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Misa-Misa
- LIGHT!!!
Era o prenúncio do que aconteceria em seguida: Misa mais uma vez se pendurava em seu pescoço ? para variar. E, a Light, só restava suspirar e pensar: ?Eu mereço...?
-Misa, tá me sufocando! ? Light, por fim, conseguiu protestar.
- Ah, desculpa... ? Misa o largou. ? É que eu tava empolgada com o meu novo trabalho de publicidade e queria dividir essa alegria com você!
- Poderia ser menos efusiva, não?
- Er... Desculpinha de novo... ? ela respondeu com uma gota na cabeça. ? Mas... O que é ?efusiva??
Dava-lhe vontade de dar um tapa na própria testa, para expressar o quanto estava indignado com tamanha burrice. ?Dessa vez, ela se superou!?, pensou. Retomou a calma e deu uma explicação qualquer:
-Eu quero dizer que seria bom se você fosse menos... ?Empolgada?. ? fez as aspas com os dedos.
- Entendi Light!
Ryuk soltou seu habitual risinho:
-Cada vez mais os humanos são mais... Interessantes...
- Ah, oi, Ryuk! ? ela cumprimentou o shinigami, que respondeu com um aceno.
Rem, que estava ao lado de Misa, apenas assistia à cena. Nada mais.
- Como é esse novo trabalho, Misa?
- Ah... É que eu vou gravar um novo comercial para uma marca de cosméticos! Vou ser a garota-propaganda por seis meses! Isso não é maravilhoso, Light?
- É... É... Deve ser maravilhoso... ? ele fingia que concordava.
- Ai, Light... E eu quero comemorar... Vamos a um restaurante?
- Agora?
- Não, bobo... Eu preciso me produzir pra você... Que tal daqui a duas horas?
- Pode ser. ? Light concordou a contragosto. ? Em qual restaurante?
- Aqui está o endereço. ? ela entregou um pedaço de papel escrito à mão. ? Até mais!
Misa deu um selinho no rapaz e saiu quase saltitando como uma criança. Ele, por seu turno, ficou bem aborrecido. Mas começava a bolar uma nova estratégia. Era a oportunidade certa para pedir-lhe o seu Death Note, visto que o outro estava em poder de L.
Ou seja, seria difícil pegá-lo de qualquer maneira.
*
-Alô?
- Misa?
- Sim, sou eu, Ryuuzaki.
- Conseguiu encontrar o Light?
- Consegui. Vamos ao restaurante.
- Ele não desconfiou de nada?
- Claro que não! Esqueceu que também sei atuar? Não se lembra do que eu fiz para ser contratada pelo pessoal da Yotsuba?
- Sim, eu me lembro. Mas você sabe que o Light é bem mais esperto do que aqueles executivos.
- Sim, eu sei. ? Misa ficou meio aborrecida. ? Ele é o seu rival, não?
- Vamos voltar ao assunto, Misa... Aposto que ele está fazendo isso por causa do seu Death Note... Então, dê um jeito de ele não ter acesso ao seu caderno. Já que o outro caderno está nas minhas mãos, ele vai querer o que está com você.
- Entendi. É só continuar com o meu teatro, né?
- Sim. Mas você não pode se esquecer do que eu te disse antes, ok?
- Ok! Pode deixar comigo! A Misa-Misa aqui não vai decepcionar! ? ela disse, fazendo um ?V? de vitória com a mão e sorrindo.
*
Após duas horas, Misa encontrou Light no restaurante, como combinado. O jovem Yagami estava alinhado como sempre. Trajava camiseta branca, calça jeans e sapatos pretos. A Amane estava num estilo mais ?comportado?: Tubinho básico preto, sapatos de salto alto, meias tipo arrastão e jaqueta curta de couro, tudo preto.
- Light! ? Misa acenou toda alegre. ? Tô aqui!
?Será que é tão difícil pra você ser discreta, Misa??, ele pensou. ?Isso não importa. Apenas devo levar meu plano adiante.?
Os dois se sentaram na mesa indicada por Misa, num ponto mais afastado. Os dois fizeram os pedidos, cuidadosamente anotados pelo garçom. Enquanto aguardavam pela refeição, Light logo puxou conversa:
-E então, Misa... Trouxe o que te pedi?
- Ah... Você fala do caderno?
- Sim. Ele está aí com você, não está?
- Er... Bem... Eu não consegui encontrá-lo! Desculpinha!
- C-Como é que é? ? o jovem ficou incrédulo. ? Você não conseguiu encontrá-lo?
- Sabe como é, né, Light... Meu apartamento tá uma bagunça total por causa de tantas coisas que eu fiz ultimamente, e então... Não tive tempo de dar nem mesmo uma arrumadinha lá... ? deu um risinho meio embaraçado.
?Isso só pode ser brincadeira!?, exclamou em pensamento, tentando não exteriorizar sua indignação frente à suposta burrice de Misa. ?A cada dia, ela se supera!?
-Como você consegue perder o seu caderno, Misa? Você deveria andar sempre com ele, não?
- Não dá, Light. Não dá, porque levantaria ainda mais suspeitas de eu ser o segundo Kira. Eu guardei bem o caderno, mas ele ficou tão bem guardado que nem eu o encontro.
- Nós não temos muito tempo, Misa. À medida que o tempo passa o L vai aumentando cada vez mais as suspeitas em relação a mim. Já está chegando à hora de eliminá-lo do meu caminho, antes que se torne um obstáculo ainda maior para construir aquele novo mundo com o qual a gente sonha. Tá entendendo a gravidade da situação?
- Sim, eu entendo. Se quiser, podemos procurar pelo caderno no meu apartamento, após o jantar! ? a loirinha disse com seu peculiar ar ingênuo.
