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    Capítulos:

    Capítulo 5

    Conversa com Kanade

    Homossexualidade, Spoiler

    —Gomenasai, não vai mais acontecer. — Bom, não adiantava reclamar. Ia ser um longo dia e eu não poderia me dar ao luxo de ficar irritada bem no começo da manhã que eu comecei a acreditar que as coisas se encaixariam.

    Depois de sentar na carteira, voltei a mergulhar no meu mar de pensamentos que estava agitado por conta dos novos planos que eu teria que fazer. Yui está no hospital, Yuri é amiga dela e o tal de Hinata que eu não lembro muito bem quem é. Kanade parecia saber do que eu queria falar, mas minha conversa com ela ainda não havia acabado, eu quero esclarecer tudo e tentar começar a procurar Iwasawa o mais rápido possível.

    Lamentavelmente eu nunca curti as pequenas pistas, sei que elas são importantes nesse imenso quebra-cabeça que terei de montar nesses próximos dias, ou meses, anos... Sabe-se lá quando acharei ela... Não posso me desmotivar, mas eu ficava um pouco deprimida por pensar na possibilidade de que poderia demorar muito tempo para poder encontrá-la.

    Mas passar essa vida correndo atrás dessa causa valia muito mais a pena do que a vida que eu tive antes de conhecê-la, ah Iwasawa... Como você pode ser tão perfeita e importante pra mim a ponto de eu pensar que posso passar a vida inteira te procurando? Eu correria atrás de você por mil vidas se precisasse. Você vale muito, não só pra mim, mas para a humanidade que só saberá disso se você voltar a formar uma banda... Por que você ao vem comigo? Onde você está?

    O pior agora eram aquelas aulas chatas de matemática. Parecia infinito o tempo e a professora parecia um robô que a pilha nunca acabava, aquelas equações acabam com meus neurônios que só serviam para traças linhas, partituras e acordes.

    Resumindo, era impossível me concentrar naquilo e eu peguei aquelas tablaturas novamente para poder me acalmar. De algum modo isso me acalmava e melhorava meu humor, poderia ficar treinando aquela música por horas... Eu estava muito ansiosa para tocar minha guitarra novamente depois desse tempo. Sentir a música novamente seria mágico...

    Depois de uma aula quase interminável de história, o sinal tocou e eu fui logo atrás de Kanade para entender o paradeiro do que ela poderia lembrar sobre o que aconteceu naqueles dias em que eu não estava viva. Após uma corrida básica pelos corredores do terceiro andar, acabei encontrando-a sozinha no terraço do prédio com uma tigela de mapo tofu, como sempre.

    — Tachibana-san! Eu estava te procurando faz um tempo...

    — Hisako-san, precisa de alguma coisa? – Sentei-me ao lado dela, suspirando baixo ao ver que teríamos uma longa conversa.

    — Sim, eu queria terminar aquela conversa de ontem...

    — Sobre a Masami-san? Não se preocupe, eu não desejei nenhum mal a ela como todos pensavam. – Abri um sorriso, lembrando-me do momento. É claro que não era culpa dela, afinal, Iwasawa aceitou a própria condição de vida.

    — Eu sei que não... Ela mesma quis... Acho que só julgamos você, isso foi ingenuidade, mas está tudo bem agora... Não é? – Ela me olhou calmamente.

    — Sobre isso, sim... Mas, dá para ver que você não está bem... Você quer mesmo encontrá-la, certo? – Ela disse quase sussurrando, Kanade era uma garota de poucas palavras, até quando ela resolvia dizer frases grandes, sua voz não era alta.

    — Sim... Você pode me dizer o que fazer? Onde ela pode estar?

    — Infelizmente não sei onde ela se encontra agora... Talvez, ela tenha permanecido no local aonde morreu, mas isso é só uma suposição...

    — É, eu comentei com uma amiga da banda que eu acabei encontrando ontem...

    — Quem? – Ela me olhou mais atentamente.

