Bom dia, boa tarde e boa noite.
Cap. 11 para quem estiver curioso para saber o que Homura vai aprontar XP
O plano de Homura, enfim, começa mostrar sua cara.
Boa leitura!
Apoiada no tronco de uma árvore que podia ser vista em qualquer rua de uma cidade, mas que ninguém sabe dizer o nome, Homura bebe café em lata suspirando aliviada por ter o corpo esquentado.
Depois de mais um gole olha para os lados, onde podia notar uma fila da mesma árvore na beira da calçada. Confirmando que não tinha ninguém por perto desencosta, saindo da sombra produzida pelos galhos, e vira-se de frente para a estrada. Na reta encontrava-se a barra de proteção para os pedestres e, além da estrada, o portão de aço barrava o acesso à escola primária de Mitakihara.
Verifica o enorme edifício construído para abrigar centenas de crianças de sete a doze anos. Suspira, dessa vez, de cansaço. Estava posicionada naquele local fazia uma hora à espera de uma conhecida. Pensando na tal conhecida seu estômago começa doer. Sabia muito bem que a dor não era por causa de algo que comera ou bebera durante o dia.
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Passara-se quase uma semana desde a separação. E mesmo sentindo um vazio, não podia ficar perdendo tempo. Tirando alguns dias de licença do trabalho alegando estar doente, Homura passou dias pensando no que poderia fazer em relação à Madoka tendo que suportar, ao mesmo tempo, as ligações de Tatsuya, provavelmente, pedindo uma melhor explicação. Todas foram ignoradas, seja as ligações, ou o interfone quando ele vinha diretamente ao apartamento.
Cortara qualquer tipo de contato com o rapaz. Tinha a sensação de que se o vesse ou ouvisse, ela iria entregar-se nos seus braços para fugir da responsabilidade em relação à Madoka, pessoa que realmente amava.
Mesmo se distraindo diversas vezes pelas tentativas de contatar do ‘ex’, conseguiu chegar numa possível forma de ficar de frente com Madoka no mundo real. Estava sentada na cama, encostada na cabeceira quando teve a ideia. No entanto o que ela sentiu naquela hora não foi felicidade, mas repulsa do pensamento e de si que imaginou uma coisa daquela.
Para tentar acalmar os nervos, fora direto para o banheiro tomar uma ducha gelada. Saiu do box e fica de frente para o espelho. Com continua aversão, diz para o reflexo que era o único jeito, que não se importava em escolher os métodos mais cruéis se fosse para ter sua amiga de volta.
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Fazia frio naquela tarde de quarta feira ficando nítido aos olhos o ar branco que saia pela boca dos pedestres. Homura protegia-se do clima usando um sobretudo preto que chegava até os joelhos, criando uma mistura perfeita com o cabelo da mesma cor. Por baixo um blazer azul marinho combinava com a gola alta da blusa branca. A calça jeans preta enfatizava as longas e belas pernas, tornando ainda mais perfeita por causa das botas de cano curto de mesma cor da calça.
Quando levara a lata de café na boca para dar mais um gole, o sinal familiar indicando o fim das aulas toca, fazendo Homura ficar com uma sensação nostálgica lembrando brevemente da época do fundamental.
Aparece um funcionário, provavelmente professor, para abrir o portão de aço liberando a passagem dos alunos. Não demora dez minutos para aparecer as primeiras crianças. A multidão de alunos com suas randoserus vermelhas, pretas e até azuis, fez com que Homura se surpreendesse. Fazia algum tempo que não via uma multidão dessas, já que, não tem tantas oportunidades de interagir com crianças, ou mesmo passar na frente de uma escola, depois do expediente, para ter uma visão dessas. Durante alguns minutos admira os pequenos conversando, provavelmente, sobre o dia na escola ou combinando de se encontrarem mais tarde. Mas lembrando do motivo por estar lá começa procurar pela multidão a pessoa desejada.
Alguns minutos conferindo as crianças, um vermelho bem chamativo entra em sua visão. Uma menina de altura similar aos outros se destacava pelos cabelos escarlates que chegavam até o pescoço. Os olhos da mesma cor das madeixas pareciam enormes rubis enfeitando seu delicado rosto arredondado. A randoseru era o toque final do trio vermelho. O cachecol branco criava um contraste perfeito com as peças vermelhas acima do pescoço e com o cardigã cinza liso. O vestidinho da cor da neve de mangas longas misturava-se com o tecido enrolado no pescoço, parecendo expor a candura da garota. A calça legging preta protegia as pernas do frio junto com o tênis all star de mesma cor.
