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Parte 2: Seqüestros, doidos varridos e salgadinhos
- Ei! Me solta!
As garras do robô-águia prendiam-lhe os ombros com muita força. O robô, nesse momento, sobrevoava um deserto.
- Droga! ? resmungou. ? Não adianta gritar... Se ao menos soubesse como usar esse corpo... É claro...!
Viu uma tampa num dos pés da ave mecânica. Fez alguns cálculos mentais e chegou à conclusão de que era preciso empregar muita força. Sorriu. Lembrou-se de que estava no corpo de alguém que era a força física em pessoa. Levantou uma das mãos e alcançou a tampa, que ficava na parte de trás da perna do robô-águia, perto do pé direito. Arrancou a tampa e viu vários fios e cabos. Puxou e arrancou todos, gerando um curto-circuito, fazendo com que as garras se abrissem. Só que se esqueceu de um detalhe... De um pequeno detalhe...
- COMO EU FAÇO PRA VOAAAAAARRR...?!?
Tentou nadar no ar, tentou até bater os braços como se fosse um passarinho, mas não teve jeito...
- AAAAAHHHHH...!!!
Acabou mesmo é se estabacando de cara no chão. Recuperou-se logo do impacto da queda (ainda bem que era o corpo de um saiyajin...) e se levantou, cuspindo a terra que foi parar na boca. Olhou pra cima e viu o robô-águia voando à sua procura. Correu e se escondeu (lembrando que é a Bulma que tá no corpo do Vegeta...). Permaneceu por lá e ficou esperando até que o robô desaparecesse.
- Droga! Aquele tampinha conseguiu escapar! ? Pavon exclamou.
Era ele quem estava pilotando o tal robô em forma de águia. Na verdade, o robô era um caça.
- Onde foi parar aquele baixinho? ? resmungou. ? Aquele sujeitinho conseguiu danificar as garras!
Começou a voar em círculos, a fim de pegar novamente a sua presa. Mas não encontrou. Em compensação, viu um jato se aproximar.
O jato chegava perto, enquanto Pavon olhava para o painel dos controles. Ele sorriu:
- Ótimo! Consegui uma bela aquisição...
Apertou um botão, que fez surgir outro controle. Fez uma manobra que o situou atrás do jato.
- Você está na minha mira!
Mirou bem no alvo e disparou. Foi um tiro certeiro, que o atingiu.
O jato atingido fez uma aterrissagem forçada. Pavon logo deduziu que o piloto poderia ser alguém muito experimentado, pela habilidade com que aterrissou. Ele também desceu e viu o piloto... Na verdade, ?a? piloto...
- Minha nossa, que visão! ? Pavon exclamou.
A visão a que ele se referia tinha vestido vermelho, botas, lenço amarelo no pescoço, cabelo curto azul-turquesa e olhos azuis.
- O que você está olhando? ? a mulher perguntou com cara de poucos amigos.
- A sua beleza, é claro... Minha princesa.
- O quê...?
Pavon se ajoelhou e começou a dizer:
- Desde os tempos de colégio eu sonho com este dia... Sempre sonhei que seria o seu príncipe encantado, e que você seria a minha princesa... A minha princesa Bulma!
Só faltava essa! Um idiota aparecer pra dizer tantas besteiras! Se Vegeta estivesse em seu verdadeiro corpo, com certeza mandaria esse metido a ?Don Juan? para o espaço. No fundo, no fundo, estava era se mordendo de ciúmes.
- Cai fora, ô ?Romeu?! ? disse, de braços cruzados e de nariz empinado.
- Eu não posso... ? o ?Casanova? disse. ? Não posso ir embora sem você... Você é a causa de eu sempre escolher uma atriz de cabelos azuis para ser meu par romântico... Sempre pra me lembrar de você... Você é linda, inteligente, rica... O tempo passou e fez você ser cada vez mais irresistível... Não merece desperdiçar a sua beleza com aquele baixinho ridículo!
A reação foi imediata e Pavon levou um baita soco. Não adiantou muito, porque ele era alto e forte (segundo padrões terráqueos, não se esqueça...).
- No que fui me meter... ? sentia a mão doer. ? Sabia que esse corpo era fraco, mas não tanto...
Quando se achava que já tinha visto de tudo...
- Pare em nome da justiça!! ? bradou uma voz masculina.
- Porque nós vamos te prender! ? disse uma voz feminina.
(Que roupas mais cafonas!) Pavon pensou. (Eles parecem mais uma dupla de palhaços!!)
