Saigo No Gisei

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    Capítulo 4

    O Ceifeiro de Almas.

    Álcool, Linguagem Imprópria, Suicídio, Violência

    Sayuri estava em meus braços e não havia mais nada a ser feito, ela estava morta, e eu, a um passo de me encontrar com ela... Não pude ficar lá por mais tempo, pude notar que seu bracelete parara de funcionar, ela realmente estava fora do jogo, talvez essa seja a única forma de sair...

    Depois de informar a equipe do colégio sobre o incidente, não perdi mais tempo e novamente me pus a fugir de lá, eu não podia morrer hoje, não podia perder a sanidade como Sayuri fez.

    Eram quase 6 horas da tarde quando meu celular voltou a tocar, era Koji, eu senti um desconforto em voltar a falar com ele, não sei ao certo o porquê, mas ele já não era o Koji inofensivo que eu conheci um dia, resolvi não atender, e após duas chamadas ele desistiu, era melhor assim, pelo menos por enquanto, eu pensei em seguir para o parque, mas não daria mais a sorte de encontrar alguém debilitado como o idoso de mais cedo, eu precisava pensar em algo, e rápido...

    É claro, um hospital ! Não haveria lugar mais propício a morte de um idoso debilitado. Eu poderia passar despercebido e ninguém notaria. Foi exatamente o que eu fiz, corri para o hospital mais próximo, um ambulatório pra ser mais exato, mas óbviamente não entrei pela porta da frente, segui o lance de escadas que se apresentavam por de trás do local, porta de metal, ambiente cinza onde só era possível ver escadas. Perfeito !

    Cheguei ao local sem ser notado, foi uma jogada de mestre, eu fui inteligente ao pensar nisso, era um progresso.

    Não demorei muito pra achar uma sala propicia. Eu estava pronto, e não ia voltar atrás,. Puxei lentamente a cortina que separava minha vítima de minha lâmina, a faca de combate ia ser usada pela primeira vez, e então eu vi.

    O idoso se assemelhava muito ao primeiro que eu vi mais cedo, ele estava dormindo, estava feliz, estava pronto, sua feição demonstrava paz de espírito, e isso me acalmava.

    Então eu levantei minha faca lentamente... estava na hora, deixei a em posição, mas quando estava pronto pro abate, meu bracelete bipa.

    Subitamente levo a minha mão a ele, o barulho acordaria o senhor, isso não seria bom, então eu saio da sala e volto ao beco de onde vim, chegando lá, posso conferir com calma o motivo do bip. Achei que era Koji, mas quando olhei o visor vi que era outra pessoa, um dorobo !

    Seiji Sato, 22 anos, profissão : motoboy, shussan do sono, 0 mortes normais, 0 mortes de dorobos.

    O desgraçado está me caçando, o bipe provavelmente não fazia parte do plano dele mas, deve ter errado sem querer. Droga ! o maldito resolveu aparecer logo agora.

    Eu estava lá, escondido, no lance de escadas, devia ser o terceiro ou quarto andar, eu realmente não me importei em contar quantos andares aquele hospital tinha, o que importa, é que eu estava no último.

    Eu estava atento, minha faca estava pronta pra um combate, apesar de ser um motoboy, o cara ainda me assustava, afinal, era minha vida que estava em jogo, mas ele só podia vir por dois lugares, pelas escadas ou pela porta. Eu o surpreenderia pelos dois lados, se não fosse por uma coisa.

    As luzes do local de repente apagaram, e logo após o ambiente foi tomado por uma coloração avermelhada, luzes de emergência provavelmente, o filho da mãe cortou a luz do prédio, eu estava certo que ele não desistiria, e muito menos eu.

    A iluminação era vaga, mesmo assim, ele estava na mesma situação que eu.

    Então o desgraçado aparece, como previ, ele não poderia aparecer de surpresa, já que eu tinha visão das duas entradas, e não deu outra, ele apareceu no lance de escadas, caminhando lentamente em minha direção, eu não podia ver seu rosto, seu corpo estava completamente negro em meio ao vermelho que tomava conta, mas podia enxergar perfeitamente duas coisas, o punhal que ele segurava, com uma leve inclinação para o lado de seu corpo, e o seu desejo de matar, ele estava lá pra vencer, humanidade já não fazia mais parte do seu vocabulário, e então eu ouvi sua voz.

