Boa leitura!
- Rodolf Van Evil, você aceita se casar com Selena Marie Stevenson? – Sir Louis, o juiz, disse com sua velha e pausada.
- Claro que aceito! – disse Rodolf com um sorriso falso.
O dia estava calmo, alguns raios de sol passavam pelas copas das árvores do meu jardim. Meu noivo me encarava, mas sei que tudo o que via era o quão rico iria ficar a partir de hoje.
Sim, estou me casando, no jardim gigantesco da casa dos meus pais com toda a minha família rude reunida. Esse é o pior dia da minha vida!
- Muito bem – continuou o juiz -, Selena Marie Stevenson, você aceita se casar com Rodolf Van Evil?
Minhas mãos estavam suando, eu realmente não queria estar aqui. Não queria ser de uma família tradicional de vampiros. Festas, jantares, casamentos arranjados... Todos estavam me encarando, esperando pela resposta. Meu pai estava com um olhar de reprovação, minha mãe tentava me dizer alguma coisa, acho que era para eu falar logo. Na verdade, o que eu queria era gritar e correr para a floresta.
- Selena... Selena! – o juiz me tirou de meus pensamentos.
- Vamos logo – murmurou Rodolf.
Comecei a passar mal de verdade. Não sei se era o nervosismo ou o vinho que eu tinha tomado agora a pouco.
- Ah... – Eu não posso me casar. Não com esse cara feio! Revirei os olhos. – Bem, eu...
Antes que eu pudesse fazer qualquer coisa, houve uma movimentação nos arbustos próximo ao palanque onde estávamos. De repente uma criatura amedrontadora de pelagem clara, um tipo de lobo enorme, surgiu da escuridão da floresta e veio em minha direção. Os convidados entraram em pânico, pois sabiam que a criatura era um deles. Alguns até mostraram seus caninos afiados, mas ninguém se aproximou.
Mostrando os dentes afiados, o lobo me agarrou e saiu em disparada à floresta. O impacto foi muito forte e eu comecei a perder os sentidos.
- Não! – gritou Rodolf.
- Selena, minha filha! – Disse minha mãe aos prantos.
A escuridão ia tomando conta de minha visão. Estava muito feliz, não teria mais de me casar com um vampiro que mal conheço nem seguir as ordens rígidas de meus pais. Passei a mão no rosto do meu salvador, sentindo os seus pelos roçando na minha pele.
- Obrigada, Justin. – foi a única coisa que disse antes de desmaiar.
***
1 ano antes...
Acordei com ainda mais vontade de dormir, levantei preguiçosamente da cama e puis qualquer roupa que vi no armário. Desci, fui até a cozinha, a mesa estava recheada de comidas que amo, sentei ao lado de meu pai que estava lendo o jornal.
- Oi, filhota! – disse dobrando os papéis.
- Oi, pai. – sorri.
- Tenho uma novidade...
- Diga! – disse entusiasmada.
- Eu e sua mãe contaremos quando você voltar do colégio, ok?
- Tá bom – disse comendo um pedaço de bolo de chocolate.
Terminei o café, me despedi de meus pais e fui para o colégio.
A minha vida não é igual a das outras garotas por aqui, eu só finjo ser. E às vezes eu desejo muito não ser uma vampira... Fui transformada há muitas décadas atrás com apenas dezoito anos. Tenho apenas uma amiga, a Demi, ela é uma bruxa. Eu uso um colar de esmeralda, ele é especial, porque permite que eu possa caminhar sob o sol e foi assim que Demi descobriu que eu sou vampira.
Cheguei rapidamente ao colégio e me encontrei com Demi perto de nossos armários.
- Oi, Demi!
- Oi Sel! – ela me abraçou – Aprendi uns feitiços novos! Ah, temos alunos novos...
- Hum... Carne fresca! – rimos.
