Pokémon Ree laii

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    Capítulos:

    Capítulo 7

    Capítulo 005 - Caçada mortal Yin -2ª parte

    Álcool, Nudez, Violência

    Capítulo 005 ? Caçada mortal YIN

    - Porque não me disse quem era seu pai? ? Isis deu uma batidinha carinhosa em meu ombro.

    - Ainda não tivemos tempo hábil para isso. ? repliquei imediatamente.

    - É mesmo. ? Isis ficara estranha. Os olhos negros brilhantes e vívidos se resumiram em hesitação.

    - O que se passa nessa cabecinha? ? disse sorridente, a alegria se sobressaía aos outros sentimentos.

    - Tenho um compromisso importantíssimo e estou procrastinando, acho que por medo. ? Isis tremulou a voz.

    Sabia que Isis iria procurar se entender com os seus pokémons. Era uma tarefa difícil e dolorosa. Muita coisa poderia ocorrer e eu sentia que ela não estava preparada para algumas das possibilidades.

    - Quer que eu te acompanhe? ? perguntei já sabendo a resposta.

    - Não. ? Isis disse com firmeza. ? Isso é algo que tenho de fazer sozinha.

    - Certo. ? lhe dei um abraço caridoso. ? Então, boa sorte.

    - Obrigado. ? liberou-se de mim, caminhando rumo à saída. ? Nos veremos a noite?

    - Com certeza. ? complementei. ? Nos encontraremos para comemorar.

    Isis sorriu e foi-se embora. Agora tinha de esperar as atualizações serem feitas e meus adoráveis pokémons se recuperarem. Como Isis, eu também tinha alguns assuntos pendentes. Assim que surgisse a oportunidade de conversar com meu pai, iria fazê-lo. Tinha tantas dúvidas. Neste momento não pareciam importantes, contudo em algum momento elas me dominariam, e não queria que isso ocorresse.

    Decidi passear pela cidade para espairecer as idéias. Isis disse que retornaria somente à noite, então não havia empecilhos para isso. Fui à recepção, queria aproveitar o restante do dia para conhecer Fuschia, iríamos partir logo cedo amanhã.

    - Enfermeira, eu irei dar uma saída, em breve estarei de volta, está bem. ? disse sorridente.

    - Pode ir sossegada. ? ela falou gentilmente. ? Ainda levarei algum tempo para terminar as atualizações e seus pokémons precisam de descanso.

    - Certo. ? consenti com a cabeça.

    ***

    Aproveitei o período de almoço para conhecer a culinária local. Um restaurante construído entre as árvores de flores rosadas, protegido por lonas em tom amêndoa, suavizavam-se e se rematavam. Ao centro, os cozinheiros davam um show no preparo dos pratos em uma espécie de redoma de vidro temperado circular. Eram chefs malabaristas, conhecidos pelo modo inusitado de inventar e apresentar seus pratos. Os clientes maravilhados aplaudiam a todo instante cada movimento que realizavam.

    Havia apenas uma mesa disponível, então me apressei a me sentar. Os móveis eram diferenciados. A mesa era rebaixada, e com isso os assentos resumiam-se a confortáveis e macias almofadas de cores quentes e alegres.

    Assim que me aconcheguei, uma garçonete se aproximou para coletar meu pedido.

    - Deixo para o chef escolher. ? disse muito animada. Gostaria de ter dividido este momento com Isis, pensei.

    - Certo. ? sua voz era levemente rouca, parecia utilizar de uma peruca preta, os olhos cor de avelã, uma maquiagem forte, a boca vermelho berrante, tinta branca em todo o rosto, em conjunto a um quimono branco com flores de aglaias estampados, em um corpete coral. Apesar de exagerado, extraía uma beleza intocável e misteriosa, juntamente a uma sedução reservada de muito bom gosto.

    Enquanto aguardava, me distraía com um dos cozinheiros lançando pedaços de frango e legumes grelhados no ar atravessando-os em espetos de madeira, terminando mais um prato. Outro incendiava uma panela repleta de batatas doces cozidas, distribuindo temperos diversos, revirando-os em um prato de porcelana abafando o ar, eliminando as chamas, restando mais um belo prato de encher os olhos.

