Entre a razão e a loucura: Quem é a justiça?

Tempo estimado de leitura: 51 minutos

    l
    Capítulos:

    Capítulo 8

    Chegada

    Spoiler

    Chegada

    Enfim, a parte mais importante do processo a respeito do Caso Kira iria acontecer. Depois de cerca de três meses de processos, provas, depoimentos e tudo o mais que aconteceu após a prisão de Light, tudo estava pronto. A razão que alegavam para tamanha rapidez no processo era a priorização devido à enorme repercussão, tanto nacional como internacional. As autoridades japonesas se sentiam pressionadas a dar uma resposta ao mundo a respeito desse caso.

    Era imperativo ter uma resposta àquela altura, perante os olhos do restante do mundo. E o Japão iria conseguir dá-la agora, no julgamento de Kira... De Light Yagami.

    E, falando em Light Yagami...

    - Ei, Yagami! ? era a voz do carcereiro, que se aproximava de sua cela. ? Hora de se levantar, Kira!

    Só o jovem de cabelos castanhos habitava aquela cela. Como a maioria das celas, essa seguia o padrão de ter apenas uma cama, uma pia e um vaso sanitário. Porém, em vez de ser fechada por grades, era fechada por uma pesada porta de aço.

    Na verdade, Light estava numa solitária, desde o início da sua prisão preventiva. Eram medidas de precaução apenas. Principalmente para proteger sua integridade física, já que no início, os presos que ali estavam o hostilizavam muito. A polícia japonesa não queria que a situação ficasse ainda mais grave do que já estava.

    - Anda logo, Yagami! ? a voz do carcereiro voltou a ecoar. ? Hoje é o dia do seu julgamento!

    O rapaz levantou-se e foi até a pia lavar o rosto. Fitou-se no espelho. Em três meses, seu cabelo liso e castanho havia crescido até quase tocar os ombros. Seu rosto não possuía indícios de barba ou algo do gênero; continuava completamente liso. Envergava o uniforme-padrão do sistema prisional, mesmo não sendo um presidiário condenado ? fazia parte das regras. Sem contar que parecia ter emagrecido um pouco.

    Mas havia algo que não mudara: seu olhar frio e calculista.

    Ainda se encarando no espelho com seus olhos penetrantes, Light pôs-se a refletir sobre os últimos dias. Lembrava-se do exato momento em que L ordenara para que os policiais o prendessem.

    ?Mogi, Aizawa! Prendam o Kira!?

    Apenas teve tempo de ouvir o som das algemas a serem travadas e senti-las agarrando os seus pulsos com firmeza, após serem puxados para trás. Depois disso, todas as provas, ainda que parciais, eram jogadas na sua cara. Sua máscara, que parecia impenetrável, havia começado a trincar e a deixar cair seus primeiros pedaços.

    Mesmo assim, achava que aquela situação era injusta. A razão era simples. Ele não se considerava tudo aquilo de que a imprensa o rotulava. Não. Ele apenas estava limpando o mundo de toda a injustiça, de todos aqueles que prejudicavam a sociedade, ou que não ajudavam a melhorá-la.

    Só permaneceriam aqueles que acrescentassem algo para a sociedade. Sim, tudo por um mundo melhor. Não importava quantos sacrifícios seriam feitos, quantas vidas fossem ceifadas para tanto.

    Como dizia Maquiavel, em seu famoso livro ?O Príncipe?: ?Os fins justificam os meios?.

    Não importavam os meios a serem usados. O que importava era a finalidade, o objetivo a ser alcançado. E arranjaria um meio de fazê-lo, a qualquer custo.

    Nisso, surgiu um sorriso em seu rosto, enquanto murmurava:

    - O show só está começando... Aguardem-me...

    - Ô Yagami, anda logo!! Senão vou dizer que você tá agindo feito uma mocinha vaidosa! Já está pronto?

    - Estou. ? ele disse lacônico.

    O carcereiro destrancou a pesada porta e viu, diante de si, o jovem prisioneiro. Ele e mais dois agentes o conduziram algemado por toda a extensão do corredor, sob vaias e gritos dos prisioneiros das demais celas.

    - Aí, ô mauricinho!! Você ainda vai voltar pra cá!

    - Boa sorte, filhinho do papai!! Vai precisar!

    - Aí, ô Kira! Tu não és a justiça coisa nenhuma!

    - Vai pedir ajuda pro seu papaizinho, moleque!

    ?Façam gozações à vontade...?, Light pensou, enquanto passava e olhava com desprezo para aqueles que pagavam por seus crimes. ?Aproveitem enquanto não posso puni-los... Mas em breve Kira voltará à ativa... E julgará sem dó nem piedade!?

    Um riso áspero ecoava ao longe. Era como se fosse um ?Hehehe?, bem conhecido... E ouvido por apenas uma pessoa ali.

    *

    Tudo pronto para o julgamento que se iniciaria em poucos instantes. Um batalhão de jornalistas estava a postos para a cobertura do que seria o ?julgamento do século? no Japão. Era, como ocorria desde a prisão de Light, as imprensas japonesa e mundial marcando presença mais uma vez na cobertura de um caso tão surpreendente.

    Cada envolvido no caso era recebido com dezenas de microfones quase na cara e centenas de flashes disparando a cada movimento. A sorte dos integrantes da força-tarefa é que eles eram menos assediados do que a promotora e o advogado de defesa.

    Ao adentrarem na sala, todos os envolvidos estavam lá. E uma surpresa:

    - Ryuuzaki?! ? Matsuda foi o único a manifestar sua surpresa.

    - Ah... Oi. ? L respondeu. ? Já fazia algum tempo que não nos víamos pessoalmente.

    - Não é muito perigoso expor a sua identidade? ? Aizawa questionou.

    - Não é preciso se preocupar com isso. ? disse uma voz de mulher. ? O julgamento correrá de portas fechadas. Liberaremos à imprensa apenas as informações essenciais.

    - Isso já elimina boa parte dos nossos problemas, Srta. Higashi.

    - Sim, Sr. Aizawa. Mas a opinião pública é bem dividida a respeito do caso. Há muitos contrários a Kira e a seu modo de agir, como é o nosso caso. Mas, em contrapartida, há muitos favoráveis a ele.

    - E parece que há até mesmo uma seita que considera o Kira como um deus. ? Matsuda observou.

    - Esse é o problema. ? Mogi resolveu opinar. ? Ouvi dizer que são seguidores fanáticos. E são esses que podem ser perigosos, porque não medem as conseqüências de seus atos.

    Do outro lado do salão, o grupo avistou a família Yagami chegar e tomar seus lugares. Em seguida viram entrar, escoltado, o jovem Light Yagami, que, a partir de agora, seria o réu do julgamento.

    Só com a presença do rapaz, o clima pareceu ficar ainda mais tenso do que estava.

    O julgamento, que estava prestes a se iniciar, já prometia mexer com os nervos de todos os presentes.

    ***Editado e aprovado por Ivelee***


    Somente usuários cadastrados podem comentar! Clique aqui para cadastrar-se agora mesmo!