É por amor.

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    16
    Capítulos:

    Capítulo 18

    Somente um dia a mais.

    Álcool, Heterossexualidade, Linguagem Imprópria, Nudez, Sexo, Violência

    Olá :)

    Perceberam que mudei a capa da fanfic? u.u

    Bom, eu usei um dos meus próprios desenhos para fazer essa capa... Sei que não ficou muito bom, mas pretendo futuramente desenhar algo melhor para colocar como capa, enfim... Não vou enrolar muito aqui nas notas, até porque acabei de escrever agora e tô caindo de sono aqui...

    Música escolhida como trilha é a Razões e emoções - NX Zero (link nas notas finais).

    Notas:

    Nee-sama - Forma respeitosa de "irmã mais velha".

    Stalker - Assediador.

    Gangsteres - Facção/Organização criminosa

    Well, boa leitura.

    Se algo assim realmente houvesse acontecido... Será que ele seria capaz de manter-se sóbrio diante daquela pessoa ou ele agiria por impulso, e se atiraria aos braços dela sem sequer pensar nas consequências? Honestamente, ele não queria descobrir tão cedo como seria sua reação em uma situação semelhante àquela que imaginara, porém, naquele momento ele tinha de admitir que por pouco ele não fizera o que fora capaz de fazer em seu doce devaneio.

    (...)

    Os braços abertos, o corpo estirado sobre a enorme cama ao centro do quarto, o rapaz parecia refletir naquela noite de quarta-feira da primeira semana de abril. Seus olhos negros observavam o teto, embora sua mente não estivesse realmente enxergando o que ele parecia concentradamente fitar.

    Há pouco ele havia voltado da cafeteria na qual avistara a jovem de longos cabelos róseos, desaparecer de seu devaneio e do alcance de sua vista.

    Talvez, se o relógio pudesse suas horas regredir quem sabe ele houvesse feito diferente. Quem sabe ao invés de se esconder e imaginar, ele não tivesse tornado aquele seu desejo de momento uma realidade.

    Porém, em conflito constante entre sua mente e seu coração, de certo ele acreditava que aquele desfecho havia sido o melhor...

    E como não o seria?

    Afinal, se o contrário houvesse acontecido, depois disso o que faria? Como ela reagiria?

    Provavelmente, diferente de seu doce devaneio, na vida real, alguém sairia machucado e como bom egoísta que era ele não estava disposto a se ferir, ao menos não naquele momento, não sem antes preparar-se para tal situação.

    No entanto, ele sabia que mesmo que pensasse dessa forma, a vida é espontânea e dificilmente ele iria conseguir se prevenir desse tipo de acontecimento. Acima de tudo, sentimentos são imprevisíveis e mesmo involuntariamente os seres humanos os sentem.

    Então, ele certamente havia concluído que mais forte do que seu egoísmo de não querer sofrer, a sua covardia sobressaíra naquele instante e nada melhor para um gato preto assustado do que esconder-se atrás de uma lata de lixo ou num beco escuro, não? Errado?! Talvez...

    De repente, quem sabe se naquele momento não se escondesse, o pobre gato acanhado teria encontrado sua destinada dona?!

    Entretanto, embora o rapaz questionasse a si mesmo naquele momento de reflexão, assim como antes constatara, não importava quantas vezes ele imaginasse diferentes desfechos para aquela situação que passara, afinal, passara e não, o tempo não iria voltar.

    Contudo, aquele momento se de ação não valera muito, ao menos para algo havia valido, pois a partir daquele devaneio ele teve a certeza de que suportar seus próprios sentimentos seria uma árdua missão ou até mesmo impossível.

    Transcorreram-se as horas, a noite, o dia, a tarde e o ponteiro do relógio correu apressadamente pela nova noite que se iniciara, abandonando aquela quinta-feira monótona e rotineira que sucedera a quarta-feira e então chegara a sexta-feira.

    Após mais uma das noites mal dormidas as quais já estava se habituando a ter devido as suas desventuras sentimentais que do passado ressurgiram, o garoto que estava deitado todo desconjuntado sobre a cama foi tirado de seu breve cochilo por conta do toque de seu celular.

    Ele abriu os olhos lentamente e tateou sua cama em busca do aparelho perdido em alguma parte do lençol desarrumado sobre o colchão.

