Alma Gêmea: Destinados

Tempo estimado de leitura: 2 horas

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    Capítulos:

    Capítulo 19

    Refrão

    Oh, Deus. Eu iria a um show com David.

    "Oi, David! Não se importe, eu estava mesmo esperando que você se comunicasse comigo (rsrsrs).

    Aceito seu convite, obrigada! Rock sempre esteve no meu repertório!

    Bem, amanhã eu ligo pra você e combino um lugar para nos encontrarmos. Outro abraço!

    Rebecca"

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    Cap. 19 

    - Rebecca, está tudo bem com você? - Laura me questionava enquanto eu conferia alguns prontuários.

    - Claro que está. Porque a pergunta? - dei de ombros.

    - Como assim porque a pergunta? Você chegou mais cedo que o de costume com os olhos inchados, tomou três copos de café, já rodou o hospital inteiro duas vezes e está conferindo os mesmos prontuários a cada cinco minutos... Peraí, você está usando drogas?

    Olhei para a cara de Laura para ver se ela estava falando sério. Depois rimos durante um minuto inteiro.

    - Estou bem, Laura, juro. Só não consegui dormir muito essa noite. - disse, e antes mesmo que ela pudesse me fazer outras perguntas que talvez eu não pudesse responder, entrei no consultório e pedi que mandasse o primeiro paciente entrar.

    Na verdade, eu nunca ficava sem dormir direito. Mas essa noite – e pensar no que iria acontecer na outra noite – me fez ter uma terrível insônia. Agora meus olhos demonstravam o meu cansaço, e eu precisaria de umas horas a mais para lutar contra eles junto com a maquiagem.

                                                                                    -*-

    À tarde, quando eu já ia saindo do hospital, Laura interrompe a minha passagem no corredor com cara de quem não vai sair até eu contar a verdade. Suspirei.

    - Eu não sou boba, senhorita Rebecca! É melhor você contar o que está acontecendo!

    - Laura, é sério, deixa pra depois, por favor! Esse mês não está sendo nem um pouco fácil pra mim, então...

    - Então porque você não desabafa pra sua única amiga? Pelo menos o assunto? O título da história?

    - Se eu falar, vai me deixar ir embora?

    - Certo. Você me conta o resto amanhã.

    - Ok. O título da história se chama... David.

    Laura arregalou os olhos, e quando vi as perguntas se formando em sua mente, passei rápido por ela, desviando de seus braços e corri para a garagem. Eu tinha um encontro pra ir.

                                                                               -*-

    8h e 30min. Minhas mãos trêmulas seguram o celular que acabara de ligar para David. Falar com ele – e ouvir a sua voz – me acalmava, e ao mesmo tempo me deixava completamente desestabilizada. Nós tínhamos acabado de marcar um lugar para nos encontrarmos, já que apesar de ele ter insistido em me buscar em casa, eu sentia que talvez pudesse precisar do meu carro.

    Segui para a casa de shows que ele me indicou, e quando cheguei no estacionamento B1 (também combinado) o vi encostado no seu carro azul, que combinava perfeitamente com a cor dos seus olhos. Meu coração passou a bater mais forte ainda.

    - Você está aqui! - ele disse, abrindo os braços para me cumprimentar.

    - E onde mais eu estaria? - falei, e sem pensar muito, me joguei em seus braços, e deitei meu rosto em seu peito.

    Ficamos assim por alguns segundos, e durante esse tempo eu senti que o mundo havia parado de girar e que eu finalmente havia encontrado o meu porto seguro.

    - Acho que a gente tem que ir. - sussurrei, e ele percebeu a música que tocava alto sob os nossos ouvidos. O show já havia começado, mas nós poderíamos tê-lo perdido só para ficarmos abraçados a noite inteira. Disso eu tinha certeza.

    - Espero que não se importe com multidões. - ele disse, nos soltando do abraço e me puxando pela mão – Porque o que vamos enfrentar agora não é desse mundo!

    Rimos juntos enquanto nos contorcíamos em meio ao mar de gente que tentava entrar na casa e encontrar um bom lugar. David colocava o corpo esbelto na minha frente tentando abrir espaço, e eu me perguntei se daria para ver o meu rosto enrubescido apenas com as luzes coloridas que piscavam.

