Pokémon Ree laii

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    Capítulos:

    Capítulo 6

    Capitulo 005 - Caçada mortal Yang -1ª parte

    Álcool, Nudez, Violência

    Capítulo 005 ? Caçada mortal YANG

    Um salto e dispôs a minha frente uma mulher de olhar bestial. Afastei-me temerosa e com receio de ser atacada por ela.

    - Uma batalha de dois contra dois pokémons, sem limites de tempo e permissão de trocas apenas para o desafiante. ? disse encarando-me com sua voz imponente, incompatível com sua feição suave. Sua respiração compassada tocava em minha epiderme aquecendo-a.

    Os seus olhos lilás combinavam com os cabelos roxos espetados, amarrados a uma fita de seda pura amarela. Vestia uma calça sépia, alguns metais estrelados fixados ao cinto salmão, uma blusa de algodão preta sem manga unida ao tecido rendado em laranja nos braços e braceletes em preto com detalhes em violeta na extremidade dos membros e um cachecol de lã salmão trepidante. Não usava sapatos. Suas unhas bem feitas pintadas de roxo, a pele lisa com poucas rugas no cenho. Deveria ter uns vinte e cinco anos no máximo.

    -... ? não conseguia responder.

    - Está de acordo? ? a mulher disse estranhando.

    - Ela está sim. ? Isis falou por mim. ? Só está um pouco nervosa. É a primeira batalha de ginásio dela. ? disse piscando para a líder do ginásio. ? Eu sou Isis e ela é Julliane.

    - É uma honra ser a primeira oponente oficial da liga Pokémon no qual você enfrenta. ? a mulher disse em tom emocionado. ? Me chamo Janine, sou a líder do ginásio de Fuschia.

    Ela agarrou algumas estrelas metálicas agarradas em seu cinto por entre os seus dedos, atirando nas pilastras que sustentam o revestimento da sacada. Todas acertaram o ponto exato entre os parafusos enquanto saltava em um rodopio impressionante. Girou de ponta cabeça impulsionando com o pé esquerdo até pousar o indicador no gramado verdejante clareado suavemente pelo sol da manhã. Ficara sustentada com apenas um dedo. Saltou novamente pousando próxima a sacada frontal.

    - Isso é impressionante. ? Isis disse batendo palmas. ? Bela apresentação.

    - Obrigado. ? Janine disse lisonjeada.

    Ela levou as mãos abaixo do cachecol retirando uma pokebola. Ainda paralisada, Isis teve de me beliscar para que acordasse.

    - Ai! ? disse com raiva.

    - Vai logo. ? Isis disse disfarçando indo se sentar próximo a escada lateral.

    - Está bem. ? disse respirando fundo e observando o clima agradável, procurando me acalmar.

    Peguei na mochila a pokebola, atirando para o alto.

    - Natu, faça as honras. ? minhas mãos suavam inconvenientemente, a visão turva, o coração disparado e o sangue pulsando intensamente em minhas veias. Uma sensação no mínimo estressante, contrariando-se ao ambiente.

    - Natu. ? seus olhos enigmáticos se concentraram na estrela de metal atravessada na pilastra.

    - Força Natu. ? Isis gritou animada.

    Janine também lançou sua pokebola, liberando um jato brilhante seguido de um Pokémon que não me trouxe boas recordações de uma certa pessoa.

    - Zzzzzzzzz. ? as asas batiam tão rápido que produziam um chiado estéril e espaçado.

    - Zubat é com você. ? um rasante levou o morcego acima do telhado próximo ao sol entre nuvens. ? Wing attack.

    Rapidamente Zubat desceu o céu em um bater de asas contra Natu.

    - Natu evasiva seguido de peck. ? disse apreensiva.

    Natu saltou evitando o golpe de Zubat, retornando com o bico em seu dorso.

    - Zuuuu. ? Zubat guinchou desfalecendo no chão.

    - Muito bem! ? Isis gritou para mim.

    Natu pousou ao seu lado, contudo em uma virada rápida Zubat golpeou profundamente Natu, com o impacto no gramado, arrastou terra consigo.

    - Astonish é efetivo contra o seu pequeno pássaro. ? Janine comentou com uma pitada de sarcasmo.

