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O enterro acontecera próximo da cerejeira, acompanhado de uma música de violinistas. Os músicos deram uma pausa quando foram avisados que os discursos teriam início.
O dia radiante não era apreciável para o grupo de pessoas o qual escutava o discurso de Kizashi Haruno, um homem otimista cujo naquele instante despencava-se em lágrimas, no entanto, um sorriso grudava-se ao narrar suas lembranças mais preciosas de Sakura:
–Quando minha filha deu os primeiros passos, fiquei feliz por ter registrado em vídeo cassete. Quando começou a comer sozinha, se sujando toda...o primeiro banho de chuva e seu banho de lama, com ajuda do galo de estimação. -Apertou os lábios, prosseguiu:- Ela foi diagnosticada com seis anos, desde então começou minha luta, ao lado da mulher quem amo. -O sofrimento em sua voz evidenciava seu esforço em falar sobre tais recordações:- Sakura, muito esperta, entendeu que possuía algo de ruim dentro de si, ela mesma começou a fazer as tarefas de casa, cuidava bem do quarto e dizia: “Papai, não quero brinquedos ou bolo de aniversário, isso é pra comemorar festa de criança chata”, hoje sei que ela não queria gastar nosso dinheiro...-Respirou profundamente, para ter condições de continuar:- Vou comemorar o aniversário dela, mesmo se deixá-la com raiva, onde quer que esteja! Sakura...-O homem não podia entregar sorrisos a filha, não naquele momento. Sussurrou colocando a mão no peito:- Papai te ama, vou ler sua carta todas as noites, enquanto viver...
Sasuke devia ser o único a querer ouvir mais de Kizashi, no entanto, o senhor Haruno sabia do quanto de tempo estava tomando e ninguém se postaria a interrompê-lo.
Além da família Uchiha e da família Hyuuga, o público se restringia a conhecidos de Konoha e poucos familiares. Ao todo não passava de trinta e duas presenças, fora as crianças.
Mebuki subiu sobre o pequeno palanque de madeira construído, seu marido não abandonou o lugar, para apertar a mão da mulher, ser o apoio do qual ela necessitava.
–Meu amor não pode ser descrito. -Começou a senhora Haruno, séria:- Se tenho um arrependimento, foi ter sido tão severa com Sakura. Uma parte minha acreditava que mantendo-a perto de mim, ela chegaria até os trinta anos. A cada começo de ano eu pedia: Só mais um ano...-Apertou mais forte a mão do marido:- Ela foi um passarinho de asa quebra, cujo sonho era voar...fugiu da gaiola, voou por pouco tempo, mas foi feliz.
Mebuki quis dizer mais, porém pensando por uma segunda vez, decidiu encerrar ali. Com seu marido deixou o pequeno palanque.
A família Uchiha sentava na primeira fileira.
Mikoto Uchiha usava grandes óculos escuros e um chapéu de aba longa cujo véu preso descia até os ombros. Seu corpo esguio e formoso escondia-se sob um vestido negro de tecido bem fino. Entrelaçava seu braço ao do marido, Fugaku assim como os outros homens, vestido na roupa social preta. O casal Uchiha compartilhava a dor do filho mais novo.
Itachi ao lado dos pais, espiava o irmão pelo canto dos olhos, notou o lugar ao lado de Sasuke estar vazio, indagava-se onde estaria Naruto.
*****#####*****
Sasuke sentava de baixo da cerejeira, observando os galhos, tentando lembrar onde exatamente Sakura subira naquele dia quando lhe atirou pedras. Repousava as costas no tronco e estendia suas pernas na grama.
Uma pétala da árvore pousou sobre sua testa. Segurou-a levando em frente das narinas, sugou o cheiro ao máximo...
Avistou um ponto amarelo e laranja surgir acompanhado de um ponto azulado e preto. Não demorou para formarem a imagem dos seus amigos, Naruto vestido todo de laranja e Hinata com um vestido preto.
–Vai ficar aqui até quando Sasuke?
Quis saber Naruto ao chegar, olhando pra cima, sabendo sobre o significado da cerejeira.
Hinata inspirou o máximo conseguido. Falou alegremente:
–É o perfume da Sa-chan.
–Quando os convidados saírem da casa dos Harunos. -Sasuke respondeu com atenção sobre a Hyuuga. Explicou a ela:- É uma cerejeira, conheci Sakura aqui.
