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Capítulo 19
Uniforme novo: Enfim, pronto!
Depois de tanta confusão durante a madrugada, que só o deixara ainda mais cansado, Vegeta acabou conseguindo acordar só depois das dez horas da manhã. Evidentemente, acordava com um humor terrível, pior do que de costume. Isso, sem contar com a cara de acabado que ainda exibia.
No mesmo instante em que saía quase rastejando ainda pelo cansaço da madrugada, Bulma saía um pouco mais disposta. Claro, ela dormia feito pedra...
- Bom dia, Vegeta! ? ela disse com um sorriso no rosto.
A única resposta foi um grunhido.
Ambos foram até a cozinha e se sentaram à mesa, frente a frente um com o outro. Os olhos azuis fitaram os olhos negros. Era evidente que os dois não esqueciam o ocorrido na noite anterior. Principalmente a cientista.
Tomaram café da manhã sem trocar mais palavras além do essencial, como ?me passa o leite?, ou ?pega a manteiga pra mim?. A única voz a ser ouvida ali era a da Sra. Briefs, falante como sempre.
Depois disso, cada um pegou seu rumo. Bulma foi direto ao laboratório e Vegeta se arrastou até a nave para treinar... Ou tentar treinar.
*
No laboratório, Bulma tentava se concentrar para terminar o tão esperado uniforme de Vegeta. Não foi muito difícil dessa vez, porque agora tinha motivos para se animar a fazê-lo. Passava a encarar aquela tarefa como uma retribuição a dois gestos inesperados do saiyajin em relação a ela.
A verdade é que esse tempo que passou após aquela festa só fazia com que ela começasse a sentir algo mais por ele. Era engraçado como, mesmo tão diferentes, tivessem alguma coisa em comum...
E como um grosseirão como ele podia ter alguns lampejos de ?bom-moço? de vez em quando.
Bulma estava mais e mais atraída por ele, isso era um fato. Tanto quanto a sensação de que os poucos lampejos de cavalheirismo dele compensavam quase todas aquelas suas atitudes rudes. Mas, mesmo assim, parecia conseguir enxergar algo de bom nele, que os outros não conseguiam notar.
Tudo parecia meio surreal após a chegada dele.
O último gesto de Vegeta, na noite anterior, fez com que ela gostasse ainda mais dele. Não gostava só dessas ações dele, mas de vez em quando gostava até de discutir com ele. E desconfiava de que ele também gostasse dessas discussões.
Só que se arrependia de não ter se atirado logo nele quando teve a chance, enquanto olhava as medidas do saiyajin. Ela se abanou ao se lembrar disso. Foi preciso muito autocontrole pra não chegar a essa loucura...
Olhou para o tecido azul royal e suspirou. Não conseguia mais esconder o quanto estava caidinha por ele.
*
Já havia perdido quase toda a manhã dormindo. Odiava quando isso acontecia. Como estava perto da hora do almoço, resolveu se dedicar apenas a alguns exercícios mais leves como, no momento, algumas centenas de abdominais a uma gravidade aumentada em 350 vezes.
No ?quase milésimo? abdominal, parou e permaneceu estendido no chão, olhando para o teto. Com o braço, limpou o suor da testa. Ainda se lembrava muito bem do ocorrido na última madrugada. Não só daquele verme inconveniente e barulhento, mas também de como havia sido sua própria reação ao vê-lo quase beijar Bulma.
Isso tudo o deixara tão furioso, que nem se importou se lutaria com aquele sujeito, vestido de pijama azul-marinho. Só de vê-lo, aquela raiva começava a querer explodir de dentro dele. E, além disso, havia percebido a perturbação de Bulma na hora em que Yamcha havia se aproximado dela. Depois disso, esteve disposto a pulverizá-lo ali mesmo. No entanto, sentiu que seria um desperdício gastar energia pra tanto.
Por isso, simplesmente deixou seu ki aumentar de uma vez, para afastar aquele verme dali.
