Entre a razão e a loucura: Quem é a justiça?

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    Capítulo 7

    Repercussão

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    - Estamos aqui, de plantão, no saguão do departamento de polícia, para acompanhar a movimentação às vésperas do que pode ser considerado como o ?maior julgamento da história do Japão?. Como informado desde o início o suspeito, que passou a ser acusado de ser Kira, é um universitário de dezoito anos, chamado Light Yagami. Ele é o filho de Soichiro Yagami, superintendente da polícia. O acusado continua detido, em regime de prisão preventiva, aguardando o julgamento de amanhã.

    - TV Sakura, pra variar... ? L comentou, enquanto empilhava cubos de açúcar. ? Aposto que o Matsuda não agüentou ficar calado e deixou escapar.

    - Não, não foi o Matsuda, Ryuuzaki. ? Aizawa respondeu por computador, do departamento de polícia. ? O Matsuda é atrapalhado, mas não seria linguarudo a esse ponto.

    - Tem certeza?

    - Certeza absoluta. Eu estive o tempo todo junto com ele e Mogi. Só comentávamos o caso entre nós da polícia.

    - Então alguém aí do departamento deixou vazar. Deve ter sido subornado ou algo do tipo.

    - Tenho a mesma hipótese. Mas, mesmo que a gente descubra, o estrago já está feito, principalmente para o chefe.

    - É uma pena. Soube que o Sr. Yagami se afastou da superintendência há alguns dias. Tem notícias dele?

    - É verdade, Ryuuzaki. Ele disse que não tinha cabeça pra continuar trabalhando, com o filho preso. Notícias, eu não tenho ainda. Nós andamos bastante ocupados com o processo contra o Light, a fim de terminarmos os preparativos para o julgamento o mais rápido possível. Então, fica quase impossível de saber notícias dele. Mas o Matsuda pretende ir conversar com o chefe, já que está de folga hoje.

    - Certo. Estarei esperando. E o Light?

    - Continua alegando inocência, e que as provas foram forjadas, além de alegar que é implicância sua com ele. Fora isso, só fala em juízo.

    - Entendo.

    - Como está indo o trabalho com o grafólogo?

    - Está tudo quase pronto. O Shinohara é muito bom nisso. Mas... Diga-me uma coisa, Aizawa... Como é que está o assédio da imprensa aí?

    - Bem grande, Ryuuzaki. O Caso Kira está tendo uma grande repercussão mundial. Só pra ter uma idéia, jornalistas de vários países, até mesmo das Américas, do outro lado do mundo, estão aqui querendo furos de reportagem. E não é só aqui, é até mesmo nas proximidades da casa dos Yagami.

    - O Sr. Yagami deve estar bem cansado disso...

    - Pelo jeito, sim... Mas só o Matsuda pode descobrir no momento...

    *

    Jornalistas. Câmeras. Flashes. Microfones. Assédio.

    Resumindo, um saco.

    Os últimos dias foram torturantes. Sabia que a imprensa poderia ser cruel, mas não imaginava que seria tanto.

    ?Que tormento!?, pensou. ?O que fiz para merecer isso??

    - Soichiro! Visita para você!

    - Quem é, Sachiko?

    - É o Matsuda! Ele gostaria de falar com você!

    - Diga a ele que já estou descendo. ? ele respondeu à esposa, enquanto terminava de abotoar a camisa.

    Definitivamente, os últimos dias haviam mesmo sido torturantes para os Yagami. Sayu já nem podia ir à escola. Outros alunos passavam a hostilizá-la, estigmatizando-a como irmã do ?Kira?.

    Ele também tinha os seus problemas, principalmente por conta do assédio da imprensa. Os repórteres lembravam muito um bando qualquer de urubus, que já se aproximavam de forma voraz de uma carniça.

    Agora, repórteres ficavam a postos para uma possível movimentação em sua casa. Principalmente os ?enxeridos? da TV Sakura.

    - Bom dia, chefe! ? Matsuda saudou Soichiro assim que o viu, levantando-se e fazendo a típica mesura nipônica.

    - Bom dia, Matsuda. ? Soichiro retribuiu da mesma forma. ? O que o traz aqui hoje?

    - Ah... Bem... É o meu dia de folga, então resolvi dar uma passada aqui pra ver como vocês estão.

    - Não tão bem como antes, mas estamos nos recuperando bem aos poucos do choque que foi a prisão do Light. Enquanto a poeira não baixar, dificilmente as coisas voltarão ao normal.

    - É. Dá pra se ter uma idéia, chefe.

    - E como estão os preparativos para o julgamento, Matsuda?

    - Bom... Só posso adiantar que o Ryuuzaki está terminando de reunir as provas contra o Light e a promotora Masami Higashi está terminando de analisar tudo referente ao Caso Kira.

    - Ouvi dizer que a promotora Higashi é dura na queda.

    - Mas o advogado que vai defender o Light dificilmente perde uma causa. É o... O... Droga, como é o nome dele...?

    - Ryo Takahashi.

    - Vai ser um duelo e tanto entre a promotora Higashi e o advogado Takahashi.

    Soichiro suspirou pensativo:

    - Mesmo sendo o pai do acusado, acho que a promotora Higashi tem tudo a seu favor para conseguir uma boa condenação para Light. Você será uma das testemunhas de acusação, não é mesmo?

    - Sim. Como sou da equipe que investigava o Caso Kira, estou nesta situação.