Vi um garoto que não tinha conhecido, devia ser um dos alunos novos, ele passou por mim sem olhar para os lados, fiquei olhando para ele e o garoto parou em frente ao seu armário. Demi estava me cutucando.
- Selena, - ela cantarolou – acorda!
- Que foi?
- Eu disse: vamos!
- A minha aula é de biologia agora e a sua? – perguntei.
- Física... Boa aula!
- Pra você também!
Fui para a sala de biologia, me sentei em uma das mesas vagas. A aula passou devagar...
***
O sinal tocou e todos saíram da sala, parei na porta vendo os alunos passarem e avistei Demi no meio do mundaréu de gente.
- Demi! – acenei.
- Tenho novidades! – Disse vindo ao meu lado.
- Diga-me – ri.
- Um dos garotos novos se chama Justin, ele veio da Inglaterra. Me sentei na frente dele na aula de física e... Ele é tão romântico!
- Romântico? – Ri da cara de apaixonada da Demi.
- Sim, deixei minha caneta cair ele pegou pra mim, não é romântico?!
- Muito! – continuei a rir.
Por cima do ombro de Demi, o avistei. Justin... Ficamos trocando olhares.
- To sabendo, Selena. Já tá dando em cima do Justin, hein – ela riu.
- Nada a ver! – Tenho certeza que fiquei corada.
Fui correndo para o meu armário pra sair daquela conversa e Demi veio atrás de mim. Eu olhei pra trás para ver onde Demi estava e acabei esbarrando/trombando com o Justin.
- Me desculpe – disse ele, se agachou e pegou meus cadernos.
- Ah, tudo bem, sou muito desastrada, sabe... - me agachei também e nossas mãos se tocaram por um instante. Foi como se as outras pessoas tivessem ficado a segundo plano, como faíscas estivessem saindo de nós dois. Senti uma sensação estranha, como se dois mundos estivessem prestes a se colidir.
Nos levantamos, Justin entregou meus cadernos e se desculpou novamente, peguei-os rapidamente e saí voando para a sala. Demi já estava lá e guardou um lugar ao seu lado para mim.
- Só toma cuidado pra não assustar o cara – Demi riu. – Ele é muito bonitinho!
- Tá, tá... – eu ri e me virei para frente, pois a aula estava começando.
***
As aulas não tinham nada de interessante, talvez porque eu já saiba a matéria de trás pra frente... O sinal bateu e sai correndo da sala. Finalmente, lanche! Já comentei que eu amo comer? Me sentei em uma das mesas circulares do refeitório e Demi se sentou ao meu lado.
- Nossa... – disse Demi, olhando para as cadeiras vazias que nos faziam companhia. – Precisamos de mais amigos.
- Pra mim tá bom assim. E ainda: eu sou uma vampira! – olhei ao redor para me certificar que ninguém ouviu – Todo mundo vai acabar sabendo e eu não quero isso, ok?
- Sei lá... – Demi revirou os olhos – Estamos muito sozinhas aqui.
- Ah, depois a gente resolve isso. Vou pegar meu lanche e você?
- Pega pra mim?
- Você é preguiçosa demais!
Ela fez cara de cachorrinho sem dono e eu não resisti.
- Tá bom eu vou!
- Eba!
- O que você vai querer?
- Qualquer coisa, agora vai logo que a fila tá aumentando e eu to com fome! – Demi me empurrou em direção à cantina.
-Tá, já to indo.
Demi me deu dinheiro e eu entrei na fila. Fiquei cantando mentalmente uma de minhas músicas favoritas até reparar que o tal de Justin estava atrás de mim. Decidi puxar assunto.
- Ah, oi, você se lembra de mim, né? A gente se esbarrou hoje, lembra?
- Lembro, sim! Qual seu nome, linda? – ele sorriu.
- Selena... Selena Marie Stevenson.
- Belo nome, eu sou Justin, Justin .
Eu já era a próxima da fila, pedi dois pacotes de Doritos e um refrigerante. Paguei e sai da fila.
