– Parabéns, Erza e Levy! - ouve-se Makarov anunciar, automaticamente Natsu solta Lucy, que cai estrondosamente no chão.
– Cacete! - resmunga a loira levantando-se e limpando-se, enquanto observa o rosado encara-la enraivecido.
– Se não encontramos a porcaria do tesouro a culpa é sua. - sussurra ele e se vira, deixando a garota sozinha na mata, encarando suas costas.
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LUCY
"Que merda! Quem esse retardado pensa que é para me tratar assim?" penso com raiva.
Caminho batendo o pé pelo caminho de volta, ora tropeçando em pedras ou esbarrando em galhos, até que acidentalmente esbarro em uma pessoa.
– Ai! - esbraveja uma voz masculina. - Lucy, é você! Desculpe!
Demoro alguns instantes para reconhecer a pessoa parada na minha frente me olhando com um sorriso bobo.
– Tudo bem, Gray, a culpa foi minha. - digo esfregando um arranhão que ardia em meu cotovelo esquerdo, dou uma leve espiada no machucado e arregalo os olhos, está bem feio.
Gray lentamente segue meu olhar e observa o machucado, então de repente me pega no colo e sai andando.
– Gray! O que você está fazendo?! - exclamo aos gritos.
Ele sorri e me olha de canto.
– Estou ajudando uma bela donzela machucada. - responde galante. - Você deveria me agradecer, donzela machucada. Foi o Natsu que te deixou lá, sozinha?
Assinto com a cabeça, Gray bufa mal-humorado.
– Aquela anta não consegue entender que um homem não pode deixar uma garota sozinha desse jeito? Ainda mais numa floresta!
– Exatamente! - exclamo. - Ele me segurou depois me derrubou no chão! O que eu fiz para ele me odiar tanto? - pergunto mais para mim mesma do que para o moreno que me carregava.
Gray pondera.
– Acho que inventar apelidos não-carinhosos em relação a cor do cabelo dele não é exatamente uma coisa cativante.
– Por que não? - pergunto serenamente. - Ele fez igual, eu estava na defensiva já que não conhecia ninguém, mas ele... Aquele desgraçado...
– Claro, claro, Lucy. - interrompe Gray rindo. - Chegamos. - anuncia, me colocando no chão.
Encaro-o pensativa.
– O que foi? - pergunta ele levemente constrangido.
– Onde exatamente nós chegamos? - pergunto com os olhos estreitos.
– Na enfermaria. - responde o moreno como se fosse óbvio. - Onde mais?
– Não sei... Vai que você me leva para o seu quarto... - digo, olhando-o com desconfiança.
Gray me olha por um momento, então se aproxima e agarra minha cintura, colocando os lábios em meu ouvido.
– Estou apenas esperando você pedir, isto por acaso é um pedido? - sussurra ele sensualmente.
Olho-o nos olhos, ambas minhas mãos em seu peito, e digo:
– Você encara medo de ser estuprada como um pedido? Você deve ser mesmo muito tarado.
Gray ri e me aperta mais contra si.
– Você é impossível. - diz ele. - Mas eu estou mesmo esperando você, meu quarto é o 292.
– Claro, claro. Não vou me esquecer do seu ninho de amor. - digo gargalhando.
– Não dê nomes estranhos para o meu quarto! - exclama ele rindo também.
Ficamos vários minutos ali, parados e rindo muito. Meu coração batia descompassadamente com a proximidade dele, mas era uma sensação boa.
– Você não deveria me levar para a enfermaria? - sussurro enterrando a cabeça em seu ombro.
Sinto-o rir.
– Mudei de ideia. - diz ele, então se afasta um pouco e beija docemente o arranhão. - Agora vai melhorar.
Balanço a cabeça.
– Certo, certo... Vamos logo, ainda temos aula, esqueceu? - digo para ele.
– Tem razão, Biologia, certo? - pergunta colocando o braço por cima de meus ombros e me conduzindo até a sala.
– Sim. - comento pesarosamente.
Separo-me de Gray assim que chegamos na porta da sala, ele me olha confuso.
