Desde já gostaria de agradecer ao primeiro usuário que favoritou e comentou a fic.
Mais uma vez, obrigada, Shariugui-senpai. ^^
Espero que gostem deste novo capítulo.
Mais tarde, nessa noite, eu e Anne fomos estender a roupa no estendal. Estava frio, mas o vento não soprava com muita força.
- Valentina - chamou-me Anne, enquanto colocava molas na roupa.
- Sim, Anne? - perguntei-lhe, ajeitando a camisa do papai na corda enquanto a prendia com molas.
- O papai disse que estes soldados alemães vieram para ficar. - ela começou, pendurando um par de meias brancas, que por acaso eram minhas - O que eles querem de nós, mesmo?
- Bem... - suspirei, sem coragem de olhar para ela - Estes soldados alemães vieram tomar Paris pois pensam que Hitler é o seu poderoso imperador e a gente tem que fazer tudo o que esses soldados quiserem. Senão, muitas coisas más acontecerão.
Pude ver o rosto de minha irmã tornar-se pálido de um momento para o outro.
- O que eles vão fazer à gente? O que vai acontecer agora que uma guerra está prestes a começar e a gente não tem como fugir? - Anne me perguntou, deixando cair um saiota branco da mãe enquanto as suas mãos se tornavam trémulas e fracas.
- Anne, vai ficar tudo bem, não se preocupe. - tentei acalmá-la, quando eu própria já estava com medo até às pontas dos cabelos - Enquanto eu estiver aqui, nada de mal vai acontecer, okay?
Como é que eu pude dizer uma coisa daquelas para a minha irmãzinha?
Porque é que eu não a consegui salvar a tempo?
Onde estará ela agora?
Com quem estará ela agora?
Como é que ela estará agora? Com fome? Com sede? Com frio?
Estará morta? Ou nas mãos de um desses alemães nojentos?
- Eu confio em você, ma soeur. - ela disse, com um sorrisinho em seus lábois rosados, enquanto pegava no cesto já sem roupa - E sei que você nunca deixaria que alguém me fizesse mal. E eu sou uma sortuda por ter a melhor irmã mais velha do mundo. Você.
Pude vê-la afastar e entrar em casa (que ficava atrás do pub). Olhei para o céu e vi muitas estrelinhas brilharem lá em cima.
Será que podia pedir a uma delas que nunca deixasse que nada de mal acontecesse às pequenas Belle, Marrie, Nicole e Anne?
Fosse como fosse, mais valia tentar, por isso rezei a Deus.
- Nosso Senhor que estais no céu. - comecei, fechando os olhos e ajoelhando-me na grama fresquinha, enquanto juntava as mãos - Eu sei estais muito ocupado agora que a guerra começou e que deve ter mais que fazer do que ouvir as preces de uma criança de dezasseis anos como eu, mas... Por favor, não deixe que nenhum alemão se aproxima de nenhuma das minhas irmãs. Elas ainda são tão novas e inocentes, e não fazem ideia do quão cruel uma pessoa por de ser. Por isso, Senhor, eu Lhe peço que as protega de todos os males que se avizinham e este guerra louca termine rapidamente. Amén.
E assim terminei a minha prece. Levantei-me da grama e olhei para o céu de novo. Será que Ele me havia ouvido? Bem, não sei, mas esperava que sim.
Voltei-me para trás e vi meu pai à porta do terraço. Coloquei-me direita, por uma questão de respeito e baixei um pouco minha cabeça e voltei a poisar meu olhar em meu pai.
- Boa noite, papai. - cumprimentei-o.
- Valentina. - ele me chamou, fazendo um pequeno gesto com a cabeça para que eu me aproximasse dele, o que fiz - Você sabe que eu e a sua mãe te adoramos muito, non?
- Je sais, je sais... - suspirei eu assim que percebi onde é que ele queria chegar com aquela conversa.
- Ótimo, ótimo. - ele disse, cruzando os braços - Mas agora que estamos em guerra toda a gente tem que tomar... Hum, "medidas drásticas", sabe?
Eu já não estava gostando muito daquela nossa conversa porque já estava a perceber o que ele estava tentando dizer. Meu coração começou a bater muito depressa graças à tamanha pressão que começava a sentir em cima de mim.
- É claro que sei, papai. - respondi, tentando manter minha voz calma e hirta.
- Pois bem, minha querida filha, lamento que você tenha de tomar umas dessas "medidas drásticas". - ele disse, baixando a cabeça.
O que estava acontecendo ali? O que ele queria dizer com as palavras "tomar uma dessas "medidas drásticas""? Será que o que ele me estava tentando dizer era...?
- Pierre, mon amour, vem deitar-te. - pediu a minha, que eu não faço a menor ideia de como apareceu ali sem fazer o mínimo ruído - E tu, Valentina, vai à farmácia do seigneur Leclerc. De certeza que ainda não fechou.
- Mas porquê, maman? - perguntei-lhe, nervosa - Aconteceu alguma coisa?
- A tua irmã Marrie começou a arder em febre há uns momentos atrás. Provavelmente foi um dos soldados que trouxe uma doença consigo ou algo do gênero.