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Sasuke caminhou até uma cabine ao lado dos portões de ferro, estava vazia então esperou sem escândalo, não que estivesse com paciência, pois mais uma noite estaria para chegar, no entanto, seus pensamentos estavam aprisionados em Sakura.
Quando chegaram na cidade, a Haruno estava muito frágil, levaram-na para o hospital mais próximo onde foi atendida.
O Uchiha lembrava de vê-la sobre uma maca, ela deu um tchau fraco enquanto era empurrada por um corredor até sumir da vista dos amigos.
No presente, estava junto de Naruto e Hinata, próximos de um prédio onde Tobi Uchiha morava.
No hospital, pediu para Tenten realizar a ligação, Uchiha sendo um sobrenome tão conhecido não foi difícil de encontrar na lista telefônica.
As ruas ao redor não eram movimentadas, aliás quase todas as ruas da cidade de Suna possuíam certa paz, com exceção dos caminhos os quais passavam pelo centro.
Suna na sua parte central possuía muitos prédios, conforme a distância aumentava, as construções diminuíam de tamanho até restar simples moradias na região periférica.
A paisagem a qual rodeava Suna consistia em um conjunto de montanhas, muito mais extensas que a montanha na qual os aventureiros sobreviveram.
–Seu tio Tobi mora aqui?- Naruto observou o prédio, Hinata lhe segurava pelo ombro, interrogou:- Os Uchihas não são ricos? Pensei que ele teria uma casa própria...
–Ele está morando aqui por cinco anos. –Sasuke respondeu:- Ele vive se mudando, mas Suna até agora se tornou o lugar no qual ele mais demorou.
–Você falou com ele pelo telefone do hospital não foi Sasuke-kun?- Hinata perguntou:- Acha que seremos incomodo?
–Tenten falou com ele, eu só falei para confirmar ser o sobrinho dele. -Sasuke respondeu seguro:- Ele assegurou que poderíamos dormir aqui.
–Seu irmão deve tá uma fera. -Naruto falou com um sorriso forçado, não possuía muito ânimo para brincadeiras, porém queria demonstrar não estar tão afetado pela situação:- Conseguimos.
Hinata beijou a bochecha de Naruto que lhe olhou sem entender, ela sorriu imaginando que tipo de expressão ele fez, perguntou:
–Kiba-kun já foi?
Naruto virou-se pra trás vendo na rua, Kiba discutir com Tenten, ela queria entrar no veículo, mas o Inuzuka insistia para ela continuar do lado de fora. Após mais um tempo de discussão, a Mitsashi entrou com o baú, recusando-se a continuar na companhia de Akamaru e Elvis.
O Uzumaki respondeu enquanto passava os dedos onde foi beijado:
–Eles estão bem. Vão encontrar um lugar para se hospedarem e Elvis ficará na caminhonete com Akamaru, os dois se dão bem pois não gostam do Sasuke e amam a Sakura. –Naruto acrescentou:- E tomara que resolvam logo esse negócio do baú!
O Uchiha não fez qualquer comentário a respeito.
Hinata riu graciosa, adorando a persistência de Naruto que mesmo ferido, tentava animá-los.
Naruto acenou para Kiba quem correspondeu o gesto antes de dar a volta com o transporte, Tenten na janela de trás acenava também. Logo a caminhonete partiu, sumindo ao fazer a primeira curva.
Um homem enfim entrou na cabine, preguiçoso, perguntou:
–Hum...qual de vocês é o Uchiha?- Sasuke deu um passo à frente, analisou-o:- Parece mesmo com Tobi, pode entrar, terceiro andar porta C-13.
Os portões enferrujados foram abertos lentamente, emitiram um som agoniante que irritou principalmente Hinata.
Os três estavam cansados, com muita vontade de dormir, mas nenhum deles reclamou, prosseguiram caminho, sabendo que a jornada deles se aproximava do fim.
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Itachi andava de uma parede a outra pensando no que dizer quando reencontrasse Sasuke. Evitava se aproximar da janela, pois quando o irmão chegasse próximo dos portões poderia lhe ver e talvez quisesse continuar fugindo.
No carro, ao invés de parar em uma das vilas localizadas após a montanha, Itachi optou por seguir até Suna. Mebuki e Kizashi foram contra a decisão, mas acabaram cedendo, pois nunca foi vontade do Uchiha levá-los juntos.
Estava hospedado com o casal Haruno a duas quadras do prédio do tio Tobi, agora esperava no cômodo dele, pois o mesmo lhe avisou da ligação de Sasuke, ou melhor, da estranha quem acompanhava o menor.
Aos poucos, passou a avaliar a moradia do tio. As paredes possuíam muitas rachaduras, a limpeza não devia ser frequente, quando o vento adentrava, um elevado de poeira tornava-se visível.
