Crônicas de Son Gohan

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    Capítulos:

    Capítulo 11

    Tentando juntar os cacos

    Spoiler, Violência

    Tentando juntar os cacos

    Já se passaram duas semanas, desde o massacre feito pelos androides. Chi Chi e Bulma já haviam feito as pazes. Gohan se sentia isolado, não tinha amigos. Sua mãe decidiu matriculá-lo num colégio, mas não achou um local próximo de casa. Decidiu então matriculá-lo num colégio da Capital do Oeste. O garoto via nisso uma possibilidade de esquecer um pouco a tragédia que tinha presenciado e à qual havia sobrevivido. Além disso, poderia fazer alguns novos amigos.

    - Chegamos, Gohan. ? Bulma disse. ? É aqui.

    Parou o carro em frente a uma construção imponente e moderna. No letreiro, o nome do colégio: ?Colégio West?.

    Gohan desceu e foi até o portão. Despediu-se de Bulma e entrou. ?Quem sabe, ele se sente melhor fazendo novos amigos.?, ela pensou.

    *

    - Esse é o Son Gohan, o novo colega de vocês. ? disse a professora. ? Pode se sentar ali, Gohan.

    Ele se sentou entre um garoto de cabelos verdes e uma garota de cabelo rosa.

    - Aquela é a sua mãe? ? a garota perguntou.

    - Não, ela não é a minha mãe.

    - O que ela é? Alguma parente sua?

    - Não, ela é amiga da minha mãe.

    - Ah...

    - Você é transferido? ? o garoto de cabelo verde perguntou.

    - Não, por quê?

    - Porque neste colégio chegaram alguns alunos transferidos. ? a menina disse.

    - De onde? ? Gohan ficou curioso.

    - Daquela cidade que foi arrasada por duas grandes explosões... Você não viu nos noticiários?

    Gohan quedou-se pensativo. Lembrou-se do momento em que estava travando o combate contra os andróides. E, principalmente, da hora em que usou o seu ki para gerar a redoma que protegeu tanto ele como Vegeta. Após as duas explosões, tudo em sua volta tinha ficado escuro e só foi acordar na casa de Bulma.

    - Não, eu não vi... ? ele respondeu hesitante ? Só fiquei sabendo depois. Deve ter sido horrível.

    - Que o diga Yakimo1!

    - Quem é Yakimo?

    - Ele! ? a garota apontou o garoto de cabelo verde.

    - Eu morava naquela cidade. ? Yakimo disse.

    - Mas ouvi dizer que ninguém sobreviveu! ? Gohan disse.

    - Na verdade, sobreviveu pouca gente. Mais ou menos umas vinte pessoas... Aqui no colégio, contando comigo, são cinco de lá. Foi muita sorte... Mas minha família não teve a mesma sorte...

    Ao mencionar isso, Yakimo ficou cabisbaixo. Gohan fazia ideia de como ele se sentia.

    - Ei, Yakimo! Será que vocês três podem prestar um pouco mais de atenção na matéria? ? era a professora chamando a atenção. ? Principalmente você e a Aisu2!

    - Ah, me desculpa, Sra. Hana3. ? a garota disse. ? A culpa é minha, não do Yakimo!

    - Está desculpada, Aisu. Agora você, Yakimo e Gohan vão prestar atenção na aula. No intervalo vocês podem conversar!

    *

    Tinha uma sensação estranha. Sentia o gelo percorrer-lhe a espinha, cada vez que a imagem dos androides vinha à sua mente. Mas sentia o ódio dominá-lo, quando se lembrava da humilhação que tinha sofrido nas mãos deles.

    Estava em meio a um deserto, bem longe de casa. Queria se isolar de tudo e de todos, até poder sentir novamente confiança em si mesmo. Sua autoconfiança andava mal das pernas desde a derrota para aqueles ?bonecos de lata?. Era uma das derrotas mais vergonhosas que já havia sofrido.

    Aquela sensação estranha voltou a perturbá-lo. Sentia como se sua vida estivesse perto do fim. Por quê?

    Fechou os olhos e se concentrou, a fim de ignorar a tal sensação. Transformou-se em Super Saiyajin. Começou a golpear os pedregulhos da área, como se fossem seus inimigos. Em cada golpe que desferia, despejava também a sua fúria, destruindo as formações rochosas do local.

    Vegeta deu uma parada. Não adiantava descontar sua raiva em rochedos. Eles não ofereciam resistência, muito menos reação.

    A sensação estranha reapareceu. Afinal, o que era aquilo?

    ?- Esses androides mataram todos... Será que não tem ninguém que os derrote??

    Era a pergunta que Bulma havia feito há quinze dias, quase que chorando. Depois disso, eles pareciam distantes um do outro. Aquele massacre havia afetado os dois. Bulma parecia desanimada e ele estava perturbado. Isso apenas fazia com que eles se afastassem cada vez mais. E o resultado, Vegeta já começava a sentir: estava, depois de muito tempo, acompanhado novamente pela solidão. Isso o incomodava.

    *

    - Ei, pirralho! Passa o lanche!

    Yakimo começou a tremer. Já fazia um mês que havia sido transferido para o Colégio West e há um mês dois valentões pegavam o lanche dele. E isso era todo santo dia.

    - T-Tá aqui...

