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Capítulo 23: Um passado próximo: ter um amigo
- Isso tudo acontece com você garoto? – Hellt falava ao loirinho depois de ouvir a história do garoto, tomavam sorvete em uma lanchonete.
- Pois é, eu já não to aguentando mais... Eu só queria... – o garoto falou cabisbaixo, mas foi interrompido pelo samurai.
- Sabe garoto eu acabei de voltar de uma missão e to cansado, mas quando chegar em casa vou ter que fazer um super relatório, posso descansar na sua casa? – as palavras do samurai surpreenderam Jonas que ficou sem palavras por uns instantes, nunca havia imaginado que alguém como um samurai pudesse querer ir a casa dele.
- Claro que pode, mas é meio longe e você ta cansado e tals. – o garoto fala, Célio disse não se importar então saíram da lanchonete e rumaram até a rodovia.
- Sua casa fica perto da rodovia Jonas? – o samurai pergunta.
- Não, aqui passa o ônibus pra minha casa.
- Não leva a mal, mas não to disposto a andar de ônibus. – Hellt fala se abaixando rapidamente e levantando o garoto em suas costas, foi tão rápido que o menino nem percebeu o movimento, só notou que estava nas costas daquele jovem. – Pra que lado é sua casa? – Jonas apontou para o norte e, como um flash, Hellt correu no sentido apontado. O gordinho se segurou firme, tinha medo de cair, Hellt sorria de leve pelo medo do garoto até que o menino pede para parar.
- O que houve Jonas? – Célio pergunta.
- É aqui, na verdade é no alto do morro... – o loiro fala quando param, estavam a frente do aglomerado onde morava.
- Vamos subir então. – o samurai fala com um sorriso gentil e sobe rapidamente com o garoto, adentram a pequena moradia. Jonas fala a sua mãe que chegou e não ouve resposta, a mulher está dormindo profundamente, o garoto começa a mostrar a casa para seu novo colega, estava muito empolgado.
- E é aqui que eu durmo. – o garoto fala mostrando sua cama.
- O que é aquilo? – Hellt fala apontando um desenho num caderno, era um grafite com o nome “Jonas.” – Garoto isso é incrível! Você que fez?
- Foi, ficou legal mesmo? – o menino pergunta entusiasmado.
- Ficou muito foda! Sabia que eu também faço grafite? Eu grafito Hellt, é meu apelido de grafiteiro, qual é o seu?
- Eu não tenho isso... – o gordinho fala meio sem graça.
- Então você precisa de um, como é seu nome completo?
- Jonas Cornelius Tayson, é diferente né? As pessoas daqui falam que eu tenho nome e cara de menino rico... – o garoto fala.
- E o que você acha de seu apelido ser “Tay”, sabe de Tayson? – o samurai sugere e o garoto aprova sorrindo muito.
- Agora a gente precisa dormir, você tem aula amanhã não é? – as palavras de Hellt fizeram o garoto baixar sua cabeça novamente.
- Aula tem, mas eu não vou, eu não fiz um trabalho sobre profissões que era pra entregar amanhã e eu não quero mais apanhar daqueles meninos maiores...
- Como assim não fez? Samurai é uma profissão sabia? E pelo que a gente conversou você conhece muito sobre samurais, faz o seguinte eu apareço lá pra te ajudar a explicar o trabalho, depois eu peço a professora pra deixar você entregar o trabalho amanhã e te ajudo a fazer, o que acha? – os olhos do garoto brilharam de felicidade.
- Legal! Eu vou arrasar amanhã! – o loirinho falou fazendo pose já sem camisa o que assustou consideravelmente Célio.
- É... Garoto sua camisa... – o samurai fala surpreso com muita dificuldade, depois ele percebe os ferimentos no dorso do garoto.
- Não gosto de camisas, escuta eu posso falar pra todo mundo que tenho um amigo samurai? – o garoto pergunta animado.
- Claro que pode, por que não poderia? – Jonas nunca havia se sentido tão feliz, ele abraçou forte Hellt, algumas lágrimas desciam de leve.
- Garoto... Eu não sou do tipo anti-abraço, mas procure estar de camisa quando me abraçar, é meio estranho sabe? – o samurai fala sem graça e o garoto o solta. – Vou fazer algo legal pra você... – o samurai ergueu sua mão e colocou sobre a cabeça do menino, uma aura correu do corpo de Célio e foi ao corpo de Jonas, os ferimentos do garoto se curaram na mesma hora.
- O que você fez? – o gordinho pergunta feliz e curioso, Hellt responde que só ativou o poder do espírito guardião do garoto o suficiente para ele o curar daqueles pequenos ferimentos, o garoto mal se aguentava de emoção, nunca imaginou que algum dia veria alguma manifestação de seu espírito guardião. Depois de tal ato eles vão se deitar, Hellt ficou com o sofá, o samurai parecia não se importar com o cheiro forte de cigarro e bebida do local.
No dia seguinte o relógio desperta bem cedo, Jonas se levanta e se surpreende ao ver Hellt já de pé.
- Eu ia te acordar... – o menino fala.
- Eu durmo pouco, escuta, onde fica a padaria mais próxima? – o samurai pergunta e o garoto indica. – Valeu, agora volta a dormir, daqui a pouco eu te acordo. – Hellt falou empurrando o menino para o quarto, depois como um relâmpago foi à padaria e trouxe várias coisas como pães, bolos e tortas, no instante que Hellt preparava a mesa a mãe de Jonas acorda e sai de seu quarto, ela se assusta ao ver o samurai.