    Quando enfim encontramos um bom lugar – a cerca de 7 metros do palco – David parou e me pôs na sua frente. Rapidamente ele afastava qualquer mão que pudesse me tocar ou mesmo qualquer olhar que tivesse a intenção de competir por mim. Me senti lisonjeada, e não posso negar o quanto gostei quando ele me abraçou, como quem queria demonstrar a todos que ele estava comigo.

    - Há muitos anos atrás, essa banda era uma das mais ouvidas do país. - o cantor anunciava a nova atração - Até que um acidente tirou a vida do vocalista Dan Carrew e resultou no término dessa maravilhosa banda... The White Sky!!! - e começou um solo de guitarra que, de alguma forma, eu achava que conhecia.

    - Uhuuu!!! - David começou a pular – Essa é a melhor! - ele disse, animado.

    Pulei, cantei e dancei a música inteira junto com ele. Fazia tempo que eu não me divertia tanto.

    Quando a música acabou, eu ouvi o cantor perguntar se alguém queria subir no palco para cantar a próxima música do The White Sky. Virei para David e arregalei os olhos.

    - Não, minha voz não é das melhores... - ele disse, rindo.

    - Qual é, David! Você adora essa banda! Vai lá, por favor!! - falei em tom de súplica.

    Ele olhou pra mim, balançou a cabeça e riu. Depois correu para o palco, sem antes de esquecer de me pedir para ter cuidado e não sair do lugar onde estávamos.

    David começou a cantar. Era uma música mais calma, romântica. Fiquei impressionada em como sua voz de adequou perfeitamente à canção, como se tivesse sido feita por ele mesmo...

    Ele estava olhando pra mim. O tempo todo. Eu não conseguia desviar o olhar também, completamente hipnotizada por aqueles azuis perfeitos.

    Mas de repente, no meio do refrão, seu olhar mudou e ele pareceu confuso. Parou de cantar, desceu do palco e correu em minha direção enquanto a plateia vaiava a sua desistência.

    - Rebecca... - ele me olhou ainda com seus olhos confusos, pôs as mãos em meu rosto e me beijou.

    Apenas o som alto de gritos e aplausos me fizeram acreditar que eu não estava surda naquele momento. Nem sabia como ainda estava de pé, pois mal conseguia sentir as minhas pernas.

    - Anne... Lucy! Eu me lembrei! Eu me lembrei de nós dois!

    - O quê?

    A emoção do beijo repentino foi cortada com esses dois nomes que não eram meus. David chorava enquanto me abraçava desesperadamente, e eu estava completamente aturdida à situação.

    - Quem é Anne, David? Quem é Lucy? - perguntei, me desvencilhando de seus braços.

    - Você não se lembra? Eles te fizeram esquecer de tudo, não foi? Oh, meu amor...

    - Quem me fez esquecer de quê, David? Tá doido?

    - Os arcanjos, amor... mas isso não importa. Nada e ninguém pode nos separar!

    Agora sim eu tive a comprovação de sua loucura. Anne, Lucy, amor, arcanjos... Deus do céu, porquê? A noite estava indo tão bem, eu estava tão... apaixonada. E agora eu estava completamente assustada. Eu havia saído com um homem absolutamente louco.

    - Me solte! - disse, me desvencilhando de seus abraços em direção à saída.

    - Rebecca, espere, por favor! Preciso te explicar tudo!

    - Eu não quero explicações, você é completamente maluco! - eu disse, finalmente conseguindo me soltar e correndo multidão a dentro.

    - Rebecca! - ouvi seu grito já um pouco distante e continuei a correr mais rápido em meio a toda aquela gente.

    Pra mim o show tinha acabado, junto com a noite. Dei partida no carro, agradecendo a Deus por eu ter ido com ele para o show, e rezando para que as ruas estivessem liberadas e assim eu chegasse em casa o mais rápido possível.

                                                                                    -*-

    Antes de ir dormir, resolvi assistir um pouco de TV para melhorar minha agitação. Dez minutos após eu ter saído correndo de lá já tinha 20 chamadas não atendidas e 10 mensagens dele no celular. O desliguei, desejando também poder desligar o meu cérebro e conseguir dormir mais uma noite.


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