- Certo, certo... Enquanto isso, tente se lembrar de onde você pode ter deixado o seu caderno.
- É claro que vou fazer isso! Tudo pra te ver feliz!
?Claro que é... Sei que você vai fazer isso pra me ver feliz, com toda a certeza.?, Light sorriu, enquanto levava uma porção de sushi à boca. ?Tenho você em minhas mãos, e sei que você realmente é capaz de tudo. Depois que conseguir o caderno, é só forçar uma situação em que ela possa ver o verdadeiro nome do L. E assim, a vitória será minha!?
?Light, Light...?, Misa o encarava, fingindo se deliciar com o sorriso de seu ?namorado de fachada?, quando, na verdade, estava se divertindo com o seu próprio teatro.
Sua atuação estava quase digna de um Oscar.
*
-Reviramos tudo por nada! Como é que você pode querer me ajudar se aqui não tem nenhuma organização? Não é à toa que não se acha nada neste lugar!
A reclamação de Light tinha toda a razão. O apartamento de Misa estava na mais perfeita... Bagunça. Parecia que um tufão havia passado por ali, tamanho o caos.
- Eu te avisei, Light... Revirei tudinho, tintim por tintim... Mas nem sinal do caderno... E acabei machucando a minha mão direita... Logo a mão que uso pra escrever e dar autógrafos... E eu queria muito escrever um bilhete para minha amiga da Yoshida...
- É uma pena.
- Talvez, não... ? os olhos da Amane se iluminaram. ? Dá pra me fazer um favorzinho? Bem pequenininho?
- Qual?
- Minha mão tá doendo muito pra escrever, então pode escrever um bilhete pra mim? Por favor...? ? fez cara de ?pidona?.
- Tudo bem, Misa... O que escrevo?
- Hmmm... Deixa ver... Ah, sim... ?Querida amiga Akane, eu gostaria de ir à sua festa de aniversário, mas infelizmente não vou poder estar aí, por causa do meu novo trabalho. Mas quando eu puder te envio um presente super fashion. Pedi pro meu namorado Light escrever, porque a minha mão está machucada. Hugs and kisses! Bye, bye! De sua amiga Misa-Misa.?
- Já vou avisando que não vou fazer coraçõezinhos, entendeu?
- Ah, que é isso... Não precisa não...
Light escreveu o tal bilhete e o deixou sobre a cama abarrotada de roupas de Misa. Só de ver o caos reinante naquele lugar, dava-lhe completo desânimo. Sentiu que sua cabeça já estava cheia. Não bastasse ter que lidar com as suspeitas de L recaindo sobre si, tinha que aturar as mancadas da loira. Começava a pensar seriamente se não era melhor descartar Misa de uma vez e perder metade de sua expectativa de vida fazendo o acordo dos olhos de shinigami com Ryuk.
Provavelmente sairia mais no lucro dessa maneira do que tendo Misa como seus olhos. Mas continuava relutante quanto a isso, pois não estava disposto a perder metade do seu tempo restante de vida, que sequer sabia de quanto era.
Não, não queria arriscar.
- Misa, já vou indo. ? anunciou. ? Já tá tarde e amanhã tenho que acordar cedo para ir à universidade.
- Ah, mas vai assim, sem nem mesmo um beijinho? Nós somos namorados, não lembra Light?
- Tá bom, tá bom...
Light e Misa se beijaram, mas não era um beijo que fosse digno de uma cena de um filme. Era um beijo que não tinha nada de apaixonado, apenas como se fosse para cumprir com alguma formalidade.
Depois disso, despediram-se e Light foi embora, acompanhado de Ryuk ? que, pra variar, apenas observava tudo o que acontecia.
Uns dez minutos após Light sair de lá, Misa se certificou de que ele não estava por perto e sentou-se ao lado do criado-mudo, onde estava seu telefone celular. Foi apenas questão de tempo para que tocasse a música ?Alumina? e ela o atendesse.
- Alô? Ah, sim, Ryuuzaki! Tudo saiu conforme o plano! Você viu daí como foi a minha atuação! Obrigada! Ah, o bilhete? Tá na minha mão! Quando eu te entrego? Tá bom... Ok! Tchau!
*
Horas depois...
L acabava de lacrar um envelope, que logo juntou a outro, igualmente de papel pardo.
- Ryuuzaki ? era Watari, através do computador. ? Toushiro Shinohara acaba de chegar.
- Ótimo. ? L respondeu. ? Pode deixá-lo entrar. Ele veio buscar alguns materiais.
- Certo.
Menos de um minuto depois, ecoava uma voz jovial:
-E aí, Ryuuzaki? Quais as novas?
- Aqui está o material que quero que você analise. É possível fazer isso até amanhã?
- Acho que sim. É fora do Caso Kira?
- Pelo contrário. São amostras ligadas ao Caso Kira. Creio que pelo menos uma delas é a prova definitiva de que minhas suspeitas estão certas. E falta apenas isso para prender o verdadeiro Kira.
- Então a responsabilidade agora passa pras minhas mãos?
- De certa forma, sim.
- Ok. Farei o possível pra tudo estar pronto amanhã. Qualquer coisa, você tem o número do meu celular.
- Confio em você. ? L disse, sem conter um sorriso. ? Sei que vai dar conta do recado. Por enquanto, é só.
- Pode deixar, Ryuuzaki. Até mais!
Assim, o misterioso visitante saiu do QG de L com os igualmente misteriosos envelopes de papel pardo. Enquanto isso, o detetive esboçava um sorriso diferente.
Um sorriso de quem sentia que a vitória estava cada vez mais próxima.
***Editado e aprovado por ivelee***