmamente pela noite, como se nada pudesse atingi-lo, como o verdadeiro coisa-ruim. Mas quando o menino abriu a boca dezenas de serpentes apareceram das sombras e começaram a subir por seu corpo.
Uma cobra se enroscou em seu pescoço impedindo-o de gritar. Ele se jogou contra a parede querendo faze-las o soltarem, era o lógico a se fazer, dizia uma voz em sua cabeça. Uma e outra vez ele se jogou fortemente na parede. Sua cabeça doía, seus pulmões gritavam por ar, mas ele tinha que se jogar de novo e de novo, embora não estivesse ajudando. A cobra em seu pescoço subiu até sua boca, quando percebeu sua intenção ele tentou fechá-la, mas foi inútil, a cobra forçou o caminho, fria e áspera, ela lentamente adentrou em sua garganta. Ele caiu no chão, a dor era insuportável.
Um sorriso infantil divertido se fez ouvi em sua mente. Ele sabia. Devia ter feito como sua esposa sempre disse. Quando ver a raposa demônio, fuja. Que tolo ele fora.
Naruto fez uma cara de desgosto ao ver o homem caído a sua frente. Seus olhos estavam arregalados e sua boca aberta babava, os braços inertes ao lado do corpo não lutavam mais. Ele enlouquecera.
— Ficar nesse estado por um simples genjutso. Que perda de tempo.
“Você exagerou na quantidade de chakra, ele não era um ninja, era só um aldeão.”
— Está com pena dele Kurama? –Naruto perguntou cético.
“Só estou dizendo que você acabou a brincadeira rápido demais.”
O menino deu de ombros, não fazia muita diferença. Ele não conhecia aquele homem, não tinha uma real necessidade de matá-lo, para Naruto a vida daquele homem era irrelevante. Refez o seu caminho de volta, não queria que ninguém o visse ali e sem perda de tempo foi para sua casa vazia.
Como ele fora tolo naquele dia, Naruto pensou desanimado. Saindo de suas memorias quando sentiu um chakra vindo em sua direção. Ele desatou a chorar profusamente, mesmo que o ato lhe causasse mais dores pelo corpo. Fora tão repentino que Kurama se assustou, chorar não era algo que o garoto costumasse fazer.
“Ei o que aconteceu?!”
“Quieto” –Ele gritou em sua mente aborrecido enquanto se concentrava nas dores de seu corpo, não era difícil, aquela queda realmente quase o matara.
— Naruto! -Um ninja apareceu em seu campo de visão. Um ANBU para ser mais preciso. Um dos guarda costas pessoais do hokage e isso não passou despercebido a Naruto.
Com cuidado o ANBU ergueu o menino, ele não tinha experiência médica, mas mesmo assim sabia que ele estava mal. Ele ouvira a historia mais recente que chegara aos ouvidos do hokage sobre o menino. Uma testemunha o vira torturar e levar um vendedor a loucura e quando foram investigar realmente encontraram o dono de um restaurante local completamente incapacitado no beco detrás de seu comercio, mas isso automaticamente não fazia a criança ser culpada. Porém, por via das dúvidas, o Sandaime mantivera uma vigilância constante sobre o menino e em nenhum momento durante a insana perseguição do Hirashi o garoto dera indícios de que podia se defender. Mostrando que ele só estava no lugar errado e na hora errada daquele infortúnio.
Ele percebeu quando o garoto parara de chorar no momento em que o vira e engolira o choro. Provavelmente tentando parece mais homem na frente dele. Ele sorriu. Como alguém poderia cogitar que um menino tão corajoso poderia ter cometido tamanha atrocidade?