    Assim que apanhou seu celular, observou o nome da pessoa que lhe ligava às seis horas da manhã daquela sexta-feira e o amaldiçoou mentalmente, permitindo-se até mesmo imaginar uma cena na qual o matava lentamente.

    Pensou em ignorar a ligação, mas após um longo suspiro ele mudou de ideia:

    — Diga dobe... — pediu com a voz notavelmente desinteressada ao atender.

    — Ué, mas você já atendeu? — surpreendeu-se o loiro do outro lado da linha.

    — Tsc. Mesmo se eu ignorar suas ligações você vai insistir até me matar de raiva... — murmurou irritado. — Enfim, diga logo o que quer! — ordenou áspero.

    — Né, né, né teme, hoje já é sexta-feira! — anunciou com euforia.

    — Não me diga... Achei que fosse segunda ainda! — zombou completamente desmotivado.

    — Nossa teme, você sempre foi tão esperto! Como pôde achar que hoje fosse segunda? — questionou apreensivo. Provavelmente, no dicionário do jovem Uzumaki não existia a palavra ironia.

    — Naruto... Como você é burro! — argumentou chocado com tamanha ingenuidade. — TSC. Eu sei que hoje é sexta-feira seu idiota, não me diga que você só ligou a essa hora da manhã só pra me dizer isso? — indagou enraivecido.

    — Calma, calma teme... Não liguei só pra isso! — explicou tranquilamente. — É que eu te dei até sexta-feira para pensar, se lembra? A festa será neste sábado e eu quero sua resposta, positiva é claro! — complementou empolgado. — E então, você vai? — inquiriu o loiro.

    —  Não! — o moreno respondeu prontamente.

    — Como assim “não”? Teme você não pode fazer isso comigo... — foi interrompido.

    — Eu já havia lhe dado à resposta antes, mas daí você pediu para que eu pensasse até hoje! No entanto, minha resposta continua a mesma! Não! — finalizou a ligação na cara do amigo, porém o telefone voltou a tocar. — Tsc, cara insistente... — desligou o aparelho e o enfiou dentro da fronha do travesseiro. — Não quero ir... E se ela for? — inquiriu abatido e fechou os olhos para tentar dormir um pouco mais.

    Certamente, pensando nessa festa como um reencontro de alunos da antiga escola em que estudara, teria alguma chance de que a jovem Haruno também fosse lá e ele ainda não se sentia preparado para encará-la depois daquele episódio na biblioteca da universidade.

    (...)

    O relógio sobre o criado mudo já apontava às sete horas daquela sexta-feira primaveril e a garota de longos cabelos loiros aos poucos se despreguiçava, contorcendo-se sobre a cama:

    — Ai, que sono... — ela sentou-se vagarosamente à beira do colchão e bocejou. — YOSHI! — ela se animou instantaneamente e pôs-se de pé com chamas nos olhos. — Hoje o dia será lindo! — determinou empolgada, deixou o quarto saltitando até a cozinha e adentrou o cômodo destinado sorridente. — Bom dia, meninas! — ela cantarolou o cumprimento e segui até a mesa, onde todas já estavam tomando o café da manhã.

    — Vish, essa tá feliz... — comentou a chinesa ao mesmo tempo em que mastigava oito biscoitos.

    — Nossa, que incomum... Ino-chan levantou tarde hoje e ainda não fez o seu ritual de beleza! Acho que vai chover! — admirou-se a Hyuuga que simultaneamente também mastigava vários biscoitos.

    — Sim, estou muito feliz! Então por favor, sejam educadas e não estraguem a minha felicidade falando de boca cheia enquanto mastigam essas quantidades absurdas de biscoitos que seria humanamente impossível de se mastigar! — propôs tudo em um único fôlego e sentou-se à mesa.

    — Bom dia Ino-san! — a rosada sorriu e lhe passou o pote de biscoitos. — Aqui! Coma logo, que hoje você está atrasada! — sugeriu timidamente e prosseguiu tomando seu copo de leite.

    — Mas né, Ino-chan... — a morena engoliu os biscoitos. — Você não é de se atrasar, sempre levanta cedinho para se produzir antes de ir trabalhar! — apanhou o copo de suco de uva e entornou na boca.

