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    16
    Capítulos:

    Capítulo 9

    Corredor de hospital

    Homossexualidade, Spoiler

    Aqui está mais um capítulo, esse ficou bem maior do que eu pensei que ficaria. Espero que apreciem.

    Enquanto eles se preocupavam com o que escolher para o almoço, Sekine e eu nos sentamos ali ao lado da cama de Yui. Ela parecia estar mais feliz do que da última vez que eu a vi, provavelmente por ver todos esses amigos reunidos ao redor dela e isso me fez feliz também, me tranquilizava ao ver aquele sorriso radiante, como quando ela tocava guitarra e cantava conosco.

    — Yui-chan, como passou esse tempo todo aqui desde que você voltou? – Sekine já foi perguntando curiosamente.

    — Bem, quando eu cheguei aqui, a primeira pessoa que vi no momento em que acordei foi a minha mãe. Ela estava chorando, mas quando viu que eu havia acordado, ficou tão feliz que chorei junto a ela. Estava com tantas saudades...

    — Que bom que ela estava aqui com você... – Sorri ao ouvir e ela me respondeu, com os olhos cheios de lágrimas.

    — Ela sempre cuidou de mim, esteve aqui o tempo inteiro me esperando... Eu sempre vou ser grata por todas as vezes que ela teve paciência comigo, mesmo às vezes eu sendo teimosa... Mamãe nunca deixou de me amar e de me dar apoio... – Sekine também já foi se emocionando e segurou as mãos da nossa rosada.

    — Fiquei tão preocupada com você! Senti a sua falta, aposto como Iwasawa-san e Irie-chan também estão sentindo saudades! – Oh, por que meu coração sempre disparava ao ouvir o nome dela? O sentimento de ansiedade tomou meu corpo, mas eu sei que devo me acalmar, agora é o momento de animar a Yui.

    — Eu também senti muito a falta de vocês, minna! – Yui olhou de uma maneira distante ao ouvir a próxima pergunta da loira.

    — Qual foi o primeiro amigo que você encontrou? – A jovem sorriu e riu baixinho, apenas fiquei ouvindo com atenção.

    — Pouco tempo depois, eu estava assistindo TV com a minha mãe e uma bola atravessou essa janela. Uma hora depois, veio o Hinata-kun para buscá-la e demorou um tempo para que lembrássemos realmente do que aconteceu. Depois que ele se encontrou com Yuri, em um dia que ele veio me visitar, ela nos contou tudo o que ela lembrava. Aí eu recordei da promessa... Do casamento... – Hinata prometeu que se casaria com Yui um dia, isso era uma novidade boa de ouvir. Ele sempre foi um completo idiota e desastrado, mas tem um bom coração.

    — Você vai se casar com o Hinata-kun? – Sekine perguntou novamente, acho que eu estava calada demais ou era só impressão minha?

    — Creio que sim, eu ficarei tão feliz... – Oh, acho que isso me fez pensar em como seria casar... Se eu puder casar, será com uma pessoa que eu gosto de ter por perto e que me faz feliz... Que me apoie e entenda meus objetivos, meus sonhos... Alguém como... Iwasawa...? Por que estou pensando nisso? Oh Deus... Quero casar com minha melhor amiga?

    — Hisako-san, por que ficou tão vermelha? – A loira me olhou de um jeito assustado e curioso, espere, fiquei vermelha sozinha?

    — E-Eh? Deve ser o calor... – Cocei a nuca para disfarçar a minha vergonha. Yui apenas confirmou a dúvida de nossa amiga.

    — É verdade, Hisako-senpai! Você está toda vermelhinha! Está pensando em alguém? – Tentei fechar a cara do melhor jeito possível.

    — Uh... Já disse... – No mesmo segundo, Otonashi apareceu na porta. Fui salva de uma pergunta que eu não sabia como responder por um momento.

    —Meninas, já é hora do almoço. Vamos descer antes que a fome resolva falar mais alto... – Antes que ele terminasse de completar a frase, um ruído veio da barriga da garota dos cabelos rosados.

    — Vamos mesmo, estou faminta! – Ela levantou o punho no ar, pedindo para ser levada. O garoto pegou uma cadeira de rodas que estava encostada ali, Sekine e eu pegamos nossa amiga no colo e ele a colocou cautelosamente sentada sobre o assento.

    Enquanto empurrávamos a cadeira, passamos em um grande corredor silencioso, havia várias salas e o clima ali tinha um ar um pouco pesado. Todas as pessoas daqueles quartos pareciam estar confinadas em suas macas, presas a aparelhos enormes. Os únicos sons que se ouviam, eram vindos daquelas máquinas, bips baixinhos eram ouvidos a cada sala que nos aproximávamos. Uma curiosidade me tomou sobre aquele corredor e aproveitei do fato de que Otonashi trabalhava ali e resolvi perguntar.

    — Otonashi-kun, você poderia me dizer que corredor é esse? É tão silencioso que chega a ser... Um pouco tenso... – Ele coçou o queixo e me respondeu baixinho, respeitando o silêncio do lugar.

    — Todas essas salas são da UTI, essas pessoas todas estão em coma, Hisako... A maioria está em estado vegetativo, algumas pessoas já entraram com documentos da eutanásia, outras acreditam veemente que o familiar que está sendo tratado aqui irá acordar do coma...

    — Por isso esse clima tão pesado... – Suspirei ao ouvir aquelas verdades tão tristes...

    — Eu não trabalho nessas salas porque ainda sou apenas um estagiário da faculdade, mas quem sabe um dia eu ajudarei essas famílias... São histórias tristes... Essas pessoas precisam de muito apoio não só psicológico, mas como dos médicos... – Ao chegarmos ao fim do corredor, tinha um elevador e entramos nele. Sekine e Yui conversavam animadamente e eu tentei aprofundar o assunto com nosso amigo.

