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Capítulo 5:
Exaustão
Já faltavam três dias para a grande festa. Bulma estava bastante atarefada com os preparativos da festa de aniversário de casamento dos pais, ajudando a enfeitar o salão de festas da grande mansão. Tanto que já era noite e ela ainda estava lá. Foi quando ouviu a campainha tocar e, como não tinha ninguém por perto para atender, ela mesma teve que abrir a porta. Foi quando deu de cara com Yamcha, que resolvera reaparecer.
- Oi, Bulma ? ele disse com ar sem graça. ? A gente pode conversar?
- Hmmm... Posso pensar? ? ela perguntou com ironia. ? Não, acho que não vai dar... Preciso aproveitar o meu tempo livre e mexer com a decoração da festa dos meus pais...
- Ah, qualé, Bulma... Não vai dizer que ainda tá chateada com o que eu disse outro dia...
- E como não, Yamcha? ? ela fechou a cara. ? Você não percebeu o que me disse aquele dia? Que eu estava caindo de amores por um saiyajin assassino? Não desconfiou nem por meio segundo que estava me caluniando feio? Acha mesmo que eu me envolveria com um lunático como Vegeta?
- É que... Naquela hora eu estava com a cabeça quente...
Bulma empinou o nariz, fazendo ar de indiferença.
- Olha... ? Yamcha prosseguiu. ? Banquei mesmo o ridículo naquele dia, eu confesso... Mas depois eu encontrei a sua mãe, e ela falou que viu tudo. Quando eu ia indo embora, ela me chamou e conversou comigo... Contou tudo, e a minha cara faltou cair de tanta vergonha... E demorei a aparecer aqui por isso, tava esperando a poeira baixar pra conversar com você...
- E...?
- Ela disse que viu tudo, e que tudo não passava de um acidente. Eu agi como um babaca e não acreditei em você. Olha, eu vou entender se você não me quiser mais...
- Yamcha... Você acredita em mim? De verdade?
- Agora acredito, Bulma... Agora acredito.
- Então, o nosso noivado ainda tá de pé?
- Como é?
- Claro, se ainda estiver de pé, a gente ainda vai dançar a valsa e esquecer essa confusão... Você é um amor de pessoa, e acho que a gente daria certo pelo resto da vida... Também pensei bastante, e acho que posso ser menos distraída. Não quero desperdiçar esse tempo todo de namoro.
De repente, se lembrou de algo:
- Ai, não! Temos que arranjar pra você uma fantasia e...
Subitamente, tudo ficou escuro. Acabava de acontecer um blecaute.
- O que aconteceu? ? ela perguntou já abraçada ao namorado.
- Sei lá o que aconteceu pra ter esse apagão...
- Aqui em casa tem um gerador de emergência, lá nos fundos... Tem jeito de você iluminar o caminho?
Ele carregou uma pequena esfera de ki no seu dedo indicador e os dois tomaram a direção onde estava o gerador. Mas Yamcha estacou em frente à nave Cápsula 3. Bulma, que estava logo atrás, deu uma topada nele.
- Por que parou?
- Você não acha estranho? ? ele perguntou.
- O quê?
- Deu o apagão e o Vegeta nem pra sair e te encher...
- Agora que você falou, eu achei estranho... Ele deveria ter surtado por causa disso... Principalmente, porque meu pai inventou de ligar a parte elétrica da nave à rede elétrica da casa...
- Tá tudo quieto demais, Bulma...
Yamcha se concentrou e começou a sentir um ki bem fraco. Vinha da nave. Seria possível que esse ki fosse de Vegeta? Não tinha como errar, era um ki de saiyajin.
- Tem algo estranho lá dentro, Bulma. ? ele disse.
- Estranho? O que é?
- É o ki de Vegeta... Está bastante fraco...
Bulma sentiu uma pontada no coração. ?O que será que aconteceu com ele??, pensou.
- Bulma, eu vou arrombar a porta. Ele pode não valer nada, mas eu me sentiria mal se não fizesse alguma coisa. E, se eu não fizer, posso acabar me parecendo com ele.
- Bom, tudo bem, mas toma cuidado pra não ser alvejado por ele!
- Se ele tiver forças pra isso...
Yamcha tomou distância e correu de encontro à porta da nave. A porta não cedeu com esse primeiro impacto. Ele tomou distância novamente e se impulsionou contra a porta com mais força. Mas parou no meio do caminho quando a porta foi arrombada de dentro pra fora. Nem deu tempo de Bulma se afastar, e Vegeta caiu em cima dela, fazendo com que os dois fossem parar no chão.
- AAHH! O que aconteceu...?! ? ela perguntou quase sufocada pelo peso do saiyajin sobre si.