    — Meninas, eu não levantei atrasada! Eu apenas resolvi dormir um pouquinho a mais hoje, para ver se consigo amenizar um pouco essas minhas olheiras e descansar essa minha expressão cansada por causa dessa semana corrida que tivemos... Afinal, amanhã é FESTA! E eu tenho que estar disposta, linda, diva e elegante diante de todos! — contou com os olhos brilhando.

    — Quanta empolgação... — murmurou a menina de coques.

    — SIM! Estou super empolgada, aliás, nós todas temos uma grande missão hoje! — avisou quebrando delicadamente um biscoito ao meio.

    — Missão? Que missão? — a rosada questionou um pouco curiosa.

    — COMPRAS! O que mais seria? — ela questionou como se fosse senso comum para todas. — Hoje, depois do almoço nós vamos sair mais cedo da universidade e iremos comprar roupas novas para irmos lindíssimas à festa amanhã! — expôs feliz da vida.

    — Então você está propondo que faltemos aos nossos clubes Ino-chan? — perguntou a garota de olhos aperolados entediada.

    — Não confunda as coisas Hina... Não foi uma proposta, foi uma ordem! Esse é um caso de vida ou morte, vocês não podem simplesmente recusar! — ela proclamou como um general.

    — M-Mas eu não vou à festa, Ino-san... Então eu posso recusar? — indagou acanhada.

    — NÃO! — passou a encarar a Haruno. — Você faz parte dessa facção! Como uma de nós, você tem a obrigação de nos ajudar nessa missão! — impôs seriamente.

    — Ela falando desse jeito... O que nós somos afinal? Amigas? Gângsteres? Ou os dois? — a chinesa indagou confusa.

    — Vai saber... — a morena respondeu sinceramente.

    — Hum... Mas então, porque não vamos no sábado? A festa é à noite, não? — Tenten propôs inexpressiva.

    — Eu e a Hina trabalhamos sábado o dia todo, então não dá! Tem de ser hoje depois do almoço mesmo! — rebateu Ino enfiando uma das partes do biscoito na boca.

    — Entendo... Então eu irei deixar avisado lá no clube e sugiro que vocês façam o mesmo! — a garota de coques orientou as demais e todas concordaram.

    Logo todas terminaram o café e foram rapidamente se organizarem para mais um  dia letivo naquela semana. Especialmente para a jovem Yamanaka, aquele dia prometia ser muito bom.

    (...)

    A tão aguardada hora estava prestes a chegar, já era hora do almoço e as quatro amigas encontravam-se sentadas em uma das várias mesas espalhadas pela praça de alimentação, quando a loira avistou duas pessoas e acenou, chamando-os para perto.

    — Merda... O que ela quer, hum? — resmungou o garoto se aproximando da mesa, ao lado do amigo. — O que foi? — ele inquiriu com desdém.

    — Irmãozinho lindo, você e o seu amiguinho aí vão me fazer um favor! — anunciou com um sorriso assustador de “não aceito não como resposta”.

    — C-Como assim, Ino? Você não manda na gente, hum... — ele foi interrompido pelos olhos sedentos de sangue que quase lhe devoraram a alma.

    — Quantas vezes eu vou ter de exigir que me chame de nee-sama? — ela indagou com a voz sombria e com o rosto colado no rosto do irmão.

    — D-Desculpa, nee-sama... E-Então, qual é o favor, hum? — indagou engolindo a seco e deu alguns passos para trás.

    — Bom, assim que acabar o intervalo do almoço eu e as meninas vamos a uma loja de roupas aqui perto, então eu decidi que vocês dois também irão! Até porque, precisamos de alguém para carregar nossas compras! — ela esclareceu enfadada.

    — O que? Mas como assim, hum? — o loiro inquiriu indignado. — Eu sou seu irmão, não seu escravo, hum! — bufou irritado.

    — Não venha com esse “hum” pra cima de mim não, Deidara! Senão eu sequestro a Suzuki-chan e faço picadinho dela! — ameaçou com uma expressão convincente.

    — A Suzuki-chan não! Ela não tem nada a ver com isso... — argumentou transtornado. — Mas espera... Todas vocês vão mesmo? — questionou curioso.

    — Sim! — a Yamanaka afirmou prontamente.