– Juvia. Não quero morrer. - sussurro num tom de desculpas, ele apenas ri e concorda.
– Nem eu. - responde.
Entramos na sala chamando bastante atenção, sussurro um licença, mas quando faço menção de ir para meu lugar, o professor diz:
– O que vocês dois estavam fazendo até agora para não terem entrado na hora?
"Puta merda, professor desgraçado! Agora é que Juvia vai me matar mesmo!" penso virando-me para ele com um sorriso doce.
– Eu arranhei meu braço na floresta por causa daquela outra atividade, e quando eu estava voltando, Gray me encontrou e teve a gentileza de me levar para a enfermaria. - digo encarando Gildarts firmemente, e deixando de lado detalhes, como quando fui carregada como uma noiva e chavecadas sexys.
O professor analisou-nos com atenção, ambos imóveis, até que ele suspirou.
– Okay, foi muita gentileza sua Gray, ajudar a senhorita Heartfilia.
Fuzilo Gildarts com os olhos, até agora eu tive o cuidado de não mencionar meu sobrenome e esse desgraçado virgem vai e fala pra quem quiser ouvir.
– Ele disse seu sobrenome de propósito, Lucy. - sussurra Gray sentando-se ao meu lado, vejo Juvia encarar-nos com um misto de confusão.
– Eu sei. - sussurro de volta. - É agora que chove amizades falsas.
Concluimos, tanto eu quanto Gray, que Biologia era desnecessária para nossas vidas, então começamos a jogar Forca, jogo no qual Gray se mostrou imbativel.
– Mas que porra que é um perdigoto? - pergunto para ele, que ri.
– É tipo cuspe, aquelas gotículas de saliva que saem quando a gente fala. - explica ele rindo da minha cara de tacho.
– Que foi? Eu sou inteligente, sabia?
– Justamente. - respondo encarando-o com o queixo caido. - Você não parece ser inteligente.
– Eu não sou só um rostinho bonito. - diz ele, eu podia até ver seu ego inflar.
– Não é mesmo. - concordo. - E olha que você é um rostinho bem bonito.
– Obrigado, você também é linda, Heartfilia. - sussurra ele em meu ouvido, provocando-me.
Sorrio.
– Eu também não sou só um rostinho bonito, FullBuster. - sussurro de volta.
Paramos de conversar ao ver que o professor tinha um recado que julgamos importante:
– Agora, colocarei vocês nas duplas que escolhi. Vocês ficaram com o parceiro escolhido até o fim deste bimestre, mas caso reclamem, coloco até o fim da vida acadêmica de vocês! - ameaça ele.
Todos assentimos.
– Bem, então ficará assim: Gray FullBuster e Lyon, Gajeel RedFox e Jellal Fernandez, Juvia Lockser e Mirajane, Lucy Heartfilia e Natsu Dragneel...
Parei de ouvir.
Entrei em choque, sentindo uma onda de pavor absoluto me invadir.
Viro-me em câmera lenta para Natsu, só agora eu notara que éramos da mesma sala, ele deve ter faltado as primeiras aulas. O Esquentadinho me encara de volta, com a mesma expressão, mecanicamente, sento-me numa bancada qualquer e o aguardo.
– Novamente junto, não é mesmo, Lucy? - sussurra o desgraçado em meu ouvido, com um braço apoiado no encosto de minha cadeira. - Que sorte a minha.
– Se não gosta, troque com o Gray. - falei, provocativa.
Natsu me encarou por um momento, analisando-me.
– Não, obrigado. - responde por fim de um jeito estranho. - Acho que vou te aguentar.
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NATSU
Gray? Então a Barulhenta está mesmo ficando com ele? Que sensação estranha, acho que vou espancar o Gray depois.
Observo Lucy encarar a mesa com uma expressão decidida, como se me aguentar tivesse virado seu objetivo pessoal, esforço-me para não rir. Ei, até que ela é bem bonita, com o cabelo loiro caindo pelo ombro e os olhos castanhos faiscando, demonstrando sua personalidade forte, até suas mãos fechadas em punhos eram incrivelmente delicadas, que vontade de segura-las...
