Eu e Sammy fomos ao aeroporto com as janelas abaixadas. Estava fazendo 24°C em
Phoenix, o céu estava um azul perfeito e sem nuvens. Minha bagagem de mão era um parka.
Na Península Olímpica, no noroeste do estado de Washington, nos Estados Unidos,
existe uma cidadezinha chamada Forks que está quase que constantemente coberta por
nuvens. Nessa cidade desimportante chove mais do que em qualquer outro lugar do
país. Foi para essa cidade e da sua sombra depressiva e onipresente que eu e Sam iríamos.
Agora era em Forks que ia me exilar, algo que fiz com muito custo. Eu detestava Forks.
Eu preferia Phoenix. Gostava do sol e do calor escaldante.
? Dean ? Sammy me disse - pela milésima vez - antes de eu entrar no avião. ?
Você não precisa fazer isso.
Sammy parece-se comigo, exceto pelo cabelo comprido e pelo rosto risonho. Senti um
espasmo ao encarar os olhos infantis e bem abertos dele. Como poderia o deixar ir sozinho?
Claro, ele sabia que eu detestava aviões.
? Eu quero ir, não vou deixar você ir sozinho, Sammy. ? eu menti. Sempre fui um péssimo mentiroso, mas já estava contando essa mentira tão freqüentemente por esses dias que agora já soava quase convincente.
? Não se preocupe comigo ? eu pedi ? Vai ser ótimo, voar que hilário. -
entrei no avião e Sammy riu.
De Phoenix para Seatle o vôo dura quatro horas, mais uma hora num pequeno avião até
Port Angeles, e então uma hora de carro até Forks. Eu podia passar horas num carro, não me incomodava já passar quatro horas num avião com Sammy me zoando estava me preocupando.
Sammy estava sendo até pegando leve sobre essa história toda. Ele já tinha nós matriculado na escola.
Mas com certeza ia ser estranho morar com Sammy fingindo sermos uma família feliz e normal.
Nenhum de nós era o que se podia dizer normal.
Sabia que ele estava mais do que confuso com a minha decisão -eu nunca tinha escondido que não gostava de Forks.
Quando o avião pousou em Port Angeles, estava chovendo. Não achei que fosse um
mau presságio, só era inevitável.
Meu motivo maior para não comprar um carro era trazer meu impala de volta.
Encontramos com Bobby na saída do aeroporto.
Bobby me deu um abraço meio estranho, de um braço só, quando sai tropeçando do
avião.
? Bom te ver, Dean. ? ele disse sorrindo, enquanto automaticamente me segurava
para eu não cair. ? Você não mudou muito. Ainda com medo de avião?
? Ha, Ha essa foi boa Bobby, e você continua o mesmo, néh? ? Respondeu Dean
? E você, Sam?-Disse abraçando o mesmo
? Bem.
Só tinha trazido algumas malas. A maior parte das roupas que usava no Arizona eram
muito permeáveis para usar em Washington.
Coube tudo na mala da picape.
? Achei um bom carro para você, bem barato. ? ele anunciou quando já estávamos no
carro.
? Que tipo de carro? ? achei suspeito a maneira como ele disse "carro bom para
você", ao invés de só "carro bom".
? Bem, na verdade é uma caminhonete, um Chevrolet.
? Onde o achou?
? Lembra-se de Jack Black, de La Push? ? La Push é a pequena reserva indígena na
costa.
? Não.
? Ele costumava ir pescar comigo no verão. ? Bobby ofereceu ajuda.
Isso explicaria porque eu não lembrava dele. Dou-me bem em bloquear da minha
memória coisas dolorosas e desnecessárias.
? Ele está numa cadeira de rodas agora ? Bobby continuou quando não respondi ?
então não pode dirigir mais, por isso se ofereceu para vender a caminhonete bem barato.
? De que ano é? ? pude ver pela mudança de expressão que essa era uma pergunta
que ele esperava que eu não fosse fazer.
? Bem, Jack trabalhou bastante no motor - só tem alguns anos.
Esperava que ele não fosse achar que eu desistiria assim tão fácil.
? Quando ele comprou a caminhonete?
? Acho que foi em 1984.
? Era nova quando ele comprou?
? Na verdade, não. Acho que era nova no começo dos anos 60 - ou no fim dos 50, no
máximo. ? ele admitiu, envergonhado.
? Bobby, sei muito sobre carros. Saberia consertar se estragasse, e não
poderia pagar um mecânico se não conseguisse...