    — Hum... Então sim, nós vamos! — ele enlaçou o amigo com um de seus braços, confirmando que ambos iriam.

    — Espera aí, Deidara! Fale por si mesmo! — o ruivo tentou apartar-se dele, mas o loiro segurou-o firmemente pelo braço.

    — Danna... — o rapaz começou a sussurrar para que apenas o outro ouvisse. — A Sakura vai, cara... Você entende a gravidade da situação, hum? — perguntou com ideias mirabolantes em sua mente.

    — S-Sim, eu sei... M-Mas é justamente por isso que eu... Que eu... — começou a gaguejar e suar frio, mas logo foi interrompido.

    — Calado, idiota! Essa é a sua chance de ouro de ir a um encontro com ela, hum! E quem sabe, finalmente dar mais um passo à diante no seu tão sonhado romance que no momento encontra-se ocorrendo a todo vapor apenas na sua imaginação, hum! — o lembrou do triste fato.

    — Droga, seu merda... Não precisa falar desse jeito! Isso dói... — murmurou abatido.

    — Eu imagino que doa, mas é a realidade e eu não vou deixar você perder essa oportunidade, seu mané, hum! — finalizou o sussurro e voltou a olhar para as meninas. — Nee-sama... Já resolvi com o mané, digo, Sasori e ele vai sim, hum! — contou com determinação.

    — Ótimo! Estamos contando com vocês! — ela ressaltou empolgada.

    Os dois rapazes acabaram por ficar naquela mesa com as meninas. Um pouco depois o intervalo acabou. O sinal soou alto como o de costume e todos eles deixaram a universidade, seguindo a pé mesmo até a loja que ficava por ali perto, ainda naquele bairro.

    — Yay, chegamos! — a loira super eufórica foi a primeira a entrar.

    — Nossa, que loja grande! — a morena admirou-se adentrando timidamente.

    — Nossa... Nunca vi tantos babados na minha vida! Argh... — a chinesa murmurou aborrecida. — Onde será que fica a ala de esportes? — questionou-se curiosa.

    Inexpressiva, a rosada entrou logo atrás das outras meninas e em silêncio, apenas passou a segui-las fossem elas procurar ou experimentar roupas para a tão esperada festa e assim um pouco mais de uma hora transcorreu-se rapidamente.

    — Hey Sakura, você não vai experimentar roupa também, hum? — o loiro, que carregava várias sacolas, indagou em um determinado momento ao notar que ela só acompanhava as amigas.

    — Ah, eu não vou à festa, Deidara-san! — ela salientou gentilmente.

    — Hum... — o rapaz pensou por alguns instantes, olhou para o amigo ao lado com uma expressão de “eu tive uma ideia genial” e voltou a olhar para a menina. — Então, porque você e o Sasori não vão à frente e nos esperam na cafeteria, hum? — sugeriu sorridente.

    — M-Mas o que? — o outro indagou terrivelmente corado. — D-Do que você... — foi interrompido pelo garoto que se aproximou dele.

     — Vai logo seu bosta, aproveita essa chance que eu tô te dando aqui, hum! Eu estou me sacrificando por você, cara! Valorize o meu esforço, hum... — sussurrou tudo em um único fôlego para que apenas o jovem de cabelos vermelhos escutasse. — Bom... — ele voltou a sorrir e falar normalmente. — Nós já estamos acabando por aqui mesmo, então não precisamos mais da ajuda de vocês! Dispensados! — expôs tomando as sacolas que o ruivo carregava.

    — Deidara, m-mas eu não vou conseg... — foi interrompido outra vez.

    — VÁ LOGO IDIOTA, HUM! — berrou empurrando o amigo para cima da rosada e deu de costas, pondo-se a seguir para perto das outras meninas que estavam um pouco longe dali.

    — Sasori-san... O que houve com o Deidara-san tão de repente? — ela perguntou levemente assustada.

    — N-Nada não, esse cara t-tem problemas... Eu, é, v-vamos lá na c-cafeteria esperar pelo p-pessoal?! — sugeriu gaguejando involuntariamente.

    — Tudo bem! Vamos... — ela esboçou um doce sorriso e então os dois foram até o estabelecimento que ficava ao lado da loja.