Não.
"Mas que porra é essa, Natsu? Bateu a cabeça em algum lugar? Você NÃO GOSTA dessa garota aí!" grita minha consciência, balanço a cabeça com força para afastar tais pensamentos.
– Você está bem? - pergunta Lucy que agora me encara, suas mãos já haviam relaxado e encontravam-se batucando a mesa, sinal de ansiedade, inquietação ou até mesmo hiperatividade.
– Na medida do possível. - respondo sorrindo e coçando a nuca. Esse tratamento neutro era um sinal de trégua? Ótimo, também posso jogar esse jogo, Heartfilia.
– Ótimo. - diz ela encarando algo atrás de mim, logo depois sorri, cora e vira o rosto constrangida. Quando sigo seu olhar vejo Gray, que sorria como se tivesse ganhado na loteria.
Você não ganhou, cara.
Essa loira aqui você não pega, não mesmo.
– Natsu?! - chama Lucy interrompendo meus devaneios, olho para ela sem expressão. - Você está me ouvindo?
– Na verdade não. - respondo com sinceridade. - Pode repetir?
Ela bufa, provavelmente pedindo paciência aos céus.
– Temos que fazer uma experiência com soda cáustica. - explica-me ela. - Agora espere um minuto que eu vou escolher uma na bancada do virgem do Gildarts. - anuncia ela levantando-se.
Encaro o nada e revejo meus sentimentos.
"Você gosta dela, Natsu?" minha consciência pergunta.
"Não!" respondo para ela.
"Tem certeza, Natsu? Eu acho que você quer que ela seja sua." provoca-me minha própria consciência.
"Não..." respondo mentalmente, mas posso sentir minha indecisão.
Eu estava gostando da Barulhenta?
Isso, definitivamente, não pode estar acontecendo.
Enquanto travo uma luta mental comigo mesmo, sinto uma dor excruciante na perna e nos braços, grito de dor.
– Mas o que...? - exclamo em meio a dor, então vejo que Wendy derramou acidentalmente Soda Cáustica em mim, ambos meus braços e pernas estão bem queimados.
– Desculpe, Natsu! Ai, Deus! Desculpe! - exclama Wendy pulando de frustração.
– Tudo bem. - consigo dizer com um sorriso que custa a sair, de repente sinto uma mão me puxar delicadamente por um ponto que não estava machucado, era Lucy.
– Venha, vou te levar até a enfermaria. - diz ela com as sobrancelhas franzidas de preocupação.
Apenas assinto com a cabeça e a sigo pelos corredores, chegamos até lá e ninguém aparecia, a loira batia o pé com impaciência.
– Mas que merda! Senta aí, eu mesma faço os curativos. - manda ela, sento-me na maca obediente, então a observo procurar pelo kit de primeiros socorros.
– Achei esse caralho! - exclama ela feliz, então me olha docemente. - Vai doer.
– Eu sei. - digo engolindo em seco.
Lucy então pega algodão e um liquido transparente, provavelmente para limpar os ferimentos, mas ela trava e me encara, levemente corada.
– O que foi? - pergunto.
– Isso pode parecer estranho, mas preciso que você tire a calça e a camisa, suas roupas estão grudando nos machucados, assim vai infeccionar. - explica ela olhando para qualquer lugar longe de mim.
Sorrio.
– Se eu soubesse que era isso que você queria... Teria jogado soda cáustica em você também. - comento brincando, enquanto ela corava ainda mais.
– Tira logo essa merda! - exclama ela.
Assim que movimento meus braços, uma dor infernal me atinge, solto um gemido involuntário, Lucy me olha com preocupação.
– Que foi? - pergunta ela aproximando-se um passo.
– Não consigo tirar. - digo tristemente. - Você vai ter que tirar para mim. - acrescento com pensamentos realmente estranhos passando por minha cabeça.
Lucy arregala os olhos, então tranca a porta da enfermaria e se aproxima devagar.
Sorrio internamente.