Jóia Rara

Tempo estimado de leitura: 16 horas

    18
    Capítulos:

    Capítulo 8

    Riso Frouxo

    Álcool, Hentai, Linguagem Imprópria, Sexo, Suicídio, Violência

    Ohayo, minna! Finalmente cá estou trazendo o oitavo capítulo! Estava entrando em desespero por não terminar de escrevê-lo. Desculpem por demorar, mas os últimos dias foram tensos demais e eu começava a escrever, minha mente e corpo cansavam e eu acabava por vegetar ao invés de continuar o trabalho. kkkkkkkkkkkkkkkkkk mas ontem, sentei e decidi "vou acabar isso hoje". E bom, como eu terminei de madrugada, só estou postando agora. Mas indo ao assunto que interessa... Como vocês estão? Estou muito feliz pelo carinho, por isso senti tanta vontade de terminar, não gosto de deixá-los esperando! Bom, hoje o capítulo foi agitado, mas não de forma negativa. Decidi dividir a narração do baile, para que a leitura não ficasse cansativa. E acho que até ficou melhor assim. Também temos uma trilha sonora, a música Blue Eyes Blind, de ZZ Ward. Peço encarecidamente que escutem, eu escolhi a música faz um tempo já e ela tem tudo a ver com a cena. Deixarei o link nas notas finais! Sem mais delongas, boa leitura e até lá embaixo! :)

        Hinata

               Ino tocou a campainha de forma animada. Ela e Tenten estavam ansiosas para porem seu desafio à prova. Na entrada da casa dos Uzumaki, já havia vários carros estacionados, o que indicava que a reunião começara há algum tempo. Enquanto eu e Sakura aguardávamos pela porta ser aberta logo atrás das outras duas, vi-me ansiosa também. Mas não pretendia entrar em nenhuma partida de vídeo-game. Eu apenas... sentia vontade de entrar ali outra vez, de vê-los, os donos da casa e dos mais belos pares de olhos azuis. A senhora Uzumaki apareceu na porta, finalmente nos atendendo. 

    Ela tinha uma expressão enfezada, uma colher de madeira na mão e um avental verde pendurado no pescoço. Sua expressão logo se suavizou ao avistar todas nós. Ino e Tenten apressaram-se para lhe saudar e depois correram para a direção da sala de televisão. Sakura pairou no hall de entrada e abraçou carinhosamente a ruiva.

    - Yo, tia Kushina! - disse. A mulher retribuiu o abraço com ternura, sorrindo.

    - Konnichiwa, Saky-chan! - respondeu ela, sua voz maternal combinando com sua expressão afetiva. Logo após a entrada da rosada, a matriarca pousou os olhos brilhantes em mim. Seu sorriso de mãe não vacilou, continuou ali como se ela tivesse por mim o mesmo carinho que nutria há tantos anos pela melhor amiga de seu único filho. Eu sorri, sentindo-me tímida, mas fui até a direção dela.

    - Ohayo, Kushina-san. - saudei, fazendo uma pequena reverência. A ruiva me abraçou sem delongas, afagando meu cabelo suavemente. 

    - Como você está, querida? - ela perguntou, soltando-me. Olhei em seus olhos, vendo-os brandos. Apesar da tonalidade azul mais escura do que a de seu filho, aquelas águas se assemelhavam às dele em algumas vezes. Eram tão ternas, transmitiam calor de uma forma extremamente sentimental. E assim como o loiro fazia-me sentir bem, sua mãe também o fazia. Por isso decidi responder:

    - Estou bem. Arigatou! 

      Ela sorriu, assentindo. Entrei na casa, permitindo que a porta fosse fechada. Kushina indicou o local onde os jovens se reuniam e voltou para a cozinha. O cheiro doce que tomava o ambiente era enebriante e quase preferi ficar na companhia dela do que na dos garotos. Caminhei até a sala, vendo muitas cabeças conhecidas por todo o canto, vidradas no que acontecia na televisão. Claramente, era um jogo de guerra. Busquei as garotas com o olhar, vendo Tenten e Ino disputando o próximo controle da vez. Eu ri baixinho, mas atraí a atenção do jovem Uzumaki. A cabeleira loura bagunçada dele emoldurava seu rosto alegre, os olhos faíscaram para os meus, tão animados quanto os de uma criança diante de seu brinquedo favorito. O sorriso branco se espalhou pela face e ele logo se levantou, tentando driblar os amigos para chegar até mim. E foi só então que reparei que ele estava somente com uma calça xadrez cinza de moletom. 

    - Ei, você também veio! - exclamou. Assenti, buscando desesperadamente esconder minha surpresa. Nunca havia visto um homem daquele jeito, muito menos imaginava qual seria a sensação se ocorresse. Mas tambem não pensava que seria tão agradável. Constrangida, mas tentada, passeei os olhos pelo tronco esbelto do garoto. O peito largo, emoldurado pela clavícula levemente funda e elevada pelos ombros fortes, o abdômen descia igualmente bronzeado, esculpido em segmentações e toda aquela estrutura era finalizada pelos ossos laterais, que deviam terminar em algum lugar que a calça não permitia ver. E que eu sabia que, graças à Kami, não deveria estar à vista. Pigarrei, notando o olhar dele curioso sobre mim.

    - É, eu estava com as meninas. - respondi tarde demais. Ele riu.

    - Vocês foram às compras, então. Isso é bom, quer dizer que amanhã todos estaremos juntos. - disse. Assenti.

    - Foi uma aventura! - murmurei, revirando os olhos ao lembrar de todas aquelas fantasias loucas. 

    - Encontrou o que procurava? - perguntou. 

    - Sim, a roupa ficou boa. - respondi, erguendo o rosto para encará-lo. O sorriso torto dele trazia-lhe um semblante divertido.

    - E aqui? - perguntou outra vez, olhando para si mesmo. Minhas bochechas tomaram um tom avermelhado e isso o fez rir novamente.

    - Baka! E-Eu só estava olhando porque... eu nunca tinha visto isso na minha frente antes. - respondi rápido demais. Naruto pendeu a cabeça para trás, rindo como uma criança tola. Minha expressão enfezada só pareceu intensificar a graça daquilo para ele. Cruzei os braços, bufando. O loiro voltou-se para mim, bagunçando meu cabelo com a mão.

    - Relaxa ai, baixinha, estou só brincando com você. - ele disse, lançando-me uma piscadela. 

    - Hmpf! Quem liga?! - exclamei, desviando-me dele e indo até os outros. Sua risada ainda soava atrás de mim. 

       Sentei-me entre Sakura e Tenten - que havia perdido o controle para Ino - e voltei minha atenção para a televisão. O jogo era claramente focado em combates diretos, realizado em terceira pessoa, com inúmeras paisagens disponíveis no mapa, tal como perfis diferentes de lutadores. Parecia ser o tipo de entretenimento adorado por todos ali, pois mantinham-se alertas aos movimentos dos personagens como se estivessem de fato naquela situação. 

    - Vídeo-game, baixinha, já ouviu falar? - perguntou Naruto, sentando-se no chão à minha frente. Ele tinha um sorriso zombeteiro nos lábios.

    - Já, claro. Mas nunca tive a oportunidade de jogar e não sei se gostaria de fazê-lo. - respondi. O loiro expandiu seu sorriso, parecendo achar aquilo divertido. 