    - Aqui está. ? a mulher disse colocando as porções a mesa. ? Saboreie.

    - Obrigada. ? não sei se era por que me encontrava faminta, mas o aroma e o visual estavam espetaculares.

    Tasquei um pedaço de sunomono divino. De consistência leve, suavemente acidificado era o melhor que já provara. Associei com karaage, que acentuava o sabor do sunomono, picante, tive de me refrescar com o suco de sitrus berry. De sobremesa, um anmitsu congelante, suave e adocicado.*

    Após me deliciar com um almoço esplendido, uma conta um pouco salgada me causou indigestão. No recibo notei que meu saldo estava consideravelmente elevado, diminuindo o rombo causado. Eu sabia que as batalhas Pokémon rendiam recursos para os treinadores, mas eu não havia comentado valores com os meus adversários.

    Depois me preocuparia com isso. Estava aproveitando a recente invasão de felicidade para me divertir.

    Continuei a excursão solitária pela cidade me deparando com uma modesta construção. Cercas metálicas com lâmpadas amareladas luminosas circundavam uma área considerável, à frente, um edifício em tijolos de barro, a porta e as janelas de carvalho envernizado, a maçaneta prateada, um quadro de avisos e uma placa envelhecida. Alguns jipes verde musgo enlameados, permaneciam no estacionamento, prontos para qualquer emergência.

    - Zona do safári. ? fiquei abismada comigo. Sempre dizia que iria a um e não me liguei que em Fuschia havia um dos estabelecimentos de referência neste quesito.

    Prontifiquei-me a abrir a porta. Duas mulheres em um macacão camuflado, verde, cinza claro e amarelo pálido, digitavam constantemente aos teclados, focadas nos computadores, atrás do balcão bege de teflon. O piso de porcelanato siena claro emoldurado a parede terracota, contornava as salas da administração, banheiros e da entrada do safári.

    - Posso ajudar? ? a mulher da esquerda disse como um robô. Seus olhos fundos, rente as olheiras enegrecidas, os cabelos ruivos desarrumados, parecia exausta.

    - Ann... ? ficara um pouco assustada, mas logo a alegria me inundou. O ovo de Chansey ainda fazia efeito em mim. ? Gostaria de participar do safári. ? disse tranquilamente.

    - Certo. ? a mulher disse desanimada. ? É a sua primeira visita?

    - Sim. ? certamente teria de fazer um cadastro.

    - Você deverá pagar a taxa de entrada, e receberá trinta safariballs para uso exclusivo no safári e terá duas horas para explorar o local. ? a mulher disse colocando uma pulseira de plástico negra com alguns pontos verdes a mostra e uma sacola verde amarrado a uma corda preta visivelmente resistente. Ficara feliz de ser apenas uma breve explicação do funcionamento do safári e não mais um cadastro a ser preenchido. ? É estritamente proibido utilizar seus pokémons durante o percurso, por isso instalamos um sistema que impede o funcionamento das pokebolas para liberar um Pokémon, apenas retorná-lo, permitindo somente a captura. Esta pulseira possui um sistema GPS, que marcará a sua posição e o tempo será de acordo com a coluna verde. Assim que desaparecer o último pino, você será recolhida por nosso pessoal e trazida em segurança até aqui. Em caso de emergência, abra este compartimento, pressionando este botão por cinco segundos, digitando o código, um, seis, oito. ? falou destacando uma tecla branca na lateral direita. ? Seus pertences serão colocados no guarda-volumes e poderá recolhê-los ao retornar. Alguma dúvida?

    - Não. ? As informações se contradiziam. Um aviso ao fundo me confundiu ainda mais.

    PARA MAIOR PROTEÇÃO, NÃO SERÁ PERMITIDA A ENTRADA COM OBJETOS PESSOAIS

    Como era proibido levar os seus pertences, qual a necessidade de dizer que os pokémons também eram. Talvez quisessem reforçar aos treinadores que ali viessem às regras do safári.

    - Aproveite. ? disse em um sorriso forçado.

    - Agradeço. ? Fui em direção a porta, quando percebi a imensidão verde dominou toda a paisagem.

    Uma campina verdejante em meio a castanheiras de cinco metros aproximadamente enfeitava a natureza selvagem daquele lugar. Apesar da riqueza da flora local, a fauna estava estranhamente ausente.

