As lembranças da amiga

  • Finalizada
  • Mrk
  • Capitulos 15
  • Gêneros Drama

Tempo estimado de leitura: 3 horas

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    Capítulos:

    Capítulo 8

    Capítulo 08 ? Kyouko e Yuma

    Bom dia, boa tarde e boa noite.

    Obrigado pela sua atenção ;)

    Kyouko é a única (talvez) normal de toda série. Não?

    Boa leitura XD

    De frente para o campo aberto, Homura e Kyouko encontravam-se assentadas em um longo banco de madeira, observando Tatsuya correr atrás de Yuma. Pareciam brincar de pega-pega. O encontro inesperado na frente do ginásio Mitakihara fez com que os quatro locomovessem para o parque Yuuki, conhecido pelo rio que atravessa o meio do parque.

    Homura tira os olhos dos jovens e vira para o lado fitando o dito rio através das barras de proteção. A ponte dava até a outra margem do rio com uma área bem parecida com aquela em que se encontravam, com o banco feito de madeira e os arbustos na parte de trás.

    Vira a cabeça para frente dando mais uma olhada em Tatsuya e Yuma.

    “- Quem diria que você teria uma filha daquele tamanho.” Diz sem muita expressão na voz.

    “- Fiquei grávida quando tinha vinte anos. Um acidente é claro, mas foram dez anos bem proveitosos.” Com uma expressão satisfeita, Kyouko observa a filha distante.

    “- Pelo menos casou com o pai?”

    “- Óbvio. Acha que sou mulher de deixar homem fugir das suas responsabilidades? Isso nem pensar!”

    “- Na verdade, sempre achei que você tinha cara de mãe solteira.”

    O olhar penetrante de Kyouko atravessava a colega, enquanto a “cobra venenosa” fingia não perceber absolutamente nada, visualizando somente o enorme campo que estendia até o horizonte.

    Após um curto suspiro indicando a desistência de tentar arrancar um pedido de desculpas, Kyouko, em vez disso, ergue a cabaça para cima fitando o céu.

    “- Como estão os seus poderes de Mahou Shoujo?” Pergunta.

    “- Não tenho mais. Só a minha alma que continua como Soul Gem.”

    “- Você também? Parece que a Mami está na mesma situação.”

    “- Segundo Kyubey, quando atingimos a fase adulta perdemos os poderes por não sermos consideradas mais garotas na puberdade.”

    “- Sei. Esse motivo me deixa um pouco deprimida.”

    “- Aceite, não podemos ser jovens para sempre.”

    Ainda de olho no extenso azul, formando um semblante melancólico, continua uma Kyouko mais serena.

    “- Não acha engraçado? Na nossa juventude vimos um monte de Mahou Shoujo desaparecerem antes que espalhassem a maldição pelo mundo por causa de seus desesperos.” Uma pausa para esboçar um sorriso inconformado. “- E agora, na idade que achamos que tudo seria mais difícil e complicado, nossos poderes somem e mesmo em momentos em que queremos desistir e sumir, com o desespero somente para nós, continuaremos nesse mundo.”

    Em silencio ouve o discurso de Kyouko. Conseguia compreender muito bem o que ela dizia. A regra da vida, em geral, é a fase adulta ser mais árdua que qualquer outro momento na vivência de cada um. A responsabilidade que recai sobre o indivíduo acaba criando momentos em que seriam dignos para querer amaldiçoar tudo ao redor. No entanto, pelo menos para Homura e Kyouko, tudo parecia mais simples e tranquilo. Passar quase a adolescência inteira arriscando a vida pelos outros somente por um pagamento antecipado e o medo de desaparecer a qualquer instante, era motivo suficiente para pensar que as dificuldades naquela altura do campeonato são, somente, obstáculos feitos de massinha de modelar. Não parecia justo. Além do fato de terem invertido um curso natural do ser humano, era inacreditável algo que há tanto tempo atrás parecia desesperador, hoje não ter significado algum. A maioria diria que é o amadurecimento, mas mesmo assim, a disparidade de sentimentos de um mesmo fator não criava agradáveis pensamentos. O que sentira na pele de um ser jovem, tinha certeza da sua importância.

