Em Meio as Trevas

  • Finalizada
  • Kiia
  • Capitulos 1
  • Gêneros Ação

Tempo estimado de leitura: 5 minutos

    12
    Capítulos:

    Capítulo 1

    Em Meio as Trevas

    Violência

    Essa fic foi feita pra um evento de textos aleatórios com tema, em que o pessoal teria que adivinhar o autor de cada hist e talz. :3 O tema foi Batalha, espero que gostem. õ/

    Dedicado a Ordem da Tinta.

    Em Meio as Trevas

     Certo, defender o País.

     Ele repetia aquele mantra como se aquilo pudesse acalma-lo, como se pudesse preencher seu espírito com o mesmo animo que todos ao seu redor pareciam ter.

     Os tambores rufavam ao seu redor, as espadas batendo em escudos e a canção de batalha escapando por aquelas vozes másculas e sem piedade. Aqueles, como ele, que não compartilhavam da mesma coragem de seus companheiros enchiam a cara - não que ele estivesse fazendo o mesmo. Era melhor morrer sóbrio do que morrer sem conseguir encarar a face do inimigo. Outros confessavam seus últimos momentos para seus padres, ou repetiam rituais para dar sorte no campo de batalha, mas tudo parecia em vão.

     O que ele fazia? Nada.

     Apenas seguia com o exercito armado em silêncio, preso a suas próprias ideias e lembranças.

     Certo, defender o País.

     Repetiu aquilo mais uma vez antes de mergulhar em mais uma das diversas lembranças. Aquela em especial parecia distante... Ao mesmo tempo que recente. Ele quase podia ouvir os sons, os cheiros e por fim seu sorriso.

    "Apenas volte para mim, está bem?" Ela lhe dissera entre lágrimas, mas ele não respondeu. Apenas confirmou com a cabeça, e após um suave beijo em sua testa, ele partiu. Partiu para nunca mais voltar.

     Certo, defender o País.

      Os cavalos passaram relinchando inquietos ao seu redor, como se previssem o perigo que a cada instante se aproximava.

    Olhe para baixo

    olhe para cima

    olhe para os lados

    vigie bem, a foice da morte

    está ao nosso favor

     Nem mesmo a estranha canção parecia lhe dar animo. O escudo seguia a frente, a espada já em punho apenas esperando as ordens de seu comandante.

    Fujam covardes! Fujam!

    somos os cavaleiros da noite

    somos aqueles que

    tomaram suas esposas

    e açoitaram suas crianças

     O ritmo da caminhada terminara, a canção e as batidas agora se intensificavam. Os inimigos deveriam estar logo a frente. Podia ouvir a somatória da canção rival, as provocações que durariam horas até que um dos dois exércitos tivesse coragem o suficiente para quebrar a barreira de escudos do adversário.

    Não soube dizer quanto tempo permaneceram naquilo, até que os bêbados correram para frente, provocando seus inimigos mostrando partes do corpo, ou com gestos obscenos. Assim o primeiro foi morto, e a guerra teve seu inicio.

     Certo, defender o País.

     Quantas vezes ele já repetira aquilo? Quantas vezes ele já não passara por uma situação semelhante? Quantas vezes vira aquela mesma merda se desenrolar? Ele simplesmente odiava aquilo.

     Agora com a formação da parede de escudos, ele empurrava os inimigos para longe. Tentava manter aquela situação enquanto seus vizinhos de escudo aguentavam. Quando o primeiro morreu, quebrando assim a parede, foi inevitável um combate aberto.

     São muitos.

     Sempre eram. Guerra é isso. Guerra é morte. Guerra é a matança por motivos diversos - por motivos idiotas.

     A espada perfurou a garganta do primeiro que apareceu. O corpo tombou quase de imediato, mas não teve tempo para pensar sobre o inimigo, outro surgiu. O golpe que o segundo adversário lhe desferiu foi tão brutal que mesmo ao aparar com o escudo de madeira, sentiu o pulso abrir causando-lhe uma dor que pode deixar de lado devido a adrenalina.

     O inimigo utilizava de uma maça, e era com certeza mais musculoso que ele. Deveria ter o dobro de sua altura, mas aquilo não o intimidou.

     Nunca intimidava.

     Aparou outro golpe, desta vez uma espada que o combatente de seu colega errou. Logo teve que defender-se contra o grandalhão. Céus, como ele era rápido. Girava aquela maça tal como um louco, deixando-lhe sem espaço para contra-atacar.

     Certo... defender...

     Já não tinha mais forças para repetir aquele mantra. Aquilo era um inferno... A guerra nunca trazia nada de bom. Quantas famílias ficariam órfãs naquele instante, quantas mulheres perderiam seus maridos naquela guerra, e quanto o País perderia com aquelas mortes.

      Com um grito de fúria, avançou com o escudo esperando chocar contra o adversário e desequilibra-lo. Em seguida girou a espada cravando a lâmina no peito do adversário. O outro poderia ser mais forte, mas a falta de uma armadura ou couro fervido de forma descente, não o protegera de ataques diretos.

     Outro, desta vez mais preparado se apresentou. As espadas se chocaram tais como em uma dança. O escudo pouco servia naquele embate, uma vez que o aço parecia não querer se separar. O que se deu em seguida foi uma batalha de força, na qual estava em desvantagem devido ao pulso.

    " Apenas volte para mim, está bem?"

     Ah... Aquelas palavras eram tão doces quanto ela. Quanto seus cabelos loiros ao vento, quanto a imagem dela nua frente as chamas da fogueira. Tão preciosa quanto... O sangue que sentia escorrendo pelo seu peito. O inimigo arrancara sua espada, e com a própria lhe ceifava a vida. Os minutos finais sempre eram assim... Agonizantes.

     Mas nunca duravam muito.

     Certo, defender o País.

     Logo estava de pé. Mais um em meio as fileiras de zumbis que apenas serviam para uma coisa. Travar eternas batalhas para defender um inútil terreno que em breve seria proclamado por outro e de outro... E no final não pertenceria a ninguém. Pois a morte chega para todos, e apenas aquelas palavras pareciam ser eternas enquanto erguia sua espada de fumaça e marchava com seus companheiros em rumo a mais uma batalha entre trevas... Como em um sonho sem fim.

    Certo, defender o País.


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