    Não esperava que Zubat tivesse ataques que causassem danos mais graves em Natu. Esperava obter vantagem por escolher um Pokémon psíquico em um ginásio especializado em tipos venenosos, mas Janine já previra tal possibilidade e se adiantou.

    - Natu você está bem? ? disse inquieta. Isis levou as mãos ao peito.

    - Naaaaaaaa. ? Natu piou furiosamente ao se erguer.

    - Agora use supersonic. ? Janine disse sorridente.

    Zubat levantou vôo emitindo ondas supersônicas de sua enorme boca. O som era ensurdecedor. Extremamente agudo e poderoso, zunia em minha mente profundamente.

    - Natu! ? gritei tapando os ouvidos.

    - Naaaaaaaaaa... ? Natu demonstrava sofrimento em suas feições e isso me enfureceu.

    - Natu salte e utilize night shade. ? gritei acalorada. ? Acabe com isso.

    O silvo agudo cessara; contudo Natu parecia desnorteado. Apesar disso, seus olhos brilharam em tom róseo, produzindo imagens fantasmagóricas que iam arrancando chumaços de grama cortantes como navalhas enquanto se aproximavam de Zubat.

    - Evasiva. ? Janine sobressaiu sua voz em relação a minha. ? E astonish para finalizar.

    Zubat tentou uma manobra de escape, mas acabou atingido em cheio. Natu continuou com os olhos iluminados jogando contra si a força de seu ataque.

    - Natu pare com isso. ? disse preocupada. Isis também embarcou na mesma emoção.

    - Naaaaaaaaaa... ? Natu não conseguia interromper o golpe, parecia confuso. As figuras tenebrosas rodeavam Natu ferindo o seu corpo.

    - Preste atenção somente em minha voz. ? disse calmamente. ? Apenas isso.

    - Zubat, astonish. ? apesar das investidas, Zubat ainda estava em condições de batalhar. Um Pokémon muito bem treinado.

    Janine aquietou-se enquanto Zubat voava em alta velocidade contra Natu.

    - Natu... Vamos! ? disse esperançosa.

    -Você consegue Natu! ? Ansiosa Isis levantou-se do piso de madeira corrida.

    - Naaaaaaaaaa... ? raios negros surgiram no ar golpeando Zubat. Com o impacto, ele girou trezentos e sessenta graus caindo ao chão imóvel.

    - Natu é o vitorioso. ? Janine disse perturbada.

    - Muito bem Natu. ? disse orgulhosa de meu pequeno Pokémon.

    - Natu você é demais! ? Isis fez sinal positivo para ele.

    - Naaaa... ? Natu cerrou seus olhos entregando-se a exaustão. Tinha sido uma batalha muito atribulada, necessitava de um bom descanso.

    - Regresse. ? retornei Natu a pokebola. ? Natu. ? cochichei para a pokebola. ? Você foi incrível! Obrigado e descanse.

    Janine recolheu o morcego nocauteado para a pokebola lançando outra quase que imediatamente.

    - Prepare-se. ? disse confiante. ? A verdadeira batalha começa agora!

    Apesar de suas palavras não me intimidei.

    - Fu, fu, fu, fu... ? Janine disse gracejando. ? Prepare-se ekans.

    - Ssssssssss... ? Uma cobra feroz exibindo cores vivas surgiu no gramado baixo balançando o chocalho amarelo na ponta da cauda.

    Os olhos amarelos em fenda em contraste com a couraça em tom arroxeado brilhante com detalhes em amarelo no pescoço e no abdômen, as narinas pulsantes a boca aberta tremulante. Assustador.

    Apontei a pokedex para colher informações daquele réptil instigante.

    Ekans, Pokémon serpente. Se oculta entre as matas para surpreender suas presas. Ao nascer não apresenta veneno, apesar disso, sua mordida pode ser bastante dolorosa.

    Guardei a pokedex na mochila procurando a minha segunda pokebola.

    - Mudkip faça as honras. ? disse lançando sua pokebola ao campo.

    - Mud! ? disse vibrante pressionando o chão com vontade.

    - Ekaaaaaaaaaannnnnnnnsssssssss. ? a serpente tentou intimidar Mudkip com um silvo vibrante irritadiço.