–Sakura deixou o nariz dele acabado.
Naruto acrescentou lançando uma rápida risada.
–Ela te deixou com o olho roxo.
–Não estou com vontade de discutir qual é pior. -Naruto sentou sobre a grama, Hinata continuou de pé, passando a mão nos cabelos loiros:- Não acredito que vamos crescer, não quero ser um adulto chato.
–Naruto-kun. -Hinata achando graça parou suas mãos, cada uma ao lado da face do Uzumaki:- Não vamos ser como eles. –Comentou encabulada:- Vou ser professora do jardim de infância, falei para o meu primo e ele aceitou.
–Não gosto do seu primo. -Naruto abraçou-a pela cintura, esfregando seu rosto no colo dela:- Primeiro Itachi e depois Neji, porque querem afastar a fadinha de mim?
–Na-naruto-kun...Itachi-sama é muito bom pra mim. -As bochechas transformaram-se em maçãs:- Neji-kun ficou preocupado durante o meu sumiço, ele cuidou de mim quando era criança...eu não via-o nos últimos anos por ele substituir o papai em várias funções nas empresas da família. -Muito feliz concluiu:- Ele sempre me amou.
–Mesmo assim vou vigiá-los. Todo mundo se apega a você, é muito fofa. Vou logo avisando: Serei um marido ciumento.
Hinata sempre enrubescia quando ele falava daquele modo, certo sobre o futuro que os aguardava.
Eles silenciaram-se, a brisa abraçou cada um, trazendo mais pétalas de cerejeiras a deixarem os galhos e fazer uma chuva de pontos rosas passar.
–Droga. -Sasuke erguendo-se de repente, cerrando os punhos, fitava alguém vindo na direção deles:- O que essa mulher faz aqui?
Naruto levantando-se, virou para encarar tal pessoa, entortou a cara ao vê-la.
–Q-quem é?
Hinata perguntou se apoiando atrás do Uzumaki.
Tsunade estava devidamente vestida no padrão para um enterro.
–Ora, ora e ora. -Naruto primeiramente cruzou os braços quando a loira aproximou-se o bastante para escutá-lo:- No enterro só tem chá e café, se quer álcool pode ir ao bar no fim da rua. -Adicionou com desprezo:- Mas ele só abre as seis em ponto.
–...-Tsunade expunha olheiras e emagrecera o suficiente para notarem:- Shizune me deixou depois daquele dia, quando me procuraram em Suna. –Ela suspirou cansada:- Ela desistiu de mim e recordei os anos que passamos juntas, quando éramos uma dupla. Com o tempo, eu fui o centro das atenções...e ela não passara de simples ajudante.
–Shizune não está aqui.
Sasuke cortante, dissera ansioso para se ver livre da médica.
–Foi ela quem conseguiu falar com os especialistas sobre o caso de Sakura. -Naruto informara:- Depois disso não tivemos mais contato com ela.
–Vocês mesmos comprovaram então. Não poderia salvar Sakura, perdi meu irmão quando ele tinha a idade de vocês...era minha única família além de Shizune. -Sorriu um pouco:- Vocês foram as únicas crianças persistentes depois do meu irmão, que conheci. Me lembraram ele tão vivamente, fiquei com raiva por não tê-lo salvado. Apesar de sentir muito, não é o mesmo que perder um paciente, a dor é muito maior, não podendo haver comparação.
–Acha que vou ter pena? –Sasuke perguntou crispando os lábios em seguida. Perdia a paciência em continuar falando com a mulher:- Saia daqui! Não tem o direito de estar aqui!
–Você não acredita em mim?
–Nós acreditamos. -Naruto respondeu pelo Uchiha quem não possuía mais condições de olhar pra médica:- Mas você não sabe o desgosto que nos causou naquele dia. PODERIA TER TENTADO!!! ISSO FARIA NOSSA AMIGA FELIZ! SAKURA ADMIRAVA VOCÊ!!!
A médica encarou os olhos azuis, confirmando, Naruto lembrava seu irmão.
–Tsunade-sama. -Hinata tomou a frente apertando as pequenas mãos diante o peito:- Acreditamos que não conseguiria salvar Sakura, mas você poderia ter se mostrado uma melhor pessoa.
A loira hesitou, sem entender.
–Como assim?