- Quem ou o que são vocês?! ? perguntou.
Fizeram uma coreografia muito louca de apresentação, que daria muita inveja a muito grupo de Power Rangers por aí... E, no fim...
- Eu sou o Grande Sayaman, número 1!
- E eu sou o número 2!
Nisso, Grande Sayaman 1 e Grande Sayaman 2 (ou Gohan e Videl, se preferir!) reconheceram uma pessoa em especial:
- Bulma?!
Sem tempo pra explicações. Por trás deles, um rochedo desmoronou.
- Opa! O que é isso?! ? Pavon perguntou, já agarrando a ?refém?. ? Fique comigo, princesa!
Por mais que quisesse reagir, debateu-se em vão. Pavon era mais forte.
- Vegeta?! ? Gohan perguntou, um tanto atônito.
Não era pra menos, porque a entrada não havia sido nada triunfal. Com o cansaço, tinha se apoiado no rochedo, mas como não sabia controlar a força, acabou derrubando tudo. Arquejante, disse:
- Como é difícil achar vocês!
- Ué... Mas o nosso ki não é tão difícil de achar... ? Gohan disse.
- Eu segui correndo o rastro de óleo deixado pelo robô.
- Ô Vegeta... Você tá se sentindo bem?
- Por quê?
- Por que correu em vez de voar? E não acha que é mais fácil localizar o ki ao invés de seguir manchas de óleo?
Pavon interrompeu:
- Vocês vieram só pra atrapalhar o meu momento, é?!
Videl gritou feito tiete:
- AI, EU NÃO ACREDITO!!! PAVON, O GRANDE GALÃ DA NOVELA?! AI, QUE LINDOOO...!
Gohan chamou a garota à realidade:
- Ei, Videl... Acorda, foi ele que roubou o robô-águia!
Pavon esbravejou:
- FUI EU, SIM! E SABE POR QUÊ?! FOI PRA ACABAR COM ESSE BAIXINHO AÍ!!! ? apontou para ?Vegeta?. ? ELE NÃO MERECE FICAR COM A MINHA PRINCESA! EU, PAVON, LINDO E MARAVILHOSO, SEREI O PRÍNCIPE DE BULMA! ELA SERÁ A MINHA PRINCESA, E EU SEREI O PRÍNCIPE DELA! SÓ EU E MAIS NINGUÉM!!! ENTENDERAM?!
Nisso, pra completar, aterrissaram Goku, Tarble e Kulilin.
- O que tá acontecendo aqui, hein? ? Goku perguntou ao ver a confusão armada.
- Só me faltava essa...! ? ?Bulma? disparou.
Não conseguia se soltar e, pra piorar, Pavon sacou um revólver que guardava na cintura e mirou na cabeça de sua refém.
- Se algum de vocês se mexer estouro os miolos dela!
- Opa...! ? disse Kulilin. ? Calma aí... É melhor ninguém se precipitar... Não concordam, pessoal?
- PIGE!!! ? Pavon gritou.
Pige apareceu. Estava no robô-águia desde o começo.
- Fala, chefe!
- Vamos executar o Plano B!
- Plano B? Que Plano B?!
- Aff... Esquece, retardado! Apenas traz pra cá as sete esferas do dragão!
Pige foi e voltou ao local com as sete esferas. Colocou-as no chão e, assim que as reuniu ali, elas começaram a piscar. O ?galã de novela? sorria, sem soltar sua refém. Esta, por sua vez, estava sem saída. Qualquer movimento brusco faria com que levasse bala.
- Como você sabe das sete esferas? ? Goku perguntou.
- Desde os tempos de colégio, meu caro. ? Pavon respondeu. ? Bulma vivia pesquisando sobre a lenda de Shenlong e as sete esferas, a fim de conseguir um namorado perfeito, ou seja, um ?príncipe encantado?. A partir daí, comecei a checar, nas horas vagas, se a lenda era real... E aqui estamos...
- O que você pretende fazer com elas? ? ?Vegeta? perguntou.
- O que acha, tampinha? Vou pedir ao Shenlong fazer com que Bulma fique loucamente apaixonada por mim... E ela será minha princesa para sempre!!
Pelo jeito, Goku, Kulilin e Tarble pensaram a mesma coisa que Vegeta, no corpo de Bulma. Shenlong não iria fazer o corpo de Bulma se apaixonar... E sim a essência, a alma dela... Que, por um acaso ou dois, tinha ido parar no corpo de Vegeta...
Ninguém queria imaginar a cena...