Tobi vivia sozinho ali...não lhe tratara mal, tão pouco lhe sorriu ou cumprimentou-o. Interrogava-se porque o tio caracterizava ser alguém amargo.
Itachi parou ao lado da poltrona onde Tobi descansava. Colocando a mão no ombro dele, agradeceu sincero:
–Obrigado mais uma vez por nos ajudar.
–Não precisa agradecer, essa é a quinta vez.
Tobi dissera sem qualquer expressão, sua face carregava traços profundos e seu olhar, um vazio extenso. Descansava o pé direito sobre uma almofada a qual estava sobre um pequeno banco. Uma faixa cobria o pé até abaixo do joelho.
–Senhor Uchiha. -Kizashi observava algumas fotos sobre a estante e vários objetos também:- Mora com alguém?
–Não...São fotos da minha adolescência...-Ele relutava em responder, por isso dava pausas entre as falas:- Esses objetos são lembranças...
Mebuki fez sinal para o Haruno não fazer mais perguntas, ela tentava segurar a ânsia de rever Sakura, porém a cada minuto tornava-se sofredor. Difícil manter sua postura austera. Acabaria descontando sua frustração no marido.
Itachi mudou de assunto dizendo para Tobi:
–Antes do meu irmão fugir, pensava em lhe procurar, mas meu pai é contra e...
–Não precisa explicar. –Tobi interrompera sem alterar o timbre rouco da voz:- Conheço o seu pai, não me interessa reacender laços antigos.
–Somos da mesma família, não gostaria que Sasuke crescesse sabendo que há uma divergência entre você e meu pai...-Itachi confessou mirando o chão:- Tenho medo que ele se separe de mim no futuro.
Tobi fechou os olhos pausadamente.
Itachi não soube se o tio lamentava ou recuperava uma lembrança do passado.
Ouviram a campainha, o som fez todos sobressaltarem, com exceção do dono do móvel que continuou pensativo.
Mebuki se levantou do sofá onde estava, apressada quis avançar em direção a entrada, entretanto a mão do seu marido lhe segurou fortemente. Kizashi sério, pedia para ela manter a calma, pois o nervosismo mostrava-se visível em cada movimento dela.
Mebuki sentou e ele massageou lhe os ombros com delicadeza.
Itachi respirou fundo e avançou até a porta. Hesitou ao segurar a maçaneta, engolindo em seco abriu a passagem com tudo na sequência dos segundos.
–Sasuke!
Exclamou assim que viu a face séria do irmão.
Sasuke, segundos depois, levantou as duas sobrancelhas, formulou uma palavra, no entanto, o silêncio prolongou-se, desistiu de perguntar, andando pra frente, desviando-se do irmão e parando quando avistou o casal Haruno.
Uma eternidade, Sasuke sentiu passar uma eternidade até reunir as palavras as quais vinha elaborando na mente desde quando atravessou os portões enferrujados até a porta daquele cômodo.
Não que esperasse a presença deles, porém desconfiava que mais cedo ou mais tarde eles surgiriam em Suna, grande surpresa eles estarem logo ali.
–Sakura está internada! -Gritou para os Harunos:- Ela chegou sem forças em Suna então procuramos um hospital...está recebendo cuidados agora. -Começou aumentar sua voz:- Será que poderiam permitir que ela fique em Suna quando sair de lá? Ela quer conhecer Tsunade...qual é o problema nisso? Vocês conhecem a filha que têm?
–Ela será transferida. –Mebuki falara em prantos, procurando ajuda do marido:- Vamos pedir a transferência imediata dela...tem o hospital particular próximo de Konoha...e...
–Ela não vai querer!- Sasuke interferiu deixando sua ira dominar:- Vocês são surdos do coração? Não entendem a vontade dela?
–Moleque insolente!- Mebuki gritava de volta:- O que sabe da minha filha?
Itachi se aproximou, tentou segurar Sasuke pelos ombros, queria que ele lhe olhasse de perto, desejava abraçá-lo...no entanto, o irmão se desvencilhou chegando perto de Mebuki e Kizashi.
Porque Sasuke o ignorava? Não sentira falta?
–“Será que já perdi meu irmão?”. –Itachi pensou com o medo a lhe devorar:- “Não pode ser...”.
–Não sei o que ela tem...-Sasuke cerrou os punhos fechando os olhos com força:- Mas sendo grave ou não...o que custa...O QUE CUSTA FAZER A VONTADE DELA?
PAF
Mebuki dera uma tapa que fez Sasuke cambalear, tanto pela dor quanto pelo susto.
Kizashi estático não conseguiu impedir, pois em questão de segundos sua mulher havia escorregado de suas mãos alcançando o rosto do menino.
Tobi sério passou a observá-los, sua atenção rondava principalmente seu sobrinho mais novo.