–Você não era a pessoa quem esperávamos, só alguém perdido, enganando os outros. Se tudo o que falaram sobre você foi um engano, deveria trabalhar do seu modo, revelando a verdadeira Tsundade. Ainda bem que Sakura não chegou a conhecê-la, ela se decepcionaria muito. –Hinata demorou um minuto para concluir:- Morreu com a imagem de você sendo a heroína...
–Sakura convenceu-se de que nem você poderia salvá-la. –Sasuke uniu forças para dirigir palavras a médica:- Mas não quis mais conversar sobre você com ela...mas se ela me perguntasse, não teria mentido: Você se tornou um fracasso.
E depois disso, Tsunade deixou-os em paz.
*****#####****
Os convidados foram embora da casa dos Harunos fazia-se uma hora.
A família de Hinata a esperava para levá-la a mansão Hyuuga.
Neji Hyuuga, um rapaz do mesmo porte de Itachi, esperava a prima no volante. Nos assentos posteriores encontravam-se Hanabi e Hiashi Hyuuga, respectivamente a irmã de seis anos e o pai de Hinata.
Naruto pousou o olhar sobre o imenso carro lustroso, pensando que trabalharia muito para ter um igual, deixou de prestar atenção no automóvel, dando as mãos para sua fadinha, fitando-a de frente.
–Naruto-kun, não quer vir comigo?- Hinata convidava com pouca esperança:- Posso convencer Neji-kun para você passar uma noite em casa.
–Não...ainda não me dou bem com sua família e não aguentaria sua irmã pegando no meu pé, poxa, ela nem deixa a gente ficar junto um minuto se quer. –Naruto se referia a vez que foi conhecer os Hyuugas, Hanabi não os deixara em paz:- Vou ter muita briga com ela.
–Ela viu a gente se beijando. –Hinata balançava as mãos dele:- É muito ciumenta, diz que você vai me tirar dela.
–Hinaaaa-chaaan...-Hanabi meteu a carinha na janela, gritando:- Vem logo, ou eu vou aí!
Naruto fez uma careta.
–A família Uchiha quer me adotar. –O Uzumaki revelou rápido:- Mas não sei se quero...
–Ainda pensa em se aventurar?- Hinata perguntou receosa:- Vai...ficar longe de mim...
–Não será por muito tempo, preciso ir atrás da minha família biológica... –Naruto abraçou-a, ouvindo o primo dela buzinar demoradamente. Sobre o ombro de Hinata, mostrou a língua para Neji quem franziu o cenho:- Até semana que vem.
O Uzumaki guiou Hinata até o carro, cumprimentou Hiashi com um aceno, porém o homem não lhe correspondeu, o que já esperava.
Hanabi abraçou Hinata assim que ela sentou.
–“Ela é minha.”.
Pensou Naruto sabendo que Hanabi decifrara seu olhar.
Quando o carro foi embora, o menino loiro se voltou para a casa dos Harunos onde Itachi junto aos pais de Sakura, esperava Sasuke retornar.
Mas sabiam que o Uchiha mais novo demoraria muito sob a cerejeira.
Naruto se livrou do terno laranja e da gravata vermelha, em seguida desabotoou a camisa branca, o calor estava infernal. Deixou a vestimenta pendurada num cabide atrás da porta.
–Obrigado por me arranjar essas roupas senhor Kizashi. –Agradeceu entrando na cozinha:- Laranja é minha cor preferida.
–Você chegou atrasado na cerimônia e ainda vestido desse jeito. –Itachi fitou o senhor Haruno:- Porque permitiu?
–Esse menino é de ouro, vamos, ele quis provar a alegria merecida de Sakura. –Kizashi bagunçou os cabelos loiros:- Venha aqui quando quiser garoto.
–Arigatou. –Naruto voltando-se para Mebuki quem terminava de preparar alguns bolinhos, pediu:- Posso pegar a bicicleta no depósito?
–Ah sim, você consertou a corrente não foi?- Mebuki se juntou a mesa:-Sakura não costumava andar muito nela. Achava-a grande demais.
–Sem problemas, pra mim é perfeita.
Disse Naruto, fez menção em pegar um dos bolinhos, o que foi consentido pela senhora Haruno, depois disso se despediu com um tchau e saiu rapidamente. Dando a volta na casa, entrou no depósito retirando de lá uma bicicleta vermelha. Realmente, grande, porém não viu dificuldade em se colocar sobre ela. Por Konoha pedalou, ao mesmo tempo comendo o bolinho.
