O doce veneno da vingança

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  • Capitulos 9
  • Gêneros Ação

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    16
    Capítulos:

    Capítulo 3

    Amizades e inimizades - Parte 1

    Heterossexualidade, Linguagem Imprópria, Mutilação, Nudez, Violência

    Tem momentos que passamos, onde o nosso cérebro parece desligar. Alguns minutos depois, você nem acredita que passou por aquilo. Deve ser uma maneira de o nosso organismo lidar com situações difíceis. Pelo menos foi o que Selena pensou, pois apenas minutos depois de quase morrer não acreditava que realmente tinha conhecido alguém como Dimitry.

    – O que você fez foi... Incrível. - Comentou o loiro chamado Nathaniel.

    Ele tinha a acompanhado até um banco de Nogueira no jardim. O ar estava frio o bastante para que refrescasse a mente e isso era necessário para os dois se acalmarem.

    – Senti dor como todo mundo. - Respondeu controlando a voz. Era realmente difícil, seu corpo todo tremia de raiva e medo.

    – Sei. - Ele tocou a cabeça involuntariamente. Ainda sentia uma sensação latejante e ela não passaria tão cedo. - Mas, eu nunca vi ninguém fazer aquilo com o Dimitry.

    – E ainda assim não parece nem um pouco surpreso ou amedrontado. – Suas palavras saíram secas, era difícil não descontar a raiva no garoto.

    – Não. - Balançou a cabeça. - Surpreso não, apenas admirado.

    – Você é o que eles chamam de representante, não é?

    Nathaniel corou levemente, sabia que aquele título não era honroso. – Imagino que sim.

    Ela não disfarçou a risada irônica. – Então você é esse tipo de pessoa.

    O loiro entreabriu a boca com uma mistura de surpresa e irritação. - Você está... Espera aí... Não acredito que... - Não encontrava palavras. - Você realmente acha que eu apoio o que aconteceu ali dentro?

    Ela encolheu os ombros. - Não te conheço, pode ser que esteja mentindo, afinal deve ser muito vantajoso para você.

    Ele se ergueu abruptamente e então abriu a boca para falar, mas uma garota chegou bem na hora.

    – Vejo que não perdeu tempo representante. - Rosalya piscou para Nathaniel.

    – Tenho minhas dúvidas quanto a isso. - Resmungou.

    A garota balançou os longos fios prateados e sentou-se no banco. - Sou Rosalya, mas pode me chamar de Rosa. - Sorriu radiante.

    – Me chamo...

    – Selena. - Completou ela - Muitos sabem quem é. Você é bem famosa.

    Ela permaneceu quieta. Sabia que muitos herdeiros ouviram sobre a "garota problema", mas aquilo não a animava.

    Rosa começou a analisá-la. Então desviou sua atenção para Nathaniel. - Você é bem espertinho, vindo aqui enquanto o Leigh tem que cuidar da louca da sua irmã. - Ele franziu o cenho. Não gostava que falassem assim de Ambre, mesmo sabendo como ela era. Rosalya ignorou sua reação. - É melhor aquela loira azeda manter as garrinhas longe do meu Leigh.

    Nathaniel colocou a mão sobre a testa impaciente. - Já disse para não falar assim da Ambre.

    – Olha quem fala. - Ironizou. - Ao invés de estar com ela, que a propósito está ao berros, você ficou aqui paquerando.

    Selena e o garoto ruborizaram.

    – Ee-eu não estava paquerando.

    Ela balançou a mão com displicência. - Diga o que quiser, apenas vá controlar aquela maluca antes que os inquisitores o façam. - Ela pensou por um instante. - Apesar que seria bom depois de levar uma surra do Dimitry levar também um tiro calmante dos inquisitores, de preferência um que a faça dormir eternamente. - Soltou um risinho. Selena também não se conteve, mesmo encontrando Ambre por breves momentos sentia que a ideia de Rosa era a coisa mais animadora nos últimos dias.

    Nathaniel grunhiu, algo incomum da parte dele. Estava dividido entre a ideia de ir ou não atrás da irmã. Não tinha cabeça para escutar suas reclamações, já havia avisado a garota de antemão sobre como tudo funcionava ali, mas ela era teimosa feito uma mula.

    – E então Nath? Estamos esperando. - Comentou visivelmente divertida com a indecisão do rapaz.

    Ele lançou um olhar reprovador à Rosa e se virando para Selena disse - Gostaria de conversar mais com você depois. – Direcionou seu olhar para Rosalya antes de acrescentar – A sós.

    – É claro! Sempre será um prazer conversar com você. - Respondeu só para irritá-lo. Mesmo sabendo que ele não se referia a ela.