- Até mais, Justin – disse indo em direção à mesa onde Demi já estava roxa de fome.
- Espera aí - Justin me chamou.
- O que foi?
- Senta com a gente? – Perguntou apontando para uma mesa com um monte de gente conversando.
- Mas a minha amiga tá me esperando e...
- Chama ela, ué – ele disse como se fosse óbvio.
- Beleza.
Fui até a mesa, ainda segurando os salgadinhos e o refrigerante e puxei a Demi.
- Eita, Sel – ela disse rindo.
- Vem, nós vamos sentar com o Justin.
- Já tá dando em cima dele de novo, Sel? Tá safadenha, hein.
- Toma seu Doritos – joguei o pacote pra ela – E por causa desse comentário eu vou ficar com o seu troco!
- Além de safadenha, está malvadenha, senhorita Marie – Ela simplesmente não parava de rir.
Nos sentamos na mesa, Demi do meu lado e Justin a minha frente. Estava um silêncio mortal, olhei para a Demi. Ela encarava Justin apavorada.
- Selena, tenho que falar com você... Em particular! – Ela me puxou para fora da mesa e saímos de perto da mesa.
- O que foi? – perguntei.
- Selena, eu acho que... o Justin... eu acho que ele é... um...
- Desembucha, garota!
- Eu acho que ele é um lobisomen!
- Você acha ou tem certeza?
- Ainda não sei...
- E por que você acha isso então?
- Tive uma visão... Ele estava em uma floresta escura, aguardando alguma coisa, escondido em um arbusto, estava faminto. Mas ele estava diferente, o físico dele era peludo e depois disso... Eu o vi matando alguém.
- Isso não pode ser verdade.
- Bom, pode ter alguma coisa errada porque sou novata nisso...
- Mas, por via das dúvidas, é melhor eu ficar longe do Justin – abaixei a cabeça.
- Por quê?
- Você sabe, vampiros e lobisomens não se dão bem, mas acredito nisso não! E se eu ficar perto dele ou sei lá... Minha família vai achar que vou estar em perigo.
- Mas seus pais sabem que ele é um lobisomen?
- Não, né!
- E eles não precisam saber...
- Ótima ideia, Demi!
- Vocês já estão tão apaixonadinhos, né Sel? – ela riu.
- A gente nem se conhece direito!
- Amor à primeira vista então! – rimos.
- Vamos voltar para mesa porque já demoramos demais.
Eu e Demi voltamos para a mesa e desta vez o papo ficou ativo e isso era bom.
***
As aulas passaram bem mais devagar, mas há pouco o sinal havia tocado. Fui até o portão e Justin veio em minha direção.
- Oi, Sel
- Ah, oi Justin.
- Quer ir a sorveteria comigo?
- Ah, eu não sei – disse – Já estava indo para a minha casa...
- Ah, vai Sel... Por favor!
- Ok, Justin, mas você tem que me dar uma carona até a minha casa então.
- Claro! Seria uma honra levar uma garota linda em casa – Aquele sotaque britânico dele era maravilhoso.
- Claro que seria – joguei meus cabelos para trás e rimos da minha brincadeira.
Entramos no carro e fomos até a sorveteria conversando.
- Então – disse Justin entrando na sorveteria -, faz tempo que você está na escola?
- Sim, faz muuuuuuito tempo – disse rindo – Em que escola você estudava antes?
- Eu estudava em uma escola na Inglaterra – disse pegando os sorvetes.
- Ah, eu adoro a Inglaterra! Já fui pra lá uma vez, mas já deve ter mudado – disse rindo e lembrando do tempo que eu passei na Inglaterra, realmente faz um bom tempo.
Não sei por que, mas Justin não estranhou meu comentário, apenas riu comigo. Estou começando a desconfiar que o Justin é um lobisomen mesmo... Ah, sei lá!