Triunfante, Pavon disse:
- Apareça, Shenlong, e realize o meu desejo!!
Nesse momento, o céu escureceu e o dragão apareceu. Sua voz ecoou:
- Eu sou Shenlong! Realizarei três desejos, na medida do possível!
Pavon ficou boquiaberto. A lenda era verdadeira. Mas, quando passou o deslumbramento...
- Shenlong! ? Goku disse. ? Eu desejo que a Bulma e o Vegeta voltem ao normal!
- Isso vai dar certo, Goku? ? Kulilin perguntou.
- Bom, eu espero que sim... ? o eterno otimista respondeu.
- ...
- Isso é fácil... ? disse o deus-dragão.
Os olhos vermelhos de Shenlong brilharam. Vegeta e Bulma desmaiaram.
Pavon estranhou quando sua refém apagou:
- Bulma! Ei, Bulma! O que aconteceu?
E a voz do dragão ecoou de novo:
- Seu desejo foi realizado!
Goku segurava o outro saiyajin, que acordava naquele exato momento:
- Vegeta? É você mesmo?!
- Claro que sou eu, Kakarotto imbecil! Agora... TIRA AS SUAS MÃOS DE MIM!!!
Nisso, ele se levantou e viu Pavon tentar acordar Bulma:
- Bulma, acorda! Acorda, minha princesa!
Ela acordou e respondeu:
- Sua, uma ova! Me solta!
- Ainda posso realizar dois desejos! ? Shenlong disse. ? Se não fizerem o pedido, eu vou me retirar!
- Agora é a minha chance! ? disse Pavon. ? Já...
Só que conseguiram pensar mais rápido que ele...
- Já pode se retirar, Shenlong! Não temos mais nenhum pedido agora! Obrigado! ? era Goku.
- Quem diria... ? disse Vegeta com sarcasmo. ? Pensou rápido, hein, Kakarotto?
Shenlong se retirou, voltando às sete esferas. Estas, mais uma vez, se espalharam mundo afora. Pige lamentou:
- Adeus, golpe do baú...
- ?Golpe do baú??! ? Bulma perguntou revoltada e tentando se soltar. ? Então era isso que você queria? Ora, seu...
SLAP!! ? Bulma recebeu um sonoro tapa no rosto, que a jogou no chão. Isso só serviu pra deixá-la ainda mais furiosa.
- Não é assim que se trata uma dama como eu!
Pavon apontou o revólver para ela.
- Sabe por que estive atrás de você, durante esses anos? Porque ando enterrado em dívidas atrás de dívidas, e meu cachê de ator não resolve nem metade dos meus problemas! Por isso o golpe do baú! E, além disso, de brinde, ficaria com a mulher mais bela e rica da cidade... Mas, se não posso ficar com você... Ninguém mais vai ficar!!!
Puxou o gatilho, ainda mirando a arma em Bulma. Disse:
- Adeus... Minha princesa...!
Disparou, mas a bala não prosseguiu. Sua trajetória foi interrompida.
- Só eu tenho o direito de chamá-la assim! ? Vegeta, na frente dele, disse.
Abriu uma das mãos e mostrou a bala que pegou no ar. Fechou a mão de novo e transformou o projétil em pó.
- Como...? Como você fez isso...? ? Pavon se espantou.
Vegeta começou a se divertir com a cara de pânico de Pavon. Este disparou outro tiro, mas o saiyajin pegou a outra bala e também a esfarelou.
- Quem...? O que... É você...?
- Vou te mostrar...
Deu aquele sorriso sarcástico, que juntou com o seu mais medonho olhar de assassino. Nesse momento, transformou-se em Super Saiyajin, fazendo sua ?vítima? tremer tanto de medo, que até largou o revólver no chão. Vegeta pisou na arma e a fez em pedacinhos.
Pavon agora estava ainda mais apavorado:
- O que... O que você vai fazer comigo...?!
Ainda com aquela expressão sarcástica, o saiyajin respondeu:
- Eu poderia devolver o tapa que você deu na minha mulher... Mas com certeza eu arrancaria a sua cabeça...
O outro ainda estava assombrado.
- Só que não vale a pena usar minha força pra te matar. ? prosseguiu. ? Então...
Vegeta voltou ao estado normal. Pavon suspirou aliviado.
(Uff!), pensou. (Esse cara é assustador. Acho que me safei dessa...)
Coitado... Cometeu um grande engano...
Vegeta simplesmente deu um peteleco nele. E ele, Pavon, voou alguns metros até colidir de costas com um grande rochedo.
