Capítulo 16: Encontro inesperado
- Então, é este o planeta de que o pessoal estava falando? ? disse uma voz áspera, que expressava indignação. ? Nunca vi um planeta tão ridículo! Quando a gente voltar lá da Galáxia Norte, me lembre de estrangular o primeiro verme que me falou deste lugar!
- Mas a gente nem viu o resto deste planeta!
- Não é preciso olhar mais nada desse lixo de planeta! Esse lugar é pura perda de tempo, Nappa! Não existe nem mesmo um nativo pra gente saber se vale ou não a pena enfrentar! Aposto que não existe nem mesmo um animal pra se caçar!
- Tem certeza, Vegeta...? ? o saiyajin corpulento apontou para a direção de onde se ouvia um rugido.
Uma grande serpente alada apareceu diante dos dois saiyajins. Vegeta não titubeou e disparou contra o animal, que caiu morto.
- Fácil demais... Será que esse bicho serve pra virar comida?
- Enquanto você pensa nisso, vou dar uma olhada pelo planeta... Temos bastante tempo pra explorá-lo antes de ir àquele planetinha chamado Terra, não é mesmo?
- Vai fazer o que quiser, Nappa.
?Que planeta ridículo!?, pensou. ?Depois de liquidar Kakarotto e destruir aquele planeta, vou colocar meu plano de imortalidade em prática. Freeza que me aguarde!?
Entediado, Vegeta apertou um botão de seu rastreador.
- Vamos ver que tipo de planeta inútil é esse...
Pouco a pouco, apareceram as informações na lente do aparelho acerca do tal planeta.
- Planeta Lone... Um oceano ocupa 55% da extensão do planeta... Os outros 45% formam um único continente... O continente... Humm... Nah! Que tédio! Esse planeta é um planeta de ninguém! Vou estrangular o retardado que me deu essa rota!
De repente, o rastreador emitiu vários bipes, apontando uma presença não muito longe de onde ele estava. Vegeta se levantou e foi à procura do tal ki.
?Estranho... Meu rastreador detectou um ki de saiyajin, mas... Não é o Nappa... É fraco demais para ser ele...?
Embrenhou-se na mata, em meio a enormes folhagens amarelas, a fim de descobrir que ki saiyajin era aquele.
*
Tinha escutado um estrondo não muito longe dali. Em seguida, viu uma grande nuvem de poeira se levantar. O rastreador começou a apitar, acusando algo. Tarble leu os dados exibidos na lente verde trincada do aparelho e ficou surpreso.
- Ou este rastreador está com algum problema, ou...
Interrompeu-se ao ouvir um rugido, que ele logo reconheceu ter vindo de uma serpente alada. Em seguida, escutou uma explosão, que silenciou os urros do animal.
-... Duas fontes de energia... ? murmurou. ? Não... Será possível que alguém tenha um poder desses?
Monitorou os movimentos das duas fontes de energia pelo rastreador. Uma das fontes de energia se deslocou, enquanto outra ? a mais poderosa ? ficou parada. Era um poder enorme. Seria de saiyajin?
E o que dois saiyajins iriam querer num planeta como Lone?
Resolveu se aproximar sorrateiramente da fonte de energia mais poderosa, que ainda estava parada. O rastreador continuava a apontar para a poderosa presença que agora estava se movendo.
?Está se movendo para a minha direção?, pensou. ?É melhor eu ficar prevenido. Pode ser que me ataque, pensando que eu sou um desses animais deste planeta.?
Tarble se concentrou e carregou uma esfera de energia na sua mão direita, pronta para lançar contra quem quer que fosse. Com muita cautela, aproximou-se de uma das folhagens amarelas. Viu-a ser aberta e, sem pensar duas vezes, disparou.
Mas esse ataque foi desviado para o lado.
- Você não mudou quase nada! ? disse quem desviou o ataque.
Tarble ficou totalmente surpreso ao ver contra quem havia disparado o ataque. O que ele estava fazendo em Lone?
- V-VE... VEGETA...?!
Não tinha como não reconhecê-lo. Era à imagem e semelhança do pai dos dois irmãos. Chegava até a lhe dar arrepios tal semelhança. O olhar frio, o rosto impassível e o cabelo eram idênticos. Mais parecido, só se ele usasse as mesmas roupas e deixasse crescer um cavanhaque.
Mas nada era tão gritante como o contraste entre os dois irmãos. Enquanto Vegeta tinha inteiro seu traje azul de combate, e o rastreador mais avançado até então ? sem sequer um trincado na lente rosa (?), Tarble estava quase maltrapilho. Sua roupa tinha um tom azul desbotado ? mais acinzentado ? e tinha rasgões e sinais de desgaste. A armadura estava avariada, com ombreiras um pouco quebradas, e com algumas rachaduras. Luvas e botas já estavam bem amareladas e desgastadas pelo uso e pelo tempo.
Os dois irmãos se examinavam mútua e minuciosamente.
Tarble percebeu que Vegeta havia crescido bastante, e notou que suas feições haviam se endurecido ainda mais com o passar dos anos. Ele não estava mais usando o uniforme real, mas a cor azul era a única coisa que ainda lembrava a qualquer um sua procedência nobre.
Há anos que Tarble não usava o uniforme real. Na verdade, desde que fora desterrado para Lone. A única coisa que remetia à sua origem também era apenas a cor azul.