    ***

    Já se passara um longo período andando por entre as trilhas e nenhum Pokémon a vista. Sentia-me feliz, e não almejava estar. Naquele momento desejava sentir frustração, natural de se sentir quando não consegue cumprir o seu objetivo. Os sentimentos surgiam e desapareciam instantaneamente, bloqueados por uma alegria sobrenatural irritante.

    Sentei em uma pedra próxima, ajeitando o cabelo em um rabo de cavalo, amarrando com um rabicó mocassim. Alguns grunhidos as minhas costas me animaram. Finalmente teria alguma oportunidade de capturar um novo companheiro para se juntar a Mudkip e Natu.

    Furtivamente, esgueirei-me pela mata densa, contudo não notara o barranco, e despenquei ladeira abaixo. Procurei proteger o rosto e me agarrar a algum galho, ou outro objeto que conseguisse suportar o meu peso. Interrompi em um baque seco e doído ao chão. Meu cotovelo direito ardia, o dorso latejava, mas de resto tudo bem.

    Os sons estavam mais perceptíveis e tentei me erguer para ver de onde vinham. Apesar da visão confusa e perturbada, consegui definir um furgão de aço em cores negras a minha frente. Ao lado um homem aparentando uns trinta e cinco anos, robusto, cabelos negros curto, queixo proeminente, olhos frios, cicatrizes marcantes dispostas pela face, uma aura tenebrosa, peregrinava por ali. Vestia um uniforme preto, em destaque um r vermelho em alto relevo no peitoral e botas de couro.

    Carregava uma arma de alto calibre, e por essa razão não atrevi a me aproximar. Aquele homem era um caçador, já ouvira falar deles. Eram indivíduos desprezíveis que capturavam pokémons considerados de características perfeitas, e vendiam a pessoas poderosas e inescrupulosas.

    Ele estava coçando a cabeça quando entre as árvores uma bela mariposa em tom lilás, de asas cintilantes surgiu furiosa de encontro ao homem, contudo em um movimento rápido, ele se esquivou e apertou o gatilho. Um estalo explosivo e carcaças esvoaçantes foram ao ar.

    - Hum! ? tapei a boca, estaria em sérios apuros se fosse descoberta. Não conseguia sentir medo, a alegria freqüente, permitiu ao menos permanecer mentalmente calma. Fisiologicamente estava em estado de choque. A adrenalina percorria minhas terminações nervosas, eletrizante, tremulava e transpirava furiosamente, a respiração ofegante, os olhos arregalados diante de tamanha brutalidade.

    O barulho atrás do furgão se acentuou. Havia pokémons ali, com certeza. Tinha de fazer algo. Não conseguiria me perdoar se não tentasse alguma manobra de resgate.

    - Você conseguiu terminar? ? uma voz chiada soou de sua cintura. O homem segurou o rádio de longo alcance.

    - Sim, estou apenas me divertindo um pouco. ? disse sombriamente. Sua voz era grave, dura e levemente sarcástica. ? Vou em seguida.

    Era desprezível. Seu desejo sádico não se continha com as caçadas ao qual era contratado. Divertia-se montando sua espécie de caçada mortal, dizimando vidas como se não valessem nada. Um monstro em forma humana.

    - Não se atreva a me fazer esperar. ? disse irada. ? Odeio quando faz isso.

    - Certo, meu bem. ? caçoou. Provavelmente falava com uma mulher.

    - Não me provoque. ? a voz se enfureceu.

    Aproveitando que estava distraído, resolvi agir. Abri o compartimento da pulseira, digitando o código de emergência, em breve estariam ali, mas poderia ser tarde demais. Circundei pela mata verdejante, banhada em vermelho notei outras carcaças recém estraçalhadas enquanto caminhava. Naquele momento quase verti o que havia apreciado no restaurante. Lágrimas saíram de meus olhos, as emoções eram intensas demais, sufocando a alegria que insistia em se sobressair. Respirei fundo tentando me acalmar, mas o cheiro de sangue era forte demais me deixando mais nervosa do que já estava. Preocupei-me, poderia ter alucinações e apagar, perdendo a chance de salvá-los.