    Assim que adentraram o local, sentaram-se em uma das mesas alinhadas à parede ao lado de enormes vidraças que mostravam a rua e a garçonete logo chegou para servi-los:

    — O que vão pedir? — ela questionou educadamente.

    — Pra mim uma torta de morango! — ela pediu tranquilamente.

    — B-Bem, pra mim um chá gelado! — ele também pediu, acanhado.

    — Anotado! Em breve trarei os seus pedidos! — ela deu de costas e caminhou até os fundos da cafeteria.

    O silêncio estabeleceu-se entre os dois durante algum tempo e só foi quebrado assim que a garçonete retornou com os pedidos:

    — Aqui está! — ela serviu a torta à garota e o chá ao rapaz, e foi servir outras mesas. O silêncio retornou.

    — A primeira vez que comi essa torta foi quando a Ino-san me trouxe aqui! — timidamente ela quebrou aquela quietude que se estabelecera. — Comi uma ontem, mas eu não me canso de comê-la! — ela levou uma pequena colherada à boca e deleitou-se com o gosto do doce.

    — Hum... D-Deve ser boa mesmo... — ele argumentou sem sequer tocar em seu copo de chá. —MALDIÇÃO, eu não posso matar essa conversa desse jeito... Ela tomou a iniciativa e eu dei uma resposta tão desprezível! Eu devia morrer! — ele pensou aflito enquanto buscava arduamente por algo interessante para dar seguimento à conversa.

    — Sim, é muita boa... — ela sorriu para ele, que se derreteu instantaneamente e levou mais uma colher à boca.

    — Linda... — ele elogiou inconscientemente e quando deu por si, já era tarde. — QUE MERDA EU ACABEI DE FAZER? — ele perguntou a si mesmo mentalmente, seu rosto enrubesceu e seus olhos arregalaram-se fitando ela.

    — Hãn? — ela passou a encará-lo, surpresa.

    — A-A torta, a torta é l-linda! — apavorado ele apontou para o prato e inventou aquela mentira.

    No entanto, a forma estabanada com a qual se movera fez-lhe derrubar o copo de chá com o punho e o líquido entornou ligeiramente sobre a mesa, caindo quase todo sobre si.

    — G-Gelado! — ele cerrou os dentes e suas bochechas queimaram ainda mais vermelhas de vergonha. — MEU DEUS, EU NÃO FIZ ISSO! Por favor, alguém me mata! — ele martirizou-se em pensamento e paralisou como pedra.

    — S-Sasori-san... Você está bem? — a rosada preocupada, abriu sua bolsa e retirou de dentro um lenço. — Aqui, use isso para se secar! — ela estendeu o tecido na direção do rapaz que voltou a si.

    — N-Não precisa se incomodar, eu, eu... — foi interrompido.

    — Eu insisto, Sasori-san... Você precisa secar isso! Vá ao banheiro e se seque! — ela pediu delicadamente.

    — T-Tudo bem, então... — ele aceitou o lenço. — Droga, eu não quero levantar daqui... Isso vai ser humilhante! — ele olhou para baixo e viu a grande mancha na região do zíper de sua calça e na barra da camiseta. — B-Bem, eu v-vou lá no banheiro... — ele se levantou timidamente e assim que se pôs de pé, virou-se rapidamente e passou a seguir rumo ao banheiro.

    Porém, no meio do caminho um garotinho de aparentemente sete anos, que estava sentado em outra mesa com sua mãe, disparou:

    — Olha lá mamãe! Aquele homem fez xixi nas calças! — o pequeno que faltava um dente na boca  caiu na risada.

    — M-MERDA! Esse pirralho... — fuzilou a criança em seus pensamentos e ligeiramente adentrou o banheiro. — Maldição, eu preciso ligar pra aquele cara! — ele enfiou a mão no bolso e retirou o telefone.

    Os dedos trêmulos custosamente conseguiram fazer a ligação:

    — F-Fala Danna! — a voz no outro lado da linha com notável dificuldade pediu.

    — Deidara, vocês já estão vindo pra cafeteria? — questionou abatido.

    — Sim, daqui uns d-dez minutos mais ou m-menos, hum... — ele parecia fazer muita força.

    — Hum, preciso que me faça um favor! — anunciou receoso.