- O que... O que você faz aqui neste planeta? ? Tarble perguntou após se recuperar do choque.
O irmão mais velho não respondeu, mas fez outra pergunta:
- Primeiro, me diga o que você faz aqui neste planeta.
- Eu moro aqui. ? o mais novo respondeu com a frieza que era tão peculiar à família real. ? Foi para cá que o nosso pai me mandou, como um desterrado qualquer.
Deu um sorriso irônico e acrescentou:
- Aposto que o rei Vegeta, nosso ?querido? pai, já nem se lembra da minha existência, não é mesmo?
- Ele está morto.
- Morto?
- Sim.
- Mas... Você assumiu o lugar dele, não é?
- Óbvio que não. Não está vendo que eu não tenho o colar comigo?
A conversa tomava um rumo estranho demais para Tarble. Como é que seu irmão não havia se tornado o rei, se o pai estava morto? Vegeta era o primeiro na linha de sucessão ao trono saiyajin. A menos que tivesse acontecido um golpe político, ou algo do gênero...
Não, isso não tinha a menor chance de acontecer, seu irmão era poderoso, tinha chance de superar até mesmo o próprio pai. E todos os saiyajins esperavam que ele fosse o lendário Super Saiyajin, o ?messias? que colocaria Freeza em seu devido lugar.
Como ele não se tornaria o rei dos saiyajins?
- O planeta Vegeta foi destruído. Todos os saiyajins que estavam no planeta morreram.
Mais um choque para Tarble:
- O... O quê...? O planeta Vegeta... De... Destruído...? Como...? Como aconteceu...?
O olhar de Vegeta se tornou sombrio. A notícia da destruição de seu planeta natal ainda ecoava na sua memória, mesmo depois de tantos anos. À medida que o tempo passava, tinha cada vez mais desconfiança das palavras de Freeza, quando ele mandara alguém lhe comunicar sobre a catástrofe. Essa notícia ele recebera durante a sua primeira missão, aos cinco anos de idade.
Se com cinco anos ele já não ia com a cara de Freeza, vinte e três anos depois, ele iria muito menos. Tinha planos ambiciosos para destronar o ?imperador?, mas para isso precisava primeiro enfrentar o saiyajin traidor que vivia na Galáxia Norte. Soubera da história das esferas do dragão através de Raditz, e através delas poderia conseguir seus objetivos.
- Segundo Freeza ? Vegeta disse. ? Um grande meteoro se chocou com o planeta, que acabou explodindo e matando todos os saiyajins que estavam lá. Foi logo depois de você partir. Eu parti para a minha primeira missão um dia depois da sua partida.
?Não... Não pode ser...! Quer dizer que o planeta Vegeta foi destruído...??
- Chocado, irmãozinho? ? ele perguntou com sarcasmo.
Tarble ainda estava atônito. Então, se o planeta havia desaparecido, Raneban, também...
- Bem, essa é a nossa sina agora. ? Vegeta disse. ? Hoje, a raça mais poderosa do universo é subordinada ao maldito Freeza. Eu realmente odeio isso, até porque meu lugar não é este. Meu lugar é no trono, lá onde está aquele desgraçado. Eu nunca suportei a idéia de um príncipe como eu ser rebaixado a um mero soldado. Mas isso vai mudar... Eu vou restaurar a raça saiyajin ao seu lugar de direito!
- E como pretende fazer isso?
- Tenho meus planos, mas só vou começar a colocá-los em prática quando eu chegar ao planeta Terra, na Galáxia Norte. Freeza vai aprender da maneira mais difícil que não se deve subestimar os saiyajins!
Tarble olhava para o irmão, que estava com o olhar distante e a ambição em seu rosto, apesar de sua frieza. Atreveu-se a perguntar:
- Eu entro nesse seu plano?
- Não. ? seu irmão respondeu secamente. ? Você é fraco demais pra isso. Atrapalharia meus planos.
Ficou indignado. Fraco demais? Já era de se esperar, estava acostumado a ser desprezado. Já estava habituado a suportar isso em silêncio.
E em silêncio ficou.
Os rastreadores dos dois acusaram uma presença se aproximando.
- Nappa... ? Vegeta disse e deu as costas para o irmão.
Marchou de volta ao local onde estava momentos antes, sem sequer olhar para trás. Encontrou Nappa, que lhe disse:
- Este planeta pode render um bom preço. O que acha? Podemos limpá-lo pra vender ao Freeza...
- Não vale a pena, Nappa. Este planeta não tem nada de interessante. Além disso, não tem nenhuma diversão antes de limpá-lo...
- Então, vamos destruí-lo?
Vegeta ficou pensativo por alguns segundos e, em seguida, respondeu:
- Não. Este planeta inútil vai ser apenas desperdício de energia pra nós. Vamos embora, precisamos continuar nosso caminho até a Galáxia Norte. ? sorriu. ? Mal vejo a hora de ver esse tal de Kakarotto, esse saiyajin traidor, irmão de Raditz...
Vegeta e Nappa foram até as naves e entraram nelas. Em seguida, elas decolaram e saíram de Lone em grande velocidade, rumo à Galáxia Norte, onde se localizava o planeta chamado Terra...
Tudo testemunhado por um momentaneamente decepcionado Tarble.