Nós conversamos sobre coisas bestas e um pouco mais de meia hora depois decidimos ir embora. Justin me deu uma carona até em casa.
- Nossa que casa grande! – Disse apavorado com o tamanho da casa. Realmente, a casa era muito grande.
- É, pois é – disse meio sem graça – Agora é melhor eu correr senão meu pai me mata!
- ok, ok – Justin saiu do carro e abriu a porta para mim.
Trocamos olhares enquanto saia do carro.
- Tchau, Justin – sorri.
- Tchau, Selena – ele também sorriu – a gente se vê.
Ele entrou no carro e eu corri para dentro de casa. Entrei em meu quarto o mais depressa possível. Eu precisava ligar urgentemente para Demi! Peguei o celular e digitei o número, rapidamente ela atendeu.
- Alô?
- Oi, Demi! Sou eu!
- Eu quem?
- Sou eu, Selena Marie Stevenson, uma garota vampira que tem uma melhor amiga bruxa! – falei rindo.
- Ah, oi Sel!
- Processo lento, hein Demi? – rimos.
- Então, por que a senhorita me ligou? – ela riu.
- Fui à sorveteria com o Justin e...
- OMG! Me conta tudo! – ela disse, me interrompendo. Percebeu que eu sou sempre interrompida?
- Ele é tão doce, gentil e educado...
- Você tá gostando dele, Selenaaaa!
- Como já disse, eu nem o conheço direito – falei.
- E como eu já disse, é paixão à primeira vista!
- Mas e se ele for um lobisomen mesmo? – disse me revirando na cama.
- Os opostos se atraem, amiga! – rimos.
Escutei meu pai me chamar.
- Demi, tenho que desligar, tchau!
- Tchau, Sel!
Desci as escadas e meus pais estavam sentados no sofá gigante na sala. Me sentei no sofá da frente.
- O que vocês queriam me falar? – perguntei animada. Na minha cabeça se passavam várias possibilidades: carro novo, viagem pra Disney, cachorrinho...
- Filha, você já está uma moça bem grande, linda, esperta e nós estamos muito orgulhosos de você – disse meu pai.
- Pai, vai direto ao ponto, por favor?
- E você sabe que nós somos uma família tradicional de vampiros e o nosso sonho é fazer parte da elite de vampiros, mas para isso...
Já comecei a ficar vermelha de raiva, já conheço esse discurso do meu pai. Me levantei.
- Pai, esse é o SEU sonho! – falei alto.
Meu pai fingiu que não me ouviu e continuou a falar.
- E quando se formar, você se casará com o Rodolf!
Meus pais estavam radiantes, não sei por que, já que esse tal de Rodolf Van Evil tinha cara de era fresco e esnobe. Ele era extremamente rico e fazia parte da elite. Ee eu me casasse com ele, minha família também seria da elite. Mas eu não quero isso. NÃO, NÃO, NÃO!
- Eu? O QUE?! – Lágrimas beiravam meus olhos.
- Minha filha, se acalme – disse minha mãe, ela colocou os braços ao meu redor e nos sentamos novamente no sofá.
- Como me acalmar, mãe?! Esse sonho é seu e do papai!
Soltei-me dela e saí correndo o mais rápido possível. Meus pais chamavam por mim, mas eu apenas os ignorei e corri mais ainda. Fui para a floresta que fica logo depois do nosso jardim. Sempre venho aqui quando quero pensar, ficar sozinha ou apenas admirar as belas estrelas à noite. Me sentei debaixo de uma árvore.
- Acho que o
- Rodolf Van Evil, você aceita se casar com Selena Marie Stevenson? – Sir Louis, o juiz, disse com sua velha e pausada.
- Claro que aceito! – disse Rodolf com um sorriso falso.
O dia estava calmo, alguns raios de sol passavam pelas copas das árvores do meu jardim. Meu noivo me encarava, mas sei que tudo o que via era o quão rico iria ficar a partir de hoje.