Alcançando a estrada, avistou Zaku e Dosu, eles conversavam e ao lhe verem, acenaram. Sorriu, retribuiu o gesto rapidamente. Os dois não eram mais inimigos...
Após uma hora e meia pedalando, estranhou o caminho está bloqueado havendo algumas viaturas quase numa fila...
–“Droga eles não vão deixar passar...”. –Parando metros de distância, os policiais estavam todos atentos, de costas para si:- “Hum...estou vendo uma fumaça...e um caminhão virado...”.
Escolheu o caminho da floresta, assim eles não lhe veriam, sabia a direção do lago, mais cedo ou mais tarde o encontraria.
Pedalou rápido e fazendo esforço, pois em alguns momentos as rodas cravavam na terra umedecida.
–“Sakura...”.
Pensou, por ela não desistiria. Era seu último dia em Konoha, pois recomeçaria sua vida em Tóquio, próximo de Hinata, encontrando outra maneira de procurar por suas raízes, quem eram seus pais...
Seus olhos foram fechando...
Uma tontura apossava-se de forma rápida...
Sua cabeça doía, algo alimentava-se de seu cérebro...
Acabou caindo da bicicleta, sem forças pra erguer-se...
–Sakura...
Sussurrou antes de tudo a sua volta sumir em uma escuridão plena.
*****#####****
Um ano depois.
–Hinata!- Sasuke chamara no fim da escada de corda, segurando um guarda-chuva, analisava o céu confirmando uma tempestade prestes a cair sobre Konoha:- Vamos embora, vai chover!
–Só um minuto Sasuke-kun!- Hinata gritou, depois com cuidado procurou a saída da casa na árvore, sabia exatamente como deveria descer e em menos de um minuto se postara na frente do Uchiha:- Eu limpei tudo certinho, tinha muita folha seca e pedaços de galho.
Sasuke levou a mão livre até a boca da Hyuuga, tirando um fio de cabelo grudado no canto dos lábios. Depois, abriu o guarda-chuva abraçando a Hyuuga pelo ombro:
–Seus cabelos estão compridos demais, não te atrapalha?
Começaram a andar rápido, ouviam o trovejar cada vez mais frequente. O céu estava todo cinza e a ventania trazia o frio abrangedor.
–Me disseram que fico mais moça de cabelo comprido...-Riu tímida:- Quando Naruto voltar, quero ver a reação dele...
–Você não acredita que ele voltará antes de você tirar sua venda?
Hinata levou a mão até o tecido que cobria os olhos, por baixo dele, sobre cada olho havia um curativo.
–Seria muito bom se ele voltasse quando eu tivesse enxergando. Tsunade nos ajudou muito não foi?
–Não sei como pode aceitar a ajuda dela.
Sasuke olhou para o lado oposto da Hyuuga. Só o mencionar do nome da médica sentia seu estômago revirar.
–Vamos Sasuke-kun, Sakura não culparia a médica. –Hinata falou orgulhosa:- Tsunade voltou à ativa, Shizune-chan até fez as pazes com ela. Sakura se orgulharia do desempenho que a heroína realizou nos últimos meses.
Podia ser verdade, mas o Uchiha preferiu mudar de assunto:
–Você não gagueja mais.
–...
Hinata sorriu abertamente.
Os dois acreditavam que Naruto fugira, rejeitando a vida de ser filho adotivo do casal Uchiha. Talvez ele quisesse se aventurar, ir atrás do seu passado do próprio modo. Mas sabiam que ele jamais os abandonaria, então iriam esperar...e esperar...
Os primeiros pingos da chuva começaram a cair.
Os dois se apressaram ainda mais.
*****#####******
Seis anos depois.
Tóquio.
13: 30h
–Sasuke-kun.
Hinata abraçando o material contra o peito, postara-se diante o moreno, sorrindo.
Seus orbes continuavam da mesma cor clara, duas pérolas, no entanto, agora acompanhavam cada movimento do Uchiha.
Os dois estavam no pátio do colégio, esperavam a limusine dos Uchihas.
