Capítulo 15: Despertar
Bolhas de ar flutuavam em meio a um líquido esverdeado, enquanto se ouvia um som monótono e, ao mesmo tempo, suave. Mais bolhas surgiam esporadicamente no líquido; os únicos sons ouvidos eram o som delas surgindo, o tal som monótono e o som de uma respiração.
- Ainda não entendo a razão de se manter esse sujeito aqui por tantos anos... ? disse um sujeito humanóide, mas de pele vermelha e antenas na cabeça, além de três dedos em cada mão.
- Segundo dizem, esse sujeito aí é perigoso. ? retrucou outro, com aparência parecida. ? Parece que ele tem um segredo terrível guardado sobre o Grande Freeza. Por isso, ordenaram que a gente o deixasse em animação suspensa. Falando nisso, precisamos jogar mais entorpecente no líquido do tanque de regeneração... Já está passando da hora de fazer isso...
As bolhas no líquido esverdeado apareceram em maior número e com mais intensidade. Os dois cientistas a serviço de Freeza olharam através do vidro do tanque para o ?sujeito perigoso?. Pele clara, não muito bronzeada, rosto sério, apesar de adormecido, e cabelos negros e rebeldes, que flutuavam no líquido verde. Eletrodos estavam em suas têmporas e espalhados no peitoral definido. Estava nu, flutuando numa posição quase fetal, e respirando por uma máscara de oxigênio. Flutuando no líquido, também estava uma cauda de pelagem marrom, e que pertencia a esse sujeito.
- Só de ver esse cara me dá medo... ? um dos cientistas disse.
- Tem razão. ? disse o outro. ? Os saiyajins são assustadores...
Nisso, o prisioneiro do tanque de regeneração abriu os olhos negros, e as bolhas aumentaram ainda mais. Arrancou a máscara de seu rosto, e em seguida retirou os eletrodos de seu corpo. Ainda flutuando no líquido, ele apontou uma das mãos para frente e disparou um raio de energia que explodiu o tanque.
- Essa não! Ele explodiu o tanque!! ? o cientista disse. ? Anda, manda o alerta vermelho!
O saiyajin disparou outro raio e atingiu o outro cientista que ativaria o alarme de alerta vermelho, matando-o. O cientista que havia avisado o companheiro estava suspenso no ar pela mão forte do saiyajin, que segurava firme sua presa pelo pescoço.
- Onde está Freeza? ? o saiyajin rugiu, sem se importar com o fato de ainda estar nu e ensopado.
- Muito... Longe... Daqui...! ? respondeu com dificuldade o cientista de pele vermelha.
- Então, me responda algumas perguntas... Que planeta é esse em que estamos? Se não responder, eu te estrangulo agora! ? disse, apertando mais o pescoço dele.
- Planeta... Freeza... 41...!
- Já faz quanto tempo que eu estava em coma nesse maldito tanque?
- Vinte... E... Um... Anos...!!
?Freeza desgraçado...! Conseguiu atrapalhar o meu plano...! Ah, mas ele vai pagar...!?
- Onde estão os príncipes saiyajins?
- Eu... Sei lá...! Sou... Apenas um... Cientista...! Você... É mesmo um... Saiyajin...?
- Sou. Sargento Raneban, da elite real do planeta Vegeta... Isso já não vale mais nada, o desgraçado do Freeza explodiu o meu planeta. Vou ter que mudar meu plano de vingança... Quero um uniforme, e rápido! E se você dedurar minha presença a alguém te faço em pedacinhos!
Raneban atirou o cientista no chão e ordenou:
- Anda logo, me traga um uniforme decente e um rastreador de última geração!
O cientista vermelho, apavorado, foi até o armário mais próximo ? sob o olhar furioso do saiyajin ? pegar o uniforme para que ele se vestisse. Trouxe até ele o traje.
- Tem alguma preferência de cor? ? perguntou.
- Não ? o saiyajin respondeu. ? Me dá logo essa roupa.
Raneban se vestiu rapidamente, sem perder o cientista de vista. Sobre o collant preto, de mangas longas e gola alta, pôs a armadura branca com ombreiras. Em seguida, calçou as botas brancas e vestiu as luvas. Estava se parecendo mais com alguém da realeza do que um saiyajin fugitivo, pensou. Se não fosse a cor preta do collant, seria exatamente igual ao uniforme dos príncipes de sua raça.
- Busca logo o rastreador! ? ele ordenou. ? Eu quero de última geração!
O cientista foi e rapidamente voltou, com o rastreador em mãos.
- Ótimo... É bom ter alguém obediente por aqui... ? o saiyajin disse enquanto colocava o rastreador.
Mas ele não contava que o cientista agora tinha companhia. Teve tempo apenas para ver um raio vindo na sua direção e, numa fração de segundos, disparou outro, conseguindo anular o ataque que iria receber.
- Eu devia saber... ? Raneban disse. ? Você é mesmo um grande covarde pra me dedurar assim... Mas, não faz mal... ? sorriu. ? Eles vão servir pra eu saber se fiquei mais forte... E vou começar por você!!
Enrolou a cauda em torno da cintura e partiu ao ataque. Golpeou o cientista com força e, em seguida, o pulverizou com uma rajada de energia bem à queima-roupa. Depois, os dois soldados que acompanhavam a agora vítima, voaram pra cima de Raneban.
Ele não hesitou em bloquear os dois ataques. Ligou o novo rastreador de lente azul e leu o poder de luta da dupla. Um tinha 12500 de poder, e o outro, 8600. Lembrava-se de que a última leitura de seu próprio poder havia sido de 13000. Golpeou os dois de uma vez só, deixando-os jogados no chão. Um deles ligou seu rastreador e mediu o poder do saiyajin.