    Mudkip mostrou a língua em resposta.

    - Hahaha! ? Janine riu. ? Este Pokémon tem personalidade.

    Ekans não aprovara o gesto de retribuição, ficando ainda mais furiosa.

    - Mudkip não repita isso. ? o repreendi com autoridade.

    - Kip... ? ele olhou para mim culpado, com uma feição muito fofa. ? Mud. ? grunhiu consentindo logo em seguida.

    - Ekans, bite. ? Janine falou de perfil. Mudara sua posição deixando-me intrigada. Algo ocorreu e não havia compreendido.

    - Mudkip use mud-slap. ? gritei com vigor.

    - Ekansssss... ? Ekans rastejou em movimentos ondulares abocanhando Mudkip entre as costelas, jogando-o contra a pilastra evitando que atacasse.

    - Muuuuuuuuuuuuud. ? Mudkip gemeu em razão da dor excruciante.

    - Mudkip! ? meus olhos encheram de água nesse momento. ? Você está bem?

    Isis levou às mãos a boca, inaudível.

    - Mud. ? gritou ao se recuperar.

    - É isso aí, Mudkip. ? Isis voltou a gritar.

    Ekans balançava de um lado ao outro prestes a lançar outro golpe.

    - Poison Sting. ? Janine disse ainda de lado.

    Uma jogada de corpo levou Ekans bem próximo a Mudkip. Aquela serpente era extremamente rápida, contudo eu tinha um trunfo.

    - Mudkip, Aqua míssil. ? disse esperançosa de que funcionasse como treinamos.

    - Mud. ? seu miúdo corpo azulado foi envolvido por água, impulsionado, foi de encontro à cabeça de Ekans.

    - Isso! ? comemorei o nosso esforço para aperfeiçoar o ataque.

    Janine não se surpreendeu com a reviravolta.

    - W-r-a-p. ? Janine soletrou.

    Não entendi o porquê daquilo, mas algo me dizia para recuar.

    - Mudkip afaste-se. ? segui meus instintos. ? E concentre-se.

    - Mud! ? saltou para trás pousando na terra vermelha úmida e recém revirada remexendo as barbatanas alaranjadas, aquilo me chamou a atenção.

    Com movimentos ardilosos, Ekans se desdobrou pelo gramado aguardando uma oportunidade de se aproximar. Algum tempo depois, e percebi que Mudkip estava enfraquecendo. Havia sido envenenado.

    Ekans estava aguardando para que o veneno se espalhasse pelo corpo de Mudkip e fazer efeito. Por isso estava se resguardando.

    - Vejo que percebeu. ? Janine disse voltando-se para frente. ? Um ninja age pelas sombras, ocultando a verdadeira intenção de seus movimentos. Notei que seu Mudkip carregava uma pecha berry. Foi cautelosa e me atrasou com essa manobra, mas agora a vitória é minha. ? disse sorridente.

    Meus olhos cor de água cintilaram ao me deparar com essa estratégia. O nível de um líder de ginásio superou todas as minhas expectativas, apesar de estar completamente atada aos movimentos de Janine passei a admirá-la. Ainda não compreendia como ela tinha realizado tal façanha, e isso foi o que mais me impressionou.

    - Você está com a vantagem e se antecipou aos meus movimentos, mas mesmo assim não me darei por derrotada. ? disse em tom irredutível. ? Francamente eu não sei o que poderei fazer... ? falei honestamente, apesar de dizer que não desistiria me sentia acuada e desacreditada.

    - Mud! ? Mudkip me interrompeu e vi seus olhos inflamados reacendendo a minha vontade de vencer. Estava pronto a dar tudo de si.

    - Mudkip... ? fiquei emocionada com sua entrega. ? Vamos dar o nosso melhor! Conto com você Mudkip. Mud-slap!

    - Era o que esperava. ? Janine disse contente. ? Ekans, dig!

    Ekans saltou rodopiando aterrando-se no subsolo, evadindo do ataque.

    - Mudkip eu acredito em você! ? Isis continuava a enviar confiança e boas energias.

    Recordei-me dos dados da pokedex referentes ao Mudkip. Ele conseguia sentir as vibrações ao seu redor. Provavelmente poderia pressentir o ataque e revidar.

