A Besta da Noite

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    Capítulos:

    Capítulo 10

    Iniciando o Ritual de Selamento

    Álcool, Mutilação

    Iniciando o Ritual de Selamento

    Tora tirou a blusa com o símbolo dos dois maiores clãs da aldeia e ficando apenas com uma faixa em volta dos seios, se deitou sobre a pedra. Ookami não pode deixar de notar que na barriga da parceira, havia uma enorme marca, como se algo estivesse selado dentro dela, pois tomava conta de quase toda a barriga.

    -o que está acontecendo? – Sussurrou Ookami para si mesmo, sabendo que não obteria respostas. Não naquele momento.

    A anciã se aproximou da pedra e concentrada colocou a mão a cima da barriga de Tora, mas não a tocando, enquanto, Kotori fazia o mesmo mais sobre a testa da sobrinha.

    Ambas estavam concentradas, e Tora parecia adormecida.

    Ookami ouviu sussurros vindos da anciã e de Kotori, o que fez o selo se mexer e logo subir. Gritos de Tora ecoaram pela caverna, era um grito de dor, uma dor que parecia ter lhe consumido.

    -Tora... –Ookami nada poderia fazer, mas sentia vontade de amenizar toda a dor de sua parceira, vê-la gritando daquela forma o deixava agoniado e apavorado, e por questão de segundos conseguia sentir a dor da própria, o que o fez cair de joelhos no chão.

    A anciã abriu os olhos lentamente olhando para Kotori que permanecia concentrada, mas com dificuldade, pois Tora gritava cada vez mais.

    -Kotori... Ajude o garoto.

    Kotori nada disse, apenas balançou a cabeça positivamente e caminhou até Ookami que gemia de dor. Ela retira a camisa do mesmo e ver em suas costas uma marca de selo. Então seu irmão tinha mesmo o conectado com Tora.

    Dando um meio sorriso Kotori colocou a palma da mão nas costas de Satoru, tampando toda a marca do selo.

    Alguns minutos depois.

    -KOTORI ME AJUDE AQUI, ELE ESTÁ BEM. –Gritou à anciã. Kotori ao olhar para Tora gritando, vê que a marca do selo estava aumentando, o que não era bom, pois se fosse desfeito, seria uma catástrofe para todos, inclusive para outras vilas. Afinal de contas o novo Hoshikaze nunca havia lidado diretamente com a besta.

    Kotori correu até Tora e voltou à posição de antes, o que fez os gritos de Tora cessar. Enquanto Ookami estava desmaiado com o corpo recostado sobre algumas rochas.

    Lágrimas finas e quentes rolaram pela face de Kotori, ao imaginar perder sua sobrinha, pois era a única coisa que a mantinha recomposta, Tora era a única lembrança que Kotori tinha de seu querido irmão e Moriko.

    -Kotori se recomponha, faremos o possível para Tora permanecer entre nós. –A anciã sabia o que estava fazendo, sabia o porquê de Ookami está ali e sábia que o destino reservou muitos desafios a eles. Onde Tora só conseguiria com a participação de Ookami.

    Enquanto Kotori e a anciã tentavam refazer o selo, Tora estava tendo uma conversa agradável no seu subconsciente.

    -você acha que dessa vez ele está mais forte? –Tora estava sentada olhando para o nada, toda a sua volta estava branco, e com uma paz inexplicável, e quando ela perguntava, uma voz no seu subconsciente respondia a ela.

     -não apenas acho, como tenho certeza. Logo não terei mais forças para prendê-lo.

    Tora ficou por um tempo sem dizer nada. Fechando os olhos e suspirando diz para a voz de seu subconsciente.

    -um dia entenderei todo esse ódio que Namida carrega. –Disse determinada, e uma brisa naquele instante soprou, levando os longos cabelos negros de Tora para trás.

    A voz de seu subconsciente riu, e chamou a atenção de Tora.

    -a quarta portadora disse a mesma coisa e a quinta tentou, mas nem se quer conseguiram chegar até Namida.

    -está dizendo que não conseguirei?

    -praticamente sim, e caso consiga me surpreendera e muito, pois ninguém é capaz de chegar a essa força maligna da Namida por vontade própria.

    -hum. –Tora analisava as informações que a voz lhe dava. –será mesmo Densetsu?

    -como assim? –A voz de seu subconsciente era de surpresa.

    Tora apenas sorriu e balbuciou algumas palavras, o que era o suficiente para dizer-lhe que ela conseguiria.

    -você entendera, quando eu chegar até Namida.

    E a conversa por ali foi encerrada. Pois vinha bem distante e meio falho, um rugido furioso. Sem sombras de duvidas era Namida, que estava furiosa por ser selada novamente.

    -hora de você ir. –Disse a voz um pouco contente.

    Tora olhou para sua mão e a viu desaparecer lentamente, e sorrindo antes de sumir por completo diz.

    -nos falaremos em breve... Densetsu.

    -hai... Tora.

    O procedimento do selamento havia finalmente acabado, e Kotori esperava ansiosa ver Tora respirar novamente.

    Durante o selamento a respiração do portador é encerrado o que é um perigo caso os que estão selando não se apressem.

    Tora voltou...

    Puxando o ar para os pulmões, abriu os olhos e balbuciou algo como “estou viva...” Kotori lhe deu um abraço sufocante, enquanto Tora ficava sem reação esperando sua querida tia lhe soltar.

