Hoje eu amei um cantor

  • Finalizada
  • Lucasdoa
  • Capitulos 1
  • Gêneros Deathfic

Tempo estimado de leitura: 5 minutos

    16
    Capítulos:

    Capítulo 1

    Capítulo único

    Álcool, Drogas, Homossexualidade, Linguagem Imprópria, Mutilação, Nudez, Sexo, Violência

    Na mesa, um caderno e uma caneta jogados de lado, um livro aberto e uma margarida sem pétalas num jarro de vidro sem água. O homem estava com seu rosto bem próximo a página que lia, seus olhos acompanhavam se moviam junto as frases até que termina o último parágrafo da página, encosta-se nas costas da cadeira e suspira aliviado. Retira de seu bolso um canivete, retira a lâmina e deixa uma marca, sem rasgar, a página que acabou de ler bem no alto, no lado direito.

    A cidade nunca dorme, cinemas, cassinos ilegais, bares e prostíbulos movimentam a madrugada enquanto os homens de bem dormem para existirem na manhã seguinte. Homem algum tem algo de especial nas ruas, mas todos recebem atenção de mulheres paradas em portas abertas. Um desses “zé ninguém” da noite entra num bar e dirige-se ao balcão. No palco ao fundo um artista com um violão arranhado performa um cover de Take a Walk on the WIld Side, de Lou Reed.

    - Hey, baby! - Sua voz suave atravessava o bar, invadindo as cabeças de cada homem e mulher no recinto provocando um relaxamento geral. - Take a walk on the wild side! - E assim todos se identificavam com o maior babaca da música. Todos ali estavam no “wild side” da vida. No balcão, nosso protagonista fitava constantemente o cantor. Loiro tingido, cabelo curto, branco e um rosto bonito combinando com sua voz, porém destoando numa cicatriz vertical abaixo do olho direito. - I said hey, honey! Take a walk on the wild side. - Com os olhos fechados, continuou a tocar o violão, enquanto a música acabava e alguns educados se preparavam para aplaudi-lo.

    Em meio a palmas, no balcão o homem virou-se para o barman e pediu por uma dose de uísque com gelo, mas não para ele. No palco, o artista agradecia e se retirava para sua mesa, com dois amigos que conversavam, bebiam, fumavam e possuíam uma mulher para cada.

    Após um tempo, uma garçonete aparece e coloca na mesa uma dose de uísque com gelo, recita algumas palavras e aponta para o homem no balcão para se retirar em seguida. O cantor encarou-o do outro lado do bar, ergueu o copo e bebeu tudo de um gole. Depois de mais algum tempo fitando-o, ignorando seus dois amigos que estavam prestes a fazer sexo com as mulheres ali mesmo, levantou-se e foi até uma porta ao lado do palco, entrando no cômodo e deixando-a entreaberta. Percebendo o sutil convite, o homem do uísque com gelo levantou-se e caminhou entre as mesas, observando todas aquelas pessoas, vivendo suas vidas, não imaginando ou não se importando com o que viria a seguir, só lhes importava sua mísera vida até o derradeiro dia de morrer e acabar abaixo de sete palmos de terra.

    A porta dava numa escadaria. À esquerda, uma subindo. À direita, uma descendo. Qual delas? De repente, ouve-se uma música, o volume aumentava cada vez mais. Sattelite of Love, de Lou Reed. Vinha de cima. Seguindo o som, no segundo andar um grande corredor, vários portas com números presos as mesmas em cada lado. A última porta do lado direito. A música vinha dele. Nosso protagonista estava cada vez mais ansioso. Devagar, caminhou até lá, passou por algumas portas abertas e pode ver quartos iluminados por lâmpadas de diversas cores, mas em todos havia pessoas fazendo sexo. Homens, mulheres, gays, lésbicas. Diversos tipos de fetiches também. O número 53 de metal pendurado na porta e a música acaba. Ele bate duas vezes. A maçaneta gira, e o cantor aparece. A camisa social azul vestia estava aberta nos dois últimos botões, a mangá encurtada até os cotovelos, a calça jeans lhe apertava e destacava. - Pois não? - perguntou.

    Sua mão foi direta ao pescoço dele, empurrando-o para trás e jogando-o na cama. Retirou a camisa e foi para cima do grande fã de Lou Reed. “The Wild Side”. Tudo que o grande babaca queria dizer estava ali. No quarto, em cima da mesa várias agulhas e latas de cerveja, as cortinas estavam fechadas e a lâmpada iluminava um vermelho ao quarto. Os dois se beijaram, tamanha a agressividade da visita, pressionava o anfitrião para baixo, com força agarrava seu pescoço enquanto este arranhava suas costas. - Espere aí. - Disse o cantor, afastando seu amante da vez. Foi até a mesa, agarrou uma seringa e injetou-se, sem o menor cuidado, toda a droga. Deixou-a cair e ergueu sua cabeça, sentindo os efeitos da heroína. O nosso protagonista levantou-se também, foi até sua conquista, abraçando-o por trás e beijando seu pescoço. Sabia quando ser agressivo e quando ser carinhoso. Seus toques excitavam-no, a calça já estava insuportável. Fez o favor de abrir o zíper para ele e abaixá-la, deixando-o apenas de cueca. Após trocas de carícias do tipo, a violência torna-se ainda mais agradável.

    Arremessou-a na cama com força, pôs-se em cima dele e beijou-o, mordendo-o o lábio e agarrando-o com força por cima da cueca. Retirou a cueca e o pênis apareceu completamente ereto. O artista fechou seus olhos, esperando receber o grande prêmio da noite.

    Não esta noite. Nunca mais. Apenas sentiu o primeiro toque frio da lâmina, quando abriu os olhos o sangue espirrava para cima. Na mão do homem, um canivete. O choque fora imenso, tanto que demorou para processar as informações e quando entendeu o que acabara de acontecer, abriu a boca para gritar, mas a mão do amante a tampou. O pênis ainda sangrava, cortado apenas na metade. Com um dedo da mão livre, fez como se pedisse silêncio ao aproximá-la dos lábios.

    Abaixou-se e pôs o resto do órgão na boca, chupando o sangue dali, bebendo e deixando escapar muito sangue pelas laterais. Sua mão escapou da boca e o cantor, em prantos e lágrimas, soltou um grito. O homem não se importou. Ele sabia que num lugar como aquele, numa cidade como aquela, gritos não eram nada. Ninguém se importava com ninguém. O choro dava prazer. Quando se satisfez, levantou-se. O sangue escorria de sua boca, os lençóis manchados e o homem perdera a consciência. Mas não morrera ainda. Este era o prazer final. O clímax. Com o canivete, rasgou a garganta dele o mais fundo que pôde.

    Em sua mesa, aproximou o caderno e a caneta. Escreveu vagarosamente, letra por letra: “Hoje, eu amei um cantor. Ele foi sensacional. Fez tudo que eu queria, gritou, chorou e não resistiu. Sua voz era linda. Espero amar um cantor novamente”.


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