    — Você sabe de alguma história sobre essas pessoas que estão na UTI? – Depois de alguns segundos, ele respondeu pensativo.

    —Pouquíssimas... Eu trabalho no corredor debaixo. Apenas sei que um paciente está prestes a sair de lá, um garotinho. Ouvi dizer que tem alguém que não recebe visitas de ninguém... Como eu disse, é difícil saber, pois eu trabalho no primeiro andar. – Segundos depois, chegamos ao térreo e eu agradeci pela informação.

    — Oh sim, obrigada... – Ele abriu um pequeno sorriso e foi empurrando a cadeira de Yui até o final do corredor, onde havia um tipo de área de alimentação. Avistamos Yuri, Hinata e Kanade ali no meio, onde tinham reservado algumas mesas para nos reunirmos para o almoço.

    — Minna! Sentem aqui, já vou servir o almoço. – Quando todos se juntaram ao redor das mesas, Kanade e Yuri nos serviram um delicioso yakissoba. Também havia suco, uma barca de sushi e sashimi. Depois da farta refeição, estávamos satisfeitos e começamos outra conversa agradável sobre o que aconteceu nos últimos dias na escola e no trabalho.

    — Yui-san, trouxe um presente para você. – Kanade levantou e Yui já foi se animando com uma ponta de curiosidade.

    — J-Jura? O que é, Kanade-senpai? – A jovem dos cabelos prateados trouxe consigo um buquê enorme com flores vermelhas e violetas e as entregou no colo de Yui, que aspirou o perfume de suas pétalas. Seus olhos radiavam felicidade e todos se emocionaram.

    — Eu as cultivei com muito carinho e eu espero que elas deixem seu dia mais feliz e colorido... – Era visível o rubor no rosto da nossa Presidente do Conselho, mas ela nunca foi de deixar a vergonha lhe impedir de falar.

    — Elas já estão deixando meu dia mais feliz, juntamente com todos vocês aqui comigo! – Essa era a frase que queríamos ouvir, Yui está contente.

    A conversa seguiu até o meio da tarde, levamos Yui para passear até o centro e compramos roupas novas pra ela, doces e até um videogame novo pra ela poder se divertir no Guitar Hero. Nas primeiras jogadas, contra Hinata e Otonashi, ela ganhou todas, mas quando chegou a minha vez e a de Sekine, ela acabou perdendo algumas vezes. Foi muito divertido, até pra mim que estava nervosa no começo, fui relaxando com aquelas risadas, com o clima de amizade e felicidade que emanava principalmente da nossa rosada.

    Infelizmente, chegou a hora de irmos. O Sol logo iria se por e nós tínhamos que voltar a tempo do toque de recolher, principalmente Kanade que é a Presidente do Conselho Estudantil.

    — Yui-chan, foi muito bom passar o tempo com você. Que pena que passou tão rápido. – Suspirei e ela respondeu, com um biquinho estampado nos lábios.

    — Nhaaa... Mas vocês vão voltar pra me ver de novo, não é? Prometem? – Yuri cruzou os braços e fez uma expressão brava e ela se assustou um pouco, mas depois abraçou a pequena.

    — É claro que nós iremos voltar! Você acha mesmo que vamos te deixar aqui com esse idiota? – Hinata pareceu um pouco bravo e bateu o pé no chão.

    — Heeey! Eu não sou tão besta assim! – Yui riu e abraçou Yurippe de volta, provocando o namorado junto à amiga.

    — É sim, seu bobão! – Ambos mostraram a língua um para o outro, apenas para brigar ainda mais.

    — Minna-san, faltam quinze minutos para o toque de recolher... – Sekine nos lembrou sobre a hora.

    — Temos que ir logo... – Kanade disse baixinho e todos foram abraçar Yui, um à um, Hinata resolveu ficar por lá mesmo já que prometeu para a sogra que cuidaria da namorada. Otonashi nos acompanhou para que pudéssemos sair do hospital.

    No caminho, percebi que em todas as salas daquele corredor silencioso havia parentes e visitantes, olhei cada uma atentamente. Algo me fez despertar a curiosidade sobre aquele lugar. Estranhamente, vi que uma das salas estava quase vazia. Vi alguém deitado na maca e ouvi o médico dizer para o enfermeiro que não tinha como manter aquela garota ali, pois ninguém vinha vê-la ou saber notícias dela. Sei que era errado ouvir conversas atrás da porta, mas aquela conversa me deixou comovida.

    Como alguém não tinha ninguém? Era horrível a sensação de pensar que aquela garota poderia morrer, se ninguém vinha vê-la e ela estava em coma... Ela poderia morrer. Só de pensar que já vi a vocalista da minha banda que eu participei antes das Girls Dead Monster morrendo, aquilo me dava um frio na barriga. Eu não conseguiria dormir sabendo que outra pessoa que eu vi, iria morrer.

    Quando me dei conta, já estávamos chamando o elevador do prédio, mas tomei coragem e saí correndo até aquele quarto novamente e encontrei aquele médico. Toquei o seu ombro e tomei o ar para lhe fazer uma pergunta, minha consciência me dizia que era o certo a se fazer.

    — Doutor, você poderia me dizer qual o nome da pessoa que está internada nesse quarto ao lado? – Ele me olhou. Sua expressão facial era de surpresa, creio que por conta de ver alguém perguntar sobre a garota que não tinha visitas.

    — Ela se chama Masami Iwasawa, você conhece?


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