Sem tirar os olhos da menina do outro lado da rua, começa segui-la. Desviando dos pedestres que a encaram intrigados, analisa a ruivinha conversando com as duas amigas que andavam ao seu lado. Uma delas, a mais rechonchuda, tinha cabelos castanhos bem clarinhos e usava uma blusa de moletom rosa. A outra com seus cabelos negros lisos cortados no estilo bob e junto com os óculos que cobria a metade do rosto fazia ter certeza para quem a olhasse que era a menina mais inteligente da turma que fazia parte.
Prosseguindo com a perseguição percebe na sua frente a faixa de pedestre. Não atravessara a rua antes por causa da barra de proteção, mas se corresse o risco de perder a ruivinha de vista, pularia a barra e abordaria a garota naquele instante. No entanto não fora preciso chamar essa atenção desnecessária. Parando na frente da faixa espera o sinal ficar verde e, antes de atravessar, dá uma ultima conferida se nem um automóvel estava em movimento.
Apertando o passo aproxima-se das meninas.
“- Yuma-chan.” Sem querer a voz acaba saindo mais alto do que imaginara.
Paralisadas, as três demoram alguns segundos até se virarem, mas quando reconhece a moça de cabelos longos, Yuma esboça um sorriso aliviado.
“- Homura-oneechan.”
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Com duas latas de café em mãos, que comprara na máquina de venda automática, Homura segue devagar para o banquinho de madeira onde Yuma está sentada. Ao lado do banco uma árvore ocupa o seu espaço de direito formando uma sombra um tanto quanto desagradável por colaborar com o frio de outono.
Entregando uma das latas para a garota senta-se do lado esquerdo dela e pressiona a tampinha para abrir a passagem do líquido. Dá um gole fazendo surge, na mesma hora, a agradável sensação de calor pelo corpo. Olha para o lado direito e fica impressionada com a garota que tomava o café sem fazer uma cara feia. A marca do café que escolhera era um dos mais amargos que já bebera. Claro que não fez de propósito, mas parece que a máquina daquele parquinho não era reabastecida fazia algum tempo, estando esgotados os outros produtos. Nesse caso, a única bebida conveniente que sobrava para aquele frio era o café com a embalagem vermelha. Vendo Yuma soltar um suspiro de alívio por estar aquecida, Homura sorri e dá mais um gole saboreando o amargoso da bebida.
Despedindo-se das amigas, Yuma seguiu Homura até o parquinho atual, próximo à escola, para ouvir o que a moça dos cabelos negros tinha para dizer. O parquinho em si era pequeno comparado com o parque Yuuki onde Kyouko e Homura botaram os assuntos em dia. Não tinha a mínima ideia do nome daquele local. A placa sem manutenção e sujeira, que acumulou conforme o tempo passava, fez com que qualquer escrita que indicasse a nomenclatura se perdesse.
O descuido era visível nos brinquedos. As travas de metal do trepa-trepa estavam enferrujadas. As madeiras que compunham o balancé e o balanço encontravam-se podres. E a areia da caixa de areia soltava um cheiro desagradável de urina, provavelmente feito por cachorros ou um vândalo sem mais o que fazer. O descuido podia ser visto na cerca de arame em forma de diamante, onde diversos pontos pareciam arrebentados, criando buracos que possibilitava a passagem de uma criança de dez anos de idade.
No momento que vira o desastre que estava o parquinho, claramente voltado para o público infantil, Homura ficara intrigada como ninguém exigiu uma reforma daquele ambiente.
Mais um gole no líquido amargo e joga a cabeça para trás olhando o céu, criando um sentimento melancólico dentro dela. Já não bastava aquele parquinho horrendo, para completar, o céu estava nublado envolvido em uma camada de nuvens cinzentas. Entretanto, mesmo se aquele cenário na sua frente fosse um dos lugares mais belos de Mitakihara e o sol cintilasse, tudo seria em vão por causa da conversa que iria ter com Yuma. Lembrando isso, Homura leva a mão esquerda até a barriga e aperta suavemente suportando a dor constante que perdurava desde a hora que acordou.
“- Homura-oneechan?” Uma voz infantil quebra o silencio entre as duas.
Voltando o olhar para o lado, Homura pôde ver Yuma observando-a preocupada.
“- Tudo bem?” Pergunta apertando a latinha vermelha com as duas mãos.
Homura percebe o motivo do questionamento e tira a mão esquerda da barriga, mas, provavelmente, deve ter franzido o cenho de dor para Yuma ter demonstrado a preocupação daquele modo.