–Você estava traduzindo de novo os livros pro braile?- Questionou Sasuke pegando um item dos materiais da Hyuuga. Esfolheou vendo aqueles símbolos estranhos. Devolveu a ela:- Me alivio em não ter que aprender.
Hinata maneou a cabeça, explicando:
–A escola que frequentei durante meu tratamento está de portas abertas pra mim. -Vermelha, informou:- Fiz amizade com um grupo de crianças muito fofas.
–...
Os orbes ônix avaliavam-na detalhadamente.
O olhar um tanto possessivo assustou Hinata quem perguntou:
–O que foi?
–É tão lindo que possa ver.
O corpo feminino relaxou.
–Sasuke-kun não me assuste, as vezes é difícil ler seus pensamentos.
Algumas alunas olhavam de longe, o Uchiha era muito conhecido, mas não andava em grupo. Visto sempre sozinho ou com Hinata, todos especulavam os dois serem namorados.
Hinata mesmo desmentindo quando alguém lhe perguntava, não convencia, e também não se esforçava para acabar com os boatos.
–Assim é melhor, ninguém chega perto de mim. -Sasuke comentara quando soube do assunto. Lançando um olhar de desgosto para as estudantes que passavam perto, rodeou a Hyuuga pelo ombro:- Nem de você, o baka vai me agradecer muito por te proteger.
–E a Ino-chan?
–Hum...já terminei. Ela sente muito ciúmes de você, não aguentou.
–Gomem...estou te atrapalhando.
–Que nada...é a terceira vez que ela diz “Está tudo acabado”, depois de alguns dias volta pra mim. Mas já cansei, vou rejeitá-la se vier me procurar.
Hinata sentiu-se bem em saber do rompimento definitivo, Ino Yamanaka lhe tratava com muita frieza, sentia-se constrangida demais. Lamentava por Sasuke ainda não ter encontrado alguém especial.
–Teremos nossos diplomas daqui a uma semana.
Hinata comentou ansiosa ao extremo.
–Hm...
Sasuke ao contrário não se preocupara um só momento.
A limusine chegara.
Os dois se entreolharam com o mesmo pensamento, mesmo sendo ricos, a convivência com a vida simples do casal Haruno os tornava pessoas com desejos pequenos. Não necessitavam muito para serem felizes. O Uchiha começou a sentir-se estranho no próprio lar. No tempo livre saía a passeio com Hinata para longe de tanto luxo.
*****#####*****
–Ainda bem que chegaram! -Exclamou Mikoto quando o par entrou pela porta dupla da mansão:- Temos visitas importantes, seu pai não está, mas já liguei pra ele vir o mais rápido que puder!
–Mãe agora não. –Sasuke tomou o material das mãos de Hinata, pedindo para o mordomo quem se aproximou, levar para o quarto reservado da mesma. Enquanto se dirigia a escada de formato caracol, dizia:- Preciso me arrumar para ir ao meu estágio na empresa, Itachi não poderá me levar hoje, ele está em Konoha com Ayame...
Itachi lhe avisara por ligação para realizar algumas obrigações dele no escritório. Perguntava-se quando o irmão mais velho pediria a moça da pequena cidade em casamento.
–Quem são os visitantes?
Hinata questionou em dúvida se seguia o Uchiha, precisava se arrumar para ir à escola levar os novos livros traduzidos.
–Não dê ouvidos Hinata. –Sasuke voltou o caminho, pegando a Hyuuga pelo pulso e a levando consigo:- Ninguém nos avisou nada, mamãe pedirá desculpas por nós.
–Mas não podem. –Mikoto apressou-se em se colocar no caminho deles:- Se trata do amigo de vocês, Naruto Uzumaki.
Não precisou mais de nenhuma palavra para convencê-los a correrem até a sala de visitas, onde se encontraram com um casal o qual recebeu-os gentilmente.
–Essa é Hinata Hyuuga. –A mulher ruiva de familiares olhos azuis se aproximou da jovem, usando um belo vestido tão vermelho quanto os longos cabelos lisos:- É o motivo do meu filho sonhar com você.
–Filho?- Hinata repetiu a palavra, atônita:- Onegai, o que está acontecendo? Onde está Naruto?
Sasuke moveu o olhar para o homem loiro, os cabelos arrepiados, mais longos do que os de Naruto, assim lembrava. Usava uma roupa social azul escura.
–Está em nossa casa em Hokkaido, sou Minato Namikaze.