    Nathaniel saiu chutando pedras no caminho sem esperar uma resposta e quando se afastou o suficiente Selena começou a falar. - Você parece não gostar muito da Ambre.

    Ela estalou a língua - A cena que teve mais cedo com o Boris não foi nada. Aquela garota é uma víbora, se morder a língua engasga com o veneno. - Franziu o lábio. - Mesmo ela sendo nova aqui eu a conheço há um tempo - Explicou - Ambre tinha um caso com o Dylan.

    Selena arregalou os olhos. - O inquisitor?

    – Esse mesmo. Eles se escondiam na torre para fazer coisas que eu nem me atrevo a pensar. - Fizeram cara de nojo. - O Nathaniel não sabe, a trazia para conhecer o lugar. Não entendo o motivo, mas parece que ele sempre se dispõe aos caprichos dela.

    – Que... - Ela segurou a língua para não falar nenhum palavrão.

    – Vadia. - Completou Rosalya sem sentimento de culpa. - Pessoas como aquelazinha merecem muito mais do que uma surra do Dimitry.

    O clima pareceu ficar frio de repente e não tinha ligação nenhuma com o vento ou a temperatura em si.

    – Eu sabia que eles faziam coisas horríveis. - Comentou com a voz trêmula. - Mas não pensei que existisse alguém como ele.

    Rosa suspirou tristemente. - Novos alunos significam novos segredos, é para isso que o Dimitry serve, em troca de informações que descobre na mente de cada um de nós o governo dá autoridade a ele para fazer o que quiser.

    – E a diretora? Sei que ela sabe manipular.

    – Há muitos boatos sobre o que a levou a fazer isso, alguns são ridículos e outros nem tanto, mas no final ninguém sabe a verdade. O que eu realmente acho é que ela não nasceu como herdeira, mas optou por ser uma.

    – Quem faria algo tão estúpido?

    Rosa olhou para o céu e seus olhos refletiram um brilho similar ao do seu cabelo. - Quem sabe? Muitos tem o desejo de ser como nós.

    – E vir para cá? - Perguntou incrédula. - As pessoa definitivamente são loucas.

    – São sim. - Sorriu - Mas ainda não me falou de você. Peggy lançou um artigo recente sobre a "garota problema e seus mistérios", mas não dá para confiar muito.

    – Quem é essa?

    – Peggy é a bisbilhoteira número um de Sweet Amoris, conta tudo de todos. Vai conhecê-la logo, não vai demorar para Leigh curá-la e sem dúvida você será a primeira que ela vai querer encontrar.

    Selena gemeu. - Essa ideia não me anima.

    – Você se acostuma, mas afinal, o que tem para o governo querer tanto você de baixo das suas vistas?

    – Não sabe? - Perguntou desconfiada.

    – Não, o que sei é que seus pais... Hum. - Ela ficou sem saber o que dizer.

    – Morreram. - Completou Selena desprovida de qualquer sentimento.

    – Ahm... Sim... Isso - Murmurou desconfortavelmente. - E sei que foi assassinato, que é forte e sua tia era agente do governo.

    – Sim, ela fazia trabalhos "especiais" para manter a família protegida. Era o máximo que podia fazer sendo uma herdeira. O governo não usa nenhum herdeiro como inquisitor obviamente. Por isso achei estranho a diretora e tantos outros serem herdeiros.

    Ela assentiu. - Alguns não tem muitas opções e trabalham onde o governo manda, é isso ou ficar como foragido, mas quando se está em Sweet Amoris seu futuro já é traçado, ou vive como marionete do governador ou morre com os inquisitores.

    Selena suspirou, pois sabia que era verdade. - Já ouviu falar de híbridos?

    Rosa arqueou uma sobrancelha, sentindo-se confusa.

    – São herdeiros com mais poderes que o normal. - Explicou Selena. - Como o Dimitry que tem várias habilidades. Todas voltadas para a mente, entre elas ler pensamentos, criar ilusões, torturar e até mesmo levitar corpos como fez com Ambre.

    – E você é uma híbrida?

    Selena mudou de posição no banco e então levantou-se. - Vamos andar.

    Rosalya a seguiu sem entender nada. Elas andaram pelo jardim. Um garoto de cabelos e olhos verdes com roupa de jardineiro sorriu para elas enquanto fazia uma árvore caída voltar ao seu lugar.

    – Esse é o Jade. - Explicou Rosa.

    Selena assentiu e disse - Ele é pacífico e gosta da natureza, essa é sua habilidade. O governo não vai exigir muito dele, não o consideram um risco, mas se enganam. Se ele quiser,sabe se defender, você não tem ideia do que a natureza é capaz.

    A garota a observou esperando por explicações, mas Selena continuou caminhando sem se importar.