Sim, estou me casando, no jardim gigantesco da casa dos meus pais com toda a minha família rude reunida. Esse é o pior dia da minha vida!
- Muito bem – continuou o juiz -, Selena Marie Stevenson, você aceita se casar com Rodolf Van Evil?
Minhas mãos estavam suando, eu realmente não queria estar aqui. Não queria ser de uma família tradicional de vampiros. Festas, jantares, casamentos arranjados... Todos estavam me encarando, esperando pela resposta. Meu pai estava com um olhar de reprovação, minha mãe tentava me dizer alguma coisa, acho que era para eu falar logo. Na verdade, o que eu queria era gritar e correr para a floresta.
- Selena... Selena! – o juiz me tirou de meus pensamentos.
- Vamos logo – murmurou Rodolf.
Comecei a passar mal de verdade. Não sei se era o nervosismo ou o vinho que eu tinha tomado agora a pouco.
- Ah... – Eu não posso me casar. Não com esse cara feio! Revirei os olhos. – Bem, eu...
Antes que eu pudesse fazer qualquer coisa, houve uma movimentação nos arbustos próximo ao palanque onde estávamos. De repente uma criatura amedrontadora de pelagem clara, um tipo de lobo enorme, surgiu da escuridão da floresta e veio em minha direção. Os convidados entraram em pânico, pois sabiam que a criatura era um deles. Alguns até mostraram seus caninos afiados, mas ninguém se aproximou.
Mostrando os dentes afiados, o lobo me agarrou e saiu em disparada à floresta. O impacto foi muito forte e eu comecei a perder os sentidos.
- Não! – gritou Rodolf.
- Selena, minha filha! – Disse minha mãe aos prantos.
A escuridão ia tomando conta de minha visão. Estava muito feliz, não teria mais de me casar com um vampiro que mal conheço nem seguir as ordens rígidas de meus pais. Passei a mão no rosto do meu salvador, sentindo os seus pelos roçando na minha pele.
- Obrigada, Justin. – foi a única coisa que disse antes de desmaiar.
***
1 ano antes...
Acordei com ainda mais vontade de dormir, levantei preguiçosamente da cama e puis qualquer roupa que vi no armário. Desci, fui até a cozinha, a mesa estava recheada de comidas que amo, sentei ao lado de meu pai que estava lendo o jornal.
- Oi, filhota! – disse dobrando os papéis.
- Oi, pai. – sorri.
- Tenho uma novidade...
- Diga! – disse entusiasmada.
- Eu e sua mãe contaremos quando você voltar do colégio, ok?
- Tá bom – disse comendo um pedaço de bolo de chocolate.
Terminei o café, me despedi de meus pais e fui para o colégio.
A minha vida não é igual a das outras garotas por aqui, eu só finjo ser. E às vezes eu desejo muito não ser uma vampira... Fui transformada há muitas décadas atrás com apenas dezoito anos. Tenho apenas uma amiga, a Demi, ela é uma bruxa. Eu uso um colar de esmeralda, ele é especial, porque permite que eu possa caminhar sob o sol e foi assim que Demi descobriu que eu sou vampira.
Cheguei rapidamente ao colégio e me encontrei com Demi perto de nossos armários.
- Oi, Demi!
- Oi Sel! – ela me abraçou – Aprendi uns feitiços novos! Ah, temos alunos novos...
- Hum... Carne fresca! – rimos.
Vi um garoto que não tinha conhecido, devia ser um dos alunos novos, ele passou por mim sem olhar para os lados, fiquei olhando para ele e o garoto parou em frente ao seu armário. Demi estava me cutucando.
- Selena, - ela cantarolou – acorda!
- Que foi?
- Eu disse: vamos!
- A minha aula é de biologia agora e a sua? – perguntei.
- Física... Boa aula!
- Pra você também!
Fui para a sala de biologia, me sentei em uma das mesas vagas. A aula passou devagar...