–Namikaze. -Sasuke reconheceu:- É um sobrenome famoso no mundo empresarial, o senhor é dono de muitas ações.
Minato assentiu.
–Kushina Namikaze. -A ruiva se prontificou a explicar:- Meu sobrenome antes de casada era Uzumaki.
–Uzumaki...
Hinata sussurrou.
Sasuke aguardou com toda a paciência possível.
Mikoto ficara assistindo de longe, também curiosa para saber sobre a história. Vigiava a porta louca para o marido chegar e não perder a oportunidade de fazer negócios com a família Namikaze, seria um grande tratado.
–Tive meu filho depois de três anos casada. -Kushina dizia emocionando-se aos poucos:- Me orgulhava de ser uma Uzumaki, minha família era dona de algumas farmácias aqui mesmo em Tóquio.
–Nosso filho foi tirado de nós, quando completou um ano. -Minato adiantou-se na história de Naruto:- Suspeitamos de Orochimaru, meu tutor. Ele sempre quis me manipular para conseguir usufruir da herança dos meus pais.
–Naruto sabia do sobrenome dele. -Sasuke questionava:- Como acham que ele descobriu?
–Eu fiz uma pulseira pra ele, com o sobrenome Uzumaki. –Kushina respondeu rapidamente:- No dia do desaparecimento, recordo que havia deixado no bolso do shortinho dele.
–Orochimaru largou-o num orfanato...-Minato falava com pesar:- Demorou muito tempo para finalmente conseguirmos arrancar dele a verdade. Ele pagava mensalmente o dono da instituição...pelo visto, Orochimaru acabou prejudicando a si mesmo para manter o segredo, pois o dono do orfanato começou a cobrar caro e anos depois a chantageá-lo.
–Quando formos procurá-lo, era tarde...-Kushina triste lembrava do sofrimento passado:- Ele havia fugido.
–Naruto estava fugindo durante anos?
Hinata espantara-se.
–Talvez tenha ficado em abrigos, ou em outros orfanatos...escondendo o sobrenome Uzumaki, mesmo porque...meu sobrenome não é conhecido. –Kushina ressaltou:- Se ele soubesse que era um Namikaze, teria nos encontrado rapidamente.
–Como o encontraram? –Hinata interrogava desesperando-se:- Porque ele não está aqui?
–Ele sofreu um acidente na cidade de Konoha, foi intoxicado com um produto o qual se espalhou pelo ar resultante de um acidente envolvendo um caminhão que transportava produtos químicos. -Minato explicava surpreso por ela não saber do acidente:- Ele recebeu um melhor tratamento aqui em Tóquio, na época eu realizava algumas reuniões quando certo dia vi no jornal da cidade, o caso do acidente, havia uma foto dele...reconheceria meu filho mesmo após quarenta ou cinquenta anos.
–Fomos na cidade de Konoha, soubemos de uma história na qual nosso filho se colocou em perigo junto de outras crianças. -Konoha mencionou avaliando a expressão dos dois jovens:- Nos últimos meses, Naruto sonha demais chamando por você Hinata...e as vezes fala seu nome Uchiha...e também de uma garota chamada Sakura.
–Ele sempre acha familiar quando vê a imagem de vocês em algumas revistas.
Minato acrescentou.
–Paparazzi...-Hinata murmurou e explicou-se:- Por sermos visto muito juntos, muitos jornalistas nos perseguem, rejeitamos todo o tipo de entrevista, pois pensam que estamos namorando.
–Não estão?
Kushina perguntara.
–Não, somos apenas amigos. Mas inventam muitas histórias, ultimamente a mídia está pressionando para anunciarmos um possível casamento.
Hinata assegurou.
–Isso nos alivia, então Naruto não te perdeu. –Kushina relaxou os ombros:- Ele sonha frequentemente com você...
–Quando podemos vê-lo?
Sasuke perguntou antes que a conversa se estendesse mais.
–Se não tiverem ocupados, hoje mesmo. –Minato respondeu contente:- Temos um jato particular.
–Aceitem logo. -Mikoto não aguentou ficar quieta e aproximando-se do filho sussurrou:- Não perca essa oportunidade.
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Naruto exercitava-se na sala reservada aos equipamentos de musculação.
Sentado no banco largo de madeira, levantava peso, o suor escorria por seu rosto tão facilmente.