- Só podia ser um saiyajin... ? disse surpreso. ? O poder de luta dele está a 18500!
?Ótimo!?, Raneban pensou. ?Mesmo depois de 23 anos de coma, meu poder de luta aumentou! Não foi lá grande coisa, mas...?
O saiyajin voou pra cima dos dois soldados. Primeiro, liquidou o que tinha 8600 de poder com apenas um golpe na nuca, que causou a fratura do pescoço. O segundo ofereceu um pouco de resistência, mas Raneban conseguiu atingi-lo com um raio. O soldado, antes de morrer, apertou um botãozinho do rastreador. O saiyajin descobriu do que se tratava: ele acabava de enviar um sinal, pedindo por reforços.
- Droga! ? exclamou. ? Logo eles vão chegar!
Raneban saiu correndo, passando por cima dos corpos que estavam jogados no chão. Ainda estava determinado a encontrar os dois príncipes saiyajins e revelar-lhes a verdade sobre a destruição do planeta Vegeta. E, depois disso, arquitetar a vingança perfeita contra Freeza.
O saiyajin ainda não entendia a razão de ter sido mantido em coma durante 23 longos anos. Mas isso já não importava.
Saiu em disparada pelos corredores, até encontrar a sala do computador principal. Entrou na sala, após pulverizar os guardas que estavam em frente à porta. Digitou várias seqüências numéricas, até que a porta abriu. Entrou e foi direto ao computador central, como havia feito na nave de Freeza, 23 anos atrás. Conectou o rastreador ao computador, através de um cabo de dados. Digitou algumas coisas no computador, agindo como hacker experiente, até conseguir acesso ao que queria: localizações e rotas de guerreiros a serviço de Freeza.
Tudo seguia o mesmo roteiro de 23 anos antes.
Na verdade, antes de descobrir o paradeiro de Vegeta e Tarble, Raneban procurou informações atualizadas sobre os dois príncipes. Queria, antes de tudo, saber se eles ainda estavam vivos.
Primeiro, pesquisou sobre Vegeta. Descobriu que ele era um dos mais poderosos soldados da elite de Freeza, mas também um dos mais rebeldes. Aos 28 anos, era temido por grande parte dos soldados do imperador. Porém, seu paradeiro no momento não era claro. Parecia ter se desviado da rota original. Seria difícil de encontrá-lo.
?Rebelde como sempre...?, pensou, enquanto salvava essas informações no rastreador.
Agora, passou a procurar alguma coisa sobre Tarble. Pelas suas contas, seu protegido estava com 26 anos de idade. No entanto, não conseguiu encontrar nada atualizado sobre ele. A última referência era da época em que o planeta Vegeta fora destruído. Nada mais.
Tarble estaria vivo ainda? Ou estaria no mesmo lugar de 23 anos atrás?
Baixou tudo que havia conseguido e, enquanto isso, memorizava tudo, conciliando as novas informações com as antigas que já possuía. Assim que terminou tudo, o rastreador acusou a presença de soldados de Freeza.
- Vocês demoraram! ? ele disse com sarcasmo. ? Há 23 anos, os soldados de Freeza não eram molengas assim!
- Tá... E você se julga melhor do que nós, saiyajin? Você já é velho, passou dos quarenta... ? disse um dos soldados.
Realmente Raneban já passava dos quarenta anos de idade. Fez as contas, acrescentando 23 anos aos 23 que tinha quando foi atingido por Freeza.
- Quarenta e seis, pra ser mais exato... ? Raneban disse. ? Mas não me subestime! Sou um saiyajin, se ainda não perceberam...
Enquanto dizia, desenrolou a cauda de sua cintura, deixando-a livre para quem quisesse ver. Prosseguiu:
- E os saiyajins não envelhecem tão facilmente. Ainda sou bem jovem.
Raneban apontou a mão direita para o grupo que vinha à sua caça. Nem precisava medir o poder deles pelo rastreador, já percebia ? só de ver ? que eles eram fracos demais.
E bem covardes também.
Disparou um raio contra eles, matando-os instantaneamente. Depois, correu até o local onde poderia ter alguma nave para usar. Deu de cara com várias, mas, antes de escolher uma para entrar, ligou o rastreador e o configurou para receber algum sinal da rede de comunicação que existia entre os soldados de Freeza.
Em seguida, tentou localizar algum sinal de rastreador de Tarble ou de Vegeta. De Tarble, era praticamente impossível localizar, de Vegeta também seria difícil. Teve paciência para esperar que seu rastreador descobrisse algum sinal de pelo menos um dos dois.
Foi quando sua paciência acabou sendo recompensada.
?Consegui?, pensou. ?O rastreador do príncipe Vegeta deu um sinal!?
Localizou o sinal. Não estava tão distante do planeta Freeza 41. Entrou em uma das naves esféricas, e digitou as coordenadas de onde partira o sinal que fora descoberto. Feito isso, a nave se fechou e levantou vôo, partindo em busca dos príncipes para arquitetar um plano de vingança contra Freeza, retomado após uma interrupção de 23 anos.
- Bem, pode ser que eu tenha a sorte de encontrar os dois juntos... ? disse, antes de adormecer e entrar no estado de hibernação.
A nave decolou a toda velocidade, deixando para trás o Planeta Freeza 41 e seguindo seu rumo até as coordenadas que foram predefinidas por Raneban.