    Ficara de frente aos pokémons, era o momento de agir. Nunca havia visto nenhum daqueles pokémons, o temor perceptível em suas faces gentis e inocentes. Apesar do perigo iminente, faria tudo que estivesse ao meu alcance para tirá-los dali em segurança.

    A porta aberta facilitaria a minha ação. As jaulas nas laterais não estavam fixadas, caso não conseguisse soltá-los, carregá-los-ia se necessário.

    Os pokémons perceberam minha presença, mas fiz um gesto para continuarem a agir da mesma forma. Primeiramente, tentei retorná-los com a safariball, entretanto as jaulas bloqueavam. Então tive de recorrer à segunda opção. Observei o homem, procurando o momento mais seguro para me aproximar do furgão sem ser notada.

    - Só mais um e já vou. ? o homem dizia se afastando cada vez mais do furgão.

    Aquele era o momento mais oportuno. Intrépida, me coloquei rente ao lado direito, tentando me ocultar. Comecei a puxar a jaula mais externa para fora, mas uma pancada na região do quadril me jogou contra o furgão. A jaula foi de encontro ao chão e o Pokémon em seu interior gritou amedrontado. Bati a lateral da cabeça no metal, encharcada em um líquido quente e viscoso ajoelhei-me no chão; sentia-me fraca e zonzeada, contudo segurei firmemente a uma das barras da jaula.

    A dor excruciante e insuportável dificultava a respiração.

    - Sabe o que eu faço com moleques xeretas. ? o homem estava furioso.

    Dispôs-se a minha frente, mirando a arma em meu rosto. Apesar de seu ato, não me intimidei. Olhei diretamente em sua face, enfrentando-o.

    - Suma daqui! ? Irritado, esmagou minha mão, tentando fazer com que soltasse a jaula.

    - Crec. ? meu pulso rompera, a dor fora imensa ao ponto de perder a voz, no entanto não desisti. Agora apesar de tudo, sentia-me feliz de fato de conseguir suportar seus ataques.

    Ele desferiu um chute em meu abdômen e uma bofetada em meu rosto, tentando forçar-me a largar, mas estava irredutível.

    - Você pretende morrer garota?! ? o homem disse sorridente. ? Será um prazer acabar com você. Tudo por causa desses bichos que você nunca tinha visto? Idiota.

    Sentia um gosto metálico em minha boca, a saliva adocicada fluindo em meu queixo, respingando um líquido vermelho vivo na terra fofa. A visão escurecia a medida que meus músculos adormeciam, o corpo mole, estava prestes a perecer. Mesmo assim, não soltara a jaula, a mão estropiada permanecia obstante ao restante de meu corpo. Ele teria de arrancá-la de meu corpo se quisesse levar aquele Pokémon.

    Mesmo naquelas condições consegui ouvir uma sirene se aproximando dali. Estava salva.

    - Impertinente. ? ele desferiu outro golpe contra meu crânio, o impacto embaralhou minha visão. ? Acertaremos as contas em outra ocasião. Você me paga. ? disse fechando a porta do furgão. O motor rugiu, e as rodas furiosas derraparam na terra úmida, afastando-se.

    Esgotada, apaguei. Mesmo assim, continuei agarrada a jaula, conseguia sentir.

    Yin ? principio chinês da noite, frio e escuridão. Representa a essência maligna de um ser, onde o mal domina sobre a bondade.

    Yang ? principio chinês do dia, calor e luz. Representa a essência benigna de um ser, onde o bem domina sobre o mal.

    Seguindo esta teoria todos possuímos o yin yang, equilibrando o bem e o mal de cada indivíduo. A divisão do capítulo se deu neste sentido, demonstrando o lado bom e ruim do capítulo.

    *Sunomono vinagrete de pepino com algas

    Karaage - Fritos de carne ao estilo japonês, geralmente carne de galinha condimentada com molho de soja. É apreciada e consumida pelos japoneses durante todo o ano. Consiste em pequenos pedaços de carne previamente marinados em molho de soja, alho e gengibre e posteriormente fritos em bastante óleo e acompanhados por um gomo de limão ou maionese

    Anmitsu, uma sobremesa gelada feita à base de anko, pasta cremosa de azuki, o feijão japonês.


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