    - Deveria tentar, logo é a minha vez. - disse, virando-se para a tela. Pensei sobre o assunto, mas ao julgar pela concentração de todos na sala, qualquer erro que cometesse estaria sob olhares de jogadores infinitamente melhores que eu. E estar sob o olhar de pessoas definitivamente não era meu desejo. 

    - Você deve falar mais do que fazer. - provoquei, querendo desfazê-lo de seu desafio. Talvez ele imaginasse que eu tivesse cartas na manga suficientes para desafiá-lo de volta sem medo de perder.

      Seu riso soou divertido e ele voltou-se para mim, os lábios repuxados em um sorriso sarcástico e os olhos brilhantes de excitação.

    - Ah, baixinha, você não deveria ter dito isso. Não mesmo. - disse, encarando-me. 

       E eu havia falhado. Arriei os ombros mentalmente, pensando sobre como fugir de minha própria armadilha. Sem nada em mente, apenas engoli em seco. Logo, a gritaria de seus amigos lhe roubou a atenção. Kiba havia perdido para Ino e isso chocou a plateia masculina. Gaara não conseguia parar de rir, apoiando uma das mãos na barriga enquanto buscava ar em meio aos trovões de seu riso. As meninas do grupo levantavam os rostos em sinal de superioridade teatral, mal podendo disfarçar sua diversão. 

    - Não acredito que o Inuzuka perdeu pra loira. - comentou Sasuke, que estava jogado sobre almofadas, encarando preguiçosamente a televisão. 

    - EU SOU DEMAIS! - gritou Ino, fazendo uma breve "dança da vitória". Como se só o fato de ela ter ganhado já não fosse provocação o suficiente. 

    - Ei, ei, ei. Já tá virando festa isso aqui. Eu só estava sendo gentil com a loira, galera! - defendeu-se Kiba. Pela expressão debochada dele, o rapaz sabia bem como despistar seu desespero. Ino o olhou com desdém.

    - Conta outra, vai, Kiba. 

      A turma parecia estar do lado dela, pois várias risadas estouraram como fogos de artifício nos ouvidos do moreno. Ele expressou uma carranca e então, deixando-se se afundar mais ainda nessa enrascada, propôs:

    - Tudo bem, eu proponho um campeonato. Meninos contra meninas! 

    - Que machista! - comentou Tenten, revirando os olhos.

    - Fale por você mesma, "mulher-maravilha". - disse Kiba, estreitando os olhos para ela. 

      Suspirei, aquilo ainda sobraria pra mim.

    - Parem com esse inferno de discussão, animais. - interrompeu Naruto. A voz grave do garoto silenciou o grupo. - Vamos começar logo esse campeonato e depois vocês decidem quem é que tem razão.

      Semicerrei os olhos para suas costas bronzeada. Esperava que sua intervenção fosse ser madura.

    - Naruto, achei que você fosse apartar essa briguinha ridícula. - disse Sakura, os orbes verdes quase pareciam flamejar na direção do loiro. Imaginei que a garota fosse socá-lo outra vez, mas Sasuke tocou na mão da namorada, chamando-a.

    - Fomos desafiados, Sakura. E somos homens, negar seria o mesmo que ir para o time dos perdedores. - disse o moreno, dando de ombros. A rosada deu um suspiro.

    - Isso não nos dá outra escolha, senão... GANHAR! - exclamou a rosada, surpreendendo à mim e ao moreno. Olhos verdes brilhantes de excitação, de forma que eu quase podia ver os planos malignos dela se formando contra o time masculino. 

       Em sintonia, logo a sala já estava dividida e tumultuada, as meninas se posicionaram em um lado e os meninos do outro, todos disputando a ordem de jogada. E só então que percebi que, no meio daquele furacão, eu estava feito uma trincheira entre as duas equipes, bem na frente da televisão. 

    - YOSH! Eu desafiei, eu começo. Escolho a Hinata. - disse Kiba, calando a barulheira dos amigos. Todos os pares de olhos caíram em mim. Pisquei, atônita, com as bochechas começando a esquentar demais.

    - O quê? Não vai mesmo, a Hinata é minha! - disse Naruto, quase aos berros. Fitei seus ombros largos ficarem tensos ao notar os olhares que recebeu ao pronunciar aquela frase tão estranha. Ele pigarreou. - Quer dizer, eu havia acabado de desafiá-la, portanto ela vai jogar contra mim. Entendido, Inuzuka? - continuou, endireitando-se. Os orbes azuis fuzilaram o moreno, esperando por uma resposta. Kiba encarou o loiro e pareceu ter descongelado de sua surpresa, estremecendo levemente. Decidi me pronunciar antes que estivesse perdida.

    - Err... minna? Eu... Eu não vou participar. - falei baixinho. A atenção foi desviada para mim e Naruto suspirou pesadamente.

    - Acabei de ganhar uma discussão, não me venha com essa e senta logo aqui do meu lado. - o loiro pronunciou de forma engraçada, tentando dizer aquilo só para mim, com o maxilar travado. O rosto dele, virado para o lado, juntamente com os olhos azuis olhando-me de canto representou um conjunto de sinais que me dizia para não ir contra ele. Por um momento, entendi o motivo dos calafrios de Kiba anteriormente. O Uzumaki sabia muito bem de seu dom de persuasão. 

       Arriei os ombros, temendo no que aquilo podia dar.

    - Hmpf! Aposto que a Hinata vai te deixar no chinelo! - disse Ino, cruzando os braços e fingindo um ar esnobe. As amigas logo a apoiaram, debochando dos garotos. Suspirei, não havia maneira de escapar daquilo. Com as mãos trêsmulas, peguei o controle que Sakura me entregava e desci do sofá, sentando-me sobre as almofadas ao lado do grande loiro. Ele abriu um sorriso zombeteiro. 

    - Veremos! - disse, cheio de pose. O jogo foi iniciado e nós escolhemos os personagens. Um nervosismo desconhecido tomou conta de mim quando a palavra "FIGHT" soou em meus ouvidos. Não tinha a mínima ideia de como funcionava aquele tipo de console, diferente do loiro que posicionava os dedos de forma estratégica sobre os botões. Desesperada, comecei a apertar freneticamente todos aos mesmo tempo, numa tentativa de fazer algo dar certo. E então, inesperadamente, meu personagem começou a desferir socos e chutes, finalizando o combo de golpes com algum tipo de poder estranho. O time feminino instantaneamente começou a vibrar, crentes de que eu sabia o que fazer. 

         Um mixto de emoções me dominava, oscilando principalmente entre o desespero e a timidez. Eu possuía uma torcida histérica e a pose do Uzumaki foi gradativamente diminuindo. Até que finalmente o fim do round estava próximo e eu, ansiosa para acabar com aquilo, apertei ainda mais rápido todos os botões. A luta travada pelos personagens estava crítica e eu já não sabia mais o que fazer. Sakura soprou para mim um conjunto de botões, gritando com Ino sobre como a vitória era iminente. Acatei ao conselho de forma involuntária e então duas palavras soaram da televisão, o que fez toda a 

    turma se calar por alguns segundos: FINISH HIM

        Eu sabia o que significava, mas não tinha ideia realmente de que eu deveria continuar jogando. A barulheira voltou, os meninos gritavam incrédulos com o amigo, enquanto as meninas se descabelavam rindo e gritando para que eu aplicasse mais golpes. Prendi a respiração e apertei os botões desordenadamente, mas fazendo o personagem de Naruto cair ao chão, encerrando nossa partida. Soltei o ar, sentindo-me exausta. Mas mal tive tempo de me recuperar quanto 3 meninas se lançaram em cima de mim, festejando. Meu nome ecoando em meus ouvidos ao lado de comemorações como se aquilo tivesse sido a maior conquista do mundo. 