    Seiji Sato : Te achei... Finalmente.

    Eu não pretendia voltar atrás, acredito que a mesma vontade que rondava ele, rondava a mim também, eu queria vê-lo morto. Mesmo assim, resolvi leva-lo nas minhas palavras.

    Kenjiro Sakamoto : Ei cara, não precisa ser assim sabe... podemos sair dessa de outra forma e...

    Seiji Sato : Não há outra forma garoto, essa é a nossa realidade, e eu sairei vivo !

    Kenjiro Sakamoto : Tsc, não vou ter escolha a não ser lutar com você então, ou acha que vou ficar parado aqui olhando.  ?

    Seiji Sato : Não será necessário garoto, isso vai ser... rápido.

    Então eu rapidamente fiquei em posição de ataque, mas para minha surpresa ele não fez o mesmo, eu não enxergava uma reação vindo dele, ele apenas disse.

    Seiji Sato : Shussan do sono !

    Aquelas palavras, Shussan era o tal poder que o Judger e Koji haviam comentado, o tal poder que cada um teria, droga, esse cara sabe usar o dele, e eu, nem ao menos sei que tipo de poder ganhou... Acho que eu perdi essa... Droga...

    O Shussan fazia jus ao nome, era certo que eu apagaria de sono, e sabia disso desde o momento em que ele falou, eu caí, e me deixei levar pelo sono, tudo isso em questão de segundos, eu ainda podia ver ele se aproximando, com meu olho direito que estava parcialmente aberto, mas foi rápido, eu dormi.

    Acabou ? Provavelmente eu morreria ali, como Sayuri morreu, por ser fraco, por ter medo, por não ter levado o jogo a sério, era uma nova situação, uma nova realidade, e eu simplesmente tentei sair dela, quando o certo a se fazer estava na minha frente, segui-lá fielmente, fazer parte disso, me aliar ao que acontecia ao meu redor, eu deveria ser um Dorobo, como me foi confiado, foi uma nova chance, e eu joguei fora, como uma criança inocente, com medo de sair de casa. Era o fim...

    Mas talvez não fosse...

    Mais alguém estava lá, e quando acordei eu pude vê-lo, parecia um anjo, um anjo da morte, como um ceifador, de longas asas negras entravam em contraste com o vermelho do ambiente, seus braços esticados e uma foice na mão direita, a cabeça de Seiji rolava pelo chão e sua boca ainda estava aberta, como se ele não tivesse tido reação aquilo, então eu pude voltar a mim, e constatar, era Koji, com um semblante pesado e maléfico, ele estava mudado e talvez eu fosse o próximo, então mesmo zonzo eu peguei minha faca e me pûs novamente em posição de combate, mas por pouco tempo.

    Koji Sakurai : Kenjiro, Kenjiro, você ta bem cara ?

    Kenjiro Sakamoto : Ko... ji...

    Koji Sakurai : Você vai ficar legal, foi pego no Shussan desse desgraçado, mas eu consegui chegar a tempo, afinal, porque você não atendeu minhas ligações cara ?

    Kenjiro Sakamoto : eu...

    Por mais que eu tentasse, minha cabeça latejava de dor, eu levei alguns minutos para ficar de pé, mas quando o fiz, desmaiei novamente.

    Quando acordo, percebo estar no quarto de Koji, ele deve ter me trazido pra cá, eu viro minha cabeça em direção a janela do quarto e me deparo com uma escuridão típica de noite de lua cheia, era noite afinal de contas, eu olho para o relógio, são 21:24, droga, acabou, eu desperdicei minha última chance naquele combate, apesar de tudo, eu estava calmo, tudo teria um fim afinal, eu iria como Sayuri foi, mas que mal há nisso ?

    Eu me levando sem pressa alguma, coço a cabeça e saio a procura de Koji, ele estava na sala, com a tv ligada mas nem ao menos olhava para ela, estava descobrindo mais sobre o bracelete que ganhou, então ele vira de repente.

    Koji Sakurai : Kenjiro, cara, você acordou, tava ficando preocupado já.