    “- Pelo menos não precisamos mais lutar.” Serenamente, diz Homura.

    “- O nosso descanso merecido.”

    Um vento sopra acariciando o rosto das duas como se a natureza estivesse retribuindo os anos de lutas que tiveram. Ajeitando o cabelo Homura espia, com o canto do olho, Kyouko. Repara nas rugas na região dos olhos e as discretas manchas pelo rosto, percebendo que os “dez anos proveitosos” dela foram acompanhados de muitas lutas, de modo a esquecer de cuidar de si própria. Mesmo assim não sentiu pena. O sorriso voltado para filha indicava a satisfação e felicidade por estar vivendo aquele momento.

    “- Falando em Tomoe Mami, onde você a encontrou?” Pergunta lembrando o comentário de alguns minutos atrás.

    “- Quando saí com Yuma e meu marido. Esbarramos em um restaurante na cidade de Akiyuki alguns meses atrás. E aproveitamos para almoçar juntos.”

    “- Ela mora lá?”

    “- Não. Parece que estava a passeia. Ela diz estar morando na cidade de Kaori.”

    Homura lembra-se do dia que foi para cidade de Kaori tratar de negócios. Era possível chegar à cidade em duas horas e meia de viagem. Comparada com Akiyuki, Kaori era considerado um município de tamanho médio, porém possuía um ótimo centro comercial, trazendo de diversas partes do país empresários interessadas em investir.

    Como não mantem contato com Tomoe Mami desde a época da faculdade, não sabe a atual situação da loira, no entanto, acreditava que estaria ocupando um cargo de importância nesse centro.

    “- E dá para acreditar? Ela não casou ainda. Só de lembrar a cara incrédula dela quando me viu com meu marido e filha, dá vontade de rir.” Rindo jubilosamente, Kyouko conta o fato sem perceber um pequeno detalhe. “Ela já passou dos trinta, devia encontrar logo um parceiro e...”

    No meio da conversa, quando olhou para colega, interrompe a fala. O rosto da mulher de cabelos negros estava completamente sem expressão, não percebia o mínimo de sentimento ali. Tornado algo frio e até assustador.

    Paralisada, Kyouko percebe na besteira que acabou de dizer e desvia o olhar da amiga. Com a cabeça virada para o lado oposto começa assoviar fingindo que não ligava para aquele olhar.

    “- Então, o que você estava fazendo com Tatsuya-kun na frente do ginásio Mitakihara?” Tenta mudar o clima entre elas perguntado sobre Tatsuya.

    “- Antes de responder a essa pergunta, explique-me direito de onde você o conhece.” Com uma voz um tanto quanto agressiva, Homura encara Kyouko referindo-se ao momento do encontro, onde Tatsuya cumprimentava amigavelmente as duas.

    Assustada com a amiga mal humorada, depois de arrepender-se do assunto escolhido, suspira e começa explicar.

    “- Conheci quando Yuma se perdeu no shopping perto daqui, ajudando a encontra-la. Acho que já faz mais ou menos quatro anos. Depois disso, conheci os pais dele também.”

    Fim da pequena história verifica o humor da amiga. Como imaginara, continuava com um olhar desconfiado sobre a ruiva. Hesitante pergunta com uma foz baixa.

    “- Você tá namorado ele?”

    Depois de uma breve pausa, responde a pergunta, aparentemente controlada.

    “- Ainda não.”

    Passam-se alguns segundos, onde só podia ouvir as risadas de diversão de Yuma e Tatsuya longe e o som da correnteza do rio. Enfim Homura percebe o que acabou de dizer, começando a ficar vermelha.

    Kyoko não perdoa e mostra um sorriso malicioso.

    “- Entendo. ‘Ainda’ não. Sei.” E repete, enfatizando a palavra chave da frase.

    Com o rosto cada vez mais vermelho, Homura morde os lábios e evita contato visual com ela.

    “- Não precisa se envergonhar, Tatsuya-kun é um bom rapaz. E a diferença de idade não é algo para se preocupar.” Diz com um tom de deboche.

