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O teto girava em cima dele enquanto imagens turvas passeavam ao seu redor. Aos poucos, tudo foi se ajeitando e ele recobrou sua consciência. Estava numa cela, seus pés e mãos acorrentados, mas não presos ao chão ou à parede. A porta de sua cela abre, um elfo Kouki aparece com uma chave na mão, libertando-o das correntes, pega pelo braço e o levanta, porém uma súbita dor nas pernas o derruba no chão. Provavelmente, ao invés de tacarem seu corpo por cima dum dos rinocerontes, apenas o amarraram num e o deixaram a ser arrastado. A queda irritou o carcereiro, que o agarrou pelos cabelos e o puxou até o lado de fora.
Os elfos fechavam um corredor para que o prisioneiro pudesse passar. Na visão turva deste, o corredor mais parecia estar cheio de demônios de estórias contadas por seus pais quando criança, tais criaturas esbravejavam palavras incompreensíveis, embora conseguisse entender a situação: estava lá para lutar.
Os gritos e gestos vinham de todos os lados, tudo a sua volta parecia girar enquanto tentava se situar no círculo em que agora fora jogado. Alguns metros à frente, um elfo negro, estava todo agitado, animado com a oportunidade de lutar com alguém de fora pela primeira vez. A ele foi oferecido uma arma, duas espadas curtas e curvas. Olhou para as armas e depois para seu oponente, vendo um menor branco ensangüentado, bambo das pernas e desorientado, decidiu recusar as armas. Esbravejou algumas palavras e bateu no peito várias vezes.
Ao elfo da floresta ofereceram uma lança, já que o encontraram com uma, pensaram ser justo. Ao primeiro instinto, esticou o braço para alcançá-la, mas logo hesitou, seria certo enfrentar um inimigo desarmado? Porém ele queria voltar pra casa, era jovem, não possuía filhos nem uma noiva, seu maior sonho era criar um filho, ensiná-lo tudo sobre ser um elfo da floresta, a caçar, a lutar com outro elfo, como se comportar com uma elfa, tudo que seu pai o ensinou. Sua tribo preza a justiça natural, o equilíbrio, inclusive nas lutas, embora esta não estivesse em tal condição.
Aquele dia começou como qualquer outro, mas terminou diferente de qualquer um. Pela primeira vez, conheceu alguém de fora das florestas, embora não fosse um encontro prazeroso. Naquele dia, nosso herói morreu, todavia morreu com a paz de espírito que sua tribo e deusa sempre desejaram.