    Kenjiro Sakamoto : ahn, obrigado por me salvar mais cedo...

    Koji Sakurai : Não foi nada, ainda bem que eu cheguei na hora não é mesmo ?

    Kenjiro Sakamoto : É verdade... Koji ?

    Koji Sakamoto : O que é ?

    Kenjiro Sakamoto : Bom... eu não consegui... matar ninguém até agora.

    Koji Sakamoto : Ah cara, eu achei que... você... no hospital, se não pode ta falando sério. Não Não, nós temos tempo ainda, olha, são 21: 30 ainda, temos tempo, tudo que você precisa fazer é...

    Kenjiro Sakamoto : Koji... Tudo bem cara, eu não conseguiria viver assim de qualquer forma...

    Koji Sakamoto : Mas...

    Kenjiro Sakamoto : Tudo bem, precisamos juntar nossas coisas, como será que vamos parar naquele lugar ?

    Koji Sakamoto : Eu não sei ao certo, esse bracelete ainda tem algumas coisas que eu não descobri, então... Bom, vamos descobrir em breve.

    Arrumamos nossos materiais, eu estava pronto pro que viesse a acontecer, era um fim inevitável.

    Não me lembro ao certo quando aconteceu, mas quando o relógio bateu as 22 horas eu simplesmente pisquei e apareci lá, como em um passe de mágica, sem teletransportes, sinos tocando ou o bracelete apitando, simplesmente aparecemos lá, em meio a tantos outros.

    The Judge : Xíiaaaahahahaaaa, Sejam bem vindos meus adoráveis dorobos !

    Hoje é um dia muito especial para mim !, afinal, demos inicio as festividades programadas.

    Quero parabenizar a todos que chegaram até aqui, (cochicho) para falar a verdade, a grande maioria morre logo no primeiro dia e...

    Alguém em meio a multidão o interrompe e pergunta.

    - O que aconteceu aos que não mataram ninguém ?

    Kenjiro Sakamoto : Como assim o que aconteceu...

    The Judge : Ora meu pequeno matador, é uma questão interessante, deixe me explicar.

    Aos perdedores que não tiverem a coragem de coletar ao menos 1 vida até as 22 horas do dia, serão condenados a morte, tendo como consequência a perda total de seus sentidos, um a um até que a pessoa se torne um vegetal Xíiahahahahaaaa !

    Kenjiro Sakamoto : (Cochichos) Koji, tem alguma coisa errada.

    Koji Sakurai : (Cochichos) Eu sei, eu sei, você ainda ta vivo não é ?

    Kenjiro Sakamoto : (Cochichos) Pois eh...

    Koji Sakurai : (Cochicos) Bom cara, talvez foi erro do sistema ou algo assim, isso não é bom ? você vai viver no fim das contas, é isso que importa não ?

    Kenjiro Sakamoto : Não faz sentido...

    The Judge : Bom meus adoráveis dorobos, vamos a contagem diária e ao nosso primeiro colocado.

    Então a figura bizarra a minha frente começou a mostrar em um telão algo parecido com o que tinhamos no visor do bracelete, como um menu onde apareciam todas as pessoas que estavam alí, vivas e mortas, as mortas, tinham suas fotos na escala cinza, enquanto os vivos apareciam em uma cor azulada, como nos reality shows que passavam na tv.

    Não foram muitas mortes aliás, mas eu pude ver Sayuri no meio delas, algo a se lamentar...

    The Judge : Esse garoto é de matar Xíiahahaha, que belos assassinatos, e um bom uso do seu Shussan meu jovem, Leonard com 3 pontos, meus parabéns !

    Akemi Shimizu, você passou por maus bocados não é mesmo minha querida ? mas é uma vencedora, 1 ponto para você.

    Esse aqui é de pegar fogo, que perfeccionismo, que beleza, que... que sutilez, Koji Sakurai e sua foice assustadora, 1 ponto, meus parabéns, você derrotou um dorobo !

    Koji abriu um sorriso de boca fechada, ele estava satisfeito consigo mesmo. Fico me perguntando se ele não era o melhor ali presente, ele levou isso muito a sério e estava disposto a vencer, era o que eu achava, até ouvir o que vinha a seguir.