    — DROGA, então d-diga logo seu idiota, hum! Eu tô sofrendo aqui pra atender esse telefone e carregar todas essas coisas ao mesmo tempo... — exigiu enraivecido.

    — Compre uma camiseta e uma calça e me traga no banheiro da cafeteria! É que e-eu acabei derrubando chá em mim e... — engoliu a seco e calou-se.

    — Não acredito nisso, hum! — a voz do rapaz soou chocada. — B-Bom, eu vou comprar então e d-depois nós conversamos, hum! — salientou com um tom de voz sério.

    — S-Sim, obrigado! — finalizou a ligação.

    Ainda estarrecido, o jovem de cabelos vermelhos sentou-se sobre um dos vasos sanitários e encostou a cabeça na parede, olhando para o teto, desolado. Provavelmente estava amaldiçoando sua própria existência e pedindo aos céus que a jovem que lhe esperava lá na mesa apenas ignorasse tudo o que havia acontecido.

    Logo os dez minutos se passaram e o loiro chegou à cafeteria para salvar o amigo daquela situação:

    — Sakura, o idiota, digo, Sasori ainda está no banheiro, hum? — ele questionou passando ao lado da mesa em que ela estava sentada.

    — Sim, Deidara-san... — ela respondeu apreensiva.

    — Hum... — ele deixou as inúmeras sacolas que segurava sobre algumas cadeiras da mesa. — As meninas já estão vindo, eu já volto! — ele foi até o banheiro e o adentrou. — Sasori... — chamou pelo outro que nada respondeu. — Sasori, você morreu aí dentro, hum? — ele bateu na única porta que estava fechada.

    — Ah, você chegou... — o ruivo abriu a porta.

    — Pfft... — o loiro segurou a risada ao avistá-lo. — Troque-se de roupa logo, seu “mijão”, hum! — ele lhe entregou as roupas em mãos.

    — O-Obrigado... — corado, o garoto fechou a porta e começou a se trocar.

    — Cara... — o Yamanaka encostou-se ao lado de fora da porta. — Eu até imaginei a cena, hum! E francamente, essa sua história platônica, unilateral e imaginária de amor, está mais para uma desastrosa comédia romântica platônica, unilateral e imaginária, hum... — argumentou com pesada ironia.

    — Droga, Deidara... Você é mesmo meu amigo? — o garoto, que acabara de se vestir, indagou abrindo a porta de supetão. — Você não perde uma oportunidade de me colocar pra baixo quando eu faço alguma merda... Sabe, é por isso que às vezes eu tenho vontade de me infiltrar no seu quarto pela noite e te matar asfixiado com o travesseiro, ou então invadir o banheiro enquanto você toma banho e jogar um secador de cabelo ligado dentro da banheira pra te matar eletrocutado... — confessou quase se rendendo às lágrimas.

    — D-Danna, eu não sabia dessas suas intenções assassinas, hum... — o loiro arregalou os olhos, aterrorizado com aquelas revelações. — Nunca mais durmo ou tomo banho com a porta destrancada! — ele pensou e engoliu a seco.

    — Eu sei que eu me tornei um bosta e ultimamente eu só faço merda, mas, eu não sei mais o que fazer... Eu não era assim e você sabe disso! — contou desesperado e com as mãos quase arrancou os próprios cabelos.

    — V-Você realmente não era assim... Aliás, você sempre pegou geral, até... Até conhecer a bonitinha, hum! — ressaltou conclusivo.

    — Sim... Será que eu perdi as minhas habilidades de conquista? — inquiriu aflito.

    — Acho que não, o que você perdeu foi a sua coragem! Seu banana, hum! — deu de costas e foi até a porta. — Vamos, as meninas devem estar nos esperando, hum! — ele alertou deixando o local.

    — Sim... — o ruivo o seguiu e também deixou o ambiente.

    Ao lado de fora do banheiro, às meninas já estavam todas sentadas à mesa e rapidamente os dois se juntaram a elas. Como bom amigo discreto que não era, Deidara tornou o incidente das calças molhadas de Sasori o assunto principal da conversa e naturalmente, todas as meninas exceto Sakura, se fartaram de tanto rir.