       E na verdade, quando o riso escapou de meus lábios livre e involuntário, tive a breve certeza de que talvez não fosse a maior de todas, mas com certeza era uma grande vitória.

    - Qual é o problema de vocês dois? - perguntou Sasuke, tentando não rir da situação dos dois amigos perdedores. Kiba cruzou os braços com uma expressão enfezada, mas Naruto teve uma reação diferente. Apenar levantou as mãos em sinal de rendição e riu, balançando a cabeça. Seus olhos voltaram-se para mim com um brilho diferente. 

    - Parabéns, novata. - zombou. Eu sorri de volta, um pouco ofegante pela agitação. 

        E logo, todas as partidas foram travadas, revelando o grupo feminino como vencedor. Como prêmio pelo ocorrido, a mãe de Naruto nos ofereceu uma mesa cheia de doces e sucos diferentes, parecendo tão animada quanto as adolescentes. A noite caiu tão ligeira sobre nós que quando me dei conta, já estava fora de casa durante o dia inteiro. Com a chegada da lua, aos poucos, a turma foi se despedindo. Gaara levou Ino e Tenten, enquanto Sasuke partira com Kiba. Sakura ficou conversando com Kushina na cozinha e disse que me levaria para casa, então voltei para pegar nossos celulares na sala onde jogamos vídeo-game. O chão ainda estava abarrotado de almofadas e decidi organizá-las no lindo sofá branco. Era justo que eu o fizesse, afinal os anfitriões tiveram o trabalho de abrigar todos nós em sua casa. Após terminar minha pequena tarefa, peguei o controle do vídeo-game sobre a estante de televisão. Aquele pequeno objeto tinha proporcionado uma tarde agitada para a turma maluca de amigos que agora eu também compartilhava. Um sorriso brotou no meu rosto ao lembrar do frenesi com que apertei aqueles botões coloridos. A sorte era a única explicação, embora 

    contraditória, que podia ter sobre a minha vitória. Mas meus pensamentos foram cortados por uma voz familiar logo atrás:

    - Relembrando o seu triunfo? 

       Virei-me para ver o loiro sentado no braço do sofá. Ele havia levado os garotos até a porta e nem notara sua presença de volta ao cômodo. Encolhi os ombros, tímida. Vencê-lo poderia ter sido divertido, mas não sabia exatamente se ele estava chateado pela situação. 

    - Gomen, foi inesperado. - disse. Ele abriu um sorriso e se levantou, caminhando até mim.

    - Você leva jeito. Deixa eu te ajudar com isso. - disse, tomando o controle de minhas mãos. Na tela do jogo pausado, o garoto clicou em uma opção de test drive para os movimentos disponíveis, assim como conjunto de finalizações particulares de cada personagem. Devolveu o objeto à mim e indicou com o queixo para a televisão. - Ta vendo ali? Serve para você treinar os golpes. 

    - É sério? - perguntei, olhando para os botões sem saber como começar. 

    - Sim, tente uma vez. - disse o loiro. Mordi o lábio, olhando para a tela. Os comandos eram fáceis de ler, mas eu não possúia habilidade. Havia vencido anteriormente por pura sorte. Naruto riu baixo, provavelmente percebendo minha hesitação.

    - Vou dar uma ajudinha. - disse, pondo-se atrás de mim. Suas mãos grandes cobriram as minhas, controlando-as. Podia sentir o calor que vinha da sua pele irradiar em minhas costas e a sua respiração acima de minha cabeça. Os dedos dele faziam os meus apertarem os botões na sequência e tempo corretos, de forma que o personagem do jogo executasse os movimentos. Eu sorri, vendo-me fazer aquilo tudo. 

    - Viu só? - ele murmurou. Assenti, entretida. O garoto tinha tanta habilidade com o console que era praticamente impossível que tenha perdido para alguém tão desajeitada como eu. Se ele já havia treinado e conhecia todos aqueles movimentos, por que não os aplicara contra mim? A resposta iluminou meus olhos um instante depois, quando senti seus dedos quentes nos meus, transferindo-me seu calor na mesma tentativa de me transferir seu conhecimento. Abri um sorriso mínimo.

    - Você trapaceou a meu favor, não é? - murmurei. Isso o fez soltar um riso alto, bem aima de mim, fazendo seu peito tremer e roçar contra minhas costas naquele semi abraço.

    - Gostei de ver você rir de verdade. - ele respondeu evasivamente, soando divertido. Arqueei uma sobrancelha, virando meu rosto de lado para olhá-lo de canto.

    - Por que me deixar vencer? Achei que perder ferisse seu ego. - disse. Ele abaixou o rosto, inclinando-o de lado. O sorriso jamais deixava de brilhar em sua face.

    - Você venceu, baixinha, já não basta? - perguntou. Virei-me de frente para ele para avaliar sua expressão.

    - Por que fez isso? - insisti. O loiro deu de ombros e jogou o controle de video-game no sofá.

    - Sou seu guia, esqueceu? E amigo... o melhor, talvez? E era sua primeira vez como "gamer", queria que fosse algo memorável. Você não foi ruim, eu apenas joguei como uma pessoa normal. Você teria ganhado por mérito do mesmo modo, uma vez que eu decidi deixar a competição justa. - respondeu. Olhei em seus olhos cálidos, vendo a sinceridade ali. Naruto aguentaria perder seus joguinhos para me fazer sentir bem porque era meu amigo. Era isso que amigos faziam um pelo outro, afinal? 

         Um bruxulear de sensações subiu pelo meu corpo, ajolando-se no peito e fazendo-o bater fortemente. Meu rosto se repuxou num sorriso sem que eu ordenasse e o fluxo sanguíneo pareceu se concentrar somente em minhas bochechas. O sentimento fora tão repentino que fiquei um pouco zonza, com a respiração entalada na garganta. Tentando compreender o porquê daquilo, apenas me lancei contra ele e o abracei, enterrando a face corada em seu peito quente e despido. 

    - Baka! - murmurei. Meu corpo tremeu ao escostar no calor de sua pele e um som gutural nasceu em mim, transformando-se em um riso frouxo e baixo. 

        Acho que ele ficou surpreso, pois demorou alguns segundos para enlaçar os braços em volta de mim e encostar o rosto no topo de minha cabeça. O cheiro amadeirado e um tanto cítrico de seu perfume tornou-se a única coisa que podia respirar daquele jeito. E era bom, me fez pensar em um xalé nas mostanhas, com a lareira acesa num crepúsculo vespertino fresco. Naruto suspirou, o nariz e a boca colados em meus cabelos. Por que ele parecia tão sentimental, de repente? Constrangida, lembrei-me de que fora eu quem se atirou em seus braços de forma repentina. Afastei-me ainda corada e sorri minimamente. Coloquei o cabelo atrás da orelha e enfim o olhei. Os orbes azuis pareciam piscinas naturais, tão nítidas que era possível se perder nas águas daquele olhar. O sorriso dele nasceu suave em seu rosto, ergueu-se de canto e depois tomou a face de forma branda e afetiva. 