    Elas passaram então para a parte perto da torre, tinha uma quadra de basquete e um moreno alto de cabelos escuros e olhos dourados jogava basquete animadamente.

    – Este é o Dajan. Ele ama basquete. Dizem que sonhava em ser um jogador profissional e foi chamado por um treinador bem famoso,até que descobriram que era um herdeiro e o mandaram para cá. Vai completar dezoito ano que vem e optou por sair. Quem Sabe o que vai enfrentar.

    Selena mirou atentamente o moreno. -Hum... - Murmurou pensativa - O governo não deve estar gostando. Esse garoto não é só ágil, mas também tem força para destruir uma cidade inteira em minutos. Se eu fosse enfrentá-lo teria sérios problemas.

    Rosa esqueceu de fechar a boca com a surpresa e ficou assim por um bom tempo, até que não aguentou a curiosidade - Como sabe de tudo isso?

    A garota dos cabelos escarlates deu de ombros. - Sou uma híbrida, mas pior que isso eu sou o pesadelo de qualquer um. Os híbridos, em sua maioria têm poderes interligados, como o Dimitry que se foca na mente e nada mais, você é o que chamamos de sub-híbrida possui duas habilidades fortes e um pouco distintas que são a telecinese e a absorção de matéria. - Rosalya ficou cada vez mais interessada - Há outros como você, o moreno do basquete é um deles. Eu, no entanto sou mais complicada. Posso controlar os elementos, água, ar, terra e fogo. Tenho poderes mentais que nem conheço e mais perigoso ainda, minha habilidade de saber que armas o meu inimigo vai usar, suas habilidades e que movimentos fará.

    – Você age como se isso não fosse bom. - Comentou a garota de cabelos pérola.

    Selena cerrou a mandíbula. - O governo nunca vai me deixar em paz, quanto mais poder se tem, mais perigoso é. Eu sou uma arma para eles, se me virar para destruição serei pior que qualquer pesadelo. Nunca vou ser livre. Sempre terei alguém me vigiando e chantageando.

    – Mas, você é mais forte que eles. - Disse em desespero, como se ela quisesse se agarrar a alguma esperança, mesmo que pequena.

    Selena riu. Uma risada irônica e triste. - Tão forte que não pude proteger meus pais.

    A garota ficou muda. Nunca sabia o que dizer em situações como aquela, mesmo mortes naturais eram difíceis, agora assassinato...

    – As coisas não funcionam assim Rosa. - Continuou. Ignorando o visível desconforto da garota ao tocar no assunto "morte". - Eu não consigo vencer nem o Dimitry.

    Elas caminharam até o hall de entrada do bloco dois, onde ficavam as áreas de treinamento.

    – Por quê? - Rosalya não iria desistir tão facilmente, ainda tinha esperanças de sair daquele lugar e Selena era a única com poder para isso. Não, ela não desistiria enquanto não saísse dali.

    Os olhos da garota se tornaram tristes, o rosa iluminado ficou sem brilho e sua expressão foi de dor. - É complicado. Ter tantos poderes e nem ter certeza de como são. É assustador, as vezes. Eu tenho um gene que me transforma em uma máquina de destruição, mas controlar tudo isso é difícil. Por várias vezes eu quero que saia fogo e vem água, ou como hoje que veio ar e eu nem sabia o que queria.

    – Desculpe. - Disse com sinceridade. - Eu não sabia que era tão difícil.

    Rosa sentia-se culpada, estava pensando apenas em sair dali. Mas havia se esquecido dos sentimentos e dificuldades da nova amiga.

    – Tudo bem. - Suspirou - É que eu não sou uma máquina, mesmo humanos normais que sabem pintar, dançar, escrever e mais não conseguem fazer tudo de uma vez, eles têm que se focar em uma coisa de cada vez e eu não tenho esse privilégio.

    – Mas você não é uma humana normal, nós não somos.

    – Ainda assim Rosa. Eu sei que quer me animar e que tem esperança de sair daqui, mas eu não acho que consigo. Eu tenho um objetivo e vou cumpri-lo, depois eu não me importo com o que vai acontecer no futuro.

    O silencio entre elas permaneceu por algum tempo, até que se sentaram na fonte de pedras do hall. Era frio e a água devia estar congelando, mas estavam cansadas para ir a outro lugar.

    Ficaram observando os alunos irem e virem. Alguns estavam claramente tontos, deviam estar voltando da enfermaria. Outros pareciam completamente despreocupados, o episodio com Dimitry devia acontecer muito, pois apenas herdeiros novos estavam se sentindo mal. Um garoto se destacou no caminho para a ala 40, ele passou rodeado de meninas que davam gritinhos enquanto sorria com satisfação. Tinha cabelos dourados, pele bronzeada, olhos verdes e tatuagens, ou seja, extremamente lindo.