***
O sinal tocou e todos saíram da sala, parei na porta vendo os alunos passarem e avistei Demi no meio do mundaréu de gente.
- Demi! – acenei.
- Tenho novidades! – Disse vindo ao meu lado.
- Diga-me – ri.
- Um dos garotos novos se chama Justin, ele veio da Inglaterra. Me sentei na frente dele na aula de física e... Ele é tão romântico!
- Romântico? – Ri da cara de apaixonada da Demi.
- Sim, deixei minha caneta cair ele pegou pra mim, não é romântico?!
- Muito! – continuei a rir.
Por cima do ombro de Demi, o avistei. Justin... Ficamos trocando olhares.
- To sabendo, Selena. Já tá dando em cima do Justin, hein – ela riu.
- Nada a ver! – Tenho certeza que fiquei corada.
Fui correndo para o meu armário pra sair daquela conversa e Demi veio atrás de mim. Eu olhei pra trás para ver onde Demi estava e acabei esbarrando/trombando com o Justin.
- Me desculpe – disse ele, se agachou e pegou meus cadernos.
- Ah, tudo bem, sou muito desastrada, sabe... - me agachei também e nossas mãos se tocaram por um instante. Foi como se as outras pessoas tivessem ficado a segundo plano, como faíscas estivessem saindo de nós dois. Senti uma sensação estranha, como se dois mundos estivessem prestes a se colidir.
Nos levantamos, Justin entregou meus cadernos e se desculpou novamente, peguei-os rapidamente e saí voando para a sala. Demi já estava lá e guardou um lugar ao seu lado para mim.
- Só toma cuidado pra não assustar o cara – Demi riu. – Ele é muito bonitinho!
- Tá, tá... – eu ri e me virei para frente, pois a aula estava começando.
***
As aulas não tinham nada de interessante, talvez porque eu já saiba a matéria de trás pra frente... O sinal bateu e sai correndo da sala. Finalmente, lanche! Já comentei que eu amo comer? Me sentei em uma das mesas circulares do refeitório e Demi se sentou ao meu lado.
- Nossa... – disse Demi, olhando para as cadeiras vazias que nos faziam companhia. – Precisamos de mais amigos.
- Pra mim tá bom assim. E ainda: eu sou uma vampira! – olhei ao redor para me certificar que ninguém ouviu – Todo mundo vai acabar sabendo e eu não quero isso, ok?
- Sei lá... – Demi revirou os olhos – Estamos muito sozinhas aqui.
- Ah, depois a gente resolve isso. Vou pegar meu lanche e você?
- Pega pra mim?
- Você é preguiçosa demais!
Ela fez cara de cachorrinho sem dono e eu não resisti.
- Tá bom eu vou!
- Eba!
- O que você vai querer?
- Qualquer coisa, agora vai logo que a fila tá aumentando e eu to com fome! – Demi me empurrou em direção à cantina.
-Tá, já to indo.
Demi me deu dinheiro e eu entrei na fila. Fiquei cantando mentalmente uma de minhas músicas favoritas até reparar que o tal de Justin estava atrás de mim. Decidi puxar assunto.
- Ah, oi, você se lembra de mim, né? A gente se esbarrou hoje, lembra?
- Lembro, sim! Qual seu nome, linda? – ele sorriu.
- Selena... Selena Marie Stevenson.
- Belo nome, eu sou Justin, Justin .
Eu já era a próxima da fila, pedi dois pacotes de Doritos e um refrigerante. Paguei e sai da fila.
- Até mais, Justin – disse indo em direção à mesa onde Demi já estava roxa de fome.
- Espera aí - Justin me chamou.
- O que foi?
- Senta com a gente? – Perguntou apontando para uma mesa com um monte de gente conversando.
- Mas a minha amiga tá me esperando e...
- Chama ela, ué – ele disse como se fosse óbvio.
- Beleza.
Fui até a mesa, ainda segurando os salgadinhos e o refrigerante e puxei a Demi.