- Nossa! ? disse Tarble. ? Essa vai deixar marca!
- Ai... Como dói...! ? Pavon disse e, em seguida, caiu de cara no chão.
Gohan e Videl se entreolharam depois de tudo. Ainda não conseguiram entender toda a história.
- Ei, vocês dois! ? Vegeta os chamou à realidade. ? Podem pegar aquele verme!
- Hã? ? Videl perguntou.
- Ah, tá... ? Gohan respondeu, ao ver Pavon desacordado.
Enquanto eles prendiam Pavon e Pige, Bulma se recuperou do susto e abraçou Vegeta.
- Você é o meu herói... De novo!
O saiyajin ficou muito ? mas muito ? vermelho! Constrangido, e com a cara amarrada, disse:
- Bulma... Não seja tão melosa...!
Kulilin não conteve o riso:
- Ha, ha, ha... Esse é o velho Vegeta...!
De volta a Casa Kame...
- Chi Chi ? Bulma disse. ? Por favor, me desculpe pelas grosserias de hoje... Acho que eu estou um pouco na ?TPM?...
- Tudo bem, eu desculpo... Mas você precisa se desgrudar do Vegeta, não acha? Cheguei a pensar que era ele, em vez de você...
(Ah, se você soubesse da história toda...), a cientista pensou.
Enquanto isso, em uma das mesas, os dois eternos rivais devoravam quilos e quilos de salgadinhos, sob os olhares do restante do pessoal.
(Ainda bem que pedi pra reforçar a quantidade de salgadinhos), Kulilin pensou. (Pedi salgadinhos pra um batalhão...)
Sobrou um único salgadinho na bandeja. Era o último. Duas mãos tentaram, ao mesmo tempo, pegar o salgadinho, mas não conseguiram.
- Esse salgado é meu, Kakarotto!
- Não, Vegeta... Eu comi um a menos que você. Esse aí é meu!
- Não minta pra mim, imbecil! Eu vi muito bem que você comeu vários salgadinhos a mais do que eu!
- Não exagera, Vegeta... Não comi tanto assim...
- Não fala asneiras! Eu vi muito bem!
- Dá um desconto, Vegeta... Ainda tô morrendo de fome...!
- Nem vem, seu guloso de marca maior! Esse salgado é meu e ninguém tasca!
- Não, esse aí é meu, você contou errado!
- Só tem um jeito de resolver...
- Tá certo, então...
Tudo indicava que aquela disputa pelo último salgadinho iria longe demais... Os dois saiyajins saíram da mesa e se posicionaram um diante do outro.
- Pronto, Vegeta?
- Já nasci pronto, Kakarotto!
Tarble não estava entendendo nada, mas já sabia da rivalidade que seu irmão tinha com Goku. Os outros já previam uma batalha feroz pelo salgadinho. Definitivamente, os saiyajins não tinham jeito... Lutavam por qualquer motivo mesmo...
- JAN-KEN-PON!!! ? os dois gritaram.
Nisso, todo mundo caiu pra trás. Eles estavam disputando o bendito salgadinho no ?pedra-papel-tesoura?!
Depois de três resultados iguais (papel-papel; pedra-pedra; tesoura-tesoura), por fim, Vegeta venceu a disputa. Goku havia jogado papel, e ele jogou tesoura. Mas...
- Hummm... Que gostoso! ? era a voz de Majin Boo, que acabava de chegar com Mr. Satan.
- Meu... Meu salgadinho...!
Vegeta tinha ganhado, mas não levou... O tão disputado salgadinho foi parar justo na barriga de Boo.
- VOCÊ ME PAGA, GORDUCHO!!! ? o saiyajin berrou, prestes a surtar.
Goku o segurou, mas Vegeta tentava se soltar. Tava louco pra encher aquela bola rosa de pancadas... Como ousava comer aquele salgadinho sem permissão?
- Calma, Vegeta... ? o herói disse. ? Não precisa ficar bravo com isso...
- Cala a boca, Kakarotto! Você é o culpado por eu perder o meu salgadinho...!
Tarble assistia a tudo. Estava totalmente atônito. Por mais que tentasse, não conseguia entender a vida na Terra...
- Gure ? ele disse. ? Definitivamente, eu não entendo os terráqueos. Eles são bem estranhos...
- Oh, é verdade, Tarble... Mas até que é divertido...
- Concordo... ? ele disse sorrindo, enquanto via Vegeta tentando voar pro pescoço de Boo. ? Meu irmão escolheu um planeta bem maluco pra se viver...