- Tudo bem? Eu sou colega do Jonas... – a mulher escuta tais palavras e se tranca no quarto.
- E agora essa, tem um samurai na minha casa e eu não tenho nem um batom... – ela fala tentando arrumar seu cabelo, aquela jovem se entusiasmou por seu filho conhecer uma pessoa de tão alto escalão como um samurai. Ela saiu do quarto o mais arrumada possível, Hellt se espantou com a ação, no entanto nada disse.
Mais ou menos uns trinta minutos antes da aula de Jonas começar Hellt o acorda, o garoto nunca havia visto uma mesa de café da manhã tão bonita, fazia tempo que não tomava café da manhã com sua mãe. Depois de comerem o samurai o levou a aula rápido como um foguete, antes de entrarem combinaram algo.
- E aí Jonas? Resolveu chegar cedo hoje né? – um colega pergunta ao adentrar a sala e ver o loiro já sentado em sua cadeira, não demora muito e a sala fica cheia, a professora adentra e pergunta sobre o trabalho de profissões, ela escolhe Jonas para começar a apresentação, o garoto estava nervoso, porém explicou algumas coisas sobre os samurais. Depois de tais explicações ele fecha a porta e as janelas, ninguém entende seu ato até que de súbito ao lado dele, a frente de todos, Hellt aparece.
- Isso é a capacidade de um samurai entendem? – ele falou isso apontando para seu colega, ninguém naquela sala havia visto um samurai antes, o espanto foi geral, a apresentação não poderia ser melhor. Hellt pediu a professora que deixasse o garoto entregar o trabalho no dia seguinte e ela aceitou de bom grado, Célio andou com o gordinho durante todas as aulas daquele dia, o garoto nunca havia chamado tanta atenção, na hora da saída o samurai se distanciou do garoto devido a um plano que fizeram.
- E aí leitãozinho?! – um dos garotos que perseguia Jonas fala chamando a atenção do gordinho, estava junto dos outros dois garotos que também maltratavam o loiro. Jonas começou a correr e foi até um beco, os garotos o seguiram, lá Jonas estava parado e observava seus algozes.
- Sabiam que conheci um samurai? Ele me ensinou coisas legais, como ativar o poder de meu espírito guardião! – ele falou e de repente chamas começaram a sair dele se espalhando para todos os sentidos, os garotos mais velhos saíram correndo desesperados, Hellt então sai de trás do menino rindo muito junto com ele.
- Essa foi ótima! – o samurai falou. Rapidamente voltaram pra casa que estava perfeitamente arrumada! Jonas nunca vira sua casa tão limpa, a mãe dele falou para Hellt ficar a vontade, ele deu uma risada sem graça e agradeceu. Depois de comerem ele voltou a falar com o menino.
- Escuta, hoje foi um dia legal não foi? – o samurai pergunta.
- O melhor de todos! – o garoto responde.
- Ruim é que eu não posso estar aqui pra sempre. – aquelas palavras bateram forte no garoto, quando Hellt fosse embora sua vida voltaria aquele estado deplorável que era antes. – Deixa eu te fazer uma pergunta Jonas, você gostaria de ser um samurai? – Célio olhava sério para o garoto, a resposta foi óbvia e quase instantânea:
- Claro!
- Todos querem ser samurais não é? Status, poder, o governo paga os samurais para protegerem seu país, qual é o seu motivo de você querer ser um samurai? É um desses?
- Não, eu quero ter a esperança de que algo melhor me espera! Eu me senti tão vivo hoje, eu quero me sentir assim sempre!
- Desculpe senhor samurai, não sei se o senhor percebeu mas somos pobres demais para pagar a academia samurai... – a mãe de Jonas fala, realmente formar um samurai demanda muito dinheiro da família, custos altíssimos, custos que aquela família não conseguiria pagar.
- Mas e se fosse de graça?! Eu to intercedendo junto aos governantes, junto a meu pai, eu to vislumbrando um projeto para bolsistas, para que alunos pobres possam aprender a arte samurai entendem? – Hellt mal escondia sua empolgação. – E não é só isso, eu vejo um futuro próximo em que no dojo de meu pai mulheres, pessoas baixas e acima do peso, enfim fora dos padrões atuais, poderão treinar e se formar como samurais!
- Mas isso é... – a mulher ia falar algo como impossível ou improvável, entretanto foi interrompida pelo jovem samurai.
- Incrível não é? Eu só preciso provar que essas pessoas têm a mesma capacidade de um aluno de família tradicional...!
- Eu posso ser essa pessoa! Eu posso provar que eu tenho força pra me forrnar como samurai...! – Jonas fala empolgado.
- É isso que eu queria ouvir! Se é o que você realmente quer amanhã eu começo a te treinar para passar no exame admissional! – o garoto mal podia conter seu entusiasmo. – Saiba que eu vou te exigir muito! Existem pessoas treinando desde menininho para esse dia e você só tem dois meses...
- Eu não ligo, eu serei um samurai tenho certeza disso! – a alegria tomou conta daquela casa, parecia que o garoto havia recebido uma injeção de ânimo e esperança.