Depois disso, adentrou o quarto dela, a fim de saber se tudo estava bem com ela. Percebeu que ela tentava inutilmente esconder as lágrimas, mas não conseguiu. Ainda não entendia a razão de ela ainda chorar por causa daquele ?verme?. Viu o delicado rosto dela voltar a ficar úmido e, sem pestanejar, secou-lhe a face. Depois disso, resolveu voltar ao seu quarto.
E durante todo o resto da noite sonhou com ela, como em todas as noites.
Por mais que tentasse, não conseguia tirá-la de sua mente.
Estava nesses pensamentos, quando ouviu uma voz, vinda do monitor interno da nave.
- Vegeta! Você está aí?
Era Bulma.
- É óbvio que estou, não está vendo? ? respondeu ainda deitado no chão, parecendo meio desligado. ? O que você quer, pra me interromper?
- Interromper o quê, se não for perguntar demais? ? ela disse com ironia.
- Interromper o meu sossego.
- Tá bom... Se você não quiser vir ao laboratório provar o uniforme novo, tudo bem...
Ela já ia dando as costas para o monitor, quando ele se levantou rapidamente e perguntou:
- O uniforme...? Pronto...?
- É claro que sim. Se não estivesse pronto, eu não te chamaria.
- Eu já vou.
- Tô te esperando! ? ela disse e logo desligou.
*
Chegou ao laboratório e abriu a porta. Ao entrar, olhou para todo aquele ambiente. Não se parecia em quase nada com os laboratórios dos domínios de Freeza, que eram cheios de computadores ultramodernos, tanques de regeneração e outras coisas mais. Pelo contrário, aquele lugar era mais simples, apesar de amplo, e tinha um computador enorme em uma das paredes. Além disso, tinha mesas e estantes cheias de tubos, ferramentas e até mesmo amostras de metais, componentes eletrônicos e inclusive amostras de tecidos ? contando com seu antigo traje de batalha.
- Ficou parecendo que você nunca tinha entrado aqui antes, não é? ? Bulma perguntou, ainda sentada numa das cadeiras giratórias.
- Eu já entrei aqui várias vezes, se não se lembra.
- Sim, é verdade. Mas aposto que nunca percebeu nada daqui.
- Cadê o ?tão? falado traje novo pra mim?
- Aí, adiante do seu nariz! Para de olhar pra mim, e olha mais pra frente!
Vegeta olhou mais adiante e encontrou dois manequins. Um estava com o collant azul royal e o outro estava com a armadura branca de alças. Intrigado, o saiyajin se aproximou dos dois manequins e os fitou com olhar investigativo.
- Se duvida tanto que tenha ficado bom, pode esticar aí! ? Bulma disse, se referindo ao collant.
Ele pegou uma das mangas do collant e puxou. Ficou surpreso com a grande elasticidade do tecido. Não esticava tanto quanto o antigo uniforme, mas isso não importava. Não se transformaria mais em macaco gigante mesmo... Apesar disso, aparentemente aquele tecido parecia confortável ao toque.
- Hmm... Até que não saiu tão mal...
- Posso entender isso como um elogio?
- Entenda como quiser. ? ele disse, agora voltando sua atenção para a armadura.
Aproximou-se do outro manequim, e pôs o dedo indicador na nova armadura, a fim de saber a textura do material usado na confecção dela. Ainda tinha dúvidas se de fato aquela armadura era resistente.
- Por que não experimenta dar um golpe nela?
- Aposto que ela vai quebrar. ? ele respondeu com sarcasmo.
- Vá em frente e tire suas próprias conclusões...
Vegeta resolveu ouvir Bulma, após hesitar por um momento. Desferiu um poderoso soco contra a nova armadura, e mandou o manequim com ela pra parede oposta, deixando a cientista de olhos arregalados. A parede ficou com a marca do impacto.
Os dois se aproximaram do local onde estava o manequim, que ficou danificado. Bulma exibia um sorriso de satisfação, enquanto Vegeta estava surpreso. A armadura estava intacta, sem um arranhãozinho sequer.