    - Acho que esse dia lhe fez bem, estou certo? - perguntou. Suspirei e assenti.

    - Fez sim... O dia mais diferente de todos que já tive. Se quando eu fosse embora daqui, pudesse chegar em casa e contar tudo para Akemi, eu julgaria o melhor dia da minha vida até então. - admiti. 

    Como não fazê-lo, aliás? Ele tinha razão, aquela segunda-feira tinha sido extremamente oposta à todos os outros dias. A melancolia sumira de minhas memórias por tantas horas seguidas que era até enebriante. Se aquilo era ser feliz, então era tentador demais. Principalmente para alguém que não merecia. Mas ao invés de me reprimir, naquele anoitecer eu apenas abri outro raro sorriso para o garoto tão generoso que tinha em frente.

    - Uau! Isso é um presente, sabia? - disse Naruto, sorrindo mais amplo. Ergui o rosto, confusa.

    - Presente? - ecoei. Ele assentiu. Sua mão tocou meu queixo de leve, só para poder abraçar a face com os dedos. A pele era tão quentinha que quase me vi tentada à inclinar-me contra ela.

    - Hai. É um presente poder vê-la assim, parecendo feliz, sorrindo sem pesar. Eu disse que iria mudar seu jeito de viver, não disse? - respondeu. Fitei-o com outra sensação estranha, mas reconhecendo uma gratidão crescente.

        O silêncio que se instalara por uns instantes foi interrompido por Sakura, que apareceu na porta da sala rindo de alguma coisa. Sem notar a conversa que tínhamos, a rosada se pronunciou.

    - Hinata-san! Vamos emb... - Ela se calou então, cortando a frase ao meio ao perceber que intervira sem a intenção. Assenti, desviando os olhos para a garota.

    - Claro! - disse e depois voltei-me para Naruto. - Muito obrigada. Por isso, por tudo. Nos vemos em breve. 

        Ele assentiu, sorrindo e retirou sua mão de minha face. Peguei os celulares que estavam ao lado da televisão e caminhei até Sakura. A garota me lançou um olhar de "desculpas" e eu balancei a cabeça, querendo deixá-la tranquila. O Uzumaki nos seguiu para fora e sua mãe pegou o mesmo caminho. 

    - Até logo, baixinha. - disse o loiro, o sorriso zombeteiro em seus lábios outra vez. A ruiva ao seu lado sorria de modo maternal para nós duas e então nos despedimos. 

         Sakura levou pouco tempo para chegar na mansão Sasaki e quando finalmente botei os pés em casa, senti a exaustão brotar. Larguei as sacolas no chão ao lado da porta do meu quarto e entrei debaixo do chuveiro. A água quente lavou minha pele e me direcionou para uma névoa de sono. E após terminar, a noite se arrastou sobre minhas pálpebras fechadas. 

         

                                                           ***

    - Onegai, Hinata-san! - implorava pela milésima vez Ino. A loira juntara as mãos em súplica contra o peito, tentanto a todo custo me convencer de deixá-la me arrumar para o baile. Após longas manhã e tarde de aulas agitadíssimas por conta do evento, finalmente estávamos liberados para ir embora. Todas as meninas iriam se aprontar na casa de Sakura e eu já estava presa sob os pedidos desde o horário do almoço. Naruto, em vez de me defender, apenas ria da situação. Mas a verdade era que eu estava extremamente constrangida. Jamais saíra de casa com vestes como as que estava prestes a usar e tampouco me produzia com maquiagens e penteados. Deixar que outra pessoa o fizesse sem meu controle me deixava vermelha como um pimentão. Não que eu não confiasse em Ino, mas sabia que a loira tentaria me persuadir a "sair dos panos", como ela dizia. E eu definitivamente não tinha a intenção de fazê-lo. Mas ao mesmo tempo, não tinha maquiagem nenhuma. Suspirei, se não concordasse com Ino, seria um desastre. 

    - Tudo bem! Eu deixo. - resmunguei. Ela se jogou em meu pescoço, enlaçando-me em um abraço sufocante.

    - KYAAAH! - gritou alegre. Eu balancei a cabeça, querendo omitir meu tímido sorriso. As meninas se enfileiraram em volta de mim, conversando sobre o que poderiam fazer com o cabelo e cores que combinavam com a roupa. Revirei os olhos. Não entendia muito por que as mulheres tinham tanta devoção à maquiagem, já que a vaidade e eu nunca andamos juntas. Talvez, depois do trabalho de Ino ser feito, eu pegue algum gosto pela coisa ou consiga realmente ver que diferença tão fantástica há em usá-la. 

    - Com certeza vermelho! - disse Ino, referindo-se ao batom. Tenten balançou a cabeça.

    - Rosa, vai ficar poderosa e delicada. - discordou. 

    - Eu optaria por roxo, tem tudo a ver com ela. - falou Temari.

    - Mas roxo deixaria tudo escuro demais! - disse Sakura.

        Suspirei. Aquilo ainda me deixaria maluca. Mas de longe poderia reclamar. Nunca havia sido disputada antes, que dirá algo tão minucioso assim. Reprimi a vontade de fugir dali, sabia que era uma reação involuntária, causada pela comodidade da solidão, mas precisava mudar isso. Agora que havia deixado essas pessoas se aproximarem de mim, deixá-las de lado seria errado, injusto. E eu não queria fazê-lo, porque na verdade eu gostava muito de ter aquela turma de malucos por perto. 

    - Certo, nós vamos nos arrumar todas juntas e depois cada uma encontra seu par na festa? - perguntou Temari.

    - Par? - ecoei, nervosa. As quatro me encararam interrogativamente.

    - Claro, todos têm um par. Mas nós vamos encontrá-los somente no baile, dessa vez. Sabe como é, estaremos todas na mesma casa. - disse Sakura, rindo alegremente. Mordi o lábio  inferior.

    - Eu não tenho um par. - murmurei. Não havia pensado nesse quesito ainda, muito menos que fosse um pré-requisito para ir ao evento. Sakura e Tenten me olharam sem entender.

    - Claro que você tem um par, Hinata! Esqueceu que o Naruto te convidou? - disse Ino, colocando as mãos na cintura. 

        Ponderei sobre o assunto, lembrando-me que sim, ele havia me chamado, mas não interpretara aquilo como um convite referindo-se à ir com ele. Pensava que era apenas uma pergunta geral, para saber se comparecer ao evento era do meu desejo ou não. Mas então... agora éramos pares um do outro? Procurei os meninos com os olhos enquanto elas voltaram a discutir sobre cores. Eles estavam em círculo ao redor do Altima de Naruto, rindo de alguma coisa que Gaara falava. O loiro estava sentado no bando do motorista, com uma das pernas para fora e o braço apoiado ao encosto do banco de couro. Usava óculos escuros de modelo aviador, as lentes reluziam contra o sol. Naquela noite, ele seria meu par, certo? O que pares faziam, exatamente? 

       Sakura cortou meus devaneios puxando-me para seu Fiat 500. Tenten iriam para a casa da Haruno com o carro de Temari e Ino iria conosco. Lembrei que havia deixado minha roupa em casa e pedi educadamente que passássemos lá para buscar. Por sorte, não era tão longe e Sakura não reclamou por fazê-lo. As meninas nos seguiam e os carros foram estacionados na entrada da mansão Sasaki.