    A anciã sorria de satisfação, finalmente o procedimento havia acabado e Tora estava bem. Tora levou seu olhar a Ookami, que permanecia desmaiado e sem camisa, o que a fez corar um pouco.

    -ainda aqui... –Disse Tora, fria como sempre.

    -hai, deveria agradecê-lo pela preocupação. –Disse a anciã olhando também para o jovem Satoru.

    -porque ele está desmaiado?

    Todos ficaram em silêncio, o que deixou Tora desconfiada.

    -ele tem uma conexão muito forte com você Tora.

    -como assim? –Perguntou Tora.

    -ele tem um selo que foi dado pelo seu pai, e esse selo o permite sentir suas dores tanto físicas como mentais e também o que o leva a impulsividade de protegê-la.

    -nani? –Tora estava surpresa, isso explicava o motivo dele não ter recuado quando ela queria ficar sozinha com o membro da organização Ryota. –Porque meu pai faria isso?

    -você não sabe, mas antes do meu irmão morrer, ele próprio junto com o pai de Ookami, fizeram uma aliança que só poderia ser revelada em último caso, como agora.

    Tora nada disse, ainda tentava engolir o fato de que era protegida do Ookami.

    -então toda vez que ele faz isso...

    -hai, é o impulso de proteger a portadora de Densetsu e Namida. –Disse a anciã por fim.

    Tora ficou-o fitando por um longo tempo, enquanto a anciã saia da caverna para ir falar com os guardas, e Kotori levantava Ookami para lhe colocar a camisa. Tora olhou para cima, vendo a luz do luar sair da caverna, fazendo a mesma ficar escura com apenas a luz das poucas tochas do ambiente.

    Tora pegou sua blusa e vestiu-a, levantou e caminhou até Ookami que permanecia desmaiado, antes de sua tia vestir a camisa dele, Tora viu a marca do selo, era parecido com a sua, só que a dele era menor. Então ela pela primeira vez sentiu ter um laço com alguém. O que era estranho, devido ele não ser do mesmo clã que ela.

    Tora se abaixou e colocando Ookami sobre suas costas, saiu da caverna, andou pela imensidão da floresta escura, sentido as leves gotas de chuva sobre seu rosto. Olhando para o céu viu o mesmo repleto de nuvens carregadas. E antes de chegar à residência Satoru, a chuva já tomara conta de toda a aldeia, há molhando um pouco.

    Tora abriu a janela do quarto do Satoru e entrando, o colocou em cima da cama. Retirou sua camisa ficando mais corada ainda, a única coisa que se recusou tirar foi à calça que ele usava, pois devido ter sido rápida a chuva não o havia molhado tanto. Tora ficou olhando para seu semblante que naquele instante estava sereno, deu um sorriso de canto e desapareceu envolta por nuvens de fumaça.

    Logo pela manhã, Ookami já estava acordado, sentado na beira da cama, olhando as cortinas da janela se movimentar por causa da brisa fresca que entrava.

    Sua cabeça estava latejando, como se um peso estivesse sobre ele o esmagando. E sentia também uma dor sobre as costas, e tentando olhar pelo espelho, viu a marca do selo que carrega, notou que ela estava maior, isso nunca havia acontecido, e devido a isso sentia forte dor na região da marca.

    Ookami entrou no banheiro para tomar um banho quente,  para assim tentar melhorar. Após um banho demorado, vestiu sua bermuda preta e enrolou a faixa para colocar a bolsinha da kunai, guardou duas kunais dentro da bolsa e vestiu sua camisa também preta com o símbolo do clã Satoru no braço direito. Pegou sua bandana de cima da cômoda que fica ao lado da cama, junto com alguns livros e um abajur. Amarrou a bandana na testa e abriu a gaveta do guarda-roupa para pegar sua bolsa ninja, onde colocou alguns dos pergaminhos de invocações, algumas kunais, shurikens e alimentos, para o fim do treinamento ou missão do dia.

    Fechando a porta de sua casa, foi em direção ao local marcado pelo sensei. Ookami chegou atrasado, Tora estava sentada de baixo de uma árvore com os olhos fechados, enquanto, a brisa soprava sobre seu rosto, seu cabelo estava preso como sempre, no coque bem feito. Kitsune estava sobre o galho da árvore em que Tora estava escorada, lançando kunais em uma árvore ao lado e Raiden se aproximou de Ookami.

    -atrasado Ookami.

    -desculpa sensei.

    A equipe se reuniu no centro da ala de treinos, e Raiden ficou a olhá-los por um tempo, até começar sua pronuncia.

    -escrevi vocês para a prova Chunnin que haverá daqui a duas semanas, passarão por duas etapas, pela floresta maldita e depois combate contra outras equipes. A decisiva será o combate entre as equipes, que mostrara seus valores, e serão reconhecidos por todo país.

    Todos ouviam atentamente, cada palavra dita por Raiden.

    -cada sensei, ensina técnicas novas a seus alunos, e não seria diferente com o time dezessete. –Raiden ficou em silêncio por um tempo.

    -e que técnica nova nos ensinara sensei? –Perguntou Tora, aparentemente curiosa.

    Ookami não parava de olhá-la, sua cabeça ainda doía fortemente e suas costas onde havia a marca doía mais ainda, mais independente da dor, conseguia se recompor na frente de todos.

    -os ensinarei a técnica Kuchyosi no Justsu.

    Todos olharam surpresos para Raiden, que lançou um sorriso normal para todos, como se tivesse dito algo comum.


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