    Os minutos transcorreram ligeiramente e a hora de trabalhar finalmente chegara, o que fora um alívio para o pobre menino de cabelos vermelhos que já não aguentava mais ouvir assuntos relacionados às suas calças:

    — Nossa... Já tá na hora de ir trabalhar! — avisou a loira pondo-se de pé. — Vamos Hina, senão vamos chegar atrasadas... — ela pegou a amiga pela mão e pôs-se a arrastá-la. — Deidara, pague o nosso lanche e leve as sacolas lá pra casa! — ela jogou uma das chaves da casa nas mãos do irmão.

    — ESPERA, VOLTA AQUI SUA VACA EXPLORADORA, HUM! — o garoto furioso berrou, mas sua irmã apenas fingiu que não ouviu e logo sumiu do estabelecimento com a amiga.

    — Olha a boca, idiota! — o ruivo tentou lhe corrigir.

    — Idiota? Eu sou a vítima dessa história... Aquela porca ordinária, ela acha que sou seu escravo, hum! — resmungou pondo-se de pé e respirou fundo. — Droga, eu também tenho que ir trabalhar... — retirou o dinheiro da carteira e colocou sua parte, de Ino e de Hinata sobre a mesa, e estendeu a mão para o amigo. — Dê-me as chaves do seu carro! — pediu tranquilamente.

    — O que? Mas porque o meu carro? — ele indagou apreensivo e franziu o cenho.

    — Ué, por quê? Como vou levar essa montanha de compras até a casa da nee-san, hum? Na cabeça? — questionou irritado. — Ou você quer levar tudo isso no meu lugar, hum? — sugeriu aborrecido.

    — Não, mas... — foi interrompido.

    — Amiguinho... Você trabalha aqui pertinho... Vá a pé mesmo e faça companhia a Sakura pelo caminho, já que vocês trabalham no mesmo local, hum! — propôs com um sorriso brilhante e um olhar de “eu vou te matar se você não me der a desgraça dessa chave e não for junto com ela para a escola de música”.

    — T-Tudo bem, toma... — entregou a chave. — Mas se eu notar um arranhão sequer, você vai... — foi interrompido novamente.

    — Relaxa cara! — pediu e pôs-se a caminhar. — Vamos Tenten, eu vou deixar essas coisas lá na casa de vocês mesmo, então te dou carona, hum... — propôs enfadado, antes que cruzasse a porta.

    — Opa, espera um momentinho... — ela largou a colher, pôs-se de pé e meteu a mão na torta de chocolate que comia, enfiando o resto que sobrara dentro da boca. — Pronto! — ela avisou de boca cheia, deixou sua parte em dinheiro sobre a mesa e passou a caminhar rumo ao Yamanaka. — Tchau, Sakura, Sasori... — ela se despediu ainda de boca cheia.

    — Nossa Tenten, você é mesmo uma garota, hum? — o loiro indagou assim que ela se aproximou dele.

    — Bom, uma vez minha mãe disse que tinha algumas dúvidas... — ela confessou como se não fosse grande coisa.

    — Vish! — o garoto arregalou os olhos e logo os dois deixaram o estabelecimento e novamente, a rosada e o ruivo ficaram sozinhos.

    — N-Né, Sasori-san, vamos? — ela se levantou e colocou sua parte em dinheiro sobre a mesa. — Eu sei que ainda não está na hora, mas já que posso chegar um pouco mais cedo hoje, gostaria de verificar o piano antes da aula... — a rosada comentou timidamente.

    — Ah, sim! V-Vamos! — ele concordou e também deixou o seu dinheiro sobre a mesa. — Também quero organizar algumas p-papeladas, e quanto mais cedo, melhor! — ele expôs pondo-se de pé e rapidamente os dois deixaram o local.

    No caminho até a escola de música, ao passar em frente a uma pequena loja, o rapaz pediu que ela o esperasse e adentrou o estabelecimento.

    Naquele momento, os alunos da universidade já estavam saindo do campus, afinal, já era hora de ir embora para quem havia ficado em seus clubes após o almoço.

    O rapaz de cabelos negros, em seu carro, seguia tranquilamente quando avistou ao longe a jovem de cabelos róseos, que de costas para ele, esperava pacientemente sobre a calçada.

    — Sakura? — ele inquiriu a si mesmo e parou o carro a uma boa distância, para que ela não o notasse ali.

