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Capítulo 2: Alaster
As gargalhadas corriam pela sala onde Hellt treinava seus discípulos, risadas tão altas que chamaram a atenção de uma mulher que passava do lado de fora.
- Licença? Nossa que alegria é essa? – uma pessoa perguntou adentrando o local, uma mulher de óculos e roupa de samurai das cores roxa a camisa e branca a calça, possuía uma placa amarrada em seu braço direito com um ômega talhado, tinha cabelos pretos bem lisos e amarrados fazendo um coque, de estatura média e olhos pretos.
- Rosana?! Você não vai acreditar no quanto meus irmãos melhoraram...! – Hellt fala empolgado a sua irmã de sangue.
- Eu imagino Célio, seus alunos são joias raras, muitos dos nossos irmãos tem uma leve inveja de seus garotos. – ela fala em tom de piada. – Mas você não acha que é próximo demais deles? – ela pergunta.
- Eu gosto de treinar poucas pessoas justamente pra manter a proximidade. – o mais alto responde.
- Você e seus métodos estranhos, bem eu vou indo e acho que está na hora deles irem pra casa também não é? – Rosana fala e Hellt confere as horas, realmente é muito tarde para os garotos ainda estarem ali, ele lembra seus alunos dos horários e eles correm pra pegar suas coisas e ir embora. – Sou um distraído mesmo... – ele fala em tom de piada a sua irmã que balança a cabeça negativamente com um leve sorriso e sai.
- Caras eu to com muita fome! – Daniel afirma pegando sua mochila, é muito comum ver nesta era as pessoas passeando com suas katanas e com as roupas do dojo em que são ensinadas por isso eles não trocam de roupa para ir pra casa.
- Você vive com fome Daniel. – Jun afirma.
- É sério cara eu preciso comer algo.
- Não é pra tanto não é? – de repente um grunhido assustador interrompe o raciocínio do garoto. – Isso foi sua barriga? – Jun pergunta assustado ao loiro.
- Minha e a do Antony, quando elas roncam juntas faz esse barulho entende? – o gordinho de olhos castanhos fala e seu irmão concorda.
- Realmente assustador! Vamos passar na lanchonete antes de ir pra casa? – a moça sugere. – Todo mundo pegou as mochilas? Vamos...
- É! Lanchonete! – Antony fala muito empolgado tão empolgado que esquece de pegar seu colar de linha preta e pingente de crucifixo, eles passam por Hellt e se despedem.
- É mesmo! O Alaster vai me ensinar o golpe hoje, se eu não perturbar ele não me ensina! – o mestre dos jovens fala aparentemente sozinho se lembrando de algo importante.
- Alaster não gosta de ser importunado e você sabe disso. – uma voz responde ao espadachim naquele corredor perto da sala em que leciona.
- Ele tem que me ensinar Farfinir, senão eu vou enlouquecer ele. – Hellt fala sorrindo respondendo a Farfinir que é seu espírito protetor, um dragão vermelho com dois chifres pontudos e grandes acima dos olhos e um carreira de pequenos chifres que desce até sua calda, o espírito tem postura humana e duas grandes asas, cada samurai tem um espírito que o protege, se samurai e espírito estiverem bem sincronizados seus poderes se tornam quase perfeitos, o portador do espírito o enxerga perfeitamente porém os de fora só enxergam se houver uma grande manifestação de poder.
- Não dá pra te impedir não é seu cabeça oca?! – Farfinir falou e Hellt subiu o dojo em disparada procurando Alaster, o dojo da família Ômega é enorme tanto que de fora da cidade é possível enxergá-lo, tem o formato de um templo japonês e sua cor dominante é o vermelho, também é a moradia da família Ômega, é chamado tanto de Castelo Ômega quanto Dojo Ômega.
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- Porra! – Antony fala quase gritando na lanchonete o que chama atenção de todos ao redor.
- A boca garoto, o que eu te falei sobre palavrões em lugares públicos? – Daniel repreende.
- Desculpa mas é que agora que eu lembrei do meu cordão, eu esqueci no dojo. – o garotinho fala.
- Não acredito! – o loiro fala de cara fechada. – Agora a gente tem que voltar lá pra pegar, vem comigo. – o irmão mais velho se levanta e puxa o braço do mais novo, sua intenção é voltar ao dojo. – Vem com a gente Evellin? Você é mais velha e se falar que esqueceu algo lá eles te deixam entrar...
- Mas eu nem terminei minhas batatas! Ta certo vamos. – a moça se levanta meio desanimada.
- Se vocês vão voltar eu também vou. – Jun afirma e se levanta.
- Eu não te chamei garoto? Faz o seguinte traz os lanches pra gente ir comendo no caminho, seja útil entende? – Daniel fala maldosamente.
- Você não manda em mim chupeta de baleia! Mas a ideia de levar os lanches é boa. – o de pele morena responde. – Hei me espera! – fala levando os lanches.
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- Oi Alaster, finalmente te achei cara! – Hellt fala ao encontrar com seu irmão nos últimos andares.