    - Mudkip, concentre-se nas vibrações do subsolo. ? disse contente de ter uma sobrevida na batalha. ? Você consegue!

    Mudkip focou-se no tato e na audição. Movimentou as barbatanas de suas bochechas respirando em intervalos regulares e compassados. Compreendi naquele instante como Mudkip sentia as vibrações. Deveria ser rápida, a cada segundo Mudkip sofria os efeitos do envenenamento, estava no limite.

    Mudkip saltou no instante que Ekans saía do chão, evitando o golpe. Ambos estavam no ar. Mudkip se antecipou. Seu corpo envolveu-se de água golpeando Ekans em um impacto fluído com uma força ainda não demonstrada por ele. Os dois caíram, um em cada extremidade do gramado.

    - Empate! O desafiante saiu vitorioso. ? Janine disse ao recolher seu Pokémon para a pokebola. ? Julliane, parabéns. A insígnia da alma é sua. ? completou.

    - Julli, você conseguiu! ? Isis gritou escandalosamente correndo para me abraçar.

    - Mudkip. ? o recolhi do chão para os meus braços, preocupada com seu estado.

    Isis se aquietou para um momento mais oportuno de se comemorar.

    - Não se preocupe. ? Janine disse imponente. ? O veneno só causa enfraquecimento na vítima. Em pouco tempo será eliminado do organismo e ele ficará bem.

    - Muito obrigada. ? disse com lágrimas nos olhos. ? Desculpe. Eu estou emocionada. ? tapei o rosto com a mão esquerda, envergonhada de me encontrar aos prantos. Eu criticava minha mãe por isso, mas estava igual a ela. ? Eu não esperava que pudesse conseguir.

    - Você foi muito bem. ? Janine levantou meu rosto para mantermos um contato visual. ? Você soube utilizar as habilidades de Mudkip em um momento decisivo. Não acreditava que conseguiria vencer. Surpreendeu-me. Terá um grande futuro. E um dos grandes segredos de um bom treinador, são seus amigos. ? disse olhando para Isis. ? Essa garota sabe mesmo como apoiar os amigos.

    - Garota, isso foi incrível! ? Isis gritou em meu ouvido ao me abraçar. Ainda estava empolgada. ? Agradeço o elogio Janine. ? disse sorridente.

    - Você foi muito importante Isis. Obrigada. ? disse enxugando o rosto. ? Poderia segurar o Mudkip. ? disse entregando-o.

    - Claro. ? Isis disse embalando Mudkip em seus braços. ? Você arrasou, mas depois conversamos. Ok. ? saiu para perto da escada frontal.

    Tentei me recompor limpando o rosto e voltando a falar com Janine.

    - Aqui está a insígnia da alma. ? Janine colocou uma pequena pedra rosada em formato de coração talhada ao meio com uma linha preta em minhas mãos. ? O símbolo da vitória no ginásio de Fuschia. ? sorriu para mim. Seus dentes alinhados e brilhantes eram encantadores. ? Você me proporcionou um bom desafio, espero ter a oportunidade de batalhar novamente quando obtiver mais experiência.

    - Obrigado. ? disse mais calma. Apesar da impressão inicial, Janine era doce e amigável.

    - Desculpe interromper Janine, mas temos que conversar. ? uma mulher muito bonita fardada em um uniforme feminino de polícia azul escuro a frente azul clara com mangas e gola alizarina estava próximo ao portal de madeira. Os traços meigos harmonizando com os olhos castanhos, o quepe no topo da cabeça aos cabelos em tom água-marinha, encaracolados e espetados nas pontas. ? É urgente.

    ***

    - O que será que se discorreu? ? disse curiosa e preocupada, mas extremamente satisfeita por obter minha primeira insígnia. ? Nem pude saber como ela envenenou o Mudkip.

    - Não sei, mas era a policial Jenny. ? Isis ainda estava muita entusiasmada. ? Alguma coisa que ela não deu conta e foi pedir pra líder de ginásio, nada mais natural.

    - Que comentário maldoso. ? recriminei seu ato.

    - Não tive intenção. ? Isis disse incrédula. ? Apenas comentei uma das funções de um líder de ginásio.