- Eita, Sel – ela disse rindo.
- Vem, nós vamos sentar com o Justin.
- Já tá dando em cima dele de novo, Sel? Tá safadenha, hein.
- Toma seu Doritos – joguei o pacote pra ela – E por causa desse comentário eu vou ficar com o seu troco!
- Além de safadenha, está malvadenha, senhorita Marie – Ela simplesmente não parava de rir.
Nos sentamos na mesa, Demi do meu lado e Justin a minha frente. Estava um silêncio mortal, olhei para a Demi. Ela encarava Justin apavorada.
- Selena, tenho que falar com você... Em particular! – Ela me puxou para fora da mesa e saímos de perto da mesa.
- O que foi? – perguntei.
- Selena, eu acho que... o Justin... eu acho que ele é... um...
- Desembucha, garota!
- Eu acho que ele é um lobisomen!
- Você acha ou tem certeza?
- Ainda não sei...
- E por que você acha isso então?
- Tive uma visão... Ele estava em uma floresta escura, aguardando alguma coisa, escondido em um arbusto, estava faminto. Mas ele estava diferente, o físico dele era peludo e depois disso... Eu o vi matando alguém.
- Isso não pode ser verdade.
- Bom, pode ter alguma coisa errada porque sou novata nisso...
- Mas, por via das dúvidas, é melhor eu ficar longe do Justin – abaixei a cabeça.
- Por quê?
- Você sabe, vampiros e lobisomens não se dão bem, mas acredito nisso não! E se eu ficar perto dele ou sei lá... Minha família vai achar que vou estar em perigo.
- Mas seus pais sabem que ele é um lobisomen?
- Não, né!
- E eles não precisam saber...
- Ótima ideia, Demi!
- Vocês já estão tão apaixonadinhos, né Sel? – ela riu.
- A gente nem se conhece direito!
- Amor à primeira vista então! – rimos.
- Vamos voltar para mesa porque já demoramos demais.
Eu e Demi voltamos para a mesa e desta vez o papo ficou ativo e isso era bom.
***
As aulas passaram bem mais devagar, mas há pouco o sinal havia tocado. Fui até o portão e Justin veio em minha direção.
- Oi, Sel
- Ah, oi Justin.
- Quer ir a sorveteria comigo?
- Ah, eu não sei – disse – Já estava indo para a minha casa...
- Ah, vai Sel... Por favor!
- Ok, Justin, mas você tem que me dar uma carona até a minha casa então.
- Claro! Seria uma honra levar uma garota linda em casa – Aquele sotaque britânico dele era maravilhoso.
- Claro que seria – joguei meus cabelos para trás e rimos da minha brincadeira.
Entramos no carro e fomos até a sorveteria conversando.
- Então – disse Justin entrando na sorveteria -, faz tempo que você está na escola?
- Sim, faz muuuuuuito tempo – disse rindo – Em que escola você estudava antes?
- Eu estudava em uma escola na Inglaterra – disse pegando os sorvetes.
- Ah, eu adoro a Inglaterra! Já fui pra lá uma vez, mas já deve ter mudado – disse rindo e lembrando do tempo que eu passei na Inglaterra, realmente faz um bom tempo.
Não sei por que, mas Justin não estranhou meu comentário, apenas riu comigo. Estou começando a desconfiar que o Justin é um lobisomen mesmo... Ah, sei lá!
Nós conversamos sobre coisas bestas e um pouco mais de meia hora depois decidimos ir embora. Justin me deu uma carona até em casa.
- Nossa que casa grande! – Disse apavorado com o tamanho da casa. Realmente, a casa era muito grande.
- É, pois é – disse meio sem graça – Agora é melhor eu correr senão meu pai me mata!
- ok, ok – Justin saiu do carro e abriu a porta para mim.
Trocamos olhares enquanto saia do carro.
- Tchau, Justin – sorri.