    - Pois bem. Do lado da Higashi, estarão você, Aizawa e Mogi. Mas o L é seu principal trunfo, pois ele tem as provas que incriminam o meu filho. Tudo isso pesa a favor dela. Creio que Light não vá escapar dessa, embora eu tente acreditar que ele não é o Kira, mesmo diante de provas tão conclusivas.

    Matsuda queria dizer algo otimista, mas era impossível àquela altura. Aquela situação era desconfortável demais, pois ele, num pensamento simplista, iria ajudar a ?ferrar? com o filho de seu chefe.

    - Matsuda ? Soichiro disse ao jovem, após notar sua insegurança. ? Não se preocupe comigo e com o Light. A lei é dura, mas é a lei. Apenas... Faça o seu trabalho como policial.

    Para ele, aquilo acabava de soar como uma ordem de seu chefe, com a firmeza e a confiança de sempre. Agora estava disposto a corresponder a essa ordem.

    Após conversar por mais alguns minutos, Matsuda se despediu da família Yagami e entrou no carro, rumo ao distrito policial. Durante todo o caminho, o jovem policial refletia sobre tudo o que acontecia. Principalmente, acerca da família Yagami, a família de seu chefe. Evidentemente, o iminente julgamento de Light estava mexendo com os nervos de todos. E, para ele, Touta Matsuda, aquilo era mais complicado do que se pensava. Admirava a postura e a integridade de seu chefe, e isso fazia com que tentasse se espelhar no superintendente Yagami.

    A verdade é que não queria afetá-lo no julgamento, mas diante do que Soichiro lhe dissera, tomou uma decisão:

    - Pode deixar, chefe... Vou fazer o meu trabalho como você me disse. Tentarei fazer o meu melhor!

    *

    No departamento de polícia, as coisas não eram melhores do que na casa dos Yagami. Jornalistas de todas as emissoras japonesas de TV e rádio, além de jornais, revistas e sites de internet estavam ali. Isso, sem contar com a imprensa estrangeira. Todos estavam ali, fazendo do saguão do departamento uma espécie de ?base de operações? para a cobertura do julgamento de Kira. Bastava alguém passar por lá para que um tsunami de jornalistas praticamente caísse sobre a pobre pessoa com enxurradas de perguntas, muitas delas sem respostas ou com respostas sigilosas ? visto que o processo corria em segredo absoluto de justiça.

    Como não podia ser diferente, Matsuda foi a mais nova vítima da voracidade das imprensas japonesa e mundial. Assustado, o rapaz não conseguia articular outra frase além de ?Sinto muito, mas não tenho permissão para falar?. Para chegar à sala onde estaria a salvo, teve que driblar microfones, câmeras, ter os olhos ofuscados por refletores e ficar quase cego por flashes. Por fim, ao chegar à sala, fechou a porta atrás de si e encostou-se nela, deixando escapar um longo suspiro de alívio.

    - E aí, Matsuda? ? uma voz perguntava com ironia. ? Tá gostando de ser uma celebridade?

    - Não mesmo, Aizawa. Aposto que se a Misa-Misa estivesse por aqui, iria adorar tantos flashes...

    - Olha ? Mogi observou. ? Acho que nem mesmo a Misa-Misa gostaria de ser tão assediada assim por esse povo, não. Ainda mais ela, que ultimamente prefere uma folguinha antes do julgamento.

    - É... É verdade. ? Matsuda esboçou um sorriso. ? Todo mundo precisa refrescar a cabeça antes do ?grande dia?, não é?

    - Quem dera... ? Aizawa suspirou. ? Sorte a sua que a folga caiu justamente hoje, ou você estaria o dia inteiro enfiado aqui, como nós. Mas... E então? Já está preparado para o julgamento de amanhã?

    - Eu me sinto preparado, Aizawa. Principalmente, porque quero ser útil amanhã.

    Era algo surpreendente, vindo de Matsuda. O tom decidido da voz do jovem era completamente atípico.

    - Ora essa, Matsuda... O que você viu pra dizer isso?

    - Estou amadurecendo, Aizawa. ? ele disse sério. ? Pode acreditar.

    - Eu sei que está. Isso foi por causa da visita que você fez ao chefe Yagami?

    - Sim. Eu fico chateado com a situação em que ele está. Sabe... Essa coisa de ver o próprio filho ser preso, acusado de ser o Kira e agora vai ter o julgamento... Talvez seja bobagem da minha parte, como sempre.

    - Você não é o único, Matsuda. Acho que todos nós, que estamos envolvidos dos pés à cabeça no Caso Kira, estamos assim. Principalmente porque o Kira era efetivamente um de nós.

    - Tem razão. Talvez seja por isso que eu estive mais apreensivo. Mas o chefe me disse para apenas fazer o meu trabalho.

    - O que significa que ele já reconhece a derrota de Light antes mesmo de começar o julgamento.

    - Ele me disse que ainda tenta acreditar que Light é inocente, mas, diante das provas de L, acha impossível isso acontecer.

    - Ele parece pessimista.

    - Não, Aizawa. Acho que ele tá sendo bem realista. O advogado do Light vai ter dificuldades em defendê-lo. Por exemplo, quem seria testemunha de defesa? Só a Misa?

    - Quem sabe, Matsuda? Talvez tenha algum fã de Kira disposto a defendê-lo, já que vazou a identidade dele...

    - Mais uma coisa que só veremos amanhã no Fórum...

    ***Editado e aprovado por Ivelee***


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