    - Essa casa é maravilhosa, Hinata. Mas tenho que admitir, sempre que vejo o senhor Sasaki na televisão, me dá arrepios. - disse Ino, encolhendo-se. Eu ri baixo, abrindo a porta para sair.

    - Eu também acho que ele tem uma cara assustadora! E você, Hina-chan? - concordou Sakura. Dei de ombros, fitando o grande portão. 

    - É claro que ela não deve achar o próprio pai assustador, Saky. - interveio Ino, rindo. Apenas voltei o olhar para elas e me limitei a pedir que esperassem ali. Se elas soubessem que eu o conheço tão pouco, talvez considerassem que sinto a mesma coisa. Mas não vinha ao caso, então concentrei-me em pegar logo as sacolas no quarto.

         Ao entrar em casa, dei de cara com Aiko e Hiashi conversando na sala. A expressão da mulher não era muito boa, mas soube disfarçar quando sentiu minha presença.

    - Ohayo. - disse, constrangida.

    - Hinata, sua irmã me disse que não viria conosco hoje, o que aconteceu? - perguntou Hiashi. Eu havia dito à Mayumi que fossem sem mim mais cedo e a caçula lançara-me um olhar desconfiado gélido como o Alaska.

    - Eu vim com minhas amigas, nós vamos nos arrumar juntas. - respondi, notando o quanto isso soara estranho para alguém como eu. O patriarca arqueou as sobrancelhas.

    - Oh! - exclamou, parecendo confuso. - Não sabia que você iria ao baile do colégio. Mayumi também vai, por que não leva ela com você? - disse ele. Girei nos calcanhares.

    - É... bem, elas me convidaram. - menti, querendo ocultar a parte de que fora Naruto quem o fizera. Hiashi detestava os Uzumaki, afinal. - E Mayumi não gosta de mim. 

       Minha direta o fez ficar surpreso. Percebi que Aiko o avaliava com um olhar duro, o maxilar parecia travado e seu comportamento denunciava que as atitudes do marido não a agradavam. Talvez porque ela também não fosse a favor dessa inclusão que o Sasaki tentava fazer entre mim e sua família. Vendo que ninguém me responderia, resolvi me apressar.

    - Com licença. - murmurei, apurando-me para subir o andar. 

       Cheguei ao quarto e peguei as sacolas, junto com alguns pertences de higiene e roupas. Ino havia mencionado no almoço para levarmos lingeries limpas para depois do banho. Fiquei tímida na hora, mas realmente não poderia sair sem ter me lavado antes. Com tudo em mãos, desci novamente e corri para fora. Esgueirei-me no Fiat mais uma vez e Sakura deu a partida. A casa da rosada ficava um pouco longe dali, mas era linda. Diferente da grande e elegante casa dos Uzumaki, a residência Haruno era mais ao estilo Ocidental, embora tão bonita quanto. Nós a encontramos vazia, mas a garota não transpareceu surpresa por isso. Lembrei-me vagamente de que Naruto mencionou uma vez sobre os pais dela não serem muito presentes e constatei aquele fato como algo natural na vida de Sakura. Talvez por conta disso todas estávamos ali tumultuando o lugar. 

       O quarto da garota transmitia em tudo o significado de seu nome. As paredes eram pintadas de rosa claro, o chão era revestido por madeira lisa e brilhante, os móveis brancos tinham detalhes em rosa escuro, combinado com o edredom da grande cama. A cabeceira era adornada por flores de cerejeira artesanais e as almofadas tinham formato de cereja. Em si, o cômodo parecia sufocadoramente feminino para mim. Mas era perfeito para alguém como Sakura e a garota devia gostar disso. Por sorte, o ambiente eram amplo e abrigou todas as cinco garotas sem torná-lo abarrotado. Coloquei minhas coisas sobre a cama e esperei que Ino organizasse tudo o que queria.

    - Temos três banheiros disponíveis. Saky usará o dos pais, eu usarei o daqui e Tenten usará o do corredor. Temari e Hinata, por favor, esperam por nós e enquanto isso deixem suas fantasias prontas. - ordenou a loira. Logo eu estava sozinha com Temari, a loura de olhos verdes que raramente falava. Ela era diferente das outras, não gostava muito de chamar a atenção e comportava-se de modo tranquilo. De certa forma, eu gostava disso. Era mais fácil ficar em silêncio com ela, porque o compartilhávamos sem soar estranho. Mas ao invés de ficar quieta, a garota se levantou e começou a abrir o armário branco de Sakura, à procura de cabides.

    - Soube que você foi com as meninas comprar sua fantasia. É uma pena que não pude ir! - disse. A voz dela era mais madura também, mas estávamos na mesma série, então por que parecia mais velha?

    - Sim, nós fomos. Você encontrou a sua? - perguntei, pigarreando. Temari assentiu, voltando com dois cabides de acrílico. Retirou de sua mochila uma fantasia de gueixa da cor preta e alguns desenhos em vermelho, junto com a faixa vermelha e um leque das mesmas cores. Pendurou tudo em um dos cabites e pendurou novamente no armário. Voltando-se para mim, a loira jogou o outro cabide.

    - Pendure a sua também. - sugeriu. Assenti, fazendo o mesmo com a minha fantasia de camareira. 

    - Você ficará linda. Vermelho combina com os seus olhos. - elogiei, querendo ser amigável. Temari sorriu.

    - Arigatou. Também gosto dessa cor, acho que é de família. - disse, rindo baixo. Sentou ao meu lado outra vez e eu a olhei interrogativamente.

    - De família? - questionei. Ela assentiu.

    - Hai. Gaara e eu somos irmãos! - anunciou. Fiquei surpresa, com exceção dos olhos, os dois não eram em nada parecidos. 

    - Sério? Não se parecem. - comentei timidamente. 

    - Sempre dizem isso. Eu sou um ano mais velha que ele, puxei nossa mãe. Gaara, na verdade, herdou os cabelos de nossa avó materna. Foi o único, ainda temos um irmão mais velho e ele puxou nosso pai. - contou, distraída com as lembranças. Então ela era mais velha ou Gaara era mais novo que o restante de nós?

    - Gaara tem dezessete anos? - arrisquei. A loira riu.

    - Iie. Eu tenho dezenove. Não sabia? Naruto e Sasuke também têm. - respondeu. Fiquei surpresa, mas para a falar a verdade, nunca havia conversado sobre idade com o Uzumaki. Porém não imaginava que ele fosse mais velho.

    - Por que vocês estão no último ano? - perguntei, confusa.

    - Eu fiz um ano de intercâmbio para a África do Sul no primeiro ano e tive que repetí-lo aqui. Mas Naruto e Sasuke começaram mais tarde, não sei o motivo. Os Uzumaki são amigos antigos dos Uchiha e parece que foi algo combinado. - respondeu, dando de ombros. Resolvi deixar o assunto de lado e parar de interrogá-la. Talvez perguntasse à Naruto mais tarde, se houver uma boa oportunidade. 