? Realmente, Dean, a coisa anda direito. Não fazem mais carros como aquele.
A coisa, pensei comigo mesmo... Era uma possibilidade - como apelido, no mínimo. Eu queria meu impala de volta.
? Barato é quanto? ? afinal, essa era a parte onde eu não podia abrir mão.
? Bem, eu meio que já comprei ele pra vocês. Um presente de boas-vindas. ?
Bobby espiou para o meu lado, com uma expressão esperançosa no rosto.
Uau. De graça.
? Não precisava fazer isso, Bobby. Eu ia comprar o carro eu mesmo.
? Eu não me importo. Quero que vocês descansem um pouco. ? Ele olhava em frente na estrada quando falou isso. Bobby não ficava confortável ao expressar suas emoções em voz alta. Então olhava bem pra frente quando respondi.
? Isso foi muito legal, Bobby, obrigada. Fico muito agradecido. ? não precisava adicionar que eu ser feliz em Forks era uma impossibilidade. Ele não precisava sofrer comigo. E eu nunca recusaria uma caminhonete de graça.
Sam me olhava segurando o riso. Idiota.
? Bem, então, de nada. ? ele murmurou, envergonhado com o meu agradecimento.
Trocamos mais alguns comentários sobre o tempo, que estava molhado, e era isso em
termos de conversa. Ficamos olhando pela janela em silêncio.
Era lindo, claro, não podia negar isso. Tudo era verde: as árvores, os troncos cobertos de
musgo, os galhos pendurados formando uma cobertura, o chão coberto com plantas. Até
mesmo o ar ficava meio verde ao passar pelas folhas.
Era muito verde - um planeta alienígena.
Finalmente chegamos na casa do Bobby. Ele ainda vivia na casa pequena, de dois
quartos, que ele comprara. Ali, estacionada na rua em frente à casa que nunca mudara,
estava minha nova - bem, nova para mim - caminhonete. Era uma cor vermelha
desbotada, com uma grande cabina e enormes calotas. Para minha grande surpresa, eu
amei. Não sabia se ela ia andar, mas conseguia me imaginar dentro dela. Ainda por
cima, era uma daquelas coisas sólidas de ferro, que nunca se amassam - do tipo que se
vê num acidente nem arranhada, circundada pelos pedaços do carro que ela tinha
destruído.
? Uau, Bobby, adorei! Obrigada! ? agora meu dia horrível que seria amanhã iria ser um pouco menos horroroso. Eu não precisaria escolher entre andar na chuva por mais de três quilômetros ou aceitar uma carona no carro-patrulha para chegar ao colégio.
? Fico feliz que você tenha gostado. ? Bobby disse, envergonhado de novo. ? Agora já chega de sentimentalismo.
Só precisou uma viagem para levar todas as coisas para o andar de cima. Fiquei
com o quarto que tinha janela para o pátio da frente. O quarto me era familiar.
O chão de madeira, as paredes azul claro, o teto curvado, as
cortinas de renda brancas. Já Sam ficou com o quarto que tinha a janela pro fundo da casa. Era igual ao meu só mudava a cor das paredes que eram verde claro.
Havia somente um pequeno banheiro no andar de cima, o qual teria que dividir com
Bobby e Sam. Todos eram homens então não haveria problema.
Uma das coisas boas sobre Bobby é que ele não fica me cuidando. Ele me deixou
sozinho para desfazer minhas malas e me ajeitar. Era bom poder estar sozinho e não ter que ficar sorrindo e parecer feliz. E era um alívio poder olhar com desânimo para a chuva na janela. Não estava a fim de começar uma vida nova.
A Escola de Forks tinha o aterrorizante total de apenas trezentos e cinqüenta e sete -
agora cinqüenta e oito - alunos. Todo mundo aqui tinham crescido juntos - seus avós tinham sido bebês juntos.
Eu e Sam seriamos os garotos da cidade grande. Uma curiosidade, uma aberração. Cara, porque eu concordei e terminar o colégio?
Talvez se eu parecesse com um garoto de Phoenix isso poderia ser uma vantagem, no entanto, eu era um gato tenho que admitir loiro dos olhos verdes, musculoso, gostoso, sexy, se eu não fosse homem eu mesmo me pegava. Isso soou meio gay, deixa pra lá.
Bom, nova vida de agora em diante, será que vamos conseguir relaxar e esquecer um pouco das coisas, ou será que vamos ter trabalhos aqui em Forks?
***Editado e aprovado por Ivelee***