    Bababaa, mas o que é isso... Xííahahahahaaaa ! Estou estupefato... Kiriyama Sakai...

    14 pontos !

    Todos começaram a falar, o tumulto tomou conta, 14 pontos ? que tipo de monstro mata 14 pessoas em um dia, esse cara não era normal, eu sabia que tinha que tomar cuidado com ele.

    The Judge : Bom... acho que temos nosso primeiro colocado.

    Todos o olhavam, ele não aparentava ser um serial killer ou algo assim, na verdade era o contrário, Kiriyama tinha um semblante dócio, demonstrava muita calma e controle da situação, tinha o rosto de uma pessoa jovem, com cabelos compridos e olhar profundo, ele não piscava muito menos sorria, e não tirou os olhos do grandalhão enquanto ele não terminou, aquele cara..

    The Judge : Vamos ao próximo... Uhm... Mas o que... ahn ?

    Kenjiro Sakamoto !

    Ele chamou meu nome, droga, meus olhos arregalaram emeus batimentos aceleraram, droga, droga, ele iria descobrir que eu não matei ninguém, o tal erro na máquina, era o meu fim.

    The Judge : 1 morte inhé...

    O quê ? eu pensei comigo mesmo, realmente contou uma morte, mas, a cara de nojo que ele fez, espera, será que...

    The Judge : Eu não consideraria isso uma morte ao seu favor senhor Ken, mas pelo que me parece, o senhor estava no momento certo e no lugar certo, aquela garota não foi morta pelo senhor, mas ter tirado ela da corda o ajudou e muito ein...

    É claro... ela morreu em meus braços, foi isso que aconteceu, minha nossa, que sorte a minha ! eu pensei, mesmo empolgado com a situação eu notei um certo desprezo por parte do Judge, o que me foi confirmado a seguir com a seguinte frase.

    The Judge : Estarei de olho no senhor, senhor Ken.

    Não importa, eu estava vivo, e ele não me tiraria isso, eu teria uma nova chance, e não pretendia desperdiça-la, agora era viver ou viver.

    Antes que a contagem pudesse terminar, alguém apareceu na minha frente e estendeu a mão direita como se quisesse cumprimentar.

    Akemi Arai : Eu vi o que você fez.

    Kenjiro Sakamoto : ?

    Akemi Arai : Você não merecia estar aqui, mas tenho que admitir, foi um ato bondoso.

    Kenjiro Sakamoto : E você seria ?

    Eu disse apertando sua mão.

    Akemi Arai : Akemi Arai, muito prazer ! , sou a número 26 dos 60 escolhidos, você pode puxar minha ficha pelo seu denwa se quiser.

    Kenjiro Sakamoto : Meu denwa ? quer dizer esse bracelete aqui ?

    Akemi Arai : Pelo visto você ta bem perdido né.

    Koji da uma risada.

    Akemi Arai : Não se preocupe, vou tentar te passar o básico quando sairmos daqui.

    Kenkiro Sakamoto : ...

    Akemi Arai : Bom, e quanto a garota, não se sinta culpado, você fez o possível por ela, e se serve de consolo, ela está em um lugar melhor agora. Nos vemos em breve Kenjiro ! Até...

    Ela simplesmente saiu, do mesmo jeito que chegou, eu não entendi o que aconteceu, mas procurei manter o foco nas palavras do Judge, eu estava pronto pra jogar o jogo.

    The Judge : Xíiahahahaaa, Bravo ! Esse foi o nosso placar de hoje ! Temos 4 mortes de dorobos, duas por suicídio e mais duas por assassinato. Espero que as coisas esquentem a partir de agora, já que já se familiarizaram com o cenário competitivo Xíiahahaaa !

    Nos vemos em breve meus queridos dorobos ! Neste mesmo local, neste mesmo horário... Xíiahahahahahaaa !

    E eu apareci em casa, na minha pra ser mais exato, não na de koji, e estava me sentindo muito bem ! Eu sobrevivi, e isso era tudo que importava, mas sabia que o dia seguinte seria como o de hoje, eu tinha que estar preparado, se eu não tenho opção, que venham os jogos !

    Continua


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