       Interrompendo nosso diálogo, Ino e Tenten voltaram do banho e nós duas ocupamos os banheiros no lugar delas. Tomei uma ducha morna e lavei o cabelo, por ordem de Ino, para que ela pudesse modelá-lo mais tarde. Assim, deixei-me em suas mãos, mal podendo imaginar qual seria o resultado. Pelo menos sabia de uma coisa: podia confiar naquelas meninas. E isso bastava para me encorajar a aceitá-las como elas tão generosamente o fizeram comigo. 

                                                     ***

              Já estava sentada há mais de uma hora na cadeira giratória de Sakura. Ino insistia em não me deixar ver o que estava fazendo, mas aquilo já estava se tornando cansativo. A sensação de estar maquiada fazia meu rosto pesar um pouco e às vezes ligeiramente coçar, mas pelas expressões e gritinhos animados que escapavam das quatro algumas vezes, decidi optar por continuar confiando do que quer que a Yamanaka estivesse aprontando. Permanecer parada era estritamente necessário, segundo as meninas, então usei o tempo livre em silêncio para pensar sobre aquilo. 

             Em poucas horas, estaria em um baile de verdade. Mil coisas se passavam em minha mente quanto à decoração e tipo de coisas que as pessoas faziam. Depois do incidente tantos anos atrás, nunca tivera curiosidade para saber do que se tratava e em todos os outros anos de escola, passava longe de qualquer menção à palavra. Por sorte, Akemi compreendia meus traumas e não insistia no assunto. Mas dessa vez, ali estava eu, sendo cobaia de uma amiga enquanto ela se divertia pintando minha face e enrolando meus cabelos teimosamente lisos. A relação, mesmo que ainda recém nascida, com as quatro garotas era um bônus da minha amizade com Naruto, tal como a pequena convivência que tinha com os demais garotos do grupo. Embora só me sentisse realmente tranquila com o loiro, justamente por termos vivido coisas delicadas juntos, sentia que os outros também me faziam bem. Principalmente as meninas, que construíam meu segundo maior laço afetivo desta dimensão. Devido à naturalidade de tudo isso, sabia que Akemi ficaria orgulhosa se pudesse viver comigo esta nova vida. Talvez fosse ela ali no lugar de Ino. O pensamento me fez sorrir, pensando que 

    a reação das duas não seriam diferentes.

           Como se correspondendo aos meus pensamentos, Ino bateu balmas e me ordenou animadamente que abrisse os olhos. Pisquei algumas vezes, sentindo as pálpebras um pouco pesadas. As quatro garotas estavam me olhando com ansiedade. Todas já estavam prontas, havia pedido que fosse a última, assim Ino não se empolgaria muito comigo pela falta de tempo. Mas ela estava com os orbes azuis-esverdeados brilhantes de empolgação, mesmo sob o tique taque ininterrupto do relógio. Com um movimento rápido, a loira virou a cadeira onde eu me sentava, permitindo-me a visão do grande espelho. As palavras estancaram em minha garganta quando meus olhos grudaram na imagem que viam refletida. Diferentemente da Hinata de sempre, aquela garota brilhava. Falsa e forçada, mas brilhava. Meus cabelos púrpuros caíam em ondas delicadas, a franja permanecia lisa e cobrindo a testa, mas alguns fios das laterais mais compridas estavam puxados e presos à uma presilha de flor lilás. Meus lábios foram pintados de um tom de rosa claro, quase natural de uma boca saudável, se não fosse pelo brilho discreto do gloss. As maçãs do rosto estavam ligeiramente rosadas, dando uma sensação de que meu rosto era mais fino. Mas os olhos foram mesmo uma surpresa. A melancolia costumava sem vista nitidamente nos orbes claros e opacos que possuía, mas desta vez, o contorno preto feito à lápis sutilmente fez minhas íris parecerem iluminadas. Não sabia muito bem como definir o que Ino havia feito ali, mas fora incrível. Pisquei, as pálpebras revelavam um tom misturado em degradê de preto, azul escuro e prateado, com uma linha preta delineada rente aos cílios grossos penteados por rímel e que ultrapassava o contorno do olho, formando um triângulo pontudo como uma menção aos olhos de um felino. Continuando a linha de visão que o espelho proporcionava, vi-me vestida dentro da fantasia de camareira, o pescoço enlaçado pela gargantilha, o busto elevado pelo espartilho e os pés presos nos sapatos altos. 

          Enfim esboçando alguma reação, soltei um suspiro, notando que havia prendido a respiração anteriormente. Ino me olhava com ansieade, esperando pelo veredicto. Eu sorri para ela, vendo a mulher 

    no espelho repetir o ato de forma muito mais charmosa. Era para isso que as maquiagens serviam, então, para literalmente maquiar a realidade que existe além da face. Mas ninguém precisava saber disso, então deixei os ombros relaxarem e me preparei para aceitar a personagem na qual havia sido transformada. 

    - Ino-san, você fez um trabalho maravilhoso. - murmurei. A loira abriu um enorme sorriso emoldurado por lábios vermelhos. Ela havia se fantasiado de Mulher Gato porque, segundo o que Temari disse durante a arrumação, Gaara iria vestido de caixa de areia. Eu só não conseguia visualizar esta cena, embora soasse realmente engraçado. Sakura se aproximou de mim com as mãos juntas ao peito, o sorriso terno e doce da flor de pessoa que era. 

    - Você ficou parecendo uma boneca de porcelana! - exclamou. Ela estava linda, os cabelos róseos estavam semi presos, apenas com parte do cabelo repuxado para trás, os olhos estavam maquiados com um delineado mais fino do que o meu e um misto de cores entre o vermelho e o salmão, os lábios tingidos de rosa exibiam fileiras brancas de dentes enquanto ela ainda sorria. Sua fantasia se resumia à um vestido junto até a cintura, de um tom vibrante de vermelho, a barra da vestimenta mudava para o branco em uma saia volumosa com um sinal de "mais" em vermelho na borda e as pernas estavam vestidas em meias arrastão do mesmo tom da parte de cima da roupa, finalizando nos pés sobre sapatos pretos de salto alto. Instantaneamente lembrei-me da reação de Sasuke no almoço do dia anterior e tive vontade de rir. O que será que o moreno diria da escolha da amada?

    - Você está linda, todas vocês estão. - disse, verdadeiramente fascinada pelo talento em combinar cores e arranjos que todas elas possuíam. 

    - Bom, agora vamos logo porque vamos nos atrasar. - disse Tenten, convocando o time de garotas para fora do quarto. 

       O baile aconteceria no campus esportivo do colégio e eu mal podia esperar para poder enfim realizar o pedido feito há tantos anos atrás. Espere por mim, okaasan, ao baile aqui vou eu.

                  Naruto

               Cores, luzes e músicas bombardeavam meus sentidos. Sasuke estava esparramado no sofá instalado pela decoração, folheava o local com os olhos à procura de uma certa rosadinha, enquanto segurava um copo de whiskey. Até o momento, aquele baile não fazia sentido algum, não enquanto eu não conseguia botar os olhos na verdadeira razão pela qual estava ali. Ficara chateado por não ter tido a tradicional honra de apanhar minha dama em sua casa, pois os tempos já haviam mudado e as garotas independentemente dirigiam seus próprios carros até o baile e se encontravam com os pares no bar. Ri, balançando a cabeça. Nunca apanharia Hinata em uma mesa de bar, que dirá com um copo na mão. A baixinha era tensa e tímida demais para isso, feito um girassol sob sombras indesejadas. E era exatamente por isso que eu ainda não estava ingerindo nada. Eu sei, estava sendo um gentleman. Mas eu estava disposto à entrar no personagem para fazê-la feliz esta noite. Por mais tentadora que a roupa que ela esteja usando seja, eu havia feito a promessa de não invadir seu espaço e de, em hipótese alguma, deixá-la assustada com investidas fora de hora. Soltei um suspiro pesado. Hinata valia o risco e o sacrifício, se o que eu sentia por ela era o tão famoso amor. 