    - Eles também são responsáveis em manter a segurança da cidade? ? perguntei.

    - Lembra dos nove senhores da noite? ? Isis respondeu com outra pergunta.

    - Sim. ? com isso associei as informações. ? Então os nove senhores da noite correspondem aos líderes de ginásio licenciados de Kanto. É claro.

    - Isso mesmo. ? disse sorridente. ? Fuschia é representado pela serpente, o guardião mais astuto e traiçoeiro conhecido da época. A tradição ninja iniciou-se sobre sua tutela, e estende-se até hoje, pelas mãos de Janine.

    - Que interessante. ? disse empolgada. ? Certamente irei aperfeiçoar meus conhecimentos históricos com você ao meu lado.

    - Assim você me deixa encabulada. ? Isis disse meio sem jeito.

    Nesse instante fomos interrompidas pelo tocar da pokegear. Fiquei pasma ao ver o visor.

    - Pai é você? ? falei cética de que fosse realmente ele.

    - Oi... Que... Da. ? a ligação estava muito ruim.

    - Pai. ? falei ainda desacreditando

    - Querida... Terei de... Er breve... ? as palavras estavam sendo entrecortadas. ? Como... De... Ter notado... O sinal... Tá ruim...

    - Sim. ? disse um pouco decepcionada de não podermos nos falar muito.

    - Onde você... Tá? ? mesmo com os cortes consegui compreender.

    - Em Fuschia. ? disse rapidamente.

    - Vá... Centro... Kémon... mand...rei algumas c..isas. ? a ligação caiu.

    - Pai? ? disse entristecida.

    - O que houve? ? Isis demonstrava preocupação. ? Aconteceu alguma coisa grave?

    - Não. ? disse me recuperando. ? É que tive de me comunicar com meu pai muito brevemente, mas o que importa é que pude ouvir sua voz. Já se passara um longo período que não recebia notícias.

    - Ahhhhh. ? disse emocionada. ? Adoro ver estas ligações fortes entre pai e filha.

    - Deixa de ser boba. ? ri para não chorar. A saudade apertava em meu peito, era difícil resistir aos sentimentos.

    ***

    Eu estava sentindo um misto de emoções que me deixaram sensibilizada. Isis tentava me animar enquanto adentrávamos o centro Pokémon. Estava deserto, era hora do almoço, os treinadores deveriam estar na lanchonete. Apenas a enfermeira se encontrava por detrás do balcão da recepção. Dirigi-me a enfermeira Joy e Isis permaneceu a meu lado me apoiando espiritualmente.

    - Em que posso ajudá-la? ? disse gentilmente.

    - Poderia examinar meus pokémons. ? minha voz saiu doída, cingida.

    - Claro. ? falou colocando uma bandeja branca com espaço para seis lugares.

    - Obrigado. ? disse depositando as pokébolas ali.

    - Chansey, poderia levá-los. ? a enfermeira pediu a sua assistente Pokémon, surgindo pela porta frontal.

    - Chansey. ? grunhiu docemente.

    Eu já havia entrado em contato com aquele Pokémon rosa em forma de ovo em algumas ocasiões, entre elas uma das mais difíceis que já havia enfrentado. Carregava um ovo em sua bolsa, tinha uma pequena cauda, membros curtos, um olhar adorável e alguns filamentos rodeados ao tronco. Ainda sim me prestei a coletar informações com a minha pokedex.

    Chansey, Pokémon ovo. Um Pokémon raro e elusivo, dito para trazer felicidade para os corações feridos. Os ovos são ricos em nutrientes e extremamente deliciosos. Diz-se que seus ovos possuem propriedades míticas.

    Não sabia que aquele Pokémon adorável poderia ser tão interessante. Chansey rodeou o balcão parando a minha frente, sorrindo. Acenou para que me abaixasse. Não entendi o que ela queria, mas obedeci.

    - Chansey. ? disse retirando o ovo de sua bolsa e entregando-o para mim.

    Ao segurar senti uma sensação indescritível. A alegria inundou em meu coração, e não havia mais absolutamente nada me incomodando. Minhas preocupações, a saudade, lembranças ruins, pesadelos, alucinações, todos os sentimentos negativos esvaíram-se de mim. O ovo desapareceu neste instante evaporando em cintilantes flocos esbranquiçados, notavelmente semelhantes à neve.