    Rosa riu pela expressão de Selena. - Um pedaço de mau caminho, não?

    Ela deu de ombros. - É natural ser bonito, ele tem o gene da sedução, nunca tinha visto um herdeiro com esse poder antes.

    A garota arqueou uma das sobrancelhas. - Gene da sedução?! Sei. Ele é o sobrinho do Boris, seu Nome é Dakota, mas todos o chamam de Dake. Veio ontem para cá também, mas sempre visitava seu tio então eu o conheci.

    – Conheceu como? - Perguntou desconfiada.

    Rosa encolheu os ombros. - Ele não perde tempo para dar em cima de qualquer garota, eu fui uma delas, mas não dei atenção.

    – Sei. - Ironizou.

    – Sério! Eu acho ele lindo e duvido que exista garota que não acha, mas eu tenho o Leigh e não sei, apenas não caí no charme dele.

    Selena sorriu. - Você gosta de verdade desse Leigh, não é?

    – Está tão visível assim?

    – Não exatamente, mas é que para quem tem o poder da sedução como o Dake é praticamente impossível resistir, a não ser que tenha bloqueio mental ou...

    Rosalya ficou na expectativa. - Ou?

    – Que já ame alguém verdadeiramente. - Completou.

    Rosa ruborizou levemente. - Espero que isso seja bom.

    – Normalmente é. Nunca aconteceu comigo então eu não sei, mas deve ser muito bom. É o que dizem.

    – O Dake está livre. - Ela olhou o grupo de garotas novamente. - Bom, quase livre.

    Elas riram.

    – Quer dizer que não teve namorado?

    Ela deu de ombros - Só de infância, ou quase isso. - Riu.

    Rosalya olhou com imensa incredulidade. - Não brinca?

    Riu novamente. A garota dos cabelos perola fazia com que ela se sentisse extremamente confortável. - Ele entrou aqui junto comigo, era meu vizinho. Gosta de mim, mas somos bons amigos.

    – Quem é? - Seus olhos dourados brilharam de curiosidade.

    – Acho melhor a gente entrar, eu nem arrumei as roupas que a tia Agatha deixou para mim.

    – Fugindo do assunto - Estreitou a visão e então suspirou - Mas vou deixar passar só dessa vez.

    Revirou os olhos -Vamos então. - Disse ao levantar-se, mas assim que o fez bateu em alguém.

    – Aí. - Gritou a garota. Ela era alta, tinha um cabelo castanho e o penteado exótico, seus olhos eram azuis e estava com um decote muito revelador.

    A menina olhou para Selena como se quisesse fulminá-la, mas logo mudou sua expressão para frágil e meiga. - Mil desculpas. - Piscou, forçando uma expressão preocupada. - Sinto muito eu não vi você. Está machucada?

    Selena sentiu uma estranha sensação no estomago ao mirar o rosto da garota. - Não. Foi culpa minha. - Disse de modo frio.Precisava evitar os olhos dela e das demais pessoas que observavam - Está tudo bem. - Disse. Tinha que sair dali, então virou-se para Rosalya. - Vamos.

    As duas saíram rapidamente sem olhar para trás.

    – Quem é ela? - Perguntou quando já estavam no corredor.

    Ainda ofegante por ter sido puxada Rosa disse - É a Debrah, namorada do Castiel, eu te monstro ele depois, mas não perde muito. Conversar com o ruivo e com uma árvore sai mais assunto com a árvore.

    – Como essa garota é? - Ignorou o comentário.

    Rosa encolheu os ombros. - Todos gostam dela, mas eu não acho que seja tão boa assim.

    – Por que? - Arregalou os olhos com um interesse incomum.

    Rosalya cruzou os braços desgostosa - Qualquer uma que se vista de modo mais chamativo que eu não é de confiança.

    Selena girou os olhos, segurando a risada. Ela tinha gostado de Rosa desde o primeiro momento, parecia alguém realmente confiável.

    – Por que tanta curiosidade? - Perguntou, tirando Selena de seus pensamentos.

    A garota cerrou a mandíbula voltando para o seu mundo de desconfiança. - Nada.

    – Mas nem pensar que vou acreditar em você. - Rosa sorriu e a empurrou com o ombro levemente. - Vamos, me conte.

    Selena deslocou o peso do corpo de um pé ao outro. - Essa garota... - Ela parecia incomodada. - Essa tal de Debrah...

    – Sim. O que tem? - Rosalya já perdia a paciência.

    –É perigosa, não confie nela.

    Chegaram à porta do quarto de Selena e sem dar mais nenhuma palavra ela entrou, deixando a garota do cabelo pérola boquiaberta sem entender absolutamente nada.


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