–Acha que não a amo?- Mebuki lacrimejava, sua voz falhava:- Ela é o meu bem precioso...sou a mãe dela o que você entende disso?
–Então porque ela é tão infeliz? Ela sente-se melhor longe de casa!- Sasuke colocou a mão sobre a marca vermelha resultante do tapa, sua voz foi diminuindo:- Vocês iam vender o campo...uma das coisas que a faz feliz.
Itachi imóvel, não esperava ver Sasuke tão carregado de sentimentos.
–Baka, dê logo o endereço do hospital, vamos visitar Sakura assim que der.
Naruto falou entrando na habitação trazendo Hinata com cuidado, pois havia muitos móveis dentro de um espaço tão pequeno, seria fácil a Hyuuga esbarrar em algo.
Itachi fitou os dois, eram as crianças das quais o policial lhe informou, avisou logo:
–Vou precisar ligar para os pais de vocês.
–Não até essa menina encontrar Tsunade, ela é cega, entenda o nosso lado. -Naruto implorava apertando Hinata contra seu corpo:- Cuidamos do seu irmão então porque não nos agradece?
Itachi fitava as duas crianças imaginando se foram elas a mudarem os pensamentos do irmão.
–Só preciso rever minha filha. -Mebuki pediu:- Apenas me diga onde é o hospital, ou então vou sair daqui e procurar por ela, porque sei que ela está aqui em Suna.
–Se é assim...não vão ter minha ajuda. –Sasuke andara até a janela, sentando na mesma e cruzando os braços, fitou o tio Tobi pela primeira vez e acusando-o pela primeira vez:- Você me enganou.
–Seu irmão chegou em Suna e conseguiu encontrar meu endereço. Me avisou de sua fuga. Ele é a sua família e estava preocupado com você.
Tobi explicava-se, porém sem nenhuma culpa.
–Então porque está brigado com o papai?- Sasuke questionou olhando lá fora:- Não acredita no que diz.
Tobi fitou a imagem do sobrinho, com certeza era um Uchiha.
–Minha filha!- Mebuki gritou, dessa vez não pode mais segurar, chorava mesmo, sem reter a voz trêmula:- Minha filha cadê ela...não me faça sofrer!
–Vamos Sasuke. –Naruto pediu calmo:- Sakura-chan deve estar com saudades também, mas não iria admitir, conheço ela mais do que você.
O Uzumaki não revelaria o endereço do hospital se Sasuke não consentisse. Nem Hinata. Pretendiam decidir em conjunto o que seria melhor para a Haruno.
O Uchiha mais novo também pensou nisso.
–Sasuke-kun. -Hinata atrás de Naruto escondia-se, pois tímida sentia-se por ter muitas pessoas em volta:- Vamos procurar por Tsunade, faremos por Sakura.
–...
O som do choro de Mebuki espremia o coração da Hyuuga, pois ela não tinha mãe e pensava se sua mãe sofreria tanto quanto a senhora Haruno.
Tomando coragem, saiu de trás de Naruto...estendendo as mãos pra frente. Seus passos lentos foram atravessando a sala, quando sentia um móvel a sua frente, contornava com cuidado.
Esgueirou-se até onde pensou ter escutado a voz de Sasuke.
Esticou o braço fechando e abrindo a mão, sentindo a presença dele...
Sorriu quando ele lhe apertou.
Sasuke não queria se render, porém começou a pensar no coração de Sakura. Conversou com a rosada durante a viagem na caminhonete, após terem passado aquele tempo em silêncio, na última hora rumo a Suna, conheceu a vida dela, sentindo que a conhecia desde muito tempo. Como podia ser verdade?
Se envolvendo com aquelas três crianças...
Seus primeiros amigos.
Seu primeiro amor.
Será que iria perdê-la? Assim? Tão rápido como a conheceu?
Puxou Hinata para um abraço, apertando as costas dela sem medir sua força, desabando em um choro compulsivo, estendendo um grito que se iniciou, um grito de desespero para acompanhar as lágrimas sem interrupção, sua voz preenchendo todo o espaço tendo como público um Naruto sem sorriso, sem brilho nos orbes azuis.
Os adultos em silêncio...
Itachi cerrando os lábios fortemente, querendo ter Sasuke em seus braços. Pensou atordoado:
–"Pai...mãe...sabem o que o filho de vocês sentem?".
Mebuki ainda chorava, mas seu choro era baixo agora, sendo o choro de Sasuke a dominar ali.
–Porque...
Sasuke conseguiu perguntar em um momento, descansando a testa no ombro de Hinata, a Hyuuga correspondia o abraço tentando apertá-lo com a mesma força.
–Chora Sasuke-kun. -Pedia Hinata:- Chore onegai...estamos aqui.
CONTINUA