    - Argh, você está um saco, dobe. - resmungou Sasuke. 

    - Me erra, teme. - revidei. Ele deu um sorriso sarcástico.

    - Você é uma salsicha louca e confusa por uma certa bisnaguinha. - respondeu, em seguinda gargalhou de sua própria piada brilhante. Revirei os olhos.

    - Cala essa maldita boca, vai. E eu não sou uma salsicha. A única coisa laranja aqui é a minha gravata, então a não ser que queira ser apelidado de tomate ou de menstruação, é melhor me deixar em paz. - falei em triunfo, referindo-me à camisa vermelho sangue de meu amigo. A falta de criatividade nos definia por completo naquelas roupas ridículas. E o Uchiha maldito ainda se atrevia a tirar uma onda com a minha cara. Mal pude acreditar quando o vi vestido exatamente igual a mim, com exceção da tonalidade da camisa, a gravata e o chapéu que eu tinha na cabeça. Como se lesse meus pensamentos, uma cabeleira ruiva apareceu à nossa frente.

    - Que fantasias são essas? - perguntou. Sasuke e eu bufamos em uníssono. Olhei para Gaara, tentando a todo custo não pensar que aquilo era uma caixa de...

    - Areia? Você está vestido de caixa de areia? - Sasuke antecipou. A gargalhada nada discreta do Uchiha fez um olhar mortal atravessar as íris verdes do Sabaku.

    - Eu gosto de areia, tá legal? E eu combinei com a Ino. - resmungou. Mas de fato, ele estava ainda mais ridículo do que nós dois. A roupa inteira era daquele tom pastel de bege, com uma caixa desenhada em toda a extensão do tronco com uma textura em alto relevo que se assemelhava à areia. Revirei os olhos. 

    - Que fantasia brilhante a loura virá? - perguntou Sasuke.

    - Mulher Gato. Vou morrer de ciúmes, mas pelo menos eu sou a única caixinha por aqui! - disse Gaara. Bufei, passando as mãos pelo rosto. A vontade de rir já era incontrolável.

    - Isso é a coisa mais escrota que eu já vi, Sabaku. Gatos fazem xixi e defecam em caixas de areia, isso não é romântico. Quem teve essa ideia? - comentei, rindo. O ruivo cruzou os braços, emburrado.

    - Fui eu! Mas que saco vocês dois. Pelo menos estou vestido de alguma coisa! - respondeu. Dei de ombros, indiferente. 

    - Minhas vestimentas podem significar o que a mente criativa de quem a ver determinar. - murmurei inteligentemente. Sasuke olhou para mim, sorrindo de modo zombeteiro.

    - Caramba. Quantos neurônios loiros gastou para dar essa resposta? - zombou. Suspirei e lhe lancei o dedo médio. Os dois babacas soltaram o riso, mas antes que eu pudesse me preparar para responder, tive todo o ar dos pulmões sugado. 

              Foi quando eu a vi. 

          Linda, não, perfeita. A visão deu um anjo esculpido caminhando timidamente ao lado de quatro meninas agitadas. Os holofotes que volta e meia iluminavam aquela direção pairaram sobre ela por segundos suficientes para me cegar com tanta beleza. A conversa estúpida de meus amigos tornou-se apenas um zumbido em meus ouvidos. Minha garganta secou e meu coração ficou mais audível do que a música. Droga, Hinata, você é uma menina má.

         Levantei-me sem pensar, querendo encurtar a distância entre nós. Os outros dois pararam de falar e olharam para a mesma direção que eu. Gaara deixou o queixo cair e Sasuke engasgou com o whiskey, tossindo como um velho doente. Já poderia imaginar o ataque de ciúmes que teriam ao avistarem suas namoradas. Mas o que disseram foi totalmente oposto do que esperava:

    - Aquela ali é a Hinata? - perguntarem em uníssono. Fechei os punhos, olhando-os de forma enfezada.

    - Sim, dá pra tirar esses maldidos olhos?! - berrei. Os dois caíram na gargalhada e Sasuke começou a repetir sua piada anterior. Ignorei aquela idiotice e caminhei, feito um puma atrás de seu delicioso cervo, jamais deixando de encarar o anjo moreno que caíra feito uma deusa naquelas roupas maravilhosas de que mesmo? Ah... nem importava. Eu só queria chegar até lá, só queria sentir os dedinhos delicados se firmarem ao redor do meu braço para determinar à todo o campus que Hyuuga Hinata era minha dama naquela noite. 

         Minha passagem foi barrada por uma garota de uns dezesseis anos, mas com a ideia estúpida de que ficar bêbada era bonito. Ela agarrou meu terno, puxando-o enquanto sorria de forma desorientada.

    - E ai, bonitão. - disse a maluca. Me desvincilhei de suas garrinhas e a empurrei de lado com cuidado.

    - Foi mal, gatinha, mas eu já estou ocupado. - respondi, andando a passos largos para longe dela. Enfim próximo de minha deusa, a vi encontrar seus belos olhos com os meus. Pérolas das ostras mais raras que o oceano dos meus olhos desejava com fervor ter em seu domínio. Notei o olhar malicioso de Ino e Sakura sobre mim, embora eu as tenha alertado para calar o bico sobre minha paixonite. É claro que elas haviam percebido e me infernizaram até o fim para obter o que queriam. Mas se eu estava tendo todo o esforço, elas não poriam tudo a perder. Ou poriam? As bochechas de Hinata estavam coradíssimas e ela parecia mais tímida do que o normal, o que me fez pensar no motivo. Passar horas com minhas amigas podia ser mais perigoso do que eu imaginava. Lancei um olhar inquisitivo para as duas moças e elas deram de ombros, apressando-se para se afastarem dali. Voltei-me para a baixinha, que na verdade agora se erguia esbelta sob saltos. Resolvi tirá-la daquela aura de timidez iniciando a conversa com alguma gracinha sobre sua altura.

    - Olha só quem está alcançando a cabeça no meu ombro! - zombei. Deu certo, ela riu lindamente, revirando os olhos. As ondas que agora tomavam forma nos fios púrpuros de seu cabelo dançaram quando ela se aproximou, erguendo o rosto para me encarar. 

    - Olha só quem não teve tempo de providenciar uma fantasia! - brincou também. Eu sorri amplamente. Arriei os ombros, fingindo culpa.

    - Bingo! - murmurei. 

    - Bingo! - repetiu. Tínhamos tanta sintonia que era inevitável não se atrair. Caíra na teia de Hinata como um patinho bobo e, na verdade, não me arrependia nem um pouco. Desejava, aliás, que as teias fossem grossas o suficiente para não me dar escolha senão ficar ali ao lado dela por tempo demasiado. Estiquei o braço teatralmente, posicionando-me como um verdadeiro guia. Ela soltou um riso frouxo, leve e suave, mas entendeu o recado e enlaçou os dedos na região do bíceps assim como eu havia sonhado há alguns minutos atrás. Deixei um sorriso brotar e balancei a cabeça sem que ela percebesse. Eu era um tremendo retardado quando se tratava dela. Um idiota completo. 

