Rosae vermillus - O clã das rosas vermelhas

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    Capítulos:

    Capítulo 2

    Res adversae: infortúnio.

    Violência

    Peguei minhas coisas, fui ver o professor Marcos. Era meu professor de filosofia e história, tinha de vê-lo antes de sair da escola. O professor de quem mais gostava, talvez o único com o qual me importasse na verdade. Queria me despedir, e perguntar algumas coisas. Assustei me ao chegar em sua sala, pois segurava na mão uma rosa vermelha de modo tão profundo, como se fosse falar com ela. Aproximei me da mesa dele e já ia me anunciar quando me interrompeu sem ao menos ter olhado para mim.

    - Diga Leandro, meu aluno mais aplicado! - disse ele virando-se para mim, talvez já soubesse antes de olhar que era eu, ou aquilo teria sido um belo palpite. Fiquei surpreso.

    - Olá professor Marcos. Vim me despedir e dizer que vou ler sobre os assuntos que pediu, mas precisarei de uma mãozinha com Karl Marx... Vou ter tempo de sobra para ler à respeito mas queria saber se o senhor não poderia me emprestar aquele livro que havia comentado...

    - É claro meu jovem! Aqui está. - disse ele me entregando o livro, e antes de apanhá-lo, toquei de leve e sem querer nos dedos de Marcos. Estavam tão frios que pensei até em lhe perguntar se estaria doente, mas o sorriso que este me devolvia era tão amável que deixei pra lá, provavelmente eu estava imaginando coisas. - tempo de sobra você disse, heim? Lembre-se do que Karl Marx dizia; '' o tempo é o campo do desenvolvimento humano''. Boas férias rapaz!

    - Obrigado professor! - disse a ele pouco antes de sair de lá. Era um ótimo professor e ser humano, e por trás daquelas lentes retangulares haviam olhos puros e pacíficos. Não conhecia ninguém assim além de Rose, talvez por isso gostasse tanto dele. Trazia-me paz olhar para ele, embora às vezes notasse algo de tristonho naqueles olhos azuis de Marcos.

    Assim que deixei a escola, Tiago me encontrou e veio correndo em minha direção. Não era bem quem eu queria ver naquele momento, já que ele só vinha até mim para falar de Rose. Deu um tapinha em minhas costas e começou a me acompanhar.

    - E ai, preparado para me dar apoio nessas férias? Somos só nós dois agora amigão! - disse ele, sorrindo para mim como se eu ficasse satisfeito por isso, como se sua ausência em nossa amizade pudesse ser preenchida nas férias já que Rose não iria estar entre nós. O fato é que ele precisaria mais de mim do que eu dele, enquanto Rose não voltasse. Mas tudo bem, afinal eu o considerava meu melhor amigo apesar de todo aquele dilema.

    - Vamos estudar e melhorar essas nossas notas Tiago, é o que vamos fazer... - disse logo. Ele deu um sorriso torto, mas não descordou. Depois me cutucou com o braço, avisando que tinha alguém vindo falar com a gente. Olhei, era a Fernanda. Uma garota que Tiago jurava de pé junto que devia ter uma queda por mim. Era bonita, morena e baixa. Aprendi a não confiar nas intuições de Tiago muito cedo, mas também desconfiava que houvesse algo diferente no olhar de Fernada.

    - Oi meninos!- disse ela, demorando muito mais o olhar em mim.

    - Oi Nanda! - disse a ela, Tiago apenas acenou e sorriu de modo cúmplice. - Vai viajar nas férias ou vai ficar aqui em São paulo também? - perguntei, e ao ouvir isso ela pareceu ficar feliz. Talvez por saber que eu não sairia da cidade. As vezes ela me ligava, talvez quisesse se encontrar comigo nas férias.

    - Vou ficar por aqui mesmo... - disse me logo, depois começou a caminhar com a gente. - Vocês vão a festa da Luana? O aniversário dela é hoje... Todo mundo vai.

    Olhei para Tiago e ele parecia não saber de nada também.

    - Nós somos, hum... Meio que...Sempre excluídos desse tipo de evento sabe? Mas não ligamos muito ? disse a ela, e vi um sorriso se desenhar em seus labios carnudos - Você vai?

    - Ah! Bom, eu ainda não sei... - disse ela, então saquei logo que estava querendo companhia para a festa. Mentira, só entendi mesmo depois que Tiago me cutucou outra vez no braço sem ela perceber. Sempre fui meio lento.

    No final das contas, mesmo sabendo que Tiago me encheria o saco, eu não continuei aquele assunto, e caminhamos quietos até que cada um seguiu seu caminho.

    Mais tarde, Tiago ligou, dizendo que Rose iria a festa, e me perguntou se tinha sido boa idéia tê-la deixado ir sozinha, já que ele próprio tinha sido chamado pelo pai para ajudar na mercearia aquela noite, o negócio da família, pois um rapaz tinha se demitido. Deixar Rose ir claramente o incomodava. Porém, não deixá-la ir teria sido algo muito chato no segundo mês de namoro. Rose já havia discutido com ele antes à respeito de seu ciúmes.

    Então eu disse a ele para não se preocupar, que Rose era esperta e responsável, mas mesmo assim ele me pediu para ir a festa, só para garantir. Sugeriu que eu convidasse a Nanda, então desliguei o telefone, meio irritado. Será que ele realmente nunca percebia o que eu sentia pela Rose? A tarde virou noite, Tiago não ligou mais. Devia estar trabalhando, e Rose na festa. É claro que eu não iria a festa apenas para espionar Rose, mas também me preocupava com ela. Tentei relaxar, li dois capítulos de um livro até que finalmente adormeci.

    Já era de madrugada quando o celular vibrou debaixo de meu travesseiro. Com os olhos ardendo frente à luz do celular, vi que era Tiago ligando outra vez, fiquei irritado com aquilo, mas atendi mesmo assim.

    - Cara! Me ajuda, por favor! A Rose sumiu!

    Editado e Postado por Mal_com_U

    Notas do Revisor: Fiz apenas algumas alterações nos parágrafos de narração. Procurei não tocar nos diálogos. Caso haja algum trecho que ficou com sentido diferente do qual pretendia, por favor, avise-me.

    PS -> Cara, vc escreve muito bem, praticamente nao tive muito trabalho para revisar o seu texto, continue com um bom trabalho.


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