- Ela... Resistiu...?
- Claro! Sou ou não sou um gênio? Além de linda, é claro...
Uma gota apareceu na testa do saiyajin. ?Como ela vive se gabando?, pensou. Mas não esperava que a armadura fosse resistir nem mesmo a um golpe aparentemente simples. Realmente o professor havia acertado nos cálculos.
- Bom, sem mais delongas, é melhor provar logo esse traje. Aposto que você quer voltar logo a treinar, não é? Bom, fique à vontade pra se trocar. Vou sair do laboratório, ok?
Bulma saiu do laboratório, mas ficou perto da porta. Mal podia esperar pra ver Vegeta vestido com sua obra-prima. Não conseguia conter sua ansiedade. Tinha até vontade de abrir aquela porta antes mesmo de ele terminar. Mas tinha que resistir à tentação...
- Pronto, já terminei.
A porta se abriu de supetão, logo que Vegeta havia falado ?terminei?. Bulma havia abrido a porta tão de repente que se desequilibrou e caiu no chão. O saiyajin, vendo a cena, não deixou por menos:
- Definitivamente, você é mesmo muito maluca.
Ela estava hipnotizada demais pra poder responder à observação do saiyajin. O uniforme novo tinha ficado perfeito! Os olhos azuis de Bulma brilhavam de tanta alegria ao ver que Vegeta havia ficado tão bem usando sua mais nova criação.
O saiyajin, vendo esse brilho todo no olhar dela, sentiu um arrepio percorrer-lhe a espinha. Na verdade, aquele brilho nos olhos azuis era irresistível para ele. Mas, ele resolveu sair dali de fininho, ou faria algo de que poderia se arrepender depois.
Mas seu plano não deu certo.
- Vegeta, você não vai me dizer nem mesmo um ?obrigado??
Ela já sabia do plano dele. E o que ele faria pra se desvencilhar dela?
Estacou no limiar da porta. O coração acelerou um pouco. Sentia-se tentado a olhar para trás, para aqueles tentadores olhos celestes.
Tentou resistir, mas não conseguiu. A noite da festa vinha à sua memória de novo. Virou-se e olhou para trás, Bulma estava bem ali, a um passo de distância dele.
- O que foi? ? ela perguntou. ? Ah, esqueci! Você não agradece ?seres inferiores?, não é? Já era de se esperar, vindo de um sujeito mal-educado como você...!
- Fecha essa matraca! ? Vegeta disse, erguendo apenas o canto da boca.
- O quê?! ? ela ficou indignada. ? Você não manda em mim, entendeu? Você não man... Hããããã...?!
Num movimento rápido, o saiyajin agarrou as duas mãos dela e fez seu rosto se aproximar do da cientista que, a essa altura, estava sem reação alguma além da surpresa.
- Você não queria uma retribuição? ? perguntou com seu típico sarcasmo.
Bulma não respondeu. Foi o bastante para o saiyajin conseguir concretizar o que queria na hora. Colou os lábios nos dela, num beijo um tanto ardente, embora meio desajeitado ainda.
Foi o suficiente para que os dois perdessem a noção de tempo ali. Era como se tudo tivesse parado à volta deles.
Depois disso, se separaram. Tanto Bulma como Vegeta olhavam incrédulos um para a cara do outro, não acreditando muito no que acabava de acontecer. O saiyajin tentou se recompor e, ainda muito corado, disse, marchando rumo à porta do laboratório:
- N... Não gosto de dever nada a ninguém!
Bulma apenas ouviu a porta se fechar e demorou pra se refazer do inesperado. Parecia estar mesmo nas nuvens com aquele beijo. Tentou, tentou, mas não conseguiu resistir à vontade de gargalhar. Principalmente depois que ele disse que não gostava de ?dever nada a ninguém?.
Mas, depois de dar tanta risada, pensou e repensou sobre o acontecido. E tirou uma conclusão:
- Ora, ora... Difícil de acreditar, mas parece que ele tá correspondendo...