        Completamente cego da razão por Hinata. 

    - E então, isso é um baile? - ela perguntou enquanto caminhávamos.

    - Isso é um baile, exatamente. O que achou? - perguntei, vendo ela rodar os olhos pelo campus de forma avaliativa. 

    - Um evento social... - murmurou meio que consigo mesma. - E o que fazemos num baile? 

    - Bom... - comecei, virando-a para a direção do bar, onde Gaara e Ino já se amontoavam.  - Muitas coisas. Alguns bebem para se divertir, se quiserem e estiverem dentro da lei. Outros apenas sentam e conversam... - girei para o lado oposto, onde ficavam os sofás, bancos e mesas. - Outros apenas dançam. E ainda tem os que fazem um pouco de tudo. 

        Hinata revistou todos com os olhos apurados e depois voltou a me encarar. 

    - O que a senhorita deseja de seu guia esta noite? - perguntei zombeteiramente. Ela sorriu e colocou o cabelo atrás da orelha.

    - Eu não sei, o que você sugere? - perguntou. Sorri, involuntariamente jogando charme. Eu sou um gentleman. Mas um gentleman humano.

        Abaixei o braço para que os dedos dela deslizassem até o alcance dos meus e então segurei sua mão, girando para a frente dela e me inclinando para beijar-lhe a pele da mão oferecida. 

    - Sugiro que comece nos concedendo uma dança. - respondi, olhando para cima. Ela arqueou uma sobrancelha que ficou visível quando inclinou o rosto de lado e a franja caiu. Eu sorri contra sua mão e me endireitei, a diversão circulando em mim como uma corrente elétrica. 

    - Eu não sei dançar. - ela respondeu. Dei de ombros.

    - Essa é a graça das novas experiências, baixinha, elas são inéditas. - argumentei. Ela ponderou e enfim suspirou, sorrindo minimamente. 

    - Hmm... é por sua conta e risco. - respondeu. Eu deixei o sorriso crescer, feliz por ter sido aceito. Uma nova música começou e eu reconheci a melodia. Ri, balançando a cabeça.

            Aquilo só podia ser uma piadinha do destino.

             "Tudo o que eu sei é que você roubou meus olhos

              E foram embalados em lápide, pois você os derruba direitinho

              Tudo o que eu sei é que você me suga

              Eu não quero ver nada se eu não puder ver você

              Você é as estrelas amarelas em meu céu de prata

              Você é um raio, você faz meus olhos azuis cegos

              Todas as luzes se apagaram quando você veio comigo

              Agora há um milhão de diamantes que eu não posso ver

              Você, você, você

              Faz meus olhos azuis cegos

              Você, você, você

              Faz meus olhos azuis cegos"

            Levei-a para o meio da pista e ela veio devagar, sutil como uma leoa. Segurando uma de suas mãos a puxei contra mim e desci a outra mão para base de suas costas. Balancei devagar, tomando o ritmo da música sem desviar os olhos dos dela. Hinata deu os primeiros passos tímidos e eu me inclinei para colar os lábios em sua orelha.

    - Deixe que eu conduzo você. - murmurei. Em seguida me afastei e comecei a mexer os pés um passo para frente e outro para trás, sentindo o quadril dela se soltar sob meus dedos enquanto acompanhava. Ousei dar uma meia volta com os passos, mas elas conseguiu e então eu estiquei o braço, lançando-a longe, depois indicando para que viesse de volta girando. Ela o fez e encaixou-se em meus braços. Deitei-a no ar, os cabelos dela roçaram o chão e então eu a fiz rodar de volta, girando com nossas mãos acima de nossas cabeças, uma, duas, três vezes. Os fios púrpuros atirando seu perfume contra meu rosto. O refrão se encaioxou aos giros que fazíamos e ela soltou uma gargalhada verdadeiramente divertida, de olhos fechados. Pude sentir que partiu do fundo da garganta, de forma involuntária. Eu sorri aplamente e a puxei de volta para meu peito, encostando nossas mãos entrelaçadas em mim, enquanto a outra voltou à sua cintura fina. Rimos juntos, parando de dançar e ela balançou a cabeça, envergonhada. Voltei os passos como antes e Hinata abriu os olhos, encarando os meus diretamente. Entrou no ritmo junto comigo e embora desse alguns poucos passos em falso, isso só aumentava a diversão. Eu dancei em volta dela um pouco, fazendo algumas caretas para diverti-la ainda mais e ela tentou fazer o mesmo, dando alguns passinhos bonitinhos. A puxei novamente e giramos, juntos, feito dois bobos. E e enfim a música se apróximou do fim. Eu a girei sozinha outra vez e então paramos, um tanto zonzos. Hinata ainda sorria com as bochechas vermelhas. Encostou o rosto em meu peito, ofegante, tentando decidir se ria ou respirava. 

          Nada no mundo se igualava à sensação de despertá-la aquele tipo de riso tão livre. Fazia meu coração enxer-se de orgulho, de alegria. A morena levantou os olhos após recuperar o fôlego e então deu um passo para trás, mas manteve a mão presa à minha.

    - Isso foi muito divertido. - admitiu. Eu ri, pendendo a cabeça para trás. E de fato, nunca havia tido uma dança tão feliz.

    - A melhor dança que já tive. - soltei sem querer. Ela arqueou as sobrancelhas e sorriu de um jeito zombeteiro. Aonde ela aprendera a sorrir desse jeito?

    - Se a sua melhor dança foi com uma desajeitada feito eu, tenho pena de seus outros pares ao longo da vida! - zombou. Devolvi o sorriso à ela, não acreditando no quanto me sentia rendido.

    - Não é isso, e você não é desajeitada. - discordei.

    - Então o que é? - olhei em seus olhos perolados.

    - É que a gente não foi moldado pela dança. Nós a moldamos. E você deu a risada mais gostosa do mundo, eu me diverti mais do que previa. - respondi, sincero. 

         Hinata olhou profundamente para mim, parecendo absorver minhas palavras. E enfim, sorriu da mesma forma como a vi sorrir para meus retratos de família dias atrás. A ternura ali presente me fez crer que nossa amizade já estava selada. E embora o que eu mais queria selar fosse os nossos lábios, aquilo bastava. Feliz, direcionei os olhos para o bar e a girei, fazendo-a ver aonde eu indicava.

    - Agora, baixinha, aventura número dois. - disse, puxando-a comigo até onde nossos amigos conversavam dançantes. - A propósito, dama das pérolas, você está incrivelmente linda. 

         E eu a guiei em direção ao que chamaria de um brinde ao riso frouxo mais maravilhoso que pude contemplar e que queria perpetuar infinitamente pelos dias que viriam, mesmo que caísse um milhão de vezes. Afinal, um poeta disse uma vez que o esse tal de amor vale mesmo a queda. E eu estava pronto para ser engolido pela cegueira a qual a escuridão do abismo oferecia. 

                                                                         ***

               

                  1º Pessoa off

      

                Eles só não imaginavam que nem toda a plateia que aplaudia ao espetáculo desse amor recém nascido tinha a intenção de comemorar. 


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