    Mesmo com o suposto apoio emocional da amiga, Homura insistia em olhar para ponte, não sendo possível verificar se continuava com o rosto vermelha ou não.

    Depois de mais algumas risadas, a ruiva levanta da cadeira e dá um passo à frente e leva a mão direita ao lado do rosto chamando por sua filha.

    “-Yuma! Vem cá.”

    Ouvindo a mãe saí disparada em sua direção e faltando alguns centímetros de distancia, pula em cima dela. Kyouko como se tivesse previsto a ação da filha, firma os pés para não cair com o peso extra. Passa a mão na cabeça da filha, estampa um sorriso no rosto e diz.

    “- Tá na hora de ir embora.”

    “- Não! quero brincar com o Tatsuya-oniichan.” Retorque a menina de dez anos apontando o pequeno dedinho na direção de Tatsuya.

    “- Depois daqui, podemos tomar sorvete.”

    “- É, acho que tá na hora de ir embora mesmo.” Como se a recusa de alguns segundos atrás não tivesse existido, Yuma responde com um tom de voz sereno, fingindo que nada aconteceu.

    Ainda com o rosto virado para o lado do rio, Homura segurava a boca com a mão para não rir do comentário da garota. Movendo a mão começa passar pelos pômulos do rosto, conferindo a temperatura. Certificando que estava normal volta olhar para Kyouko e pergunta.

    “- Para que a pressa?”

    “- Acho que estamos atrapalhando demais vocês dois.”

    “- Já atrapalhou.” Levantando-se diz com um sorriso mal humorado no rosto.

    Mostrando os dentes amargamente para amiga, Kyouko olha para Tatsuya, que vinha logo atrás da filha.

    “- Obrigada por brincar com Yuma, Tatsuya-kun. Ela estava com saudades de você.”

    “- Que nada. Até acho que devíamos repetir a dose, não é, Yuma-chan?”

    E curva-se um pouco até a altura da menina e mostra a palma da mão para ela. Colocando força, Yuma bate na mão do rapaz com a direita, concordando com que ele falou.

    “- Isso seria ótimo. Bom tá na hora de ir.” Kyouko diz olhando para filha.

    “- Vou cobrar a promessa Tatsuya-oniichan.” Um sorriso que encantaria qualquer um esboçou o rosto de Yuma. E virando se para Homura, diz com o mesmo sorriso. “- Da próxima vez vamos brincar todos juntos, Homura-oneechan.”

    Era impossível não ser atingido pela menina na sua frente, fazendo com que o mau humor de Homura sumisse instantaneamente e surgisse um sorriso bem humorado. Agacha na frente de Yuma e olha diretamente os olhos dela, pegando com cuidado os pequenos ombros da garota. Diz com uma expressão séria.

    “- Yuma-chan! Peço que tome cuidado com um animal de orelhas compridas parecendo um gato branco. E se vier com uma conversa de contrato, fuja imediatamente. Tudo bem?”

    Um ponto de interrogação era o que podia ser notado no semblante de Yuma. Não entendera o que Homura estava querendo dizer com aquelas palavras. Mas Kyouko se pronuncia antes da filha.

    “- Fique tranquila, eu tomo cuidado em relação a ele.”

    Com um olhar feroz que evocava uma leoa protegendo a cria do perigo, Kyouko acaricia a cabeça de Yuma.

    “- Ótimo. Não quero ficar sabendo que sua filha foi vítima daquele animal.”

    Atento na conversa entre as duas, por um momento, Tatsuya achou que Homura estava se referindo a um animal de verdade, mas por causa da “conversa de contrato”, a confusão tomou conta de sua mente.

    “- Bom, já vamos. A gente se encontra por ai Akemi Homura. Até mais Tatsuya-kum.” Pegando a mãozinha de Yuma, Kyouko despede-se dos dois.

    Virando para trás, Yuma ergue o braço e balança a mão despedindo-se do casal.

    Novamente, com sorrisos bobos, Homura e Tatsuya devolvem o cumprimento para a menina sorridente.


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