    Poucos minutos depois o garoto ruivo saiu da loja e aproximou-se da rosada e estendeu-lhe a mão que segurava um pequeno lenço:

    — P-Pra você! P-Por ter me emprestado o seu naquela hora! — suas bochechas coraram.

    — Não precisava, Sasori-san... — ela foi interrompida.

    — P-Pegue, por favor! Eu insisto! — seu rosto ruborizou ainda mais, parecia que poderia explodir a qualquer momento.

    — B-Bom, tudo bem então... Obrigada! — ela agradeceu e sorriu. — Deixe-me guardá-lo! — ela abriu sua bolsa para guardar o lenço, no entanto, sem perceber, deixou algo cair ao chão. — Vamos! — ela sugeriu que prosseguissem o caminho.

    — S-Sim! — o jovem não percebera que ela deixara algo cair e simplesmente passou a caminhar acompanhando-a.

    Enquanto isso, logo mais atrás, o moreno se irritara profundamente quando avistou o homem que saíra de dentro da loja e pôs-se a se aproximar lentamente daquele local, para que desse tempo para que aqueles dois se afastassem:

    — Droga, o que eles estavam conversando? — ele indagou-se e engoliu a seco. Estacionou o carro ao lado da calçada e desceu. — Ela deixou alguma coisa cair... O que é? — ele agachou-se a apanhou o objeto do chão. — Carteira de estudante? — ele leu e guardou dentro do bolso de sua calça. — Tsc... O que estou fazendo? Eu sou um stalker por acaso? — inquiriu-se decepcionado com si próprio. — Droga, eu quero saber aonde eles vão! — adentrou o carro novamente e continuou perseguindo-os sorrateiramente.

    No entanto, rapidamente os dois chegaram ao local destinado e cuidadosamente, o Uchiha estacionou o carro na esquina e de longe, avistou-os adentrar o conservatório:

    — Uma escola de música? — ele inquiriu-se um pouco aliviado. — Tsc... Porque estou me sentindo tão aliviado por eles terem apenas ido para uma escola de música? N-Não é como se eu estivesse com ciúmes, a-até porque eu não tenho nada a ver c-com a vida dela... — ele estava se esclarecendo para si mesmo. — Merda... — ele apanhou seu celular sobre o banco do passageiro e fez uma ligação.

    — Alô, teme... — a voz do outro lado da linha parecia um tanto enérgica.

    — Escute, Naruto... Eu resolvi que vou à sua festa! — ele avisou apático.

    — QUÊEE? — o loiro berrou ao telefone, chocado.

    — Droga, idiota... Não grita! Eu só liguei pra te avisar que vou aceitar o convite! — ressaltou aborrecido.

    — Yay! Eu sabia! — comemorou notavelmente feliz. — Mas me conte, o que te fez mudar de ideia? — questionou curioso.

    — Bom, preciso entregar uma coisa para uma certa pessoa e acho que irei encontrá-la nessa festa... — murmurou de forma que o amigo não conseguiu ouvir nada.

    — O que? Repete que eu não te ouvi! — avisou ainda mais intrigado.

    — Não, dobe! Nenhum motivo em especial... Até amanhã! — finalizou a ligação. — Bom, não é como se eu quisesse encontrá-la, eu apenas irei lhe entregar isso e só! — ele decidiu um pouco confuso.

    O jovem Uchiha acreditava que talvez fosse encontrar a Haruno naquela festa que aconteceria no sábado. De fato, embora não se sentisse preparado e mesmo assim ansiasse pelo encontro, ele tê-la encontrado pelo caminho havia sido uma coincidência, aliás, uma terrível coincidência, afinal, vê-la novamente na companhia daquele homem ruivo o deixara profundamente irritado.

    No entanto, mesmo que aquela situação lhe magoasse, ele tinha consciência de que, se não era ele o homem a caminhar ao lado dela, era apenas por sua própria culpa, afinal, ele fora o único que a abandonara e não o contrário.

    Porém, agora que tinha um motivo concreto em mãos para vê-la outra vez, ele havia decidido que o faria, custasse o que fosse. Então, quem sabe com uma desculpa para se aproximar de sua velha amiga, ele não tomaria coragem para ir mais além? Talvez! Mas com certeza, a festa que iria ocorrer na noite de sábado prometia e provavelmente não seria somente um dia a mais.


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