Bulma tentava se livrar dele, mas era difícil. Ele estava bastante ferido e mal conseguia se mexer, embora se esforçasse para tentar se levantar. Yamcha dessa vez não tinha motivos pra se enciumar tanto de Bulma, pois viu que era apenas um acidente.
- Yamcha... Me ajuda aqui...! ? ela disse.
Ele prontamente tirou Vegeta de cima dela, e percebeu que o saiyajin mal conseguia manter a sua consciência.
- Me... Solta... Verme...! ? Vegeta balbuciou. ? Não... Preciso... De sua ajuda...!
Yamcha não deu atenção ao protesto do saiyajin. Seu instinto humano falava mais alto do que qualquer raiva. Ouviu um gemido de dor do guerreiro e o viu levar a mão à altura das costelas, no lado esquerdo.
- Como você não precisa de ajuda? ? Bulma questionou. ? Olha só como você está! Nem se aguenta em pé!
- A última coisa que preciso... ? ele revidou. ? É de alguém... Pra me encher o saco...! E você, verme... ? olhou para Yamcha. ? É bom me soltar, senão...
- Senão o quê, Vegeta? Assim você não tem forças nem pra se manter em pé, quanto mais pra tentar me matar.
Vegeta conseguiu se desvencilhar do apoio de Yamcha, pra demonstrar que não precisava da ajuda de ninguém. Mas acabou caindo no chão de novo e, no mesmo instante, se contorceu de dor. O corpo doía muito, mas a pior dor estava na região das costelas.
Yamcha logo deduziu:
- Ele deve ter fraturado as costelas, Bulma. E tá bastante fraco.
Viu Vegeta se levantar de novo. O saiyajin, com a mão sobre a área mais dolorida de seu corpo, tentou ir, cambaleando, para dentro da casa. Mas, perto da porta e em meio à escuridão, as pernas fraquejaram e ele caiu de novo, dessa vez sem sentidos. Bulma e Yamcha foram acudi-lo no mesmo instante.
*
Saindo da escuridão, o saiyajin acordou no lugar onde sempre ficava toda vez que se feria durante um treinamento. Por quanto tempo estava lá?
Não sabia. Só sabia que o corpo já estava menos dolorido do que estava no instante em que saiu da nave. Pra variar, estava cheio de curativos na cara. E tinha bandagens na altura das costelas.
Tentou se ajeitar na cama para ficar sentado, mas sentiu uma dor aguda. Lembrou-se do ataque que tinha recebido de surpresa de um dos mini-robôs, e que o atingiu em cheio naquele local. Estava tão exausto naquela hora, que não conseguira escapar.
Como podia ter sido tão idiota, pra ficar treinando ininterruptamente durante quase uma semana? Sem comer, sem beber, sem dormir... Tinha começado essa loucura um dia depois daquela trombada com Bulma. Isso, só pra ver se tirava aquela mulher de sua cabeça. Evidentemente, não funcionou.
O resultado foi que estava ferido e esgotado. Perderia mais alguns dias sem treinar, enquanto se recuperava. Como odiava ficar parado. Odiava mesmo.
Agora tinha que ficar ali, aturando as amolações da loira desvairada e as broncas daquela mulher maluca de cabelo azul.
?Só falta agora uma delas aparecer aqui pra me encher...?
- Oh, Vegeta... Finalmente acordou...! Aposto que você deve estar faminto, depois de um dia inteiro dormindo...
?Agora não me falta mais nada...?
Cada vez que se feria ou caía de exaustão, Vegeta se sentia submetido a uma cruel sessão de tortura. Principalmente, porque tinha que aturar aquela loira pirada, que Bulma chamava de ?mãe?, tratando-o como se fosse um bebê ?dodói?...
E era o que estava prestes a acontecer naquele momento...
Um barulho assustador se ouviu no quarto. Uma gota enorme surgiu na testa do saiyajin. Era o seu estômago implorando por comida, já fazia dias que não se alimentava.
- Ora essa! ? exclamou a animada Sra. Briefs. ? Você deve estar morrendo de fome, meu belo rapaz... Não saia daí, vou preparar a sua comida... Afinal, um hóspede bonitão como você precisa estar bem alimentado, não é?
Nisso, ela se retirou rumo à cozinha, a fim de fazer a comida para Vegeta. O olho esquerdo do saiyajin começou a tremer num tique nervoso. Aquela família terráquea era mesmo esquisita...
?Nunca mais treino desse jeito!?, pensou. ?Não quero ficar louco por causa dessa loira maluca!?
- Como eu odeio ficar aqui...! ? resmungou feito um garoto emburrado.