A camisa branca sem mangas, grudava-se na pele marcando os músculos nada exagerados.
Sua pele brilhava sob as lâmpadas incandescentes.
–Nunca me senti tão vivo, pensei que não ia me curar.
Felicitava-se, pois recordava com temor a sensação de enjoou acompanhada da terrível dor de cabeça sentida a cada manhã, torturante, quando foi liberado pelo médico a fazer exercícios mais pesados não se controlou.
–Naruto-sama. -A empregada entrou se aproximando com uma bandeja, depositou-a no banco ao lado do Uzumaki:- Sua vitamina.
–Obrigado Yumi-chan. –Pegando o copo longo de vidro cheio da mistura de vitaminas, perguntou:- Cadê o pai e a mãe?
–Acabaram de chegar.
Respondeu ela e vendo ele não ter mais nenhuma indagação, retirou-se.
Naruto pensativo, tomou a vitamina, depois se virou para o enorme espelho o qual cobria toda a parede atrás de si.
Se aproximou do reflexo e estendeu a mão para tocar a própria imagem. As vezes sentia-se estranho.
Pela superfície lisa e limpa, viu dois recém chegados a lhe encarar.
Virou-se rapidamente reconhecendo a imagem deles, era o casal da revista que uma amiga mostrara-lhe.
O coração da Hyuuga quis sair pela garganta.
O Uchiha soltou um meio sorriso admirado pela figura mais velha de Naruto.
–Naruto-kun!- Hinata gritou e correu, quase caindo, quase não acreditando. Pulou no colo dele, rodeando-o pelo pescoço:- É você mesmo, é você mesmo...Naruto-kun...
Naruto que instintivamente rodeou a jovem pela cintura, perguntava-se se seu suor excessivo não incomodava ela, deveria estar fedendo. Apreciou o perfume dela.
–Sou sim...então você me conhece mesmo. –Ao ver o moreno parado perto da porta, perguntou:- Seu namorado não se incomoda?
–Ele não é meu namorado. -Hinata foi colocada no chão, triste ela confirmava:- Você não se lembra de nós...
–Não, sinto muito. Mas pelo visto me conhecem, poderiam me dizer quem foi Sakura? Meus pais disseram que me escutam falar o nome dela também enquanto durmo. Um dia acordei até lagrimando depois de sussurrar várias vezes esse nome.
–Não lembra nem dela?- Sasuke lamentou internamente, tirando do bolso estendeu ao loiro após andar até ele:- Eu guardei a carta que ela deixou pra você.
Naruto pegou e leu o papel demoradamente sob o olhar angustiado da Hyuuga.
–Hum...-O Uzumaki ergueu os olhos pra Hinata:- Fomos...namorados?
–Hai...você...me salvou de um homem quem tentou me machucar. Desde então dizia que eu era sua. Me protegia sempre...
O loiro se admirou pela história. Era tão corajoso quando menino?
–Você é bonita. –Ele elogiou e depois fitou o Uchiha:- Era seu amigo também?
–Você é meu amigo. -Sasuke corrigiu e ainda praguejou:- E você é namorado de Hinata...-Não aguentou e gritou:- Droga Naruto! Lembra logo! Não faça isso com a gente!
–Foi mal aê...-Naruto coçou a nuca sem jeito:- Estou ficando com minha prima Karin, gosto dela, mas meus pais não sabem. –Naruto estendeu a carta na direção de Hinata quem arregalava os olhos:- Toma, eu só queria me lembrar dessa tal Sakura. Ela viajou?
–Ela morreu!
O Uchiha respondeu, rangendo os dentes se preparou para atacar Naruto, infelizmente Hinata se pôs na frente, ainda atingida pelas palavras do Uzumaki.
–Deixe-me arrebentá-lo Hinata, ele não pode fazer isso com a gente, não depois de tanto tempo!
O coração do Uchiha sangrou ao implorar.
–Sasuke-kun...-Hinata chorava aceitando a carta de volta, permitindo ouvirem seu choro:- Não podemos forçá-lo...
–Não chore, detesto ver mulher chorando. –Naruto segurou o rosto dela, fitando-a demoradamente, limpou a lágrima:- Sua voz é bonita e não vou mentir não...-Parou o olhar no busto avantajado, maliciosamente dizendo:- Você é gostosa.
