Idade Complicada

Tempo estimado de leitura: 6 minutos

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    Capítulos:

    Capítulo 1

    Capítulo Único

    Ola pessoal! Estou postando uma nova fanfic, mas desta vez é original.

    Espero que curtam e por favor comentem, assim poderei saber a opinião de vocês^^

    Sabe... sou um cara bem simples. Daqueles que falam as coisas diretamente, que faz as pessoas rirem, mas que é péssimo para dar conselhos e entender o que as garotas pensam... ou ao menos era o que eu pensava até aquele dia. 

    Estava eu caminhando para a tão sonhada liberdade, rumo ao portão do colégio quando ouço um som abafado, pareciam gemidos. Olhei para trás e vi uma garota pequena de cabelos castanho-dourados longos presos em duas marias-chiquinhas. Ela estava sentada no chão e encostada à parede do corredor, soluçando. 

    "Ah claro" pensei eu "Só podia ser a Carol Chorona, uma garota da minha classe que chorava por tudo, como insetos, escuro entre mais uma par de outras coisas, e como eu gostava de me aproveitar dessa situação" nesse momento ri em pensamento "Não me entendam mal, não sou um cara malvado, apenas me irrita vê-la chorando por tudo, até mesmo por ter tirado uma nota não satisfatória na prova."

    Mas mesmo sabendo que a razão de seu choro poderia ser algo insignificante não pude ignorá-la. Apesar de sempre gozar dela, Carol não me via como seu inimigo, pelo contrário, éramos amigos desde o primeiro ano. Talvez por isso tivesse tanta liberdade para brincar com ela. 

    - Por que está chorando, Carol? - perguntei parando em frente a ela. 

    Carolina levantou seu olhar em minha direção, seus olhos estavam muito vermelhos e sua face estava marcada por lágrimas. A menina se surpreendeu ao me ver. 

    - Não me diga que se olhou no espelho de novo? - Carol pode não ser feia, mas com certeza se olhasse no espelho nesse momento teria mais uma razão para chorar. 

    Seu olhar triste se transformou em indignação e com uma voz meio embargada, mas firme, ela me respondeu: 

    - Não é nada. Vai embora, André! 

    "Acho que peguei pesado." pensei sem graça e numa tentativa de consertar as coisas disse:

    - Foi mal, Carol. Vai me conta. Quem sabe não posso te ajudar? - sorri. 

    E não é que a tentativa deu certo, foi só oferecer meu ouvido que a Carol Chorona já começou a desabafar. 

    - Está bem. - disse ela meio contrariada - Mas se você rir vai se ver comigo. - não pude deixar de rir com esse comentário, afinal Carol é a garota mais baixinha do sexto ano, devo ser uns 10 cm mais alto que ela, pelo menos. 

    - Desculpa, Carol, prometo não rir mais. - respondi. 

    A garota me fuzilou com o olhar, mas respirou fundo e começou a falar: 

    - É que fui na casa da Estefani ontem, a Camila e a Beatriz também estavam lá. Levei minha boneca preferida para brincarmos, mas elas riram de mim e me chamaram de criança. - novas lágrimas começaram a escapar dos olhos de Carol - O que há de errado em brincar de bonecas? Antes brincávamos o tempo todo, agora elas só sabem se maquiar, pentear, visitar sites de beleza na internet e falar de garotos. O que tem de tão legal nisso? Será que ser criança é tão ruim assim?

    Fitei aquela garota de 11 anos à minha frente, surpreso. Pela primeira vez Carol Chorona chorava por estar triste e não por medo. O que poderia dizer a ela? Sempre gostei de jogar bola, videogame e brincar com carrinhos, nada sei sobre bonecas. Mas sei que também não gostaria se meus amigos não quisessem brincar comigo. 

    Então resolvi falar como me sentia: 

    - Não há nada de errado em ser criança. Eu gosto muito de ser criança e não trocaria minhas brincadeiras por maquiagem e conversas sobre garotos. - Carol deu um meio sorriso com meu comentário. 

    - Será que elas nunca mais vão brincar comigo? Será que eu tenho que começar a gostar do que elas gostam? - perguntou a menina preocupada. 

    - Você não precisa fazer algo que não queira só porque suas amigas fazem. E também não precisa parar de falar com elas. Além de brincar tem outras coisas que vocês podem fazer juntas, não é? 

    - Bem... tem. A gente gosta de assistir filmes e conversar sobre várias coisas. - refletiu Carol. 

    - Então, vocês podem fazer isso, afinal o que importa é estarem juntas, pois elas são suas amigas, não são? - minha pergunta surpreendeu Carol e ela deu um leve sorriso concordando - E quanto a brincar de bonecas com certeza há outras garotas que gostam e se não tiver em último caso posso brincar com você. - disse rindo. 

    E finalmente aquela pequena menina que estava cabisbaixa deu um sorriso sincero, levantando-se do chão onde estivera sentada. 

    Ao fitar os olhos castanhos de Carol vi que aquela sombra que antes havia neles tinha sumido. 

    Nesse momento ouvi um par de pés apressados se aproximar. 

    - Carol! - era Beatriz, uma das amigas da pequena chorona, uma garota gordinha, bem loura com o cabelo cheio de cachos - Que bom que te encontrei. - disse ela ofegante e após tomar o fôlego olhou para a amiga sem graça - Queria te pedir desculpas por ontem. Não é verdade que não gostaria de brincar de bonecas. É que a Estefani ficou falando tanto de como era legal ser como a irmã dela de 15 anos que achei que era chato ser criança. Mas ao chegar em casa e ver minhas bonecas e brinquedos na estante do meu quarto não pude resistir a brincar com eles, acho que ainda sou criança também. - confessou a menina envergonhada - Você me desculpa?

    - Claro que sim. - disse Carol alegre abraçando a amiga - Pra comemorar o que acha de irmos brincar na minha casa?

    - Combinado. - concordou Beatriz. 

    - Podemos ir também? - disseram duas vozes finas de quem não havia notado a aproximação. 

    Eram duas garotas, uma bem alta, branca, de cabelos castanhos e lisos e outra negra de cabelos bem encaracolados. 

    "Acho que Estefani e Camila também voltaram atrás com o papo de ser criança." pensei eu dando espaço para as quatro amigas. 

    Elas pareciam bem animadas e após alguns minutos elas uniram suas mãos e começaram a caminhar juntas. Me preparava para ir embora também quando vi Carol se separar das amigas, pedir para esperarem um pouco e vir ao meu encontro. 

    - Obrigada, André! Se você não tivesse conversado comigo talvez não tivéssemos feito as pazes tão rápido. - agradeceu a menina sinceramente. 

    E antes que eu tivesse a chance de responder Carol se aproximou de mim e deu um beijo em minha bochecha. Nesse momento meus olhos se arregalaram de surpresa e senti meu rosto esquentar. 

    - E você escapou de ter que brincar de boneca comigo. - disse ela achando graça em minha expressão atônita - Quem sabe numa próxima vez não possamos conversar mais? 

    Com um sorriso envergonhado e as bochechas coradas, a menina saiu correndo unindo-se às suas amigas. 

    Observei Carol se afastar com a mão em meu rosto ainda sentindo a sensação do beijo que ela havia me dado. E percebi que se essa sensação estranha que estava sentindo, como se houvessem borboletas em meu estômago, tinha relação com o crescimento, talvez naquele momento eu estivesse deixando um pouco meu lado criança e dando um olá caloroso para a adolescência.

                                                                                                                                                ***** Fim *****


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