- Cara?! Como você se refere a mim com esse linguajar? – Alaster fala com uma expressão suave mas com olhos de desprezo.
- Calma, você sempre tão nervoso, é por que você é o mais velho? – Célio fala em tom de piada.
- Você é patético Célio! O que você quer? – Alaster fala de olhos fechados, ele é um homem de 40 anos, muito claro, da altura de Hellt, seus olhos são castanhos escuros e seu cabelo longo e negro, a parte de cima de sua vestimenta é negra e a de baixo branca. – Veio falar de seus alunos estranhos e sem respeito?
- Eles são incríveis cara! O Daniel é muito forte fisicamente e o Antony ta desenvolvendo o poder telecinético e ele só tem 6 anos! Sem falar na Evellin que é veloz como um samurai de alto nível e o Jun que é...
- Não estou interessado em seus alunos punks! – Alaster fala ensaiando ficar furioso.
- Ta bom, olha eu só quero que você me ensine uns golpes pode ser? – o de cabelos cacheados fala.
- Seu linguajar é um esgoto sabia? Vou te falar pela última vez... – o mais velho segura o mais novo pelo colarinho e o ergue apenas com sua mão direita. – Você é um mestre! Você não aprende com outros mestres, você ensina as gerações futuras ta ouvindo? Eu não vou te ensinar porcaria nenhuma e me deixa em paz! – fala arremessando seu irmão na parede e se vai dali.
- Eu te falei que o Alaster ia se aborrecer. – Farfinir afirma.
- Eu sabia que isso ia acontecer, mas eu não ligo, ele vai me ensinar a qualquer hora você vai ver! – fala Célio no chão massageando sua cabeça. – Ele ta viajando Farfinir, não é porque sou mestre que não tenho mais nada pra aprender, eu vou continuar perturbando ele. – o dragão balança a cabeça negativamente numa expressão de desistência.
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- Ainda não achou Antony? – Daniel fala impaciente e seu irmão responde negativamente.
- Garotos eu vou deixar vocês aí porque eu vou conversar com o Hellt sobre a festa. – a moça fala.
- Eu também preciso falar umas coisas com ele e justamente sobre a festa, Jun cuida do Antony pra mim. – Daniel falou e saiu com a garota.
- Seu gordo filho da puta! Eu já te falei que você não manda em mim! – Jun falou furioso, quando fica nervoso seus dentes ficam serrilhados e vapor a alta pressão sai de seus ouvidos e nariz. – Antony seu irmão é um folgado!
- Eu moro com ele, me conta uma novidade agora. – o garotinho fala ironicamente.
- Você falou pro Jun cuidar do seu irmão? – a jovem fala andando pelo corredor. – Pela idade mental dos dois é mais fácil seu irmão cuidar do encrenqueiro do Éder! – o loiro começa a rir. – Hei Daniel o que acha da gente fazer uma corrida pra achar o Hellt? – a expressão do gordinho muda na hora.
- Corrida?! Mas você é a mais rápida! Vai ganhar fácil de mim e você sabe disso!
- Adoro ganhar! Vamos! – depois dessas palavras começa a correr e Daniel a segue.
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- Aonde o Alaster foi? – Hellt se pergunta e aos empregados, pergunta até aos poucos alunos que vê, nesse instante ele olha do lado de fora pra cima e vê uma silhueta parecida com a de seu irmão mais velho entrando na sala principal que é a única sala do último andar.
- OI HELLT! – a voz de Daniel alcança os ouvidos de seu mestre, o gordinho o viu pois foi no instante que ele se apoiou na beira do andar para descansar da corrida.
- Daniel?! Por que está aqui essa hora? – o mais alto pergunta.
- E aí? É que eu e o Daniel queríamos falar com você tem algum problema? – a garota pergunta quase gritando, Hellt pergunta se era urgente e eles respondem que era sobre uma festa, falaram que podiam conversar depois e que só estavam ali porque precisaram voltar pra pegar o cordão do Antony.
- É que eu vou lá na sala do pai, se vocês quiserem esperar... – Célio fala e seus discípulos resolvem aguardar, o mais velho então se dirige a sala de seu pai, os jovens também, iriam esperá-lo ao lado da porta da sala principal.
- Alaster eu tenho que insistir, você tem que... – o raciocínio de Hellt é interrompido pela cena aterradora que vê ao abrir a porta: seu irmão mais velho retirando a espada do corpo de seu pai. – PAI!!! Alaster o que você... Pai... Por quê? – Hellt mal consegue formular uma pergunta descente devido à surpresa.
- A nova era de dominação começa agora irmãozinho! – o mais velho fala com um sorriso demoníaco na face, em sua mão direita sua espada, na esquerda um objeto oval dourado com detalhes que lembravam um olho fechado. – Contemple pela primeira e última vez o Olho das Eras! – “primeira e última? Desgraçado ele quer me matar também!” foi o que o mais novo pensou naquele momento, “espera, Olho das Eras? Como...?”A mente do jovem de barba estava muito confusa, mas já havia entendido que precisaria lutar.