–Vou embora Naruto-kun...-Ignorando o elogio, Hinata guardou a carta de Sakura, segurou a mão do loiro com as suas duas:- Mesmo que não me queira como namorada, posso viver perto de você?
–Hai...-Naruto fitando um Sasuke nervoso, retornou sua atenção para a Hyuuga:- Fora esse emo, você parece ser legal. Sei lá, quem sabe a gente não fica uma outra vez.
–Nossa que grande amor. –O Uchiha enfiou as mãos nos bolsos para tentar ocupá-las e não transformá-las em socos:- Todo aquele amor na infância era só um capricho, não esperava menos de um baka.
–...-Naruto refletia:- “Baka...”. -Reparando naqueles orbes perolados, alegrou-se:- Você parece a fada do meu sonho. –Então ficou sério, pronunciando uma palavra que lhe soou familiar:- Fadinha...
Sasuke arqueou as sobrancelhas. Na expectativa, decidiu que o quebraria na porrada se não recordasse dessa vez.
–Naruto?
Hinata pronunciou nervosa, percebendo que o loiro tentava recordar.
–Aquilo não foi sonho?- Naruto descreveu em seguida:- Uma menina de cabelos rosados...e nós três pequenos...brincávamos sobre umas flores amarelas...
–As rosas do sol.
Hinata lembrou feliz.
–Não foi sonho? Mas tinha até um cão enorme e um galo e...-Sua face empalideceu, vendo a imagem de Hinata a sua frente:- Você...você pode ver...
–Naruto-kun?
Dessa vez as lágrimas a sair foram de alegria.
O Uzumaki começou a passear as mãos pelo rosto alvo, pelos longos cabelos azulados, visualizou o belo corpo de mulher...nada lembrava a menina de antes, com exceção da voz e da delicadeza visível.
Beijou-a muito, até deixá-la sem ar...e quando ela tentou recuperar todo o fôlego retornou a sugar os lábios dela bebendo todo o sabor possível.
Hinata tentou corresponder o beijo como pode. Ficaram quase uma hora trocando beijos avassaladores.
Sasuke esperou de bom grado.
–Fadinha! Você pode ver!!! Você está enxergando!!!- Naruto gritou sem conter-se:- Todo esse tempo e não foram sonhos, foram lembranças!
–Naruto-kun.
Hinata pulou novamente nos braços do loiro que a suspendeu e a rodopiou no ar, Sasuke até se afastou para não ser atingido.
Naruto entre novos beijos mostrava-se grato:
–Arigatou por não desistirem de mim!!!-Mais lágrimas, mais alegria, mais emoção, sentia-se o mais feliz do mundo:- EU AMO VOCÊS!!!
–Vem Sasuke-kun.
Hinata estendeu a mão quando foi colocada no chão, Naruto ainda a abraçava.
–Venha teme!
Naruto sorria abertamente, esticando o braço.
–Não mesmo, você está suado e fedendo...-Sasuke recuava, o brilho de felicidade no olhar expandia-se:- Hinata aguenta sua catinga porque te ama.
–Atrás dele Naruto-kun!
Hinata correu acompanhada do loiro.
Os dois perseguiram Sasuke por uma boa parte da mansão até o fugitivo ser encurralado.
Minato e Kushina viram eles no chão em um abraço triplo, deixaram-nos sozinhos mais uma vez.
Os três passaram um longo tempo fazendo planos futuros, quase não dormiram.
Pensavam em retornar para Konoha em breve para visitar os Harunos.
Sabiam de uma coisa: Nunca mais iriam se separar.
******######******
No ano seguinte, Hinata traduziu para o braile um livro que ela mesma publicou:
O título dele era "A aventura dos sonhos".
A história de uma pequena fada que não tinha o poder de realizar desejos, mesmo sem mágica conseguiu realizar desejos dos seus amigos, ao mesmo tempo eles realizaram os seus.
Um cavaleiro andante que mais tarde veio descobrir-se ser um príncipe perdido de um reino distante.
Um menino muito fechado que acabou caindo em um mundo mágico e aprendeu a conviver com aqueles personagens diferentes.
E uma anjinha tinha um tempo determinado a passar naquele mundo mágico...e mesmo assim, ela encontrou a felicidade antes de retornar ao céu onde esperaria um dia para rever as pessoas quem amava.
S2 FIM S2