    — A Yui-chan. – Respondi um pouco hesitante, a Tachibana ainda me dava um pouco de medo com aquele olhar de quem estava analisando.

    —Onde?

    — No hospital, ela estava na maca. Parece que ela vai continuar sem poder andar... Ela contou que Yuri a visita com frequência... E um garoto chamado Hinata.

    — Não se lembra deles lá? – Ela suspirou baixo.

    — Não... O que faziam? – Cocei a nuca, agora ela tinha me pegado. O que Yuri e Hinata faziam naquele lugar? Eu não lembrava tudo ainda.

    — Eles tinham uma brigada da Frente da Batalha Pós-Vida e tinham a mim como alvo, nós acabávamos sempre lutando porque vocês não aceitavam suas vidas e achavam que eu tinha alguma ligação com Deus.

    — E a banda era a distração... Eu lembro! – Nossa! Como eu me esqueci disso? Era tudo tão óbvio agora...

    —Sim, Yuri liderava a Frente da Batalha, Hinata era o melhor amigo dela. Então quer dizer que alguns se encontraram... – Ela sorriu, em todo esse tempo ela abriu um único sorriso. Isso me tranquilizou.

    — Você acha que podemos encontrar a Iwasawa por lá? No mesmo hospital? Ou você acha que ela deve ter ido embora? – Abaixei a cabeça, tentando imaginar como seria essa cena.

    — Se vocês eram realmente ligadas uma a outra, com certeza, se ela saiu sem sequelas... Pode estar por aí, procurando por você. – Essa frase me fez abrir um dos melhores sorrisos até agora.

    — Você acha mesmo? – Acho que uma lágrima estava descendo pela minha bochecha, eu não estava esperando isso...

    — Sim, eu passei esse tempo inteiro lá procurando a pessoa que me deu o meu coração... E eu o encontrei, o Yuzuru-kun está morando aqui na cidade.

    — Yuzuru?

    — Quem vocês chamavam por Otonashi... Não lembra? – Eu sorri, lembrei-me de uma frase que eu havia escutado pela porta quando vi que ele a chamou para uma conversa, no meio de um ensaio. Eu realmente senti ciúmes quando isso aconteceu... Não era comum alguém chamar Iwasawa para conversar, como ela dizia, ela não era do tipo de pessoa que conseguia lidar com outras pessoas. A única com quem ela sabia lidar, era comigo, e naquele dia, um cara que nem conhecíamos tirou uma conversa com ela. Tinha ideia de quanto o meu sangue ferveu? Não.

    “—Toma isso, garoto amnésia.”

    — Ah sim, o garoto amnésia... – Ria baixinho e ela sorriu de volta. – Vocês se veem sempre? – Percebi que ela corou um pouco com a pergunta.

    — Ele é meu namorado.

    — Oh, que coisa bonita. Felicidades! – Sorri calmamente, mas por dentro eu estava pulando de alegria, fogos de artifícios soltaram, explosões de felicidade surgiram dentro de mim. Agora o caminho estava livre, apesar de eu não acreditar que Iwasawa pudesse se apaixonar por ele, mas isso era uma pedra a menos? Isso soou como se eu fosse ambiciosa, perdão Otonashi-kun.

    — Obrigada... – Ela corou mais ainda e eu continuei sorrindo, acho que tudo ia se encaixar daqui em diante. – Enfim, eu realmente acho que se ela tinha um vínculo muito grande por você, ambas devem estar se procurando.

    — De nada, eu é quem agradeço, Tachibana-san.

    — Pode me chamar de Kanade, somos amigas agora. – Isso me passou mais confiança ainda, eu estava tão feliz que a abracei, algumas lágrimas desceram pelo meu rosto.

    — Kanade-san, muito obrigada mesmo... Agora que você abriu os meus olhos, me sinto mais confiante...

    — Pode contar comigo. – Ela me abraçou de volta, para a minha surpresa e eu enxuguei as lágrimas, talvez, tudo iria ficar bem o mais breve possível. Se Iwasawa estiver me procurando também... Meu coração até bate mais forte só de imaginar.


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