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    16
    Capítulos:

    Capítulo 5

    A energia de uma compositora

    Homossexualidade, Spoiler

    Esse capítulo tem alguns spoilers do mangá.

    Pensar nessas hipóteses só me deixou com mais esperanças, se Iwasawa havia morrido em uma maca de hospital, ela deveria ter acordado no mesmo lugar. Sabe-se lá se ela ainda deve estar lá, afinal, Yui sempre teve que lidar com o fato de não poder andar, já Iwasawa havia levado uma pancada na cabeça, de uma garrafa de cerveja quando num ato de bondade, ela tentou separar uma briga feia entre seus pais e não teve sucesso, na verdade, ela acabou saindo ferida... Tentando tirar uma hipótese, ela poderia seguir sua vida depois de recuperar a voz, os movimentos e o pensamento.

    Apesar de ser somente suposições, meu corpo já estava vibrando de ansiedade. Qual a possibilidade de encontrá-la assim em tão pouco tempo?

    — Yui, você tem razão... Mas, ela não tinha alguém, ela sempre foi solitária... Caso eu a encontre por aqui, como vou poder visitá-la?

    — Do mesmo jeito que você entrou aqui, sua boba.

    — É, pode ser útil... Bom, o problema é se ela ainda não estiver bem... Eu pretendo cuidar dela...

    — Até lá, podemos dar um jeito...

    — Se bem que você é bem útil às vezes. —Ri baixinho, zoando ela.

    — Ei! Não diga isso! —Yui reclamou, se alterando um pouco, como de costume.

    — Não pude perder a chance de te zoar, hehe... Enfim, já é arriscado vir dessa maneira assim, imagina quando eu for tentar te visitar mais vezes...

    — Tente convencer a Yuri de te trazer junto a ela, assim você terá permissão pra me ver quando quiser.

    — Pensando melhor, é mais acessível desta maneira... Já está ficando tarde, preciso voltar para a escola... —Já estava beirando a meia-noite, eu não poderia arriscar tanto apesar de Kanade e Yuri serem minhas amigas.

    — Senpai, venha me visitar assim que puder e também se souber de notícias sobre a Iwasawa-senpai.

    —Não se preocupe, Yui. Eu virei assim que eu puder.

    Após afagar os cabelos da garota na maca, voltei a pular a janela e perguntei antes de sair.

    — Posso ficar com as composições da Iwasawa? –Ela sorriu docemente e afirmou um “sim” com a cabeça.

    — Claro! Aposto que vai precisar delas.

    — Muito obrigada. Volto em breve! Ja ne! –Acenei e a vi fazer o mesmo, de um jeito mais frenético como sempre. Logo depois, fui me retirando com aquelas preciosas folhas na minha mão.

    Era incrível a energia que vinha daquelas composições, mal eu podia esperar para chegar ao dormitório para poder tentar dedilhar aquelas tablaturas na minha guitarra elétrica. Senti como se tivesse passado anos sem tocar, espero não ter perdido muita a prática. Ah, qual é... Foi aquela garota quem me ensinou a ser melhor, me empenhar mais... Não é possível que eu esteja dizendo, pensando nisso...

    Raciocina, Hisako! Agora você tem que subir de volta para o dormitório sem que ninguém te veja. Eu sempre fui uma garota bem atlética, então escalar aquela encanação grande foi moleza, sorte minha é que ficava perto da janela do meu quarto, então foi só abrir a e entrar lá dentro. Foi bem prático.

    Olhei em volta e tudo parecia estar em ordem, aparentemente ninguém me ouviu entrar. Aproveitei e acendi a luminária para poder estudar mais as tablaturas, pareciam tão bem escritas... Ela realmente caprichava escrevendo tudo, nos mínimos detalhes... Isso me trazia lembranças boas de quando nós compomos músicas juntas...

    Ela se empenhava tanto que um dia, quando escrevia, acabou ficando fraca fisicamente...

    – Flashback –

    “— Vamos fazer uma pausa. – Eu entreguei um refrigerante a ela quando cheguei à sala de música, pra ver como estavam indo as coisas.

    —Obrigada. –Ela pegou a garrafa e foi bebendo como se tivesse no deserto. De qualquer maneira, era bonita... Eu adorava ver aquelas veias na garganta dela, isso me fazia sentir um tanto... Quente... Tirando esses pensamentos indecentes, olhei as folhas sobre a mesa.

