Espero que gostem!
- Aqui está seu drink, moça - disse o barman me entregando uma bebida colorida.
Estava numa boate em que eu nunca havia vindo antes, sozinha, pois meu namorado John me largou pra vender drogas para adolescentes idiotas. A música chiava em meus ouvidos e eu já não aguentava mais esperar. Preferia estar em casa assistindo à Grey's Anatomy ou algo do tipo.
Cruzei os braços para me aquecer, estava frio e John tinha me obrigado a usar uma mini blusa com uma mini saia que ele havia comprado para mim (eu acho). Dependendo do John pode-se esperar tudo...
Fui para um canto para evitar que pessoas suadas dançando esbarrassem em mim. Um cara de capuz preto, alto, um pouco mais velho do que eu começou a me encarar. Achei muito estranho e comecei a me afastar discretamente. Caminhei em direção à saída até que outro cara, com boné e óculos escuros, impediu a minha passagem.
- Onde é que a mocinha pensa que vai? - sua voz exalava ironia e álcool.
Senti o sangue pulsar em meus ouvidos, o coração começar a acelerar.
- Aqui é que eu não fico. – Dei meia volta agora eu corria e já suava frio.
O cara avançou, mas eu fui mais rápida e saí em disparada até a porta. Mas o primeiro cara agarrou os meus braços e me puxou para uma porta lateral que dava em uma sala minúscula provavelmente um estoque ou algo do tipo.
O espaço era minúsculo e empoeirado. Eu comecei a perder o ar. Gritei desesperadamente e tentei me soltar, mas ele era muito forte. O segundo nos alcançou e tapou minha boca, abafando os meu gritos. Senti um objeto pontudo, uma faca talvez, pressionando as minhas costas.
O de boné tocou no zíper do meu shorts e o encapuzado passava as mãos nos meus seios enquanto ria alto. Não importa o quanto eu gritasse, ninguém me ouviria. Não importa o quanto eu me debatesse, eu não sairia tão fácil da li. Minha cabeça estava girando, eu estava desesperada. O que eu vou fazer? O que eu vou fazer!?
- Tá bom. – Eu disse em meio aos soluços. – Tudo bem.
Eu parei de me debater e o encapuzado me soltou. Fiquei totalmente estática entre aqueles dois monstros.
- Muito melhor quando elas colaboram. – O encapuzado passou as mãos pelos meus cabelos.
Por um milagre, ou pura adrenalina, eu consegui chutar o cara de boné. Como o meu salto era pesado, ele foi empurrado para trás, o que fez com que a porta se abrisse.
Eu cambaleei para fora daquela sala escura. Apoiei-me na parede da boate. Tudo e nada se passavam pela minha cabeça, as luzes só pioravam a minha visão marejada. O segurança da porta ouviu meus gritos desesperados, chamou por ajuda e foi atrás dos dois nojentos.
Eu estava em estado de choque, suava e chorava. Eu não sabia o que fazer. Eu simplesmente fui para o lado de fora da boate e desabei no chão.
Comecei a soluçar. Fui pegar meu celular, mas percebi que minha bolsa já não estava mais comigo. Eu fechei os olhos e encostei a cabeça nos joelhos. Repentinamente, o rosto dos dois agressores veio em minha mente.
Eu me levantei e comecei a cambalear pela calçada. Ainda conseguia ouvir aquela risada amedrontadora. Como eu ainda tenho forças para andar? Depois de pouco tempo de caminhada entrei em uma padaria e a atendente saiu de trás do balcão para me ajudar.
- Meu Deus, querida - ela pegou em meu braço e me conduziu a cadeira mais próxima. - O que aconteceu com você?
- Eu... Eu... - Tentei dizer alguma coisa, mas as palavras não vinham. Apenas lágrimas e lembranças horríveis.
A mulher gritou para alguém dentro da cozinha que instantes depois me trouxe um copo de água e um pão de queijo.
Com as mãos tremendo, peguei o copo d'água. Tomei um pouco. O líquido desceu pela minha garganta seca, aliviando, um pouco, meu desconforto.
Depois de conseguir controlar minhas lágrimas, disse que precisava ligar para casa.
Liguei para Demi, minha melhor amiga. Nós dividimos um apartamento no centro da cidade.
Demi veio o mais rápido possível, provavelmente atravessou muitos faróis vermelhos e quase atropelou algumas pessoas.
- Selena! - Ela gritou quando me viu. - Sua louca! Me conte tudo detalhadamente. E cadê aquele idiota do seu namorado?
- Demi... - A abracei. - Eu nunca senti tanto medo em toda a minha vida.
Antes de Demi chegar eu tinha conseguido contar mais ou menos o que havia acontecido comigo para a atendente, que chamou a polícia. Eles me mandaram ir à delegacia mais próxima para fazer um boletim de ocorrência.
- Demi... Nós precisamos ir à delegacia.
- Como assim delegacia!? O que tá acontecendo? - Demi estava tão apavorada quanto eu.
- Eu te conto no caminho. - Paguei pelo pão de queijo, agradeci a atendente gentil e nós fomos embora.
Depois de ter feito o BO na delegacia, nós fomos para casa. Eu estava muito abalada ainda, não conseguia pensar nem fazer nada. Não tinha nem coragem de dormir sozinha aquela noite.
Demi pegou alguns cobertores e travesseiros e nós duas fomos dormir na sala.
Chequei meu celular: nenhuma mensagem de John. Eu sumi e ele nem reparou? Mais uma preocupação para aquela noite que eu passei em claro.