    Ninguém tinha coragem de dedurar a dupla da oitava série. Kyuri4 era o filho do diretor e Paina5 era o filho da segunda família mais rica da Capital do Oeste. Eles eram temidos pelos alunos das outras séries.

    - Olha só, Paina! Que tal pegarmos o lanche do outro novato? ? perguntou Kyuri, apontando Gohan.

    - Boa ideia, cara!

    Eles abordaram Gohan.

    - Ô fedelho! ? disse Paina. ? Passa o lanche pra cá ou eu te dou uma surra!

    O garoto não se sentiu intimidado. Aliás, nem se mexeu. Mas Yakimo tremia feito vara verde.

    - Dá o lanche pra ele, Gohan! ? o amigo disse.

    - Isso mesmo, Gohan... ? Kyuri disse zombeteiro. ? Faça o que o seu amigo disse! Seja bonzinho e dê o seu lanche pra gente...

    - Não! ? Gohan retrucou.

    - Vai negar assim? Nós não aceitamos um não como resposta!

    - Mas a minha resposta continua sendo não!

    - Tá zoando da minha cara, é?!

    - Não! Eu só quero ficar com o meu lanche!

    - Você sabe com quem tá mexendo? Sou o filho do diretor deste colégio e meu amigo Paina é filho da segunda família mais rica da Capital do Oeste!

    Gohan não se alterou. Mas temia ter que usar a força pra se livrar da dupla. Pensou um pouco e disse:

    - E daí? Eu sou amigo dos donos da Corporação Cápsula! Quem me traz pro colégio é a Bulma, a filha do casal mais rico da cidade!

    - O QUÊ?!? ? os dois, surpresos, perguntaram ao mesmo tempo.

    Yakimo e Aisu começaram a se divertir com a situação criada. Paina e Kyuri se ajoelharam diante de Gohan e começaram a reverenciá-lo.

    - Por favor, perdoa a gente, e não vamos mais incomodar ninguém! ? Paina implorou.

    Gohan ficou surpreso e bastante constrangido. Mas era bem melhor do que ser obrigado a usar a força e chamar a atenção.

    - Prometem? ? perguntou.

    - Sim, prometemos! ? os dois disseram em uníssono.

    E assim eles devolveram o lanche de Yakimo e de mais cinco vítimas.

    - Nossa, pensei que você iria desafiar aqueles dois, Gohan! ? disse Aisu.

    - E eu pensei que você iria apanhar deles! ? disse Yakimo.

    Gohan deu uma risada.

    - Puxa, pensei que eles iriam rir da minha cara!

    - Mas é a verdade! ? disse a garota.

    O pequeno saiyajin riu, com a mão atrás da cabeça. No colégio, esquecia um pouco a solidão ao conviver com seus novos amigos. Estava recuperando a sua habilidade de sorrir.

    *

    Aterrissou no pátio de trás da casa. Estava cansado e bastante aborrecido. Entrou e foi direto à sua sala de treinamento. Trancou a porta por dentro e se sentou no chão. Respirou fundo, mas sentiu um forte calafrio.

    Outra vez aquela sensação estranha.

    Era como se fosse um aviso que batia sempre na mesma tecla. Pressentia o seu fim. Tinha visões horríveis de seu corpo ferido e inconsciente, jogado em meio a escombros de sua própria casa. À sua frente, estavam os androides, de braços cruzados e sorridentes.

    ?Malditos!?, dizia mentalmente, com as mãos na cabeça. ?Isso não vai acontecer! Não vou permitir que isso aconteça!?

    Sentia-se atormentado pela visão. Suava muito e estava trêmulo. Seria medo? Pavor? Por que sentia isso? Não deveria ter medo, não poderia agir como um inseto covarde. Era o príncipe dos saiyajins, e ele, o príncipe, não deveria ficar borrando as calças de medo.

    Pelo contrário, deveria recuperar a confiança em si mesmo. Mas não seria tão fácil, depois de levar uma surra como aquela.

    ?EU sou o guerreiro mais poderoso de todos!?

    ?Sou o guerreiro mais poderoso que existe!?

    ?Eu não preciso da sua ajuda e não preciso que ninguém salve a minha vida!?

    Onde estava aquele guerreiro orgulhoso? Onde estava aquele imponente príncipe dos saiyajins? Onde estava o ?grande? Vegeta? Tinha sido reduzido a um sujeito medíocre que, nos últimos dias, se via assombrado pela luta desastrosa que tivera contra os androides Nº 17 e Nº 18.

    ?Não posso ficar assim! Não posso agir como um verme covarde! Não sou um verme qualquer, não sou um inseto inútil!?

    Levantou-se e transformou-se em Super Saiyajin. Encheu os pulmões e bradou:

    - ANDROIDES MALDITOS! EU NÃO VOU PERDOAR VOCÊS POR ESSA HUMILHAÇÃO! EU SOU VEGETA, O PRÍNCIPE DOS SAIYAJINS, O GUERREIRO MAIS FORTE DO UNIVERSO!!! NÃO SOU UM COVARDE!!!

    Mas, mesmo assim, se sentia sozinho. Bulma continuava distante dele. E a sensação estranha de que poderia morrer a qualquer instante havia voltado. Sentia um vazio enorme em seu coração, mas não sabia o motivo.


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