    — A música já deve estar quase pronta, não é?

    — Ah, as letras estão quase terminadas, você quer ouvir? – Afirmei com a cabeça, eu estava extremamente animada e ansiosa para apreciar aquele som outra vez. Mas uma música dela me fazia sentir ainda mais ansiosa, eu já a admirava mesmo em tão pouco tempo. – O nome é Crow Song.

    E eu sei que ela pegou a minha alma e meu coração em cada batida... Meu corpo vibrava em cada solo, em todos os graves dela... Acho que a sensação era como se a música viesse diretamente da guitarra, da voz e coração, diretamente para o meu.

    — Como foi? –Ela suspirou um tanto nervosa, as gotas de suor descendo pelo canto da testa eram bem visíveis.

    — Foi incrivelmente lindo! Muito obrigada, obrigada mesmo, apesar de tudo ter sido graças a você mesma. –Meu corpo ainda estava a vibrar e ressoar com aquela música, minhas pernas tremeram um pouco.

    —Você já foi tomando uma consideração por mim, me ensinou a usar o metrônomo. Você está sendo gentil demais... –Ela disse um tanto sem jeito, mas eu não fiz quase nada. Ensinei porque eu sei que ela realmente precisaria e foi tão fácil, ela pegava tudo com facilidade. Não era a toa que tinha aprendido a tocar violão, sozinha.

    —Eu fiz essas coisas todas porque suas músicas são muito boas, a menos que meus ouvidos estejam brincando comigo... –Lhe olhei preocupada, ela não parecia estar muito bem... –Você está um pouco pálida. Está doente?

    — Eu não tenho certeza, mas eu ficarei bem. –Suspirei baixo, acho que ela não parecia estar saudável, mas se ela diz, acreditei.

    —Então tudo bem. Como se sente? Não tem nada a ver com a proposta de formar uma banda comigo, não é? – Fiquei um pouco aflita, afinal, eu queria realmente ter ela do meu lado... Não só por causa da música, aquela garota me fascinava... – Não quer?

    —Não é isso, não é que eu não goste de ti. Pelo contrário, eu adoro você. É a primeira vez que me sinto assim em relação a alguém... As propostas que você me fez são irrecusáveis, é só que eu nunca precisei de ninguém já que nunca ninguém precisou de mim... Eu realmente não sei lidar com pessoas... –Ela não parecia nada bem, os olhos estavam se fechando devagar, meu coração estava ficando apertado... —Então... –Oh Deus, ela foi perdendo o equilíbrio e eu fui correndo até ela.

    — Iwasawa..? –Tremi um pouco, ela estava tonta, eu supôs.

    — Então... Hisako... Você está... –Ela acabou caindo da cadeira, inconsciente no chão.

    — Iwasawa?! –Minha única reação foi pegá-la no colo e chorar, eu fiquei realmente desesperada, achando que ela havia falecido. Kanade havia chegado à sala e avisado que ela só teve um desmaio de fome e a levei para a enfermaria do colégio.

    —Jura que mesmo depois de morrer ainda tenho que comer? – Ela acordou pouco tempo depois, levei vários pacotes de salgado, suco, pão de yakissoba, só pra ela se recuperar logo.

    — Você não comeu nada por que estava escrevendo? Sua idiota!”

    – Fim do Flashback -

    Ela sempre dava tudo de si... Eu fiquei tão preocupada com ela, só Deus sabia o quanto eu me desesperei quando a vi ali, no chão... Eu não podia perder alguém outra vez, muito menos ela... Mas eu fiquei feliz por ter cuidado dela, ficado ali esperado ela acordar... Ela parecia tão linda dormindo... Iwasawa tinha o rosto completamente angelical, um corpo perfeito... Era impossível não olhar e não desejar, admirar...

    Com esses pensamentos na cabeça, acabei dormindo sobre a mesa, com aqueles papéis...

    Seis horas depois, o despertador tocou. Eram sete da manhã e eu pulei da cadeira, não tive como me arrumar e acabei correndo pelas escadas até a sala de aula.

    — Hisako-san, está atrasada. – Ah, eu mereço...


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