- Tchau, Selena – ele também sorriu – a gente se vê.
Ele entrou no carro e eu corri para dentro de casa. Entrei em meu quarto o mais depressa possível. Eu precisava ligar urgentemente para Demi! Peguei o celular e digitei o número, rapidamente ela atendeu.
- Alô?
- Oi, Demi! Sou eu!
- Eu quem?
- Sou eu, Selena Marie Stevenson, uma garota vampira que tem uma melhor amiga bruxa! – falei rindo.
- Ah, oi Sel!
- Processo lento, hein Demi? – rimos.
- Então, por que a senhorita me ligou? – ela riu.
- Fui à sorveteria com o Justin e...
- OMG! Me conta tudo! – ela disse, me interrompendo. Percebeu que eu sou sempre interrompida?
- Ele é tão doce, gentil e educado...
- Você tá gostando dele, Selenaaaa!
- Como já disse, eu nem o conheço direito – falei.
- E como eu já disse, é paixão à primeira vista!
- Mas e se ele for um lobisomen mesmo? – disse me revirando na cama.
- Os opostos se atraem, amiga! – rimos.
Escutei meu pai me chamar.
- Demi, tenho que desligar, tchau!
- Tchau, Sel!
Desci as escadas e meus pais estavam sentados no sofá gigante na sala. Me sentei no sofá da frente.
- O que vocês queriam me falar? – perguntei animada. Na minha cabeça se passavam várias possibilidades: carro novo, viagem pra Disney, cachorrinho...
- Filha, você já está uma moça bem grande, linda, esperta e nós estamos muito orgulhosos de você – disse meu pai.
- Pai, vai direto ao ponto, por favor?
- E você sabe que nós somos uma família tradicional de vampiros e o nosso sonho é fazer parte da elite de vampiros, mas para isso...
Já comecei a ficar vermelha de raiva, já conheço esse discurso do meu pai. Me levantei.
- Pai, esse é o SEU sonho! – falei alto.
Meu pai fingiu que não me ouviu e continuou a falar.
- E quando se formar, você se casará com o Rodolf!
Meus pais estavam radiantes, não sei por que, já que esse tal de Rodolf Van Evil tinha cara de era fresco e esnobe. Ele era extremamente rico e fazia parte da elite. Ee eu me casasse com ele, minha família também seria da elite. Mas eu não quero isso. NÃO, NÃO, NÃO!
- Eu? O QUE?! – Lágrimas beiravam meus olhos.
- Minha filha, se acalme – disse minha mãe, ela colocou os braços ao meu redor e nos sentamos novamente no sofá.
- Como me acalmar, mãe?! Esse sonho é seu e do papai!
Soltei-me dela e saí correndo o mais rápido possível. Meus pais chamavam por mim, mas eu apenas os ignorei e corri mais ainda. Fui para a floresta que fica logo depois do nosso jardim. Sempre venho aqui quando quero pensar, ficar sozinha ou apenas admirar as belas estrelas à noite. Me sentei debaixo de uma árvore.
- Acho que o Rodolf é tão feio que dói – falei rindo comigo mesma.
As lágrimas quentes escorriam pelo meu rosto. Observei a lua cheia. Fiquei encantada com o seu brilho. Me levantei, bati na calça para tirar alguma possível sujeira. Eu não posso ficar choramingando por aí. Preciso tomar uma atitude.
Ouvi algo vindo da direção das árvores a minha frente, me assustei na hora que vi quem era aquela pessoa.
Rodolf é tão feio que dói – falei rindo comigo mesma.
As lágrimas quentes escorriam pelo meu rosto. Observei a lua cheia. Fiquei encantada com o seu brilho. Me levantei, bati na calça para tirar alguma possível sujeira. Eu não posso ficar choramingando por aí. Preciso tomar uma atitude.
Ouvi algo vindo da direção das árvores a minha frente, me assustei na hora que vi quem era aquela pessoa.