    - É raro a minha Chansey dividir o seu ovo. ? a enfermeira Joy disse gentilmente. ? Deve ser uma pessoa muito especial e de bom coração.

    - Obrigado. ? Abracei Chansey emocionada de seu ato inesperado. A felicidade era tamanha que transbordaram lágrimas em meus olhos cor de água, encharcando minha face rosada.

    - Chansey. ? ela acariciou minhas costelas carinhosamente com seus braços encurtados.

    Ao nos soltarmos, já havia outro ovo em sua bolsa. Ela se dispôs para o consultório empurrando a cômoda metálica com várias bandejas.

    - Enfermeira, meu pai disse que iria mandar algo para mim. ? disse enxugando as lágrimas, extremamente feliz. Isis me abraçou visivelmente emocionada. ? Andrews Cerulle. ? disse pigarreando. ? Desculpe. ? estava sem graça. Porque demonstrava minhas emoções tão intensamente em companhia de pessoas que não tinha intimidade? Perguntei para o meu íntimo. Pelo menos não havia um público presente para ver.

    - Não se preocupe. ? falou observando o monitor. ? Ah, sim. ? disse digitando algo. ? Poderia me entregar sua pokegear e sua pokedex. E aqui. ? disse entregando um cd. ? Acabei de gravar um recado que seu pai enviou. Você poderá escutá-la naqueles telefones. ? disse apontando para uma mesa de mogno envernizado com divisórias, e em cada uma, um enorme aparelho prateado, com um visor negro brilhante, entradas para as mais diversas funções, e uma base com o fone fixado. ? Irei fazer algumas atualizações e poderá demorar um pouco. Enquanto isso pode aproveitar para escutar o recado. ? disse encaixando um cabo USB a pokegear e a pokedex em uma entrada própria no computador.

    - Nossa! ? disse surpresa com tamanha eficiência demonstrada pela enfermeira. ? Realmente faz um ótimo trabalho e obrigado pelo elogio. ? não esquecera seu comentário.

    - Eu que agradeço. ? pôs as mãos no rosto, constrangida.

    Encaminhei-me para os telefones, Isis em meu encalço.

    - Isis poderia me auxiliar. ? disse constrangida.

    - Certo. ? Isis já previra que eu precisaria de sua ajuda.

    Ela inseriu o cd em um dos orifícios, e o tela mostrou a imagem de meu pai.

    A felicidade explodiu em meu coração, ao poder ver seu rosto, mesmo que fosse por um telefone.

    - Querida, estou com muitas saudades. ? disse com seu sorriso pueril. Seu cabelo e sua barba lisa azul meia noite intocável, os olhos castanhos que transmitiam aspiração e desejo de um mundo melhor, o aspecto cansado de trabalhar até a exaustão, ainda era como eu lembrava. Vestia um jaleco por cima de uma camisa pólo âmbar, e se encontrava em um local escuro, indefinível, provavelmente era noite quando gravou a mensagem. ? Desejo os mais sinceros votos de sucesso em sua empreitada, entretanto quero que tenha cuidado. Prometi a sua mãe que você ficaria bem, então nada de ações audaciosas. Mudando de assunto, eu recebi uma mensagem de um assistente do professor Carvalho com algumas dúvidas referentes à sua pokédex. Eu já havia dialogado com o professor, mas ele teve de se ausentar e provavelmente não teve tempo hábil para atualizar a pokédex com as informações que obtive em minhas últimas pesquisas. Descobri um exemplar que se encontra com você, capaz de utilizar um ataque até então considerado impossível para um Mudkip. Resolvi dá-lo de presente a você, como compensação de minha ausência. Espero que compreenda. Não pude interromper as pesquisas. Em relação a pokegear, ela estava desatualizada. Desculpe por isso. Eu não havia notado que o mapa estava incorreto. Era uma versão pós a catástrofe. ? nesse momento um vento gélido transpassou minha nuca, arrepiando-me. ? Em breve nos veremos minha querida. Seu pai te ama muito. Estou orgulhoso de você.

    A tela enegreceu-se. Simbolizou o fim da mensagem.


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