“- Sem problemas Yuma-chan. É só uma colicazinha chata. Logo passa.” Esboça um sorriso caloroso no rosto tentando tranquilizar a garota.
Balançando a cabeça afirmativamente, Yuma dá mais um gole no café parecendo aliviada. E equilibrando a lata em cima da coxa, pergunta.
“- Posso fazer uma pergunta, Homura-oneechan?”
“- Já fez minha querida.” Com uma expressão jubilosa brinca com a ruivinha, que também parecia ter achado graça.
“- Brincadeira. Pode fazer a pergunta que quiser.”
“- Como ficou sabendo que eu estudava na escola primária de Mitakihara? Minha mãe lhe contou?”
Por um instante Homura para de respirar. Sentiu a dor na barriga voltar, mas tenta manter o sorriso.
“- Tatsuya-kun me contou.” Responde calmamente.
“- Verdade, o Tatsuya-oniichan sabe onde estudo.”
Com uma expressão de surpresa por não ter lembrado do ‘oniichan’ favorito, Yuma assente com a cabeça aprovando a resposta da “oneechan”.
A dor pontuda na barriga aumenta como se tentasse puni-la. Não era mentira que o “ex” tenha contado o local da escola em que Yuma estudava. Mesmo assim, uma culpa começa atormenta-la, sentindo como se estivesse diante de uma santidade prestes a desmascara-la.
“- Então, qual assunto você tem para tratar comigo?”
Ouvindo a pergunta da garota, engole em seco pressionando a latinha com a mão. E avalia qual a melhor método para começar a detestável conversa. Na verdade, já tinha em mente a melhor frase para tratar do assunto, mas por causa das ultimas duas perguntas, e o jeito de falar de Yuma, fez Homura ficar cautelosa, afinal, a menina parecia mais esperta do que parecia.
“- Yuma-chan, você si considera uma pessoa boa?”
Yuma arregala os olhos. Pega totalmente desprevenida não entende o motivo daquela pergunta. Mas vendo a expressão séria de Homura, baixa a cabeça e olha para latinha já vazia respondendo sem jeito.
“- Sim. Eu me considero uma pessoa boa.”
“- De que forma?”
“- Bem... eu obedeço às regras, não cometo nada de errado, não minto e... não gosto quando uma pessoa está infeliz ou sofrendo.”
Um sorriso gentil, mas claramente envolvido em um tom maligno, surge no rosto de Homura como se já estivesse esperando por essa resposta. Pressionando mais uma vez a barriga resiste à dor e prossegue com a fala.
“- Verdade. Também não gosto de ver ninguém em uma situação dessas. Mas sendo sincera com você, Yuma-chan. Como uma criança, mesmo que encontre alguém em uma situação dessas, não poderá fazer nada para ajuda-la.”
O medo domina o semblante delicado de Yuma. O sorriso e o tom na voz de Homura fez com que assustasse a ruivinha. Mesmo assim, ela resiste firmemente para não cair em choro.
“- Discordo de você! Mesmo eu sendo uma criança, acredito que exista algo que posso fazer!” Retorque o que Homura acabara de dizer.
“- E existe.” Dessa vez, com um sorriso suave, Homura diz para a garota.
“-Você acredita em magia?”
“- Magia?” Mesmo confusa pela repentina suavização na fala da moça, Yuma repete com um olhar curioso, mas logo o brilho de curiosidade some e dá lugar ao olhar sereno. “- Do que está falando, Homura-oneechan? É claro que esse tipo de coisa não existe.”
“- Você é uma criança minha querida. Acho que deveria acreditar na fantasia de poder usar poderes mágicos.” Com um tom debochado diz para ruivinha, que enchia a boca de ar fazendo saltar a bochecha esquerda, demonstrando sua fúria.
“- Já tenho dez anos e logo faço onze. Não sou mais uma criancinha para acreditar nessas fantasias infantis.”
“- Mas é algo que deveria acreditar. Você, nessa idade, ainda tem a chance de adquirir essa maravilha e contribuir para a felicidade das pessoas.”
Observando a postura como Homura discursava, Yuma repara que a moça de cabelos negros não estava de brincadeira.
Abalada, pensa se realmente era possível a existência de magia nesse mundo e o que poderia fazer com sessa maravilha para ser útil às pessoas.
“- Yuma-chan.”
“- Sim!”
Surpresa por ser chamada de repentinamente, após estar mergulhada em seus pensamentos. Yuma vira o corpo para Homura e ajeita a postura prestando atenção no que